Verdades e Mentiras



N.A.: Depois de muita demora, aqui está o capítulo 15! E, para completar, PdL, com todos os capítulos mais o trailer, está ocupando inacreditáveis 191 páginas de Word!

Mila-ytzi: Que bom que você continua gostando da minha fic. Mesmo que você não comente, só o fato de estar gostando já é ótimo! Tomara que curta esse capítulo também! Valeu!

B.Black: Desculpe ter terminado o capítulo assim, mas é que eu não consegui resistir à tentação *risada maligna*. Na verdade, o capítulo Sirius/Lily é o próximo, o 16, você vai ver ali na prévia. E, bem, o Wormtail, tadinho, ele é só um egoísta que foi parar na casa errada. Beijos!

mayara_evans_potter: Na verdade, eu acho que é Dona Flor, em vez de Amelia, por causa daquele livro do Jorge Amado, "Dona Flor e seus Dois Maridos". Já está aqui o quinze! Valeu!

Bruh ternicelli: Desculpe, a tentação foi maior que eu... Eu tinha que deixar as pessoas loucas para lerem o quinze! Desculpe não ter passado ainda no fórum, eu tô meio lesada com o início das aulas. Beijos!

Belinha: Huahuahua, sabe que eu adorei escrever essa parte em que o Sev entregou o papel pros dois? E, bem, quanto aos Marauders, digamos que eu tenho planos muito especiais para eles... *risada maligna*. Ah, e o Wormtail, bem, é como o Snape disse: ele se daria muito bem na Sonserina. Quanto ao que aconteceu entre James e Sirius, só nesse capítulo mesmo. Mas, bem, você já passou da fase de negação (não, eles não podem se separar!), ou seja, vai aceitar melhor o quinze. *autora dando risadas dignas de hospício* Continue lendo!

Prizinha: Fazer o Remus sofrer é meu hobby favorito *risada maligna* Sério que você faz em dez de março também? Bem, tomara que seus aniversários melhorem um pouco, porque o aniversário do Remus só tende a piorar! Agora, bem, aqui está o capítulo! Beijos!

thamy gibson evans: Aaahaha! Uma leitora nova! *desmaia* Eu só demorei para postar o 14 porque estava oficialmente de férias. Eu não demoraria com o 15, não, não sou tão cruel... acho. Depois eu passo nas suas fics, OK? Continue lendo!

Danny Evans: Bem, eu sei que o Remus sofre nas minhas fics, mas tudo o que eu faço é necessário *vozinha no fundo: "sei..."* Se a Lily vai dar uma chance pro Remus eu não sei, mas que o James ainda vai aprontar muito por ciúmes, ah, vai. A cena do James e do Sirius brigando feio está no final do capítulo, mas fique tranqüila, ainda não é definitivo. Beijos!

Lady_Blonde: Tadinho do Snape... Ele é só uma pessoa que sofreu muito na infância e só precisa de um pouco de carinho e compaixão para ser feliz... *acesso de tosse* Bem, o Peter não hesita em fazer as coisas para seu próprio bem, mas vamos ver nesse capítulo como ele se arrependeu. E, realmente, Lily se meteu numa tremenda enrascada. É ver como termina... Valeu!

¢Marilia Evans Potter¢: Oras, eu não escrevo tão bem assim não *vermelha como um tomate* E tudo o que eu escrevo vem de anos de prática *Lizzy prodígio já sabe ler e escrever desde os dois anos -- e ela está falando sério* Decisão da Lily no capítulo 17. Ou seja: falta pouco! continue lendo!

Luh Caulfield: Que bom que gostou do capítulo -- se é que ser surpreendente é bom. O que o James e o Sirius vão fazer, bem, cada um reage de um jeito diferente, né? Oh, é como eu disse, tadinho do Snape, ele é só uma pessoa carente precisando de atenção e amor *novo acesso de tosse* Eu não vou poder deixar você fazer nada com ele senão não vou poder escrever os capítulos 19 e 20... Quem sabe depois que a fic acabar? Bem, James/Lily... Quem sabe eles ainda têm uma esperança? Beijos!

Ana Lívia: Uma leitora nova! *capota e dá de queixo no carpete* Que bom que está curtindo a minha história! E, bem, cá está a atualização! Beijos!

Clarice Andrade Santos: Mais uma leitora nova! *capota, dá com a testa no teclado e escreve um monte de letras estranhas na tela* Bem, eu tenho intenções de ser escritora, no futuro, tanto que vou fazer faculdade de letras. Sério que você chorou? *Lizzy achando que tem que maneirar* Olha, até agora, você foi a única que teve pena do Snape... Mas, bem, a reação do James e do Sirius, só nesse capítulo, né? Tomara que goste!

Anna Lily Diggory: Não adianta, Anna, eu te reconheci! *aponta para a fantasia de dragão* Bem, eu não escrevo tão bem assim, mas, bem, o que eu escrevo vem de anos de práticas e muitas histórias péssimas... *suspiro* Acho que Perfume é a minha primeira história que tá dando realmente certo... Bem, está aí o 15! Valeu!

lizandra oliveira: Eu vou passar nas suas fics, sim, mas, se eu não lembrar por enquanto, não estranhe. Sou meio lesada. Acho que a mãe do Severus realmente o amava, mas ele teve uma infância difícil, e tenho certeza que o pai dele deveria bater na mãe dele. Acho que o Sev é amargurado por causa disso, e por causa do James, XD. Eu adoro os Black! Sério, acho eles a família mais maneira do mundo mágico. Eu também gosto da Bella, mas, bem, chances de ela aparecer na história em torno de zero. Áries é o signo da paciência? *pensa no Cavaleiro de Áries, dos Cavaleiros do Zodíaco* Bem, cá está o 15! Tomara que você curta!

Aninha Black: Cenas Lily/Sirius no capítulo 16 *vozinha: "o próximo!"* Vamos ver, né? Beijos!

Paola Lovegood: Bem, na verdade, quem falou a frase foi o Sirius. É, bem, a Lily tem quatro pessoas apaixonadas por ela. Tá podendo sim!!! E, na verdade, sobre se o amor pela Lily vai separar os quatro, isso só depende deles mesmo, né? Valeu!

Xuh Black: AAahaaah, uma outra leitora nova! *capota* Que bom que você está curtindo, e obrigada pelos elogios *corando violentamente* Tomara que curta o capítulo 15!

Gaby Evans Potter: Oi, pessoa sumida! Já estava sentindo sua falta! Que bom que você tá curtindo até o dez, tomara que goste dos capítulos até o 15! Beijos!

Ana_Weasley_Black: Eu sei que parei o capítulo na melhor parte, mas é que foi algo irresistível. Questão de forças maiores. Tomara que goste do 15! Valeu!


N.A.: Bem, aí está o dito capítulo 15... Tomara que gostem!

Capítulo 15: Verdades e Mentiras


James e Sirius se voltaram para Remus. Chocados.

— Remus… Foi… foi pra Lily que você escreveu esse poema? — perguntou Sirius, estendendo o poema. — É por ela que você tá apaixonado?

— Oh, meu Deus — murmurou o outro, arrancando o pergaminho das mãos do amigo.

— Remus, responda — disse James com firmeza e quase voracidade.

Remus olhava assustado de um para o outro, para depois, derrotado, confirmar com um aceno triste de cabeça.

James cerrou os dentes e socou a parede mais próxima; e Sirius meramente encarou Remus com tanta firmeza que parecia querer atravessá-lo com o olhar.

— Agora entendi… — murmurou. — Aquele dia, no baile… Você foi o primeiro a dançar com Lily… Ela tinha me falado que você tinha dito que ela estava linda…

Ele o quê?

— …Vem acontecendo há bastante tempo, não é? — perguntou Sirius, sem dar importância a James e olhando com firmeza para Remus, que cada vez ficava mais pálido. — Há muito tempo que você vem agindo desse modo estranho com a gente… Desde quando?

Remus se encolheu na parede.

— Desde o sexto ano — disse baixinho.

— E, por que, por Gryffindor, não contou nada pra gente? — perguntou Sirius com raiva.

— Como eu iria contar? — soluçou o rapaz. — Eu já sabia o que estava acontecendo entre vocês. Eu vi você beijando a Lily no corredor, e Frank me contou que você e Prongs brigaram. Eu me sentia culpado, eu tive medo de perder vocês dois.

James o olhou de um modo feroz. Sirius suspirou, encarando Remus de um modo meio decepcionado. Este deixou-se escorregar pela parede, se encolhendo no chão da Shrieking Shack.

— Céus, eu não queria que isso tivesse acontecido. Mil vezes ter morrido, naquela noite em que fui mordido, do que ter que encarar vocês, olhando assim para mim.

— Pare com isso — disse Sirius rispidamente. — Ninguém aqui está levando as coisas nesse termo.

— Fale por si mesmo, Sirius — sussurrou James, o rosto contorcido.

Sirius lançou um olhar furioso a James.

— Quer dizer que você preferia que o Moony estivesse morto a vê-lo gostando da Lily? Belo modo de demonstrar sua amizade, James Potter!

— Eu não disse isso — resmungou James. — Só que parece que todo mundo acha que eu sou um tonto! Será que ninguém tem senso de propriedade privada, não?

Os dois amam Lily Evans, James. Os dois a querem, os dois a desejam. São esses os amigos que você tem?

— James, eu juro que não queria! — exclamou Remus em desespero. — Eu juro! Tentei o mais que pude sufocar esse sentimento, extingui-lo, tentei pensar em outras coisas, mas não consegui! Não dá!

— Sei que não queria — disse o outro sombriamente. — Todo mundo acha que eu sou um babaca, que dá pra ficar me passando pra trás, não é? Belo modo de demonstrar a amizade de vocês, Sirius Black e Remus Lupin!

— Cala a boca!

Remus parecia assustado, e Sirius quase fora de si. Enfiando o dedo no rosto de James, começou a falar, alto:

— Você age como se não tivéssemos sido seus amigos o tempo todo, como se não tivéssemos tentado nos segurar, como se saíssemos gritando para o mundo que amamos a Lily também! Sabe por que é que ela não dá bola pra você? Porque você é um crianção!

— Olha o que diz, Sirius… — disse James no seu tom mais perigoso.

— Pare de agir assim, como se Lily fosse propriedade sua e nós fôssemos ladrões!

— Parem de brigar! — exclamou Remus, se levantando. — Por Paracelso, parem!

— O que é que está querendo, Remus? — acusou James, dando um empurrão no amigo mais magro. — Você também tem culpa nessa história!

Remus cambaleou, mas ergueu-se firme. Sirius segurou a camisa de James e começou a sacudi-lo:

— James Potter, pare de agir como se fosse um perfeito idiota!

— Estou cansado de ser traído, de ser passado pra trás por quem eu confiava!

— E eu estou cansado de te ver agir como se isso fosse uma competição, uma batalha, um prêmio!

— Olha quem fala! — James quase gritou. — Quem foi que concordou imediatamente, quando viu a Lily beijar o Snape, que a gente deveria fazer alguma coisa?!

— Uma coisa é o Snape, outra muito diferente somos nós! — gritou Sirius. — Somos amigos, caso você não lembre!

— Quem deveria se lembrar são vocês! — gritou James, se desvencilhando do outro.

Furioso, ele lançou um último olhar mortal a Remus e Sirius e partiu pelo túnel da Shrieking Shack.

Sirius olhou para Remus, que parecia desamparado. Sentiu pena, pois sabia exatamente o quanto ele estava sofrendo — aquele maldito mês antes de beijar Lily havia sido o pior da sua vida —, e sabia que ele não fizera por mal. Ele não conseguia sentir raiva daquele amigo. Não podia deixar de lembrar que Remus fora o primeiro capaz de enxergar por trás do seu escudo frio e gélido o que ele realmente era…

Se aproximou:

— Calma, Moony. Você sabe como James é. Ele está decepcionado, só isso.

— Eu juro que não queria, Padfoot… — gemeu o outro. — Eu juro que não queria…

Sirius deu um sorriso triste, colocando uma das mãos sobre o ombro do amigo menor.

— Eu sei. Eu sei que você não queria. Vem… vamos voltar para o castelo.




Peter parecia temeroso e agitado. Desde que entregara o poema de Remus a Snape, já se passara uma semana sem qualquer sinal de que o sonserino tivesse usado seu trunfo. E Peter não conseguia se decidir se aquilo era bom ou ruim.

