As Incertezas do Dia Seguinte



N.A.: Obrigada pelos comentários... Eu sei que não faz nem uma semana que eu postei o capítulo 3, mas eu quis aproveitar a sexta-feira e postar o 4 de uma vez. E, ah, a pedido das pessoas, aumentei a fic... Agora tem 20 caps, com o epílogo.

Danny Evans: Que bom que você gostou, esse capítulo foi escrito inteiro durante uma longa aula de matemática... (Gastei uma matéria do meu caderno com ele) E não é só você que não sabe por quem torcer, eu também não sei. Valeu pelo comentário, beijos!

Gabriela_twillight: Não me deixa morrendo de curiosidade, posta logo a continuação! Que bom que você gostou da minha fic... Pois é, a Lily vai ter que ficar com alguém, e isso vai ruir com a amizade dos Marauders, mas eu acho que eles vão ficar amigos de novo no final. Tudo depende do rumo da história. Pode deixar que eu aviso quando atualizar, beijinhos!

Ana Bolena Black: *escarlate* Ah, não precisa tanto... Nem está tão boa assim, já vi muita fic melhor... Que bom que você gostou do cap. 3, achei realmente que foi o melhor até agora. E já aumentei, fica tranqüila! Beijos, e atualiza logo A Outra Black! (aliás, leiam a fic dela, é muito boa mesmo!)

Gaby Evans Potter: Perfeição? Não é pra tanto, foi só um surto de inspiração... O Remus, pelo menos nessa fic, é fofo. Isso o difere dos outros Marauders. Essa hora que o Sirius falou com a Lily ficou boa mesmo, né? Estou tentando fazer o Sirius bem provocante, porque esse é o jeito que ele se destaca pra Lily... E o James... Também ficou legal a parte dele. Já tá aí a atualização, beijos!

Bruh ternicelli: Fica com dó do Sevie não; por enquanto, eu estou falando mais do Sirius, mas o Sevie vai ter uns dois capítulos só pra tirar o atraso. E eu não consigo fazer a Lily muito nervosa não, mas nesse capítulo ela piora um pouco... Que bom que você está gostando! Continue lendo!

Dark Princess: Você achou boa mesmo? Que bom, você não sabe como me deixa entusiasmada! (acho que só tenho entusiasmo pra escrever a Perfume porque vocês gostam) E, bem, como eu disse, o Peter vai ter uma participação ativa no desfecho... Só que vamos ter que esperar pelo desfecho, se bem que eu já tenho uma idéia do papel que ele vai fazer... É só aguardar! Beijinhos!

Thássia: *corando* Ah, vocês exageram... Tá boa mas nem tanto... A aprovação de vocês é o que mais importa! Pode deixar, que os próximos capítulos já estão chegando! *a todo vapor*


Capítulo 4: As Incertezas do Dia Seguinte



Dia seguinte, um agradável e tranqüilo domingo. Abençoados sejam os domingos para todo o sempre, porque nenhum dos Marauders estava nem um pouco a fim de acordar… A não ser quando seu nome é Remus Lupin.

Se espreguiçando, o rapaz de cabelos castanhos levantou, se trocou e saiu antes de todos. No Salão Principal, quase completamente vazio, encontrou Frank Longbottom, que tinha uma cara tão feliz que só faltava cantarolar que o céu estava azul e o sol estava brilhando.

— Ei, Frankie! — cumprimentou alegremente, indo se sentar na deserta mesa da Lufa-Lufa, ao lado do amigo.

— Remus! Como é que foi, na festa?

Remus fez um gesto de “ah, deixa pra lá”.

— E você e Alice?

Frank abriu um sorriso enorme.

— Eu… depois da dança, fomos pro jardim… Daí eu fiz que nem você disse: tomei coragem, respirei fundo, e falei que eu a amava.

— E depois? — disse Remus sorridente.

