Reunião em Hogsmeade



— CAPÍTULO CATORZE —
Reunião em Hogsmeade




Ainda que não muito contente por isso, Rony concordou em ajudar Hermione a contatar as pessoas interessadas em fazer parte do grupo de estudos de Defesa Contra as Artes das Trevas. Os dois falaram com os que já a haviam procurado e com outras pessoas, os informaram do encontro em Hogsmeade e o garoto ficou surpreso com a quantidade de interessados.
— Pensei que todos estivessem achando Harry maluco! — comentou ele, quando os dois sentaram-se em um banco no pátio depois de conversar com alguns alunos mais velhos da Grifinória durante o horário do almoço.
— Também pensei, Rony. — Hermione respondeu. — Mas se você quer saber, estou começando a ficar com medo.
— Medo? Medo de quê?
Ela olhou para os dois lados para verificar se ninguém conhecido estava se aproximando antes de dizer:
— Você promete não contar nada ao Harry? Se você contar, ele pode desistir de tudo!
— Prometo, claro. O que é?
— Tenho medo de que nem todos estejam realmente interessados. Tenho medo de que alguém esteja querendo simplesmente espionar... Entende?
Rony franziu o cenho, pensativo.
— Entendo... Mas não acho que seja possível... Espionar para quem? Umbridge? Você acha que ela faria acordo com alunos para que espionassem para ela?
— Não tenho a menor idéia... Espero que eu esteja enganada, que isso não passe de um medo bobo... Mesmo assim, precisamos ficar atentos a todos eles quando os encontrarmos no Cabeça de Javali. Você me ajuda com isso, não precisamos comentar com Harry; não se esqueça do que acabou de prometer sobre não contar isso a ele.
— Certo, mas... Se eu dissesse a ele que a Cho Chang irá ao encontro, não acho que ele desistiria.
Aquilo surpreendeu Hermione. Semanas antes, Rony demonstrara desconhecer o interesse de Harry em relação à garota, mas, agora, sorria timidamente ao comentar a respeito.
— Você acha mesmo? — perguntou, interessada. — Acha que ele se arriscaria por causa de uma garota?
Ele não respondeu imediatamente e, quando falou, seu rosto corou.
— Ela não é só uma garota... Quero dizer... — ele desviou o olhar. — Ele gosta dela.
Ela continuou olhando para ele e descobriu que sorria. Aquilo era, além de estonteantemente surpreendente, um claro indício de que ele não estava tão desligado quanto parecia. Quando voltou a olhá-la, o garoto corou mais ainda e perguntou asperamente: — O que foi, hein? Qual é o problema?
— Nenhum. — ela respondeu com simplicidade. — Eu só não sabia que você era capaz de pensar com alguma sensibilidade.
— Que bobagem, Mione, não seja ridícula. — retrucou ele, irritado e ainda mais vermelho. — Vamos logo comer antes que não dê mais tempo.
Como Hermione continuasse a rir, ele se levantou e fez menção de ir embora. Em reação, ela simplesmente levantou-se também e se pôs ao lado dele e, sem dizer palavra, os dois seguiram em direção ao salão principal para almoçar.

Na véspera da visita a Hogsmeade, Hermione ficou até tarde tricotando roupas para os elfos e as escondeu nos lugares de costume antes de ir se deitar. Quando chegou ao dormitório, tentando não fazer muito barulho para não acordar as colegas, uma voz a assustou.
— Cabeça de Javali? Existe um lugar com esse nome?
Ela sentiu o corpo inteiro sacudir-se de susto e correu os olhos rapidamente pelo quarto até encontrar Lilá Brown sentada em sua cama, olhando para ela. — Quero dizer, só conheço o Três Vassouras.
— Por que você está me perguntando isso? — Hermione perguntou, sem entender.
— Parvati me falou sobre a reunião de vocês, amanhã.
— Você certamente só está perguntando por perguntar, não é? Afinal, você mesma me disse que acha que Harry só diz baboseiras.
— E se eu aparecer nessa reunião?
Ela não entendeu o tom de Lilá; na verdade, não conseguia entender por que ultimamente a garota parecia sempre disposta a provocá-la.
— Você pode aparecer, trata-se de uma reunião aberta. Vamos conversar sobre algumas... Idéias que tivemos... Para, sabe como é... Estudar Defesa Contra as Artes das Trevas já que não poderemos praticá-la na sala de aula.
Lilá sacudiu a cabeça afirmativamente bem devagar.
— Você não tem medo de que Umbridge descubra?
Hermione sentiu uma pontada no estômago, mas tentou com todas as suas forças transparecer segurança.
— Qual o problema? — disse. — Vamos apenas reunir um grupo em um bar para beber umas cervejas amanteigadas e conversar. Ela pode nos impedir de fazer isso? Seria ridículo se ela simplesmente aparecesse lá nos acusando de conspirar contra ela.
A outra riu.
— Você tem razão. E apesar de tudo... Acho que ela não seria desequilibrada a esse ponto. — ela fez uma pausa, em que deixou o sorriso desaparecer. — Bem, eu... Talvez eu apareça lá, amanhã.
Ao contrário do que Hermione pudesse esperar, Lilá tinha no rosto agora uma expressão amistosa. Poderia até supor que ela parecia arrependida de ter se declarado contra Harry anteriormente. Com uma expressão igualmente simpática, Hermione sacudiu a cabeça.
— Será bem vinda. — disse, e se deitou, não demorando quase nada a adormecer.
Quando acordou na manhã seguinte, tinha a sensação de que não dormira nem cinco minutos. Era cedo ainda, mas como não conseguiu voltar a dormir, desceu à sala comunal. Bichento cochilava em uma poltrona e a luz que entrava pelas janelas era bem fraca.
Hermione apoiou-se no parapeito de uma das janelas e ficou observando o vento arrastando as folhas pelos jardins. Dirigiu um olhar triste à cabana de Hagrid, que continuava vazia, e ao canteiro de abóboras de que o amigo tanto cuidava. Ela desejou fervorosamente que estivesse tudo bem com ele e que ele voltasse logo.
Algum tempo depois, já terminava o café da manhã com Rony e Harry e a seguir os três saíram, passando primeiro pela inspeção do zelador, Filch, que analisou Harry mais demoradamente.
— Um dia — o garoto comentou — eu estava no corujal e ele veio atrás de mim pensando que eu tinha bombas de bosta e que eu estava enviando um pedido de mais bombas.
— Mas o que o fez pensar isso? — Hermione perguntou, intrigada.
— Não sei, Malfoy talvez.
— Malfoy? É, talvez...
Ela pensou sobre aquilo por mais algum tempo, sem dