Amor Verdadeiro



N.A.: Finalmente, capítulo terminaaaaaado!!!!

Eu não morri, gente, e não é sonho!!!

Olha, eu não vou me desculpar ou enrolar vocês. Não escrevi porque não estava com inspiração para essa fic. Ela foi saindo páragrafo por parágrafo, bem lentamente, e eu mal conseguia acreditar que iria terminar o dezessete.

Fatores decisivos para o capítulo:

1° Eu ganhei o Challenge de Personagens Figurantes do 3V. Isso me ajudou na inspiração. E sensei Calíope foi de muita inspiração quando discutíamos como era triste ter que atualizar fics -- ela tem uma fic que está sem atualizar há mais de um ano.

2° A Just postou minha fic como recomendação num tópico que debatia Sirius/Lily, e conseguiu me encher de culpa.

3° A Lia L. fez outra capa pra Perfume (em breve disponível)

Por isso, esse capítulo é dedicado a elas: Calíope Amphora, a mestra do challenge (que nem vai ver isso porque ela não lê hentai), sensei Just e Lia L. Vocês me ajudaram muito!

Comentários, gente, eu estou sem tempo. Agradeço a todo mundo que gostou o capítulo, que me pediu pra atualizar, e que não desistiu! Às leitoras novas, bem-vindas ao louco mundo da Perfume! Às antigas, obrigada por me apoiarem!!!

Esse capítulo é por vocês!

Música do capítulo: Lágrimas e Chuva, do Kid Abelha!




Capítulo 17: Amor Verdadeiro



Será que existe alguém ou algum motivo importante
Que justifique a vida pelo menos nesse instante?

(Kid Abelha — Lágrimas e Chuva)


A noite é insone nos dormitórios da Sonserina.

Evidentemente, a maioria dos sonserinos sente-se honradíssimo por ter entrada na nobre casa da Sonserina, mas muitos, anos depois, se queixam brevemente que é difícil ter uma boa noite de sono por lá. As consciências são tão culpadas que um ar frio inebria o dormitório, tornando quase impossível ver pessoas de olhos fechados.

Severus Snape era uma das pessoas que não conseguia dormir no dormitório da Sonserina.

Eu perco o sono e choro


Fosse o que fosse, era raro que ele conseguisse fechar seus olhos logo que se deitasse. Sempre imagens assombravam sua mente, desde os onze anos; e elas se misturavam com os fantasmas do dormitório, os espectros invisíveis — que podiam ser apenas sentidos — de sonhos secretos e ambiciosos de crianças que ficavam gravados naquelas paredes. Dizia-se que o próprio Voldemort estudara na Sonserina.

Severus se punha a imaginar se o Lorde das Trevas não tinha maquinado seus primeiros planos com a cabeça num daqueles travesseiros, talvez no seu próprio.

Talvez, talvez.

Talvez fosse por isso também que, de certa forma, nenhum sonserino jamais conseguisse ser plenamente feliz. Ou talvez fosse a ambição, mesmo. Salazar não tinha muito tato na hora de escolher seus discípulos.

Severus também sentia que não conseguiria ser plenamente feliz.

A cada dia passado, ele sentia que se aproximava o dia em que tudo acabaria. O dia em que ele seria forçado a tomar uma atitude definitiva.

Virou-se para o lado. Só sabia de uma coisa.

Preferia Lily morta a vê-la com um dos Marauders.




Dia seguinte.

Lily não costumava gostar muito de terças-feiras. Terças-feiras eram dias desinteressantes e monótonos, onde ela ficava todo o tempo sem fazer nada que realmente gostasse.

Por dezoito anos, ela não gostou de dias monótonos, de lugares parados, de coisas tristes e melancólicas.

Mas, desde o começo do seu sétimo ano de Hogwarts, só o que pedia era um pouco de paz.

Sei que quase desespero


Ela já não sabia o que fazer. Tinha se passado cerca de um mês desde o estranho acontecimento com Sirius que tivera lugar na sala comunal, e, desde esse dia, ela não tinha coragem de encará-lo. Não sabia se pelas palavras ditas ou pelo desespero que sentira ao vê-lo com aquelas feridas inexplicáveis. Não sabia nem se as palavras ditas eram verdadeiras — e como iria sabê-lo?

Ela não tinha certeza de muita coisa — e menos ainda quando se tratava de Sirius Black, o mistério em forma de gente —, mas tinha certeza que Sirius a amava de verdade. Ela sabia que tanto ele, como James, Remus e Severus a amavam de verdade.

E isso é que a deixava confusa.

Não queria magoar ninguém. Não queria escolher. Queria apenas poder fugir.

Queria parar de sentir seu coração bater tão forte…

Levantou-se. O sol mal nascia no horizonte.

O dia seria longo, sem dúvida, mas seria tranqüilo como toda terça. Tomara.

Era tudo que ela precisava.




James Potter nunca foi pessoa de acordar cedo. Tinha sono pesado e dormia bastante, de boca aberta, estirado no sofá de um jeito que os outros Marauders costumavam chamar de engraçado.

Era o que se podia chamar de uma criatura diurna: durante o dia, sua disposição era imensa, seu humor era dos melhores, seu vôo era fantástico e sua inteligência aguçada. Mas bastava o sol caminhar para o horizonte — principalmente depois das dez —, e, como um vampiro ao contrário, ele começava a se sentir letárgico e sonolento, e sua capacidade de raciocinar se reduzia a quase zero.

Por isso, qualquer um iria entender a surpresa do próprio rapaz ao encontrar-se acordado por volta das cinco da manhã.

Tentou dormir mais um pouco, mas seus olhos se recusaram a se fechar — ou seja, ia acabar acordado. Ah, belo modo de começar o dia — acordando duas horas antes da hora de levantar.

Os outros garotos pareciam dormir, do que James podia concluir do compasso regular das respirações deles. Então, se ele desse vazão aos seus pensamentos sombrios, nenhum deles iria perceber.

Mas por que se sentia tão nervoso?

Mas não sei porque


Ele não sabia explicar o tipo de sentimento que tinha por Lily — era algo forte demais para se expressar com palavras. Ele simplesmente sabia que não agüentaria vê-la com outro.

Não que não se sentisse arrependido. Ele sabia, sim, que não era algo digno de um grifinório desprezar um amigo como ele fez a Remus por causa de uma garota. Ele sabia que não era justo acusar os outros de traição por algo que eles não pudessem evitar. Ele sabia, sim. Ele sabia, e sentia-se deprimido.

Mas ele também não podia evitar isso!

Por que, então, ninguém era justo com ele? Por que ele tinha que ser justo com os outros se ninguém parava pra pensar em como ele se sentia com o fato de seus melhores amigos gostarem dela, em como ele estava?! Não, não, era só “Lily não é sua, James, aprenda a aceitar isso!” e “Você é que parece uma criança mimada que perdeu um brinquedo!”.

Iria acabar ficando louco.

O sol ainda não tinha nascido direito, mas ninguém se queixaria de um estudante passeando um pouco pelo castelo de manhã — já era de manhã, não?

Levantou, se trocou rapidamente e saiu.

Não percebeu que, muito antes de ele acordar, os olhos de Remus já estavam escancarados.




Remus era uma pessoa de sono muito leve — qualquer perturbação ou barulho mais brusco o fazia acordar e perder as horas de descanso por toda a noite. Sendo também muito sensível, preocupações o mantinham acordado por noites adentro, acentuando seu aspecto de doente.