Sentado na sua cama, o coração batendo acelerado, ele tentava se convencer que, talvez, Snape não estivesse fazendo nada. Talvez ele nem fizesse. Talvez ele já tivesse feito e os três tivessem superado tudo, enfim. Talvez a amizade deles fosse mais forte do que Snape supunha.

Mas o fato de que era o dia do aniversário de Remus e nada tinha acontecido até ali não podia deixar de torná-lo mais nervoso. Talvez tenha sido por isso que Peter deu um pulo quando James entrou no quarto — ou, mais propriamente, deu um chute na porta, e invadiu o quarto em passadas largas.

— Prongs! — exclamou Wormtail, ao ver como o rosto do amigo estava vermelho. — Aconteceu alguma coisa?!

Sim, Wormtail — disse James, e Peter se encolheu. Nunca ouvira a voz do amigo tão furiosa. — Aconteceu, Wormtail. Agora, aposto que eu vou descobrir que você também gosta da Lily!

A compreensão atingiu Peter como uma pedrada.

— Peraí, James, do que é que está falando? — perguntou, levantando de um pulo. — Eu nunca gostei da Lily! Ela é sua garota!

James, que estava ocupado abrindo sua mala e atirando suas camisas para o alto de pura raiva, parou e olhou longamente para Peter.

— Acho que você é meu único amigo verdadeiro, Pete — disse.

— Do que está falando, James? — rebateu o outro, sentindo um indistinto e vago terror. — E Padfoot? E Moony?

James fechou os olhos com força.

— Estou cansado de ser passado pra trás…

— O que é que houve, James?

— Eles me traíram, Wormtail. Eles me traíram. — E, com um suspiro: — Vou para o campo de quadribol, voar um pouco.

— Se Sirius ou Remus aparecerem, o que eu digo?

— Diz que eu morri — sentenciou o outro com uma expressão mortífera nos olhos castanhos, para em seguida, segurando a vassoura, sair do dormitório batendo a porta.

Atordoado, Peter deixou-se cair na sua cama, esfregando o rosto. Finalmente acontecera.

Ele não deveria estar feliz?…

“Oh, merda. Eu sou uma merda de um grifinório. Eu merecia ter ido para a Sonserina. Eu sou um panaca.”

A porta se abriu de novo, dessa vez, mais delicadamente. Peter ergueu os olhos de modo débil para encarar Remus e Sirius, que entraram no quarto com passos lentos, quase culpados.

— São vocês — murmurou, e ficou observando-os: parecia que ambos carregavam um peso de uma tonelada nas costas.

— James esteve aqui? — perguntou Remus em voz baixa, vendo a bagunça nas roupas.

— Sim, e ele foi treinar, embora tenha mandado lhes dizer que morreu.

— Eu já esperava isso — disse Sirius. — James é um perfeito mimado. Não sei porque gosto tanto dele.

— Rapazes, eu… acabou? — perguntou Peter.

— O quê?

— A nossa amizade? Acabou?

Os dois suspiraram.

— Espero que não, Peter… — murmurou o licantropo. — Espero que não. Eu… vou dar uma volta. Repensar.

— Eu iria até o campo, mas Prongs já está lá, então… — suspirou Sirius — acho que vou dar um passeio por Hogsmeade.

— Não beba — recomendou Remus. — Eu sozinho não conseguirei te trazer até o castelo.

— Não vou beber — garantiu Sirius, saindo porta afora.

Peter olhou para um desolado Remus, e pensou que ele parecia ter envelhecido uns cinco anos.

Ele tinha que contar que fizera aquilo ou ia enlouquecer.

— Remus, eu…

— Sim, Peter? — disse Remus, olhando para ele com toda a solicitude e amizade transbordando nos olhos dourados. — Quer me falar alguma coisa?

Peter sentiu-se desmoronar frente àquele olhar tão triste.

— Eu… queria dizer que… vou dar um passeio pelos jardins, se depois alguém me procurar.

— Está certo, Pete — disse o amigo. — Eu vou dar uma volta, então. Se… James… ou Frank ou qualquer outra pessoa perguntar… diga que eu acompanhei o Sirius até Hogsmeade, OK? Se puder.

— Claro…

Remus sorriu para o amigo, colocando brevemente uma das mãos em seu ombro, e saiu do dormitório.

E deixando Peter Pettigrew a pensar que era o pior de todos os seres da face da terra.




Todos ficaram simplesmente estarrecidos. Até o fim do dia, não houve sonserino que não olhasse para trás o tempo todo, ainda sem conseguir acreditar que o improvável acontecera — o último ano dos Marauders no colégio, e nenhuma traquinagem no aniversário de Remus Lupin.

Ninguém voando pelo ar, nenhum prato explodindo, professores inteiros, Snape andando nos dois pés por aí — e exibindo um sorriso para lá de sinistro, diga-se de passagem —, Lucius e Narcissa passando o dia inteiro nos jardins sem que ninguém os atrapalhasse, a biblioteca intacta, a cozinha também.

E, para completar o estarrecimento: James Potter estava em cima da vassoura desde o café da manhã, não aparecera para almoçar e não descera de lá. Sirius Black havia sido visto brevemente logo após o café perto do Salgueiro Lutador, depois desaparecera totalmente. E com o aniversariante, Remus Lupin, era pior: não fora visto nem no café e nem em nenhum lugar. Frank Longbottom jurava solenemente que não tinha nada a ver com aquilo e que também não vira o amigo durante o dia inteiro. Peter Pettigrew, este ficara que nem uma barata tonta perto da Forbidden Forest, e, para cada um que vinha perguntar, tinha sempre a mesma resposta:

— James morreu, e Sirius e Remus foram para Hogsmeade.

Lucius Malfoy parecia ter algo a dizer:

— Pode ser que tenham brigado. Não são tão inseparáveis assim.

— Ah, qual é. Aqueles quatro não se separam.

— Pode ser que a amizade deles não seja tão forte quanto pensávamos.

Os professores e monitores pareciam aliviados; os alunos, sobressaltados, alguns, surpresos. Filch tinha um sorriso de orelha a orelha que ninguém nunca tinha achado possível surgir naquele rosto, e Madame Pince olhava a toda hora pela porta da biblioteca, como se estivesse esperando que traças gigantes adentrassem e consumissem os livros. O Prof. Faunt parecia estranhamente alegre.

E chegava o jantar. E nada.

James finalmente entrou no salão. De banho recém tomado, cabelos úmidos, e uma expressão tão raivosa no rosto que parecia emanar ódio e fome. Ninguém quis nem chegar perto.

Apenas ela.

— Oi, Potter — Lily disse, sentando-se ao lado de James.

O semblante dele suavizou-se um pouco, e ele até arriscou uma piada:

— Ué, a famosa Lily Evans aceitou sentar ao lado de um pobre mortal como eu?

— Não enche, Potter — disse Lily servindo-se de batatas. — Estou aqui porque acho que é mais seguro.

— Ué, por quê?

— Seja lá o que estiver pra acontecer, acho que se eu estiver do lado de um Marauder nada me atinge, né?

A expressão de James se fechou e ele sussurrou baixo:

— Não vai acontecer nada. Nunca mais, Lily.

— Do que está falando, Potter?

— Que nunca mais vai acontecer nada. Nem hoje e nem nunca — Ele se levantou. — Perdi o apetite, estou indo.

Lily deu de ombros, sem entender aquela conversa estranha, e continuou a se servir. Quando James deixou o salão, Frank correu da mesa da Lufa-Lufa e se sentou ao lado dela.

— E aí, Lily? O que ele disse?

Lily o olhou curiosa:

— Do que está falando, Frankie?

— Tô perguntando o que é que o James disse. Por que é que ele e os Marauders não fizeram nada ainda?

— Sei lá. Ele disse que nunca mais iria acontecer nada, nem hoje e nem nunca. Eu não entendi. E, sinceramente, não estou nem um pouco interessada em James Potter.

— Sei — disse Frank com uma risada. — Imagino que nunca tenha estado…

Lily lhe lançou um olhar de secar planta, mas Frank continuou rindo.

— Eu não vi Remus nem Black até agora — ela comentou, por fim, decidindo ignorar a piadinha.

— Nem eu — disse Frank. — O James falou, no café, que o Sirius tava no campo, mas ele não está mais. Peter anda dizendo pra todo mundo que ele e o Remus estão em Hogsmeade.

— Falando no diabo…

Sim, pois Peter Pettigrew acabara de adentrar o salão. Taciturno, sentou-se do outro lado de Frank.

— Onde estão Remus e Sirius, Peter? — perguntou Lily docilmente.

Peter a encarou, e seu olhar fervia de ódio recolhido. A ruivinha se assustou com a expressão contraída e contida de Peter, e este pensou se seria mesmo uma alternativa tão ruim azará-la e pendurar sua cabeça no salão principal. Logo desconsiderou a idéia: James, Remus e Sirius iriam matá-lo, Snape também, e, se escapasse, iria para Azkaban.

— Estão em Hogsmeade — rosnou.

— Mas o que é que deu neles, para irem assim a Hogsmeade? — perguntou Frank.

— Não sei — disse Peter, lacônico, apanhando batatas inteiras e engolindo com sofreguidão. — Estão meio estranhos, os dois.

Lily se levantou:

— Eu vou indo, Frankie, combinei de revisar algumas matérias com Cherry e Maggie na Sala Comunal.

— OK, Lily.

— Já vai tarde — sussurrou Peter.

— Que disse, Wormtail? — estranhou Frank, enquanto a ruivinha se afastava.

— Nada.

E ele voltou a comer. Ou melhor, teria voltado, se algum engraçadinho não muito feliz por nada ter acontecido não o tivesse azarado pelas costas, fazendo com que Peter ganhasse uma estranha coloração azul e inchasse.

Frank se apressou para levar o amigo para a ala hospitalar, mas ainda estava desconfiado.

“Tem alguma coisa errada acontecendo”, pensou, enquanto carregava Peter pelos corredores. “Remus não está em Hogsmeade. E eu sei onde ele está.”




Os sonserinos estavam realmente aliviados. O dia inteiro passara, nada acontecera, e, a não ser que os Marauders estivessem com alguma trama noturna em vista, tinham escapado.

E ninguém reprovava a expressão de júbilo no rosto de Severus Snape, quando ele se refestelou confortavelmente numa das poltronas da Sala Comunal. Afinal, se os quatro vândalos tivessem seguido seu programa de costume, ele teria que passar a noite na enfermaria ou coisa assim.

E ninguém estranhou o sorriso sinistro de Lucius Malfoy quando ele se aproximou de Snape. Afinal, no ano passado, ele tinha acabado com os cabelos melados de molho de tomate.

Ninguém nem poderia imaginar que os dois sonserinos fossem responsáveis pelas cabeças deles ainda estarem em cima dos pescoços.

Severus se sentia incrivelmente satisfeito consigo mesmo. A falta de travessuras naquele dia, o estranho sumiço de dois dos quatro Marauders, tudo isso deixava claro que ele tinha alcançado seu intento. Tinha separado os quatro inseparáveis. Se fosse um pouco menos comedido, estaria cantando e dançando, a esta hora.

Lucius se aproximou e sentou ao seu lado, rindo:

— Parece que tudo deu certo, não é, Príncipe?

— Exatamente, Lucius, exatamente — disse Severus com um sorriso. — Foi exatamente como eu previa.

— Afinal, os quatro não eram tão inseparáveis assim — disse Lucius igualmente satisfeito. — Só espero que isso dure, mas, pelo menos, estamos salvos por hoje.

— Graças a Slytherin.

— Graças a Slytherin o quê?

Era Narcissa, chegando e se sentando ao lado de Lucius.

— Nada, Cissy — disse Lucius. — Estávamos falando sobre Aritmancia.

O rosto da garota se contorceu numa expressão estranha, mas ela disse em seguida:

— Você está tentando me afugentar da conversa, Lucius. Eu sei bem que vocês não estavam falando de Aritmancia, vocês não iriam perder tempo falando disso, e eu sei que tem dedo de vocês nisso.

— Nisso o quê? — perguntou Lucius com a expressão mais inocente do mundo.

— No fato dos Marauders não terem aprontado hoje.

— Ora, Cissy, como…

— Chega, Lucius — disse Severus. — Narcissa é esperta o suficiente para saber quando você está mentindo. Sim, Cissy, somos em parte responsáveis por isso.

— O que vocês fizeram?