— Depois… Cara, eu suponho que tenha sido um milagre. Um tremendo milagre. Ela falou que me amava também, faz tempo, e daí… a gente se beijou!

— Aê, Frankie! — disse Remus sorridente, dando um tapinha nas costas do amigo. — Isso mesmo, rapaz! E então, pediu ela em namoro?

— Vou pedir hoje — disse Frank, que parecia estar para ter um colapso nervoso. — Será que ela aceita?

— Claro! — disse Remus, tentando infundir em Frankie uma esperança que ele mesmo não tinha. — Se vocês se gostam, não tem motivo pra ela não aceitar!

— Tomara — disse Frank pressuroso, enfiando uma grande colherada de mingau de aveia na boca e engasgando.

Anapneo — disse Remus rapidamente, fazendo um aceno com a varinha.

O mingau de aveia voou longe, enquanto Frank ofegava, na mesa.

— Valeu, Remus… — disse, tossindo. — Mas… não tem nada que você queira me contar?

— Eu?

— É… Faz uns dias que você anda meio cabisbaixo, meio triste… Tipo, eu pensei que às vezes você não quisesse contar pros Marauders, pode contar
pra mim, se precisar.

Remus sorriu. Sempre era bom ter um amigo como Frank, que estivesse fora daquilo tudo, para variar.

— Caramba, Frankie… Nem sei por onde começar.

— Começa do começo. O que é que você tem?

Remus não conseguia desgrudar os olhos do tampo da mesa e encarar Frank.

— Bem, eh… Eu… tô apaixonado por uma garota.

— Sério? Legal, Moony! Isso é bom pra você! — disse Frank, sorrindo e dando tapinhas nas costas do amigo.

— Não, Frankie, isso não é legal. Não é nada legal.

Remus afundou a cabeça entre os braços, batendo-a na mesa.

— Ei, que é isso, cara? — disse Frank. — Não é pra tanto, você só está apaixonado!

— Ah, Frankie… Você só sabe da missa a metade.

Frank franziu a testa.

— Missa?

— Esquece.

— Tá, só sei a metade da missa, seja lá o que for uma missa. Por que você não conta a outra metade?

— Que outra metade? — perguntou outra voz. — E o que é missa?

Era ninguém menos do que James, se sentando junto a eles na mesa ainda deserta da Lufa-Lufa.

— Olha o milagre! — exclamou Remus. — Caiu da cama, James?

— Pesadelo — disse James displicente, passando uma quantidade
generosa de margarina na sua torrada. — E então, sobre o que vocês estavam falando?

— Eh — começou Frank —, estávamos…

— …falando sobre os NIEMs — cortou Remus imediatamente.

Frank olhou em consulta para Remus, que discretamente fez que não com a cabeça.

— É, estávamos falando sobre os NIEMs.

— Falando sobre provas no domingo de manhã? Vocês não têm nada melhor pra fazer, não?

— E você? Como é que foi a festa? — perguntou Frank quase imediatamente.

— Pouco produtiva — disse James. — Dancei com Kelly Duncan uma vez, mas, no resto do tempo, fiquei sentado feito um idiota. A única coisa boa da festa foi quando dancei com Lily.

Os olhos de James se tornaram um tanto sonhadores, enquanto ele saboreava o pão como se fosse um doce muito delicioso.

— Ah, Lily… — disse, e um monte de migalhas voaram da sua boca.

Frank caiu na risada, enquanto Remus sorriu tristemente para o amigo, sentindo culpa. Como poderia desejar a garota de James? A garota que, desde os seus míseros onze anos, quando ele ainda era um garotinho de cabelos bagunçados, levemente inocente, e caindo sobre o peso de seus óculos, ele queria e amava?

“Remus John Lupin, você é um traidor idiota.”




“Sirius Órion Black, você é um traidor idiota.”

Como ele podia gostar de Lily, se apaixonar por Lily? James a amava. Era claro que James a amava.