Naquele ano não foram poucas as noites que ele passou em claro.

A noite é muito longa


Durante aquela noite, em especial, Remus estava relembrando de tudo que tinha passado até chegar ali.

Lembrou-se da noite em que tinha sido mordido por um lobisomem.

Do dia em que se preparou para ir a Hogwarts.

Do dia em que Sirius Black perguntou se podia dividir o caldeirão com ele.

Do dia em que ele e Sirius caminhavam pelo corredor fora do horário e trombaram com James e Peter, que fugiam de Filch na direção contrária.

Do dia em que ele foi colocado contra a parede e seus amigos lhe disseram que sabiam da maldição que pesava sobre si.

Do dia em que seus amigos viraram animagos.

Do dia em que ele se descobriu apaixonado por Lily.

De todos os fatos daquele ano. Do pacto de sangue. O pacto que o fazia ferver todas as noites.

De Lily.

Ele sentia como se sua vida tivesse começado apenas depois de amá-la. Como se todos os anos anteriores fossem um sonho, um sonho bom.

Por que diabos ele não conseguia se lembrar de como era viver sem esse sentimento?

Viu o sol nascer no horizonte, tingindo as nuvens de vermelho e dourado. Ele ouviu movimentos vindos da cama de James, e pôde vislumbrar um braço se esticando para fora da cortina, seguido de dois olhos míopes espiando o céu lá fora. Pelo resmungo, pensou que James fosse voltar a dormir, mas pôde ouvir o amigo se mexendo, insone.

Algum tempo depois, observou o amigo se levantar.

“O que o amor não faz com as pessoas”, pensou, fechando suavemente os olhos, tentando aproveitar as últimas horas de sono.




Sirius despertou de outro sonho.

Esse sonho era diferente dos que andava tendo. Nele, Lily tinha um olhar triste, mas não olhava para ele. Parecia olhar para algum ponto distante de seu ombro.

Então, James surgiu ao lado dela, e ela deu a mão a ele. Na hora, impressionou Sirius como as mãos deles se encaixaram, como se sempre tivessem se dado as mãos.

Sem dizer uma única palavra, os dois se viraram e partiram para o horizonte, que emitia uma luz verde congelante. Mas Sirius não se sentiu inquieto dessa vez. Apenas… triste. Como se soubesse que aquilo não estava errado.

Não sabia o que aquilo podia significar.

Desde que quebrara o pacto de sangue, os pesadelos tinham parado. Não tivera mais sonhos ruins. Mas tinha muitos sonhos com Lily. Sonhos onde o que ele tanto desejava acontecia.

Sirius sentia raiva de si mesmo por não poder se controlar.

Quebrara o pacto de sangue, mas parecia que James e Remus nem tinham percebido. Não que isso melhorasse sua sensação de culpa.

Ele, que nem ligara para o tal pacto, agora não conseguia esquecer as cicatrizes que marcavam seus pulsos.

Eu sou capaz de certas coisas
Que eu não quis fazer


Via Remus, sofrendo em silêncio, e James, com seu ar marrento, e sentia as agulhas do remorso lhe picarem o coração.

E via Lily, e não tinha coragem de encará-la nos olhos.

Sentia-se quase sujo.

Sujo pela vontade de amar.

Um movimento suave denunciou duas mãos pálidas que, com um gesto rápido, abriram as cortinas vinho de sua cama. O sol inundou seus olhos e ele fez um gesto para se proteger, gracejando com a voz rascante:

— Sssssol… Odeio o ssssol… Quero ssssombra…

Uma risada clara invadiu os ouvidos de Sirius:

— Ah, então já está acordado, Padfoot? — sorriu Remus. — Eu poderia te ocultar do sol, vampiro, mas a gente tem que acordar e tomar café, senão vamos perder Feitiços.

— Não tem problema perder Feitiços…

— Tem sim, Anne Marie disse que o professor vai passar matéria nova.

— Droooogaaa…

— Vamos lá, não custa tanto levantar. Vai tomar banho logo, eu já tomei, Peter ainda está dormindo.

— E Prongs?

— Saiu cedo e ainda não voltou.

— Hum…

Sirius esfregou os olhos e se levantou, observando Remus se debruçar sobre a cama de Peter e tentar acordá-lo.

A solicitude de Remus causou-lhe lembranças ruins.

Quando caminhou para o banho, sentia-se como se estivesse indo para o matadouro.




Naquele dia, Frank e Alice se alojaram na mesa da Lufa-Lufa mesmo — quando chegaram, o salão estava cheio demais para procurarem lugar na mesa da Grifinória. Aproveitaram, então, para conversar um pouco a sós sobre um assunto que vinha deixando-os preocupados.

— Você viu como está Lily hoje? — perguntou Frank, avaliando o rosto da ruivinha de longe.

— Vi — disse Alice soturna. — Por Hufflepuff, esta história é insana. Realmente insana.

— Posso te contar um segredo? — disse o outro em tom confidencial.

— Claro! Me espanta você não ter contado antes!

— Remus me contou que eles fizeram um pacto de sangue.

O sangue fugiu do rosto de Alice.

— Pacto de sangue? Eles são loucos?

Será que alguma coisa nisso tudo faz sentido?


— Acho que são — sussurrou Frank. — Estão estranhos. Conheço James há sete anos e nunca o vi agir desse jeito que age hoje em dia… Como se fosse um animal defendendo território.

— E Sirius parece mais estranho que nunca — disse Alice procurando o grifinório com o olhar, sem achá-lo. — Ele parece que tem humores! Fica mal por um tempo, depois melhora, daí fica amargo, depois melhora de novo, daí fica emburrado, e, faz um mês, está com cara de quem enforcou o próprio pai!

— Sem contar Moony — disse Frank tristemente. — Gente, eu nunca vi ele tão triste, tão infeliz. Parece que o mundo caiu em cima dele.

— Frankie, eu queria poder fazer alguma coisa… — murmurou Alice.

— Não podemos, Alice. Isso é algo que só eles podem resolver.

— O que é que algo que só eles podem resolver?

Com um quase pulo, Alice e Frank se viraram para o recém-chegado, vendo Sirius, que, sem cerimônia alguma, se largou na cadeira ao lado deles.

— É um rolo chato com uns carinhas aqui da casa, Sirius — mentiu Frank. — E você?

— Eu o quê?

— Sei lá, você nunca costuma sentar com a gente…

— Eu tô meio deprimido, entende? Daí, quando estou deprimido, gosto de sentar com os Lufas-Lufas. Sei lá, eles passam uma alegria, com suas roupas coloridas e seu mundo bonitinho.

Frank e Alice riram, mas Sirius apenas sorriu sem graça.

Na verdade, não conseguia desgrudar os olhos da mesa grifinória…

A imagem dela o perseguia como num sonho.

— Ei, Sirius!

Ele se virou para Frank, como que sentindo que ele e Alice eram seres a quilômetros-luz de distância do seu mundo.

— Hã?

— Você já fez aquele trabalho de Estudos dos Trouxas? O professor disse que, se você não entregar amanhã sem falta, ele vai cancelar!

Sirius coçou a cabeça:

— Ainda falta acrescentar só umas coisinhas… Aliás, preciso devolver aquele livro de pesquisa para a Cherry… Faz um mês que eu estou com ele! — ele lembrou-se de repente, dando um tapa na testa.

— Conhecendo a Cherry, ela nem deve ter dado falta… — sorriu Alice. — Entregue hoje!

— Eu vou terminar o trabalho, de noite, e vou devolver pra ela.

— Certo! Ei, Sirius, quer torradas?

Sirius sorriu. O cheiro familiar do pão encheu suas narinas, e, dessa vez, ele se sentiu como se a mesa da Lufa-Lufa fosse um universo distante e colorido.




A noite encontrou Remus debruçado sobre um longo trabalho de Aritmancia. A pena dava voltas e voltas no pergaminho, e ele simplesmente não conseguia se concentrar. Estava esgotado, física e mentalmente, e a tal ponto que apenas esperava cair no chão de repente.

Tentou escrever alguma coisa, mas algo como um bloqueio freava sua mente. Começou a rabiscar no canto do pergaminho. Estava tonto.

— Não é melhor descansar um pouco, Moony? — perguntou uma voz suave.

Com um quase pulo, Remus se virou para o interlocutor.

Era Lily.

A vida é sempre um vício, eu tenho medo


Sentindo uma intensa comoção interna, como acontecia toda vez que ela falava com ele, ele recuou, enquanto dizia:

— Tenho que terminar isto daqui…

— Mas não vai conseguir terminar desse jeito — ela disse carinhosamente. — Você não está nem conseguindo escrever!

— Eu só estou um pouco cansado, é isso.

— Remus, eu se fosse você pararia um pouco. Quer jogar um pouco de Snap Explosivo?

Ele a olhou hesitante. Ela baixou o tom de voz um pouco, e, quando soou, havia um acento firme:

— Podemos ser amigos, apesar de tudo.

Ele sorriu.

Logo, os dois estavam distribuindo cartas a um canto da Sala Comunal, rindo um para o outro, sob os olhos invejosos de outros alunos.

Especialmente daquele de cabelos bagunçados perto da lareira.




Era de se esperar que, tão perto das dez, nenhum aluno se arriscasse fora da cama, para ir a qualquer lugar — sabendo que, estourado o horário, Filch não iria ser complacente.

Mas lógico, prudência não era uma palavra que existia no dicionário de Sirius Black.

Entrou no banheiro dos monitores — senha do Remus — e foi até o espelho.

Ninguém sabia daquilo. Só os Marauders.

Ninguém sabia que, ligando as torneiras certas, o espelho desaparecia.

Ninguém sabia que, se você pulasse por cima da pia e alçasse os degraus, chegaria a uma tapeçaria.

E, que se a atravessasse, aterrissaria em pleno dormitório das garotas da Grifinória do sétimo ano.

Sirius achava que o velho Godric tinha alguma segunda intenção ao construir aquele castelo. Ou que Salazar tinha construído a passagem pra poder entrar na Torre da Grifinória e matar o Godric. Ou qualquer coisa assim.

Mas a verdade é que era utilíssimo. Em todos os sentidos.

Naquele dia em especial, Sirius não tinha nenhuma intenção maior. Ele só queria levar o livro de Cherry até o dormitório. Nada mais. Nadinha mesmo.

Tá, quem ele estava querendo enganar. Queria ver Lily. O livro era pura desculpa para ver Lily. Quem sabe, falar com ela. Conversar. Explicar.

Ele não sabia que palavras dizer, ele não sabia o que fazer, mas ele sabia que tinha que fazer.

Talvez fosse por isso que o Chapéu Seletor o pusera na Grifinória desde o primeiro instante — sem que ele tivesse nem tempo de argumentar. Sirius achava que tinha sido melhor assim. Se tivesse argumentado, teria ido parar na Sonserina e hoje não seria metade do que era hoje.

Não teria conhecido Lily.

Não a amaria.

E Sirius sabia que não era nada sem aquele sentimento que abalava as estruturas de seu peito.

Lágrimas e chuva molham o vidro da janela
Mas ninguém me vê


Foi pensando nisso que empurrou levemente a tapeçaria e entrou no dormitório das meninas.




Lily subiu logo ao dormitório, depois de se despedir de um Remus cuja grava tinha ganhado um tom de negro muito interessante. Não que a dela estivesse muito melhor.

Por uma noite, ela quase podia acreditar que era uma adolescente normal, pensou, se esticando preguiçosamente, e despindo o uniforme.

Ela quase podia acreditar que ela e Remus eram só amigos, que Sirius nunca olhara para ela, que Severus Snape era o mesmo sonserino distante, e que James era apenas um adolescente imaturo ao qual ela jamais corresponderia.

O mundo é muito injusto
Eu tô contando os meus problemas que eu quero esquecer


Vestiu a camisola de seda vermelha com quase languidez, e caminhou para as cobertas.

E foi aí que viu.

Para seu completo espanto, a tapeçaria começou a se mexer.

E uma mão pálida afastou-a.

Com olhos atônitos, Lily viu Sirius Black entrar no dormitório.

— Sirius!… — ela ofegou.

Ele se virou para ela, e um olhar faminto percorreu seu corpo todo — subitamente desprotegido demais ante aquele rapaz. Em uma agonia quase fremente, recuou de costas para a cama, tentando apanhar um roupão ou qualquer coisa assim, mas foi impedida pela voz de Sirius:

— Não — ele disse, esticando seu braço. — Não se cubra ainda.

Foi estranho, mas foi como se a voz de Sirius a paralisasse. Por mais que ela soubesse que era pouco sensato e tivesse muitas noções de pudor, seus braços simplesmente perderam a ação e ela quedou-se parada, estática. A única coisa que pôde perguntar foi:

— Como você veio parar aqui?

— Passagem no banheiro dos monitores — ele disse, apontando vagamente para a tapeçaria. — Vim trazer o livro para Cherry…

— Ela está tomando banho…

O que era um sorriso atordoado virou algo definitivamente predatório:

— Não sei se fico aborrecido ou agradeço…

Lily recuou mais.

— Sirius, nós não…

Mas antes que ela pudesse pensar, ele já estava junto a ela, tomando sua boca com uma necessidade urgente.

Sentiu o corpo dele pressionando o seu com fúria, suas mãos correndo pela sua cintura, alisando suas coxas. E ela se sentia desesperadamente incapaz de reagir aquilo, a não ser para gemer, sentindo a língua dele sobre a sua.

Ela se deitou na cama, tateando atrás de si, Sirius cobrindo-a. Os dois continuaram a se beijar com ânsia e desejo incontido, as mãos dele correndo pelos seus seios por baixo da camisola.

Até que ele tentou arrancar a única veste que o separava daqueles seios perfeitos.

Foi como se um alarme estrondeasse na mente de Lily.

Por Gryffindor, o que ela estava fazendo?! Estava se entregando para Sirius, sem pensar nem medir conseqüências, por algo que ela sabia ser apenas desejo!

— Sirius, pare… — ela pediu, tentando empurrar as mãos dele para longe de sua camisola.

— Parar por quê? — perguntou ele, libertando-se dos dedos fracos dela e tornando a acariciar seus seios, o que lhe provocou arrepios de prazer. — Você parece estar gostando…

— Maggie e Iris chegarão a qualquer momento… E Cherry está no banho! E se ela escutar?

— É aí que está a graça — ele disse, atacando seu pescoço e o sugando com volúpia. — No risco.

— Sirius, não quero…

— Apenas relaxe, Lily — ele disse, beijando novamente os lábios dela.

As vozes da mente de Lily se calaram com aquele argumento. Só restou uma. Uma que fazia um apelo desesperado.

Não assim… não agora… Não desse jeito desesperado…

Mas ela estava irremediavelmente perdida.

Será que existe alguém ou algum motivo importante
Que justifique a vida pelo menos nesse instante?


Ou estaria, se a abençoada voz de Cherry não houvesse interrompido bem naquele instante:

— Lily! Lily, está aí?!

Com esforço, sentindo as forças voltarem, Lily empurrou Sirius, enquanto dizia:

— Sim, estou!

— Pode me trazer o creme que está dentro do meu malão? Esqueci!

— Claro que posso! — ela respondeu, olhando feio para Sirius, que fazia gestos de “não”.

Foi questão de um instante apanhar o creme e levar para Cherry no banheiro. Quando voltou, Sirius ainda estava lá. Olhando-a tristemente.

— Lily…

— Vá.

— Mas…

Vá. Você viu o que quase aconteceu. Não é assim que eu quero, Sirius. Não inconseqüentemente, não loucamente. Eu quero ter certeza do que eu estou fazendo e de quem vai ser a pessoa.

O olhar dela era mais sério que nunca, e Sirius cedeu.

— Vou descer por onde entrei — disse. — É mais seguro, ninguém vai me ver. E… se puder… entregue esse livro para Cherry — ele estendeu o volume que largara em outra cama e agora apanhara de volta.

Sem dizer palavra, ela segurou o livro. Com os ombros caídos, ele se afastou, entrando através da tapeçaria.

Antes de ele partir, porém, ela ainda ouviu a última palavra:

— Eu te amo, Lily.

Se fosse outra pessoa…

Se fosse ele, aquele que seu coração escolhera, Lily não teria ouvido a voz da razão.




Jason Faunt estava cada vez mais preocupado.

Ele sempre fora um homem de extrema sensibilidade. E ele sentia quando o círculo estava se fechando. Sempre sentia.

E, mais uma vez, ali em Hogwarts, um círculo estava prestes a se fechar com uma decisão.

Lily Evans iria decidir em breve, se já não houvesse decidido. Ele via seu semblante decidido e apavorado ao mesmo tempo, como se finalmente soubesse o que fazer, a quem amar. Ela tinha seu escolhido.

E algo lhe dizia que isso se tornaria extremamente perigoso.

Especialmente para Severus.

Logo ao conhecê-lo, Faunt simpatizou com ele. Tinha afeto. Era quase como se fosse seu filho — e poderia ter sido, não fosse ele o tolo que era. Mas não deixara de perceber a essência de Severus.

Ele tinha tendência à obsessão e a uma seriedade quase seca, amarga. Uma pessoa que facilmente poderia se perder nos caminhos da vida se não fosse bem guiada. Uma pessoa que precisava de ajuda.

Faunt temia que Lily não houvesse escolhido Severus. Ele sabia que o sonserino seria capaz de qualquer coisa para ficar com a grifinória — já não estava desafiando todos os ensinamentos de sua casa, amando uma sangue-ruim da casa dos leões? Temia por ele. Temia pelo que ele faria.

Mas, por outro lado, temia também o contrário — temia que a garota houvesse escolhido Severus. Nesse caso, os outros rapazes ficariam contra ele. Faunt já havia percebido a perversidade a que eles poderiam chegar no dia em que fizeram seu protegido rodopiar pelo ar.

Faunt simplesmente não sabia o que esperar.

Eu vou contando as horas


Ele só sabia que queria proteger Severus, como uma vez prometera a Eileen.

Proteger o rapaz como não pudera proteger Eileen.

Os olhos dele se encheram de lágrimas rasas, e ele afundou a cabeça nos cotovelos, temendo que Severus alcançasse um destino parecido com o dela — ou pior, parecido com o seu.

Temendo que Severus fosse capaz de matar por Lily.




Aula de Runas Antigas.

Ao ver o Prof. Vortigern, todos os alunos se postaram retos na carteira. Sorrindo, parecendo animado — “Pelo menos alguém nessa escola tem que achar um motivo para estar animado”, pensou Remus —, ele anunciou aos alunos como se fosse uma das melhores notícias de todos os tempos:

— Hoje, meus alunos, nós vamos fazer a tradução de um texto que narra uma lenda trouxa egípcia!

Ele acenou com a varinha, fazendo surgir palavras em puro rúnico, que encheram o quadro em padrões que os alunos, depois de quatro anos de Estudo das Runas Antigas, podiam decifrar apenas lendo superficialmente.

— Quero isso traduzido até o fim da aula e entregue! — disse o professor.

Por alguns minutos, só o que pôde ouvir foi o barulho de pergaminhos sendo desenrolados e penas mergulhando nos tinteiros, até a sala mergulhar no silêncio sepulcral da concentração.

Ou da quase concentração.

“Ela está aqui do meu lado, mas está tão distante que poderia estar em outra galáxia.”, pensou Remus com tristeza, encarando a garota que se sentara ao seu lado.

Mas, seria impressão sua ou aqueles olhos verdes o encaravam mais que o necessário?

“Ela provavelmente quer falar comigo sobre a lição”, ele disse em sua mente, afastando qualquer pontada de esperança do peito. “Ou está olhando para Snape”, pensou em seguida, olhando para o sonserino ao seu lado, totalmente compenetrado na lição.

Não seriam um belo par, mas Remus sabia que Severus faria o melhor que pudesse para fazê-la feliz. Ela seria feliz com ele, se o escolhesse.

E talvez, a ela, só restasse essa escolha, porque os outros três estavam presos por um pacto sem palavras e com o gosto da morte.

Porque Remus não duvidava nada de que a morte levaria aquele que se atrevesse a quebrar a promessa. Talvez por isso a tentação só aumentava. Talvez por isso a vontade de tocá-la se tornasse quase insuportável…

Mas, toda vez que pensava nela, Remus pensava em James e Sirius. Na sua promessa. Na sua culpa.

Como se eles fossem fantasmas perseguindo-o na escuridão.

E fico ouvindo passos


Tentou se concentrar no rúnico. Sua mão desconcentrada já havia traduzido metade do texto, porém as linhas iam traçando como se subissem e descessem montanhas. Contrariado, ele puxou a varinha e fez um feitiço para colocar o texto em linha reta — mas nisso, fez um movimento errado e colocou fogo na manga de sua blusa.

Fazendo esforço para apagar o fogo sem que ninguém percebesse, apagou o tecido em chamas com um sopro certeiro de ar frio da varinha. Depois se encarregou de afastar as cinzas que haviam caído sobre o trabalho.

Nisso, ouviu uma risada sonora e limpa.

Olhou para o lado, atônito, e pôde ver os doces olhos verdes de Lily a lhe fitarem. Sentiu o sangue queimar seu rosto.

Lily sorriu.

Ao lado de Remus, o rosto de Severus Snape se fechava mais que nunca, os olhos apertados em desaprovação.




Peter Pettigrew costumava pensar nos últimos meses como um pesadelo que tinha terminado.

Quando entrou no trem, no primeiro dia do seu primeiro ano de Hogwarts, ele tivera medo. Medo do desconhecido, medo do inesperado, medo porque todos diziam que ele era um incapaz…

Mas, então, uma luz iluminou o caminho fadado ao fracasso.Uma luz de cabelos bagunçados e óculos, magricela e falante.

Por algum motivo que ele não sabia precisar bem, James Potter entrara na mesma cabine que ele — e gostara dele. Gostara dele.

Foi a salvação do jovem garoto Pettigrew, que por si só não tinha talento algum. Se pendurando em James, pôde ir longe. Era popular. Era falado pelos corredores.