— Nada demais — disse Lucius. — Apenas armamos um plano, para…

Armamos entre aspas, não é, querido Lucius? — corrigiu Severus. — Quem é que, ainda semana passada, estava me dizendo que não tinha nada a ver com as minhas tramas?

— Ah, aquilo foi só…

Eu armei um plano para separá-los. Usei uma informação que eu tinha e os fiz brigar. Lucius só me lembrou, há uma semana atrás, que hoje iria ser o aniversário de Remus Lupin, e, portanto, a ocasião perfeita para que eu pudesse pôr o plano em prática.

— Oh, Sev, está treinado em intrigas, hein? — Narcissa riu. — Aposto que muitas das minhas amigas iriam querer ter um parceiro como você, elas simplesmente amam ficar tecendo essas teias e pegar os outros em armadilhas.

— Quando se trata dos Marauders, cara Cissy, eu tenho prazer em armar intrigas — disse Severus com satisfação.

— Você merece parabéns, Sev — disse Narcissa, apertando a mão do colega. — Se estamos seguros hoje, é por sua causa.

— Vamos ir parando com isso, por favor? — disse Lucius incomodado. — Eu sei que o Príncipe foi o responsável por tudo, mas não precisa ficar elogiando tanto assim, Narcissa.

Narcissa olhou curiosamente para Lucius e começou a rir:

— Está com ciúmes, Lu?

Eu?! Ciúmes?! Ora, Narcissa, ciúme é coisa de pessoas mal-resolvidas consigo mesmas. Eu jamais sentiria ciúmes de você.

— Sei — disse Severus rindo.

O interessante é que uma conversa que normalmente o aborreceria, hoje estava divertindo-o. Tudo parecia dez vezes mais engraçado. Ele poderia rir sem parar, se quisesse.

— E você não se meta — disse Lucius ríspido.

— Ora, Lu, não precisa ficar com ciúmes de mim — sorriu Narcissa. — Você sabe muito bem que eu sou toda sua.

— Já falei que não estou com ciúmes de você — cortou Lucius. — E, por favor, não me chame de Lu!

Severus riu. Por mais que Lucius se interessasse por outras, por mais que ele flertasse sem medida, algo maior e mais forte o prendia a Narcissa. Mesmo que esses dois não quisessem reconhecer, haviam sido feitos um para o outro, de alguma estranha maneira que Severus desconhecia.

— Estou com sono — disse logo em seguida. — Vou para o dormitório.

No futuro, a maioria dos sonserinos diria que aquele fora um dia realmente estranho. Afinal, também não é todo dia que se vê Severus Snape indo para a cama antes das nove — e cantando.




Frank sentou em cima da tapeçaria de Barnabas, the Barmy. Já era tarde, mas, ainda assim, ele estava disposto a esperar quanto tempo fosse preciso. Mesmo que os trasgos ficassem agitando os bastões para ele ameaçador, antes de voltar a espancar Barnabas.

Felizmente, não teve que esperar muito, quer dizer, pelo menos não tanto quanto esperava. Cerca de meia hora depois que sentara ali, a porta se abriu e Remus saiu da sala, os olhos piscando e uma terrível aparência de doente.

— Frankie? — espantou-se, ao ver o amigo se levantando e se esticando.

— Você acha mesmo que eu iria deixar esse dia passar sem te dizer “feliz aniversário”, oh, coisa tonta? — perguntou o outro, dando um tapa no ombro de Remus. — Feliz aniversário de dezoito anos, Remus Lupin!

— Obrigado — disse Remus quase inaudivelmente, sentindo um nó na garganta.

— Pronto. Agora, meu caro amigo grifinório, você vai me dizer porque ninguém viu traço de você ou Sirius hoje, porque Peter estava dizendo pra todo mundo que vocês tinham ido para Hogsmeade, sendo que você estava bem aqui, escondido na Sala Precisa e por que James estava com cara de quem queria matar um.

Remus suspirou, deixando-se apoiar na parede.

— Está tudo perdido — murmurou com tristeza. — Está tudo perdido, Frankie. A nossa amizade se perdeu.

— Do que está falando, Moony?

— Olha — Remus apanhou um pedaço de pergaminho amassetado de dentro das vestes, esticou-o e estendeu a Frank.

Curioso, o lufa-lufa leu o pergaminho, franzindo levemente a testa ao terminar:

— Foi você quem escreveu isso?

— Foi.

— Sabe que você tem talento? — analisou o rapaz.

Remus revirou os olhos.

— Ah, Frankie.

— É sério! — protestou Frank. — Eu já li alguns poemas de amor, e já escrevi alguns para Alice, e o seu está realmente bom. Desesperado, mas bom. Excelente até, eu diria.

— Bem, obrigado — disse Remus, corando. — Na verdade, isso não é o importante. Dá para perceber que eu menciono Lily no poema, né?

— Claro.

— Então. Eu escrevi esse poema há muito tempo atrás, ano passado, mas, nesse ano, Lily acabou pegando-o, e leu.

— Lily leu o poema? — disse Frank de queixo caído.

— Leu.

— E o que ela achou? Ela ficou sabendo que você gostava dela?

— Ficou. Ela achou o poema bonito, e pediu para não jogá-lo fora.

— E o que mais?

— O que mais o quê? Você quer mais?

Foi a vez de Frank revirar os olhos.

— O que ela disse sobre você gostar dela?!

— Ah. É, bem. Ela ficou triste. Ela disse que amar não era errado, e que não havia problema em amá-la, mesmo que James e Sirius a amassem também, quer dizer, mais ou menos isso.

— E…

E o quê, por Gryffindor?!

— E o que mais? Teve algum beijo? Alguma coisa mais… física?

Remus suspirou.

— Nós quase nos beijamos. Quer dizer, meio que nos beijamos. Mas não muito, sabe. Quando ela ia aprofundar o beijo, eu me afastei e disse que aquilo estava errado, e fui embora.

Frank deu um tapa na testa.

— Moony, às vezes você é santo demais.

— Há, há.

— E daí, o que aconteceu?

— O que aconteceu é que, porque Lily gostou do poema, eu não o joguei fora. E daí foi o passo para tudo.

— O que houve?

— De alguma forma que ignoro, o pergaminho foi parar nas mãos de ninguém menos que Snape.