“Bem, ele me disse que não amava.”

É, mas ele ama.

“Era só um desafio, não era?”

Mesmo que seja só um desafio, é o desafio dele. Não seu.

“Ora, eu não sei… Acho que gosto mesmo da garota. Ela é linda demais. E tem personalidade, não é que nem aquelas fúteis que ficam me rodeando.”

Mas James gosta dela e começou a gostar dela muito antes de você. Ela é fruto proibido.

“Nunca liguei pro proibido.”

Ele é seu melhor amigo!

“Eu sei. Que droga, por que eu não podia gostar de alguma outra garota que não fosse justamente Lily?”

Pelo menos nisso nós concordamos.

“Ótimo, minha cabeça concorda com a minha cabeça.”

Ah, Sirius, você é um idiota.

“Ótimo, agora a minha cabeça tá me chamando de idiota. Esse vai ser um dia longo…”

Sirius deu um salto para fora da cama. Para sua surpresa, deu de cara com Peter, sentado na sua cama, balançando os pés para se distrair.

— Pete? Que horas são? — perguntou, esfregando os olhos com sono.

— Nove horas.

— Sério? Cheguei tão tarde ontem que pensei que fosse acordar meio-dia! Cadê Prongs e Moony?

— Madrugaram, acho. Foram embora cedo do baile.

— Ah.

Sirius procurou o largado e amassado uniforme de Hogwarts que ele atirara de qualquer jeito no malão na noite anterior. Com um toque da varinha, o fez ficar asseado, e então pôs-se a vesti-lo quando ouviu a voz de Wormtail:

— Ei, Six.

— Fala, Peter.

— Eh… eu… você dançou com a Lily no baile, né?

Pete desejou imediatamente não ter dito aquilo. Porque a agressividade com que Sirius se virou para fuzilá-lo com os olhos foi o suficiente para fazê-lo se encolher e ter vontade de ser abduzido pelos lençóis.

— Vai começar com essa conversa de novo, Wormtail?! — perguntou Sirius se aproximando furioso.

— Calma, Padfoot, calma, Padfoot… — disse Peter, recuando, muito assustado.

O olhar de Sirius era praticamente selvagem quando ele agarrou Peter pela camisa branca do pijama e ergueu-o.

— Não me enche, tá, Peter? Não me enche!

Jogou o rapaz para a cama, e saiu, batendo a porta com força. Deixando o outro quase às lágrimas.

— Merda. Agora eu tenho certeza.




Lily acordou no dia seguinte por volta das nove e meia, sentindo uma bruta dor de cabeça, provavelmente provocada pela maldita confusão em sua mente. Queria ficar o dia inteiro no dormitório, sem ter que encarar James ou Sirius ou Remus ou qualquer outra pessoa que a fizesse pensar nos seus sentimentos. Mas lógico que não teria tanta sorte.

— Finalmente acordou, Lily! — disse Maggie, vendo os olhos verdes da colega abertos. — Estávamos querendo saber como é que foi a noite!

— Ah, não foi nada sério — disse Lily, com uma careta.

— Não foi nada sério… É, não foi nada sério dançar com os três Marauders…
— Com os três? — perguntou Iris, que estava se arrumando no espelho. — Até com o Sirius?

Lily fuzilou Maggie com os olhos, enquanto falava:

— A Maggie insiste em ver coisas onde não tem. Sirius Black me chamou pra dançar, eu dancei com ele uma vez e foi só.

— É… — disse Cherry, insinuante. — Ninguém nunca imaginaria Lily tendo algo com Sirius, né?

— Claro que não! — exclamou Lily furiosa. — Sirius Black tem todos os predicados de James Potter: é arrogante, metido, se acha o maioral, azara as pessoas sem motivo e ainda tem mais um que o Potter não tem: é galinha! E a próxima que falar eu mato!

E, furiosa, enfiou-se dentro das vestes de qualquer jeito e desceu as escadas.

Já na Sala Comunal, ouviu um assobio, de um quintanista zombeteiro. Foi o suficiente para que ela gritasse:

Petrificus totalus! —, e o quintanista caísse no chão duro como pedra.

Atravessou o buraco do retrato, e já estava indo pelo corredor quando ouviu um grito:

— Lily!

Se virou com a varinha erguida de modo ameaçador, mas parou ao ver que era Daisy tentando alcançá-la.

— Calma, não precisa me atacar, só quero falar com você — disse a amiga, e Lily se sentiu um pouco culpada pela explosão de raiva.

Daisy se aproximou e avaliou a garota.

— Nossa Lily, você está com olheiras.

— Não consegui dormir bem, e estou com uma dor de cabeça dos diabos.

— Melhor você ir à ala hospitalar; Madame Pomfrey tem um remédio para dor de cabeça que é tiro e queda.

— Primeiro vou tomar café, antes que os elfos tirem a mesa pro almoço.

— Não tá tão tarde.

— Mesmo assim, vou tomar café.

Daisy e Lily foram até o Salão Principal; antes de entrarem, porém, Lily estacou.

— Daisy, espia e me diz se tem algum Marauder aí dentro.

— Hã?

Espia e me diz se tem algum Marauder tomando café.

— Ah. Tá OK.

Abrindo um tanto a porta, Daisy enfiou a cabeça para dentro e olhou em volta.

— O Sirius Black, só.

— Então eu vou pegar o remédio pra dor de cabeça — disse Lily, se virando para ir até a ala hospitalar.

— Mas, Lily, e o café?

— O café que se exploda — retrucou Lily. — Vai, pode ir, Daisy, minha cabeça tá me matando e Sirius Black só vai piorar a situação.

— OK, já que você insiste…

Daisy abriu a porta e entrou animadamente. Lily deu um suspiro. Finalmente só.




Treino de quadribol, à tarde. Aliás, bem tarde. James sabia muito bem que os integrantes de seu time, entre eles Sirius, estariam morrendo de ressaca se ele os chamasse àquela hora da manhã para treinarem. E iriam matá-lo se ele fizesse isso.

É, naquele ano iriam ganhar a Taça, com certeza. Com ele como apanhador, Sirius artilheiro, mais os talentos recém descobertos de Dorcas Meadowes como goleira (ele não entendia porque aquela garota não tinha feito um teste antes, já estando no sexto ano), de Caradoc Dearborn e de Gideon Prewett como artilheiros, e de Sturgis Podmore e Eric Munch como batedores. Iriam arrasar.

Era o que James refletia naquela plácida manhã, deitado à beira de sua faia preferida no lago, confortavelmente acomodado na sombra, pensando. Mas logo seus pensamentos se voltaram para outros cantos mais profundos e indecifráveis da sua mente.

O que sentia por Lily.

Sim, dissera a Padfoot que era apenas um desafio. Dissera. Mas, ah… como tinha mentido. Aquela tinha sido a maior mentira que contara na vida, sem dúvida. Se espantava em como Sirius tinha acreditado nela.

Amava Lily. Amava aqueles cabelos ruivos e aqueles olhos verdes muito vivos, amava aquela personalidade forte, aquele jeito de sempre desafiá-lo, aquele riso em seus lábios quando ele caía do seu pedestal. Amava cada pedaço de Lily, cada minúsculo ponto, desde a pintinha graciosa no seu colo até a ponta da unha do seu mindinho do pé.

Ela queria mais que palavras. Queria ações. Pois bem, que viessem as ações. Eh… Que ações?

— Nessas horas, o Moony faz falta… — suspirou James para o céu.