Achava que a sua amizade e de James era perfeita.

Teve um pouco de ciúme, sem dúvida, quando Sirius e Remus se juntaram ao grupo, e quando James se esqueceu um pouco dele para assumir uma amizade com Sirius. Mas ele teve que admitir que James e Sirius juntos atingiam a perfeição. Eram ambos inteligentes, populares, desinibidos e capazes, muito mais capazes do que ele jamais seria.

Remus também era grande. Menor que James e Sirius, mas tinha seu brilho próprio, diferente. Era gentil, simpático e possuía uma bondade infinita.

Os quatro juntos eram perfeitos.

E a amizade tinha acabado… por causa de uma garota.

Peter não conseguia acreditar que quatro pessoas como eles pudessem se deixar abalar só porque uma garota idiota não queria nada com nenhum deles.

Por isso ajudou Snape.

Peter ainda se sentia um pouco culpado de ter entregado os segredos de Remus, e de ter traído seus amigos. Mas, no final, como Snape dissera, fora proveitoso. Eles quase eram os mesmos — com uma vantagem: James parecia bem mais ligado a ele agora. Antes Peter precisava correr atrás deles e fazer todo tipo de coisas para chamar sua atenção. Agora, James era quem corria atrás de Peter, indo para os lugares que ele ia.

Peter gostava de pensar que tinha atingido a perfeição.

Isso até aquela tarde.

O animago estava tranqüilamente sentado na biblioteca, tentando entender a maldita Teoria dos Movimentos de Feitiços, quando ouviu a voz na sua orelha:

— Pettigrew, me siga.

Ele sabia de quem era a voz. Ele sabia porque aquela voz atormentava seus sonhos, sempre dizendo a mesma frase, sempre mostrando a ele a sua fraqueza:

“— Você foi parar na casa errada, Peter Pettigrew. Está me parecendo que você teria se dado muito bem na Sonserina.”

A voz que ele desejaria jamais ouvir novamente.

Sem opção alguma, levantou-se e foi atrás da figura magra que saía da biblioteca.

Seguiu-o através de andares e escadarias, através de passagens secretas, através de corredores e salas vazias, até pararem em frente à tapeçaria que ele e os conheciam tão bem.

A tapeçaria de Barnabas, the Barmy.

A tapeçaria em frente da Sala Precisa.

A Peter só foi preciso abrir a porta para encontrá-lo.

Severus Snape estava confortavelmente sentado numa das poltronas negras de excelente gosto que mobiliavam a sala — uma sala de estar como qualquer sala de estar em qualquer casa rica.

— Olá, Pettigrew — disse Snape com o melhor de seus sorrisos desagradáveis. — Sente-se.

Peter resolveu que seria prudente obedecer. Sentou-se e encarou Snape.

— Aposto que quer saber por que está aqui, não é?

— Vamos logo ao assunto, Snape — disse o outro, seco. — Se é que temos algum assunto em comum.

— Ah, claro que temos assuntos em comum — sorriu o sonserino. — Ou devo lembrá-lo de nossos pequenos esquemas?

O grifinório resmungou.

— O que você quer? Ficar me lembrando de tudo que eu fiz por você?

— Não — disse Severus, ainda sorrindo. — Quero te pedir um favor.

— Um favor? Que tipo de favor?

— Um favor que, se você não colaborar, me fará abrir a boca para os seus amiguinhos.

Peter ficou lívido.

— Você não seria capaz.

— Eu sou capaz de muito mais coisas do que você imagina.

— Merda, o que é que você quer que eu faça? Aquilo já não foi o suficiente?

Quem sabe é o fim da história
De mil e uma noites em suspenso no meu quarto?


— Eu pensei que seria, mas, infelizmente, não foi.

— Então, o que quer?

— Ainda não sei. Só quero te deixar avisado. — Ele se levantou. — Uma hora, vou precisar dos seus serviços, Pettigrew, e você sabe o que vai acontecer se não me obedecer.

Típico de Severus Snape. Mergulhar Peter num terror antecipado, ansioso, deixá-lo à mercê de suas ordens sujas.

E a droga é que Peter sabia que faria qualquer coisa que ele dissesse.




James resolveu que não estava com tanta fome assim para ir jantar. Alegando que acordara cedo — e tendo que ouvir muitos sussurros descrentes por conta disso —, foi para o dormitório cedo. Sem ligar a luz, e sem paciência para fazer qualquer coisa, deitou-se na cama, no escuro mesmo, e fechou os olhos, tentando dormir — nem que fosse para acordar de madrugada.

Mas foi mal ele fechar os olhos que as vozes voltaram ao seu espírito.

Eu perco o sono e choro


Ora, ora, James Potter. Deixando-os sozinhos lá? Sabe se lá o que podem fazer com sua Lily…

“Eles só estão jantando…”

Até a Torre da Grifinória o caminho é longo… E as idéias, várias…

Não seja idiota, James. Por Gryffindor, o que você pensa que Lily é, uma vagabunda? Ela não sai se esfregando no primeiro que vê.

“É, Lily não é uma vagabunda.”

Não, não é, mas eu e você sabemos muito bem que Sirius Black jamais desistiu de nenhum tipo de projeto… E Remus parece bem mais saidinho, ultimamente…

“Mas tem o pacto de sangue.”

É, o pacto maluco que você fez! Aquela coisa doida é uma garantia! Eu já disse que você foi descabeçado ao fazer aquilo?

“Já, não precisa repetir. Que droga, eu sei que foi idiotice, mas era a única coisa que eu podia fazer!”

Eu acho que ele fez bem ao pedir uma garantia… Mas toda a garantia tem fim. Há um meio de burlar o pacto de sangue, se os termos se cumprirem…

Termos, termos. Que termos?

Os termos do pacto. O pacto durará até que Lily se decida. E se ela já tiver se decidido?

“Lily não se decidiu.”

Não me parece tão certo disso. E se ela tiver decidido por Sirius? Por Remus? Por Snape, talvez?

“Nunca.”

James, eles teriam falado pra você.

Será que você pode confiar neles?

Eles são seus amigos!

É, mas não hesitaram em querer Lily, em beijá-la, em amá-la…

“A verdade é que eles não me respeitaram.”

Sim, eles não te respeitaram. Por que respeitariam agora?

Eles respeitariam algo sério como um pacto de sangue…

Nem todos encaram os mesmos assuntos com seriedade… Por exemplo, você, James, encara amizade muito seriamente, mas seus amigos não… Eles te traem… Eles a desejam…

“Por favor, me deixem em paz. Eu quero dormir.”

Você sabe muito bem que eu não posso te deixar em paz.

Quer ficar em paz, fique… Pessoas pacíficas são facilmente traídas, porque não reagem…

“Ora, seu…”

— James?

O ruído da porta batendo indicou a entrada de Sirius no dormitório.

Pôde ouvir o som dos passos do amigo se aproximando e cerrou os olhos, fingindo estar dormindo. Sentiu quando ele subiu na escada do beliche, e quando afastou as cortinas para olhar seu rosto.

— James, está acordado?

James não respondeu. E não abriu os olhos.

Delicadamente, Sirius tirou os óculos do rosto de James, colocando-os do lado da cama. Então, desceu do beliche, e começou a resmungar:

— Ai, James… Por que isso foi acontecer justo com a gente? Você anda estranho… Nós nos afastamos. A gente era tão amigo, que eu pensei que nada ia separar a gente! E estamos nos separando…

Ele suspirou.