Frank arregalou os olhos:

Snape?!

— É, Snape. E eu não sei como, porque eu coloquei um feitiço de alarma na minha mochila, e os únicos que mexeram foram James e Sirius. A não ser que eu cogite a possibilidade de eles terem entregado o poema para Snape…

— O que seria impossível…

— …não há outras alternativas.

— Sei não, Moony. Aquele cara é diabolicamente astuto. Ele deve ter aprontado alguma para tirar esse poema da sua mala.

— Bem, o fato é: com o poema nas mãos, Snape não podia deixar de pensar em fazer algo para se vingar de nós.

— O que ele fez?

Remus soltou seu mais longo suspiro até ali:

— Ele entregou o pergaminho para James e Sirius. Na minha frente.

— O-oh — disse Frank.

Olhou para Remus, adivinhando:

— E como eles reagiram?

— Mal — disse Remus, a voz baixa e os olhos fechados. — Bem mal. Sirius não, sabe, ele aceitou bem, e tentou me defender… Mas James…

— James se comportou como se Lily fosse propriedade dele.

— É. Disse coisas horríveis. Eu tenho medo… de que tudo esteja acabado.

— Você fala dos Marauders?

— Sim — disse Remus com outro suspiro.

Frank parecia não saber o que dizer. Ficou em silêncio, e pôs a mão no ombro do amigo — e, para Remus, aquilo era o suficiente.




Lily já se preparava para dormir. Era cedo, mas ela andava tendo crises cada vez mais duradouras de insônia, portanto queria aproveitar para dormir enquanto pudesse.

— Já pensou em tomar uma poção do sono? — perguntou Daisy, que estava observando ela arrumar a cama para dormir.

— Já — disse Lily. — Não fez efeito.

— Credo, Lily, você tá muito perturbada.

— Talvez.

Daisy suspirou:

— Você viu que nada aconteceu hoje?

— Quem poderia não ver? — perguntou Lily com seriedade. — Potter me falou que nunca mais iria acontecer nada, e eu estou realmente sem saber o que pensar.

— Será que eles brigaram? — disse Daisy pensando alto.

Se estivesse olhando para a ruivinha, perceberia como ela ficou pálida.

— Você acha?

— Bem, o que poderia tê-los impedido de fazer uma travessura justo no aniversário do Remus? — questionou Daisy. — Eu não consigo pensar em mais nada.

— Mas… se eles brigaram… por quê?

Daisy olhou incrédula para a amiga:

— Por sua causa!

Lily empalideceu ainda mais.

— Oh, por Gryffindor, será que eu estou os fazendo brigar ao ponto de deixar de fazer o que mais gostam?

— Eu diria que é exatamente isso.

— Oh, Daisy, eu sou um monstro — murmurou Lily para si mesma. — Eu sou um monstro.

Daisy levantou-se, e, com ternura, pôs uma das mãos nos ombros de Lily:

— Você sabe que a culpa não é sua.

— Será que não é? — perguntou a ruivinha aflita. — Quem sabe… se eu me decidisse logo… se eu parasse de brincar com eles…

— Você não está brincando com eles! — exclamou a monitora indignada. — Eu sei o que está acontecendo desde o começo, e sei que você não está brincando com eles! Você está tão aflita quanto eles!

— Mas a culpa de eles estarem brigando é minha…

— Não. A causa da briga deles é você. A culpa da briga deles é deles mesmos. Se fossem mais calmos, se pensassem, veriam que é uma situação delicada e que não precisam ficar brigando.

— Mas…

— Nada de “mas”, Lily. Você não tem culpa de nada e sabe disso. Deveria parar de se martirizar. É por isso que está com insônia!

Lily suspirou longamente, se sentando na cama:

— Às vezes acho que a vida é só um jogo para nos fazer sofrer…

— Ora, Lily, não é assim. Muitas vezes, você passa por períodos difíceis, apenas para provar sua coragem diante das adversidades. Mas não dá pra aceitar isso como uma constante.

— Se não é uma constante, quando é que isso tudo vai acabar?! Céus, Daisy, não agüento mais! Não quero ver ninguém brigando por minha causa, não quero!

— Oh, Lily… Às vezes, querer não é poder…

A ruivinha passou as mãos no rosto, parecendo fatigada de repente, cansada daquilo tudo. Daisy pensou que nunca a tinha visto tão pálida, e a conhecia desde o primeiro dia de Hogwarts, quando o vermelho de seus cabelos fazia um contraste impressionante com o seu rosto pálido e seus olhos fantasmagoricamente verdes.

— Lily, eu queria poder fazer algo para ajudar…

— Não se preocupe, Daisy — disse ela com certa brusquidão. — Como você mesma disse, querer não é poder. Agora, eu preciso dormir um pouco.

— Como queira — disse Daisy com um suspiro.

Saiu do dormitório, deixando Lily sozinha com todos os seus fantasmas. Especialmente com aqueles que lembravam seus apaixonados.




Frank e Remus chegaram até o retrato da Mulher Gorda quando o limite para ficar fora da cama já tinha estourado há meia hora. O lufa-lufa coçou a cabeça.

— Eu queria poder fazer alguma coisa por você, Remus. Não gosto de ver as coisas tomando esse rumo…

— Nem eu, Frankie. Mas o que você está fazendo já me deixa feliz porque eu sei que posso contar com você.

— Claro que pode — disse Frank com sinceridade. — Só que agora eu preciso ir, o caminho até o dormitório da Lufa-lufa é comprido. Senão Filch pode me pegar.

— OK. Durma bem e mande um abraço para Alice.

— Mandarei.

Frank saiu pelo corredor, e, vendo o amigo se afastar, Remus pensou como era bom ter alguém que ainda confiasse nele.

Olhou para a Mulher Gorda, que devolveu o olhar com algo de severidade:

— Você sabe que não deveria andar por aí à noite.

— Desculpe, mas… hoje foi um dia difícil — suspirou Remus.

A aparência ainda mais abatida que trazia o rapaz comoveu a mulher, e ela assentiu, com um voto:

— Feliz aniversário, Lupin.

— Obrigado — agradeceu o monitor polidamente. — Grito de Mandrágora.

A Mulher Gorda assentiu novamente e girou o retrato, para que Remus pudesse entrar. Quando Remus estava quase fechando o retrato, ouviu um grito:

— Espera, Moony!