Remus devia estar na biblioteca terminando um de seus trabalhos quilométricos (ele sentia pena de Remus, cursando duas matérias a mais que ele a nível de NIEM), e saberia exatamente as ações que Lily queria. Daria conselhos, falaria, explicaria pacientemente até que ele entendesse, não importando quantas coisas tivesse pra fazer. Era por isso que ele gostava tanto do amigo. Ele tinha uma grande dedicação a tudo que fazia, às pessoas que gostava.

Lily. Tão linda, sua Lily. Se ela queria ações em vez de palavras, ela teria ações. Ainda não sabia exatamente o que fazer, mas, se fosse preciso atravessar os sete mares, andando sobre quatro ventos (ou os quatro mares sobre os sete ventos, como dizia Pete), para fazer o que ela quisesse, ele faria. Ele faria sem reclamar uma única vez, pois, naquela vida, não tinha nada mais prazeroso do que ver Lily sorrir por sua causa…




Severus andava pelo castelo, pensando em ir à biblioteca para fazer seus deveres de Runas Antigas; porém, o pensamento de que provavelmente iria se encontrar com Remus Lupin e seus companheiros Marauders o afastou dos livros; tinha medo de não conseguir se controlar e pular no pescoço de um daqueles três nojentos.

Nojentos que teriam enorme prazer em conspurcar Lily, pensou ele; bafejar seus hálitos envenenados nos ouvidos daquele anjo ruivo, transformar o riso puro de Lily na risada hostil de uma cortesã. Mas ele não deixaria que nenhum dos Marauders tocasse em Lily, que sequer chegassem perto de Lily com seus dedos sujos, nunca deixaria que eles maculassem a beleza de sua pérola.

Andava perdido nos seus pensamentos quando ouviu um barulho numa sala ao lado; erguendo a cabeça entre a cortina de cabelos negros, pôde visualizar o Prof. Faunt, com um sorriso muito estranho no rosto, olhando para ele da sua sala.

— Bom dia, Sr. Snape — disse Faunt.

— Bom dia, professor — cumprimentou Severus cortesmente. Que é que aquele homem estranho queria?

— Queira conversar comigo, Sr. Snape — disse Faunt com um tom nada comum em sua voz, fazendo um gesto em direção à sua sala.

Severus sentiu um arrepio de mau pressentimento percorrer suas costas, como que significando que aquele lugar não era seguro; mas não iria se recusar a obedecer a um professor. Segurando a varinha com firmeza, entrou. Faunt trancou a porta.

— Então, Sr. Snape… — começou ele, a voz mais calma e tranqüila que Severus já tinha ouvido, depois da voz de Dumbledore —, sei que o senhor não costuma dar confiança à pessoas que não conhece…

— E o que o senhor tem a ver com isso? — perguntou Severus, com certa grosseria. Queria deixar bem claro que não iria ser joguete nas mãos de Faunt.

Sim, pois era óbvio que Faunt estava fazendo o mesmo joguinho de Slughorn, atraindo alunos de potencial; ele percebera desde a primeira aula que o professor ficara impressionado com seu grande dom para Defesa
Contra as Artes das Trevas. E decidiu deixar isso bem claro:

— Quer fazer um clube do Faunt, é? Imitar o Slughorn? Não sou idiota como os Marauders, sabe. Saquei suas intenções desde o começo.

— Sinceramente, Snape, você não sabe nada de minhas intenções… — sorriu Faunt. — Só quero ser seu amigo.

— Vem com essa — disse Severus, irônico.

— É verdade. Eu sei muito bem que você não confia nas pessoas de imediato, e não posso dizer que desaprovo sua atitude. Mas você me lembra um pouco a mim mesmo… E acho que precisa de alguma ajuda.

— Ajuda? — as sobrancelhas de Severus se flexionaram num arco.

— Sim, ajuda. Ajuda com uma certa grifinória que lhe anda atrapalhando o sono…

O quê?!

Severus deu um pulo, fitando Faunt horrorizado.

— Como?… Como você sabe?!