— Tenho saudade dos tempos em que você estaria acordado agora… E a gente ia conversar um bocado, e rir bastante… Como a gente fazia quando era criança, lembra? No segundo, no terceiro ano…

James sentia um calor estranho nos olhos.

— Um dia, eu pensei que a gente ia resistir a todas as coisas do mundo. Que a nossa amizade seria maior do que qualquer coisa. Mas, parece que, agora que crescemos, os dilemas são maiores que nós…

James ouviu um barulho estranho e decidiu espiar brevemente.

Sirius estava parado diante da janela, iluminado pela luz que vinha dela.

Estava chorando.

As lágrimas dele desciam, quase prateadas, pelo rosto entristecido. Sirius era uma espécie de divindade.

Uma divindade que tinha se perdido no meio do caminho.

Sei que quase desespero
Mas não sei porquê


— Sirius? — sussurrou. — É você aí?

— Sim, sou eu, James — a voz dele respondeu logo. Através das cortinas entreabertas, James pôde ver Sirius enxugar o rosto.

Sirius era orgulhoso. Sirius jamais iria querer que alguém o visse chorando. Nem mesmo James, seu melhor amigo.

Será que ele é mesmo seu melhor amigo?…

James agitou as mãos do ar como se quisesse afastar uma força estranha.

— Acho que dormi… por quanto tempo?

— Já devem ser umas nove, Prongs.

Prongs.

— Então, vamos ficar aqui conversando. Não tô a fim de descer, hoje.

— Nem eu, pra ser sincero — disse Sirius com um sorriso, acendendo a luz.

E, naquela hora, em que Sirius acendeu a luz e James pôde fitar seu rosto com clareza, James sentiu como se não houvesse mais segredos entre eles.




Severus procurou logo o sossego do dormitório.

Nos últimos tempos, a sala da Sonserina o irritava. Tudo o irritava. Haviam poucas horas em que ele conseguia encontrar sossego, e era só na convivência com Faunt, seu mestre, e no escuro do dormitório, onde podia se fundir com as sombras.

Claro, se os inoportunos como Lucius Malfoy, que nunca perdia uma oportunidade de encher o saco, não existissem.

— Príncipe?

— O que foi, Lucius?

— Quero saber por que você está se isolando hoje.

Com Lucius, era sempre assim: ele queria, e pronto. Um Malfoy, diria Snape no futuro, um Malfoy jamais poderia ser algo mais que um moleque mimado. Por mais esperto que fosse.

— E se eu não quiser lhe dizer?

— Sabe que tenho métodos muito eficientes de persuasão.

— Oh, sim. Vai fazer o quê, monitor? Me ameaçar com detenções ou sacudir um saco de moedas na minha frente para ver se eu aceito?

— Eu sei que você não se deixa corromper por coisas vãs.

— Já estou corrompido demais, Lucius. Mas por que pergunta algo que já sabe? Eu me isolo porque o mundo me enfastia.

— Não deveria te enfastiar.

— Não deveria, mas tudo me parece tão sem graça. As meninas, lá embaixo, rindo aquele riso frouxo. Rosier e Avery discutindo as estratégias de Lord Voldemort. Um bando de gente se gabando para um bando de gente sobre como são esplêndidos.

— Isso, meu caro, é a Sonserina. Acostume-se.

— Sim, eu me acostumo, mas não sou forçado a aturar essas demonstrações de futilidade.

— Isso nunca o incomodou antes…

— Antes eu não tinha visto o quanto eu era corrompido. Céus, parece que a gente anda por um mar de podridão.

— Está poético hoje, hein? — riu Lucius. — O que houve? É porque mudou a lua?

Snape se limitou a lançar um olhar aborrecido, até o outro se calar e ouvir.

— Não sei o que aconteceu hoje? É uma espécie de melancolia… Como se algo me faltasse.

— Me diga agora: quem é você e o que fez com Severus Snape?

Nenhum sorriso.

— Eu queria ter sangue frio suficiente para te matar, Lucius.

— E eu o desafiaria a ter.

— Cuidado. Hoje as energias estão diferentes.

“Hoje, eu sinto como se pudesse fazer qualquer coisa…”

A noite é muito longa
Eu sou capaz de certas coisas
Que eu não quis fazer


— É melhor irmos dormir, então. Amanhã, suas energias já terão voltado ao normal.

Severus fechou os olhos quase inconscientemente.

Quase pôde ver um vislumbre de cabelos ruivos.

— Certo. Vamos dormir. Antes que enlouqueçamos.




Lily não seria capaz de explicar o porquê de estar andando no jardim àquela hora. Nem de seu rosto estar banhado em lágrimas.

Após muito tempo de dor e de angústia, em que sentimentos voaram pelo seu coração como num turbilhão, um redemoinho, agora ela sabia o que sentia.

Quando foi que compreendera? Durante um olhar? Ou um sorriso de lado?

Quando foi que Lily Evans entendeu que seu coração finalmente tinha um escolhido?

Será que existe alguém no mundo?


Agora, caminhando, sentindo o cheiro da grama invadir suas narinas e a música de uma noite clara ecoar em seu ouvido, Lily podia quase gritar de felicidade.

Ela amava.

Sentia como se sua alma tivesse sido desvirginada. Agora, amava. Simplesmente amava.

Um amor além de todas as fronteiras possíveis.

Talvez fosse aquele amor que a fez se esquecer da passagem do tempo. O fato é que, quando ela deu-se conta, já havia passado há muito do horário permitido.

Não conseguia se lembrar dos monitores da noite, mas eles certamente a puniriam, pensou, como ela mesma o faria se os encontrasse fora da cama naquele horário. Correu para o castelo.

A entrada no Saguão foi silenciosa, e o subir de escadas também. O coração de Lily estava aos saltos; cada um de seus passos era medido e a cada esquina ela esperava encontrar os olhos de lanternas de Filch, a risada esgarçada dos fantasmas, o brilho de um distintivo de monitor.

Até o quarto andar, não houve problema algum. Os movimentos de Lily eram esguios e ela quase não fazia barulho — não houve quem notasse a sua presença.

Mas, no quarto andar, ela ouviu o barulho.

Um chiado asmático.

Antes que pudesse formar um pensamento, dois braços a agarraram e uma mão nervosa tapou sua boca, e Lily foi arrastada dali.




Dormitório da Grifinória.

Peter dormia profundamente. Mas Sirius e James não conseguiam um sono tão bom. Sirius e James queriam aproveitar aquela estranha sensação de amizade que não compartilhavam há tempos. Era como se, por uma noite, fosse-lhes concedido voltarem aos doze, treze anos, e serem felizes. Sem garotas, exames ou famílias.

Eles desejaram, por um momento, que Remus também estivesse ali com eles, para partilhar daquela felicidade tão estranha.

Eu vou contando as horas


— Talvez pudéssemos olhar o Marauder’s Map — sugeriu Sirius, com um sorriso quase inocente.

Era óbvio que ele estava pronto para mais uma aventura.

James apanhou o mapa dentro do armário e estendeu-o sobre a mesa. Houve alguns segundos de procura.

E então, o silêncio.

— Sirius — disse James, a voz quase sumida. De raiva. — Olha.

Sirius olhou para onde James apontava. Empalideceu.




Ainda segurada pelo seu incógnito seqüestrador, Lily sentiu-se mergulhar atrás de uma tapeçaria.

Uma das mãos ainda tapava sua boca, e a grifinória tentou ver quem era.

— Psiuuu — foi tudo o que recebeu, quando tentou se mexer.

Mas não era qualquer “psiu”. Era o dele.

E, nessa hora, Lily se sentiu mais tranqüila do que tudo, porque estava nos braços de quem amava.

Os olhos dele ficaram à espreita, ouvindo os pés de Filch no chão e suas tosses secas.

E fico ouvindo passos


Ficaram por um momento, assim, tensos, em silêncio, esperando a passagem do zelador. Até ouvirem seus passos sumirem no corredor.

Então Remus a soltou:

— Desculpe por ter te assustado, Lily, mas ele iria vê-la…

Lily se virou para o seu salvador. Ela jamais esqueceria de como Remus estava bonito naquela noite, os cabelos castanhos desordenados pelo rosto, os olhos cor-de-mel quase febris, e um sorriso no rosto porque, ao menos uma vez, tinha conseguido salvar aquela a quem mais amava…

— Tudo bem. Tudo bem, Moony — a voz foi quase um suspiro. — Tudo bem.

— Desculpe mesmo. Eu não queria.

— Eu entendo, fique tranqüilo.

Remus coçou a cabeça, sem saber o que dizer. O ato de salvá-la fora algo tão espontâneo, tão inflamado, que ele nem pensara antes de arrastá-la para uma tapeçaria.

Lily não podia cair nas mãos daquele grosseiro zelador, que não saberia respeitá-la na sua delicadeza de cristal resistente.

— O que está fazendo fora da cama a essa hora? — perguntou para disfarçar.

— Perdi a hora — ela respondeu, igualmente corada.

Silêncio novamente.

— Você não costuma perder a hora…

Naquela hora, Lily amou Remus. O amou até o último fio da cabeleira castanha, até a última célula do corpo, naquela pose desajeitada de quem não sabe o que fazer, não sabe se segurar — mas se segura, porque tudo depende disso.

Lily amou Remus.

— Eu perdi a hora pensando em você.

Ele sacudiu a cabeça.

— O quê?

Não houveram mais palavras — e elas não foram precisas. Lily se colocou nas pontas do pés — Remus era mais alto que ela —, e segurou seus ombros. Os lábios dela tocaram de leve nos dele — e ela era que estava começando.

Primeiro, apenas os lábios se roçaram, numa leve carícia, uma dança divina do amor perfeito. Depois, foi a língua dele que passeou de leve por aqueles lábios —, e pediu passagem com suavidade. Passagem que lhe foi concedida prontamente.

A língua dele, insegura, mas ansiosa, adentrou a boca dela. Explorando cada canto, cada mistério, cada uma das linhas que marcava a história de Lily Evans. Logo, a língua dele juntou-se à essa benéfica exploração. E as línguas se uniram e se roçaram, como amantes que não se vêem há muito tempo — como se, desde o princípio dos tempos, aquele fosse o destino dos dois jovens.

Remus beijava-a furiosamente, sentindo Lily se abandonar em seus braços, sentindo finalmente que era recíproco. De repente, eles ouviram um pigarro:

— Ham, ham.

Sirius e James contemplavam a cena.

— E aqui está Remus Lupin, o garoto mais tímido de Hogwarts — disse James com a voz cheia de cinismo.

Remus ficou mais pálido que cera. Sirius avançou, nervoso.

— Não exagera, James.

— Não exagerar? Sirius, você viu o que ele estava fazendo?! Estava beijando Lily! Aliás, como conseguiu, Lupin?

— Prongs…

— Prongs… Agora eu sou Prongs, né? Duvido que estivesse pensando em mim há segundos atrás!

— James Potter, deixe de criancices! — exclamou Lily. — Se estávamos nos beijando, foi porque eu quis. Eu quis e você não tem nada a ver com isso!

Pela primeira vez na sua vida, James não ouviu Lily. Foi apenas Sirius quem ouviu. Ele olhou para Lily com dor nos olhos e ela também encarou os olhos acinzentados — e Sirius entendeu que tinha perdido a ruivinha para sempre.

Se apoiou na parede, tentando não deixar que as lágrimas descessem.

James, porém, era incapaz de compreendê-lo.

— Como pôde nos trair, Lupin? Hein? Como é que pôde fazer essas coisas?

— Eu não traí, James — Remus estava branco como uma vela. — Não traí. Se você me der uma chance para explicar…

— Explicar! Explicar pra quê? Pra você me trair de novo? Tudo o que vocês têm feito é me trair, esquecer da nossa amizade! Como pôde romper o pacto de sangue?!

— Que pacto de sangue? — disse Lily, subitamente impressionada.

— Eu não rompi o pacto!

— Então, por que não está morrendo? Era isso que deveria acontecer!

— Que pacto de sangue?

— James, não entendo! Eu juro! Por Gryffindor, eu nunca faria nada pra te ferir!

— Ninguém faria, mas não hesitam em me apunhalar pelas costas! Como fez pra romper o pacto? Ou foi Lily que já lhe jurou amor?

— Que pacto de sangue?

— O pacto que fizemos há cerca de dois meses atrás, Lily — explicou Sirius. — Um pacto para recuperar nossa amizade. Juramos, dando o nosso sangue, que nenhum de nós ficaria com você até você se pronunciar a respeito dos seus sentimentos…

Os olhos verdes de Lily se iluminaram com a súbita compreensão.

— Foi por isso que…

— Foi. Foi por isso, Lily.

— Como fez pra romper o pacto, Remus?

— Eu não fiz nada, por Gryffindor! Céus, eu nem… nem sei direito o que aconteceu! James, calma!

— James, fui eu quem rompeu o pacto.

James e Remus voltaram-se para Sirius, com os encarava com quase amargura.

— Sirius? — repetiu o de olhos dourados, sem entender.

Com um suspiro, Sirius arregaçou as mangas do uniforme, mostrando as marcas de queimadura em seus pulsos.

— Fui eu. Eu não soube resistir. Eu a toquei.

— Você a…

— Encostei nela assim, ó — disse Sirius, tocando de leve no braço de Lily. — Eu não consegui resistir. Eu nunca fui bom com essas coisas… E aqueles malditos pesadelos, eu não conseguia mais agüentar, droga. Quase morri.

— Sirius, por que você…

— Porque eu quis, Moony. Eu sabia o que estava fazendo, e eu paguei por isso. Eu me arrependo. Talvez, eu sempre vá me arrepender de dar ouvidos às vozes do meu coração, mas foram elas que eu escutei naquela hora…

— E como você está vivo? — a voz de James foi hostil.

Ele certamente preferia encontrar o amigo morto, queimado por seu próprio sangue, do que vê-lo com as marcas de sua traição.

— Lily me salvou. Eu me lembrei dos termos do pacto, e falei para ela falar qualquer coisa, e ela disse que me amava, só superficialmente. Daí parou. Mas ela não me ama. Nem a você, James. Ela ama o Remus. E isso é algo que eu não posso competir.

Os olhos de Sirius foram sinceros ao encarar Remus:

— Eu só posso te pedir pra cuidar dela, porque você é uma das poucas pessoas que eu confio nesse mundo, Moony.

Remus fez que sim com a cabeça.

James estava possesso.

— Parem de agir como se já estivesse tudo escrito e nada pudesse ser revertido!

— Mas já está escrito, James. Você não consegue ver?

— Ela não pode amá-lo! Não ele… não ele sendo as coisas que ele é!

— Dá pra parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui, Potter? — Lily foi seca. — Eu amo sim Remus! Eu amo Remus e poderia amá-lo mais se ele me quisesse!