Era Sirius quem vinha correndo. Remus permitiu sua passagem e fechou o retrato, vendo o amigo descabelado se apoiar na parede, ofegante. Já não havia ninguém na Sala Comunal, pelo que o rapaz agradeceu.

— Voltando de Hogsmeade a essa hora, Six?

— Eu não bebi — disse Sirius.

— Eu percebi, senão não estaria em condições de correr pelo sétimo andar. O que você ficou fazendo lá?

— Tomando cerveja amanteigada, comendo chocolate e conversando com Madame Rosmerta — disse o outro. — Aliás, eu trouxe uma coisa pra você.

Para a surpresa de Remus, Sirius tirou de dentro do casaco uma caixa de bombons da Honeydukes.

— Feliz aniversário — desejou, estendendo a caixa.

— Obrigado, Sirius — disse Remus, pegando os chocolates, comovido. — Não precisava.

— Claro que precisava! É seu aniversário! — exclamou o outro. — Apesar de tudo, é seu aniversário, e passar o aniversário inteiro sem um presente não é legal.

— Obrigado — repetiu Remus debilmente, e se sentou próximo à lareira com os chocolates, olhando o fogo.

Sirius sentou-se na poltrona ao lado, e entregou-se à mesma contemplação.

— Estou com medo de voltar para lá — confessou o monitor, olhando para a escadaria. — Não quero ouvir o que James tem a dizer sobre traição e propriedade privada.

— Peter está lá, não está? James não vai falar nada com ele lá.

— Pete não está lá. Frankie me contou que um infeliz qualquer o azarou na hora do jantar. Ele ficou azul e vai ter que passar a noite na ala hospitalar.

— Vamos visitá-lo amanhã — disse Sirius, tentando não deixar transparecer o quanto a ausência de Peter era incômoda, mas Remus pôde perceber como ele se retesou.

— Vamos — concordou, abrindo a caixa e apanhando um chocolate (afinal, mal comera o dia inteiro). — Quer um?

— Não, comi chocolate demais — disse Sirius, observando o amigo comer um dos bombons e se deliciar.

Ficaram ali até que Remus comesse sozinho metade dos bombons, as chamas da lareira fossem se apagando e a lua estivesse alta no céu. Então Sirius disse:

— Moony, nós não podemos ficar aqui até acabar o mundo. Temos que voltar para o dormitório.

— Eu sei — disse Remus. — Só estou tentando arrumar coragem.

Sirius olhou para Remus, depois apontou a Sala Comunal, os detalhes em vermelho e dourado, o brasão de leão estampado na parede.

— Pertencemos à Grifinória, Moony — disse solene. — Não sei se o velho Godric gosta de ter a gente aqui na casa dele, mas ele vai ficar realmente decepcionado se formos covardes. Vai pensar que o chapéu dele errou e que a gente devia estar lá com o Salazar. Então é melhor nos esforçarmos para honrá-lo, não?

Remus sorriu.

— Claro, Padfoot — e se levantou. — Vamos lá. Alguma coisa tem que dar certo hoje.




Quando entraram no dormitório, Remus e Sirius esperavam sinceramente que James estivesse dormindo. Mas seria sorte demais para aquele dia.

James os fitava, sentado em seu beliche, os olhos castanho-esverdeados brilhando estranhamente à luz do luar.

— Resolveram fazer uma dupla de traidores agora? — perguntou, cáustico.

— Caso você nunca tenha notado, veado, eu e Remus somos amigos faz muitos anos — disse Sirius igualmente sarcástico. — Aliás, eu conheci ele antes de você.

Cervo.

— Por favor, não briguem — pediu Remus com a voz fraca.

— Eu só quero resolver essa situação aqui e agora — disse James, pulando do beliche.

— Nós também queremos — disse Remus com alívio. — James, a culpa não é nossa.

— Oh, não. Não mesmo. Imagine se fosse.

Sirius suspirou, olhando para James:

— A gente não quer brigar.

— Sei.

Novo suspiro.

— Eu pensei que, pra gente, amizade valia mais do que garotas. Pô, nós quatro… éramos perfeitos. O que é que está dando errado?!

— O que está dando errado é que nenhum de vocês dois sabe manter uma amizade! — exclamou James. — Vocês não sabem respeitar os amigos, mesmo depois de tudo que eu fiz por vocês!

— Se você vai começar a atirar na nossa cara tudo o que já fez pela gente, vai parando — cortou Sirius. — Nós não aceitamos nenhum favor seu para você ficar agindo dessa maneira.

— Eu não ia fazer isso — disse James em voz baixa. — Eu só ia lembrar vocês de como eu gosto de vocês, e como vocês me traíram.

— Nós não queríamos, nós realmente não queríamos, Prongs — disse Remus súplice. — Foi tudo… um maldito golpe do destino.

Sirius completou:

— A verdade é que não há como deixar de se apaixonar por Lily. Ela é tudo o que uma garota deve ser e até mais. Não há quem se compare a ela.

James não gostou nada das falas de Sirius e, bufando, passou uma das mãos pelos cabelos:

— Sim, mas precisa se aproximar? Você sabe que eu gostava dela. Você sempre soube. Eu sempre soube. Nós sempre soubemos. Em todos os tempos que quiser conjugar. E, mesmo assim…

— Lily não é sua, James, aprenda a aceitar isso!

— E sua também não é! — rebateu James em resposta.

— Eu nunca disse isso e não me comporto como se ela fosse! — gritou Sirius. — Você é que parece uma criança mimada que perdeu um brinquedo!

— E você parece um tremendo idiota que não sabe respeitar uma amizade quando a tem!

— Parem de brigar! — gritou Remus, mas não foi ouvido.

— Quer saber, James? Se Lily quiser ficar comigo, eu fico com ela! Eu ficaria com ela porque a amo e para provar a você que ficar com ela não é errado!

Foi o estopim para James:

— Pensei que poderia confiar em você, mas no final você continua sendo um maldito Black, como eu sempre soube mas não quis reconhecer!

— Dobre a língua, Potter!

Remus, espectador, percebeu que a briga já estava passando dos limites, visto que eles já começavam a se chamar por sobrenomes.