— Ora, meu caro Snape. Só falta você andar por aí com uma placa. Meus amigos sempre dizem que eu tenho olhos argutos…

— Não se meta nisso — disse Severus, ameaçador. — Não se meta nisso, tá legal?!

E, com um empurrão violento na porta, escancarou-a e saiu, furioso. Faunt apenas sorriu.

— Arisco como a Eileen… — comentou para si mesmo com um sorriso.




— Ê, melhorou o humor? — perguntou Cherry, ao ver Lily voltando da enfermaria, um sorriso aliviado no rosto.

— Sem dúvida — sorriu a ruivinha. — A minha cabeça está bem aliviada.

— Para nosso bem — disse Maggie. — Riram muito da cara do Ritter quando acharam ele petrificado na sala comunal.

Lily corou, enquanto Maggie, Cherry, Iris e Alice, que se juntara às grifinórias, riram bastante.

— Ah, vocês sabem como sou estourada. Eu morrendo de dor de cabeça, confusa, irritada, com fome, com sono e ainda vem um engraçadinho e assobia para mim? Eu não sou de ferro!

— Se tem alguém que não é de ferro é você, Lily — riu Alice.

Lily reparou em como seu sorriso estava radiante.

— Ei… Acho que alguém aqui tem alguma coisa pra nos contar…

Alice ficou vermelha, e as outras meninas começaram a pressioná-la.

— Ah, vamos lá, Alice…

— Conta, conta, conta!

— Como é que foi com o Frankie?

— Ah, tá certo, eu conto, mas parem de dar pulinhos! — exclamou Alice, fazendo as outras rirem.

— Acho que a noite foi melhor do que a gente imaginava, garotas — riu Cherry.

— Não teve nada de mais! — riu Alice. — Nós… ele… ah, meninas, foi
maravilhoso! Eu dancei com ele, ele foi tão gentil, tão delicado, tão tudo! E me disse… e me chamou pra um canto e disse que me amava!

— Então deu certo? — perguntou Lily ansiosa.

— Tudo certo! Certo mesmo, a gente ficou!

Os gritinhos excitados de Maggie e Cherry encheram o corredor.

— Sério? Sério que vocês ficaram? E como o Frankie beija?

— Preparem-se, estamos prestes a ouvir a resposta da pergunta que mais da metade das garotas do colégio fazem…

Alice corou.

— O beijo dele é tudo — disse com a voz num quase sussurro. — Me senti… flutuando… nas alturas. Ele me fez me sentir assim durante toda a noite. É tão diferente dos outros garotos… Eu o amo!

— E pra quando é o casamento? Queremos convite!

Alice dessa vez ficou escarlate.

— Não é pra tanto!

— Ah, você ama ele, ele te ama, o que é que falta?

— A gente namorar uns dez anos!

Dessa vez as risadas foram mais altas, atraindo a atenção de um grupo de garotos que passava logo adiante.

— Ai, Remie, ela tá lá! — exclamou Frank, pálido, agarrando a manga do amigo Remus. — Pelo amor de Helga Hufflepuff, o que é que eu faço?!

— Vai lá e fala o que você sente, cara — disse Remus sorrindo. — Ela te ama, você ama ela, o que é que falta?

— Coragem — confessou Frank produzindo um ruído engasgado com a garganta. — Às vezes eu queria ter entrado pra Grifinória.

— Vai lá — disse Peter. — Nada pode ficar muito ruim.

Frank fechou os olhos e fez o sinal da cruz. Depois, foi.

— Eh… Alice?

As meninas todas se viraram para Frank, e Cherry e Maggie começaram a rir, sendo atingidas por Lily e Iris com bruscas cotoveladas.

— Frankie? — disse Alice, piscando como um sinal luminoso.

— Eh… a gente… pode… sei lá, conversar?… — perguntou Frank nervoso.

— Tá… tá certo — sorriu a garota.