Remus parecia atônito. Porém, aos poucos, um leve sorriso se desenhou em seus lábios.

Era como se alguém lhe estivesse dando uma oportunidade de ser feliz.

— Merda, você não pode amá-lo, Lily, você não sabe nem metade do que ele é!

— Eu o amo do jeito que ele é, James! Precisei de muito para descobri-lo, mas agora descobri, e você não pode me tirar isso!

— Mas você nem sabe o pior dele… Você não sabe o que ele é de verdade… Você não sabe o segredo que ele esconde!

Sirius olhou perigosamente para James.

Potter, se você pretende falar…

— Ela não pode dizer que o ama se não souber de tudo!

— Você não seria capaz.

— Por ela, seria!

— Não diga que é por ela, egoísta duma figa! É por você, sempre foi! Tudo é por você, James… Você não consegue ver que a amamos tanto quanto você! Se você falar, eu nunca mais falo com você!

— Falar o quê? — impacientou-se Lily com aquela discussão. E olhou para Remus.

Ele estava pálido e rígido como pedra.

— James, por favor, não.

Não, James. Isso não é justo. Não é justo você usar esse segredo, é uma decisão do Moony contá-lo ou não!

— Ela não pode dizer que o ama sem saber!

— James, não conte, por tudo que é mais sagrado a você! — suplicou Remus, pressentindo. — Por favor, não conte, eu te imploro!

— O que é mais sagrado pra mim é ela, Remus, e eu tenho que contar, por ela!

— Não, James! — vociferou Sirius. — Você não vai!

— Por favor, James…

O olhar de James era quase vitorioso.

— Ele é um lobisomem!

Por um instante, o silêncio que perdurou na sala foi tão denso que ninguém se atreveria a rompê-lo. Somente o barulho de uma agulha caindo já seria ouvido naquele recinto. Somente o barulho de uma agulha caindo…

— O quê?… — ofegou Lily.

Remus olhou para ela, e havia horror em seu olhar. Sem se conter, ele saiu correndo, sem se importar em ser visto. Partiu tapeçaria afora e seus passos se perderam no corredor.

Sirius avançou para James e o prensou na parede.

— Nojento, desgraçado, sujo! Você é mais sujo que Snape, Potter! Não era seu direito!

— Sirius! — exclamou Lily.

— Toma isso e vai atrás dele, Lily — rosnou Sirius, estendendo o Marauder’s Map. — Se você o ama, vai atrás dele agora, senão vai perdê-lo. Com James eu me viro.

Lily o olhou com quase agradecimento. Naquele instante, ela soube que poderia confiar em Sirius sempre, não importasse a ocasião.

— Obrigada, Sirius.

E partiu.

Sirius resplandecia de raiva:

— Como é que você pode fazer uma coisa assim com o Moony, o Moony que não faria mal a uma mosca! Como, James, como?! Uma vez, você disse que jamais entregaria esse segredo… Como?!

— Você me traiu, Sirius, você também me traiu e traiu a ele!

— Admito que traí, mas não seria capaz de uma sujeira dessas! Eu toquei em Lily, eu a beijei, eu quase a tive, James, mas eu não seria capaz de apunhalar algum amigo desse jeito!

— Como assim, você quase a teve?!

— Eu quase a tive! Céus, James, ela poderia ter sido minha, eu cheguei bem perto, mas ela mandou e eu parei! Eu quase morri, mas parei!

A raiva de James ultrapassou o superável. Ele o empurrou para trás e se desvencilhou do seu braço, então o agarrou.

— Idiota!

James prensou Six contra a parede. Seu olhar era de fúria, enquanto ele pressionava a garganta do amigo.

— Traidor nojento!

Mas James, por mais que fizesse esportes e tivesse certa força, não tinha um físico suficiente para estrangular um artilheiro de pescoço taurino, como Sirius. Ele tratou de se desvencilhar, e acertou um soco em Sirius. James gritava:

— Ela não vai ser sua!

— Muito menos sua, porque eu vou te picar em mil pedaços!

Os dois rolaram, se socando pelo corredor. A gritaria e os xingamentos atraíram Filch, mas nem quando o zelador chegou eles pararam.




Lily corria pelo sétimo andar, seguindo os passos de Remus. Podia ver as pessoas pelo mapa que Sirius lhe dera, mas não se preocupava com isso — só queria ver onde ele estava.

Por isso, só percebeu que Narcissa Black vinha pelo corredor quando era tarde demais para evitá-la.

— Ahá! Lily Evans! Pare aí!

Não havia tempo para aquilo.

Levicorpus!

Narcissa foi direto ao teto, pendurada. Ela ia principiar um grito, mas Lily ordenou imediatamente:

Silencio!

E a moça calou-se. Lily riu.

— Fique aí um pouco, Narcissa. Talvez sirva para colocar alguma coisa nessa sua cabeça vazia.

Então, o ponto “Remus Lupin” entrou numa sala do sétimo andar, e Lily lembrou-se que precisava correr. E correu, e deixou a monitora para trás. Que se ferrasse.

Andou pelo sétimo andar e leu as instruções no mapa. “Dê três voltas pensando no que você precisa.”

Impaciente, andou pelo corredor pensando que precisava encontrar Remus Lupin. Após a terceira volta, porém, uma porta surgiu na parede vazia. E Lily entrou.

— Remus?

O primeiro aroma que Lily sentiu foi o perfume de lírios, forte e suave ao mesmo tempo, como a própria Lily era. A segunda coisa foi o cheiro da grama e o ruído da brisa nas árvores.

Ela estava andando sobre um jardim, debaixo de um céu estrelado, e, por onde andava, haviam lírios. Lírios por todo o chão.

E, no meio do nada, havia um banco de praça.

E Remus estava sentado nele.

Quem sabe é o fim da história
De mil e uma noites em suspenso no meu quarto?


Ela se aproximou quase delicadamente. Ele evitou seu olhar. Ela sorriu.

— Por que não olha pra mim?

— Não precisa me ver. Eu sou um monstro.

— Você não é.

— Não ouviu James? Sou um lobisomem. Um monstro, Lily. Não posso ficar com você, com ninguém. Eu sou um monstro.

Ela segurou o rosto dele, e olhou firme nos seus olhos.

— Não, Remus. Você é o homem que eu amo. E nada vai mudar isso. Não importa o que você seja.

E beijou-o.

E, ali, de repente, Lily sentiu que, finalmente, tinha encontrado o seu lugar. Entre os braços de Remus.



N.A.1: Gente, QUEM NÃO RECEBEU AVISO da atualização desse capítulo, por favor, DEIXE SEU E-MAIL NOS COMENTÁRIOS PARA EU PODER ACRESCENTAR AO MEUS CONTATOS.
E, quem ESTÁ COMENTANDO PELA PRIMEIRA VEZ e quer receber AVISOS DE ATUALIZAÇÃO, por favor, DEIXE SEU E-MAIL NO COMENTÁRIO!


N.A.2: Escolho esse capítulo para dizer que vou terminar a fic de forma canon. Agora, fiquem imaginando como vou desfazer essa barafunda em três capítulos.

N.A.3: Pra quem lê a Secrets, atualização em breve.

Prévia:

A convivência é insuportável. Ciúme e inveja empesteiam o ar do dormitório dos Marauders, envenenando os corações onde antes brotava amizade. Chega de mentiras, ilusões, inocência...

O Fim dos Marauders


— A nossa amizade nunca existiu!

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