— Vocês, silêncio! — ele gritou mais alto que os dois, e viu olhos cinzentos e castanhos se voltarem para ele. — Parem de discutir como se fossem duas crianças. James, você sabe que está exagerando, e, Sirius, não provoque.

— Quem é você pra falar alguma coisa, hein, Remus? — disse James.

Remus o olhou com frieza.

— Eu estou tão envolvido nisso quanto vocês. Por isso, estou dizendo para sermos racionais. James, Sirius e eu não somos menos seus amigos porque amamos Lily, e estamos dispostos apenas a deixá-la escolher quem ela quiser…

— Estão uma ova! Acha que eu não sei que Sirius beijou a Lily?

— E você também não o fez? — rebateu Remus rápido, desconcertando James.

— Eh… bem…

— Nós somos amigos, sempre fomos, e eu tenho certeza que nossa amizade vale mais que essa disputa idiota em que estamos metidos. Mesmo porque, não cabe a nós decidir com quem Lily vai ficar. Essa é uma decisão dela.

James suspirou, se largando numa cadeira. Sirius cruzou os braços com um suspiro, se apoiando numa estante, e Remus se sentou na cama mais próxima, dizendo, com um sussurro:

— Eu não queria que tivéssemos que revelar nossos pecados para nós mesmos.

A voz de Sirius soou amarga:

— Isso é que é a bosta desse negócio chamado verdade.

Remus deu uma risada curta, e James continuou em silêncio. Então, disse, a voz hesitante:

— Talvez eu esteja exagerando um pouco mesmo…

— Eu acho — disse Sirius no mesmo instante.

— …mas, é que… — ele parecia suplicar que os amigos o entendessem — …eu gostei de Lily por tanto, tanto tempo. O meu sonho sempre foi ficar com ela.

— O nosso também, James, e isso é algo que você vai ter que aceitar — disse Remus com seriedade. — Invariavelmente, alguém vai acabar ficando com Lily, e, se for um de nós, os outros terão simplesmente que aceitá-lo.

O silêncio imperou entre os três jovens por um momento solene. Um momento em que eles compreendiam que alguém ali iria ganhar a disputa pela ruivinha, e isso talvez fosse um fato inevitável.

Talvez.

— Eh… então eu digo… eu tenho algo a dizer — disse James.

— O quê? — perguntou Sirius cáustico. — Vai dizer que Lily é sua e vai escolher você e todas as baboseiras que você costuma dizer?

— Não — disse James, contendo um comentário ácido. — Eu vou propor algo. Um pacto.

Os outros dois se entreolharam rapidamente.

— Pacto? — repetiu Remus intrigado.

— Sim, um pacto — disse James, se levantando. — Enquanto Lily não escolher ninguém, eu proponho que nós juremos que não vamos investir nela.

— Como assim?

— Eu proponho que a gente jure, aqui, uns para os outros, que não vamos investir na Lily. Que não vamos tocá-la, beijá-la ou fazer declarações, nada desse tipo. Que esperemos ela escolher.

Remus olhou para Sirius.

— Parece uma boa idéia — disse. — Garantiria a confiança entre nós, evitaria vigilância desnecessária.

— Se vocês acham que é uma boa idéia… — disse o outro, dando de ombros. — Que seja. Podemos fazer o tal pacto.

— Certo — disse James, num súbito acesso de praticidade. Ele apanhou a varinha e fez surgir no ar três agulhas e uma lâmina de vidro. — Vamos fazer um pacto de sangue.

Sirius deu de ombros novamente, desinteressado, e Remus se empertigou, pálido, mas decidido. Com uma solenidade que combinava com a situação, James manteve a lâmina de vidro sem sustento no ar e, com outro gesto da varinha, fez uma agulha voar para as mãos de Sirius e de Remus, pegando a sua própria.

— Eu vou começar, OK? — disse James.

Ele foi até a lâmina e picou o próprio dedo, fazendo-o sangrar. Uma gota vivamente vermelha escorreu e tocou o vidro.

— Eu, James Potter, juro, pelo meu sangue que cai agora, que não vou mais investir em Lily Evans enquanto ela não se pronunciar a respeito do seu amor. — E acenou com a varinha.

Um lampejo vermelho brilhou e o sangue de James também. Remus se adiantou com um murmúrio:

— Sou o próximo. — E, cuidadosamente, abriu um corte em seu dedo e deixou o sangue verter na lâmina. — Eu, Remus John Lupin, juro, pelo meu sangue que cai agora, que não vou mais investir em Lily Evans enquanto ela não se pronunciar a respeito do seu amor.

Outro aceno da varinha e o sangue de Remus misturou com o sangue de James, brilhando.

— Sirius.

O último rapaz se adiantou com uma expressão de enfado no rosto, como se considerasse aquilo tudo uma baboseira. Pegou a agulha e quase atravessou seu dedo, provocando uma careta de James e Remus, e deixou com que o sangue pingasse profusamente na lâmina.

— Eu, Sirius Órion Black, juro, pelo meu sangue que cai agora, que não vou mais investir em Lily Evans enquanto ela não se pronunciar a respeito do seu amor.

Um último aceno de varinha e o sangue de Sirius se misturou com o sangue dos outros dois.

O pacto entre os Marauders estava selado.

Mas isso não significava que não podia ser quebrado.


N.A.: Huahauhaua, eu não podia não deixar um suspense no ar, não é? Próximo capítulo promete emoções quentes!

N.A.2: Outra coisa: para quem curte Lupin/Tonks, eu estou postando uma fic nova agora. O nome é Secrets and Memories, e é UA. Quem gosta, passe lá, por favor!

Prévia:

Ele sempre foi atraído pelo proibido. Desde criança, quando se metia em cantos escuros da casa para presenciar seus pais praticando artes das trevas. O lírio parece mais tentador quando não podemos tê-lo... E ele nunca ligou muito para o sangue.

O Proibido É Mais Desejado


" — O risco torna tudo mais excitante."



Quem se interessar, leia:

Secrets and Memories
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=17587

Matar ou Morrer
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=15209

Incondicionalmente
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14650

Shining Like a Diamond
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14686

Os Outros
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14942

Você Não me Ensinou a te Esquecer
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=15847

Fogo
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=16020

Crawling in the Dark
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=17513

Someday
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=17516


N.A.: *olha pra cima* A lista tá aumentando... Comentem!

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