Ela sorriu para as amigas e se afastou um pouco junto com Frank, apenas o suficiente para saírem do campo de audição das meninas e não entrarem no campo de audição de Remus e Peter, parados no outro canto do corredor.

— Sabe, Alice — sussurrou Frank, pegando com doçura as mãos delicadas da menina —, eu… eu te amo muito.

— Eu sei… Eu também te amo… — disse Alice no mesmo tom baixo, a voz quase embargada de felicidade.

— E eu… eu não sei… sei lá… acho que… se…

— Pode falar…

— É que… se você me ama, que nem você diz… e eu te amo… a gente podia… ah, sabe… tipo… Lógico que eu vou entender se você não quiser… mas a gente podia… ah… namorar.

O rosto de Alice se acendeu em felicidade.

— Quê, namorar?

— Lógico, pensei que você não quisesse — disse Frank apressadamente. —
Eu entendo, tudo bem.

— Está brincando? — perguntou Alice. — É claro que eu quero!

Frank a olhou, sem ousar acreditar naquela realização concreta de todos os seus sonhos ao mesmo tempo.

— Você aceita? Mesmo?

— Mesmo! — exclamou Alice, se atirando ao pescoço de Frank.

Tonto de felicidade, Frank a abraçou e os dois rodopiaram pelo corredor, atraindo os risos e os parabéns dos amigos.

Nesse instante, uma vozinha zombeteira fez-se ouvir:

— Longbottom e Trapp? Eca, Longbottom, você podia escolher alguém melhor do que essa sujeitinha!

Todos se viraram instantaneamente para ver de onde saíra o inconveniente comentário. E, confirmando as suspeitas de Lily e Remus, era Narcissa Black, acompanhada de suas amiguinhas sonserinas.

Alice se achegou mais à Frank, que só pode dizer:

— Deixa pra lá, amor.

— E se chamando de “amor”? — a voz de Narcissa soou escandalosa. — As coisas estão adiantadas, hein? Nossa, Longbottom, mais de seis gerações de bruxos e você ainda não aprendeu a ter bom gosto…

— E quem liga pro que você pensa, hein, Narcissa? — perguntou Lily, sentindo o sangue subir à cabeça. — Estamos muito pouco interessados na sua certamente bem fundamentada opinião de pessoa sem cérebro.

— E, como sempre, chega a Evans baixando o nível… — riu Narcissa. — Por pior que seja a Trapp, ainda é melhor que ser sangue-ruim…

Todos os presentes se viraram furiosos para Narcissa, enquanto Lily apenas ficou olhando-a com desdém.

Então, uma voz ainda mais cheia de desprezo que a de Narcissa se fez ouvir:

— E quem é você pra falar alguma coisa, hein, Cissy? A Evans pode até ter nascido trouxa, mas pelo menos ela não tirou “Deplorável” em Aritmancia.

Era Sirius, se aproximando por trás de Lily, que sentiu um arrepio ao ouvir sua voz suavemente rouca.

Narcissa olhava para Sirius absolutamente horrorizada.

— Como você soube?

Sirius riu, vendo Narcissa tão vulnerável. Ah, ele adorava saber desmontar os outros e ver suas expressões de terror.

— Os gritos de tia Druella lá em Grimmauld’s Place… Sinceramente, acho que todos os vizinhos em um raio de cem quilômetros sabem, Cissy.

— “Deplorável” em Aritmancia, Narcissa? — riu Maggie gostosamente. — Nossa, é preciso se esforçar muito, hein?

— Ora, sua p…

Silencio! — exclamou Lily, apontando a varinha.

Narcissa abriu e fechou a boca, furiosa.

— Uma demonstração perfeita de um Feitiço Silenciador, Lily, parabéns — disse Remus calmamente.

— Obrigada, Remie… Meus ouvidos não agüentam mais escutar porcarias — sorriu Lily. — Vamos? Já está na hora do almoço.

— Vamos — disseram todos em concordância, tomando o caminho do Salão Principal, enquanto as amigas de Narcissa pulavam freneticamente à
sua volta, sem saber como desfazer o feitiço.

Remus, Frank e Alice foram na frente, seguidos de perto por Peter. Atrás de Peter, Maggie, Cherry e Iris vinham de braços dados, conversando
alegremente. Lily e Sirius ficaram por último.

— Sirius?… — disse a voz dela, soando doce como uma brisa carinhosa.
Ele se virou para ela, contemplando aqueles cabelos tão ruivos, aquele
rosto tão cheio de personalidade, meio frágil e forte ao mesmo tempo. Cada vez mais ele ficava preso dos encantos daquele rosto.

— Sim? — disse polidamente.

— Obrigado por ter me defendido.

Sirius fez um gesto de “não foi nada”.

— Sabe que eu não perderia uma chance de desancar a Cissy… E além disso ela estava agindo feito uma idiota. Todo mundo sabe que não tem nada a ver esse papo de sangue-ruim, só a galera dela não se toca.

— Mas mesmo assim, obrigada.

— Tudo bem. Mas acho que eu nem precisava ter me metido… Você se defende bem sozinha, hein? Aquela do Feitiço Silenciador…

— Ah, a voz dela me irrita! — sorriu Lily.

Os dois riram, um riso estranhamente contido. Sirius estava prestes a perder a razão.

Controle-se, Sirius Black, pense em James…

“O que eu faço? Vou beijar ela daqui a pouco!”

Invente uma desculpa qualquer, rápido!

— Ah! Eu… esqueci um negócio lá na Torre da Grifinória… Vou lá pegar! Nos vemos no Salão!

Sirius disse isso tudo muito apressadamente e saiu quase correndo. E nem ele nem Lily, que ficou olhando-o se afastar, perceberam que estavam sendo observados por um par de olhos ambarinos.


N.A.: Bem, como pediram, aumentei a fic um pouco... E, agora, que eu tenho a fic praticamente planejada, deste capítulo em diante vou postar uma prévia do próximo, só para adiantar alguma coisa... Mas antes, duas observações:

Obs. 1: Faunt. Bem, ele nem passou pela minha cabeça na idéia original da fic, mas, quando cheguei a um certo ponto do primeiro capítulo, pensei que teríamos que ter um professor novo de DCAT. Então inventei o Faunt. Daí pensei logo em seguida: tá, você inventou o personagem e é só isso? Coloque-o na história direito! E assim nasce a aliança entre Faunt e Severus. A relação de Faunt com Eileen Prince será esclarecida nos próximos capítulos.

Obs. 2: Aqui eu queria me desculpar por um errinho... A idade do nosso amigo Lucius. Na verdade, ele nasceu em 1954, portanto, nessa época, ele tinha 22 anos. Ou seja, nem estava em Hogwarts e eu errei, admito. Quanto à Cissy, a idade dela foi alterada propositalmente; ela nasceu em 1955, porém, se admitirmos isso, sua irmã Andrômeda nasceu em 1953 e a Bella em 1951. Considerando que Cygnus Black, o pai delas, nasceu em 1938, isso faz dele pai aos 13 anos. Ah, tá, que ele teve três filhas antes dos dezessete. Assim, eu desloquei a idade das três: Bella nasceu em 55, Andy em 57 e Cissy em 59.

Pois bem, agora a prévia:


Após quase um mês se contendo, Sirius pensa que não vai mais agüentar. A sensualidade de Lily e sua personalidade exigem mais do que ele pode dar. E agora o impulsivo rapaz vai dar vazão aos seus sentimentos. Barreiras entre o certo e o errado nunca foram importantes...

Limites da Razão


"— Você me provoca, me seduz, me mata só em te desejar. Eu não posso mais, ruivinha. Não posso mais."

Toda vez que falta luz, o invisível nos salta aos olhos.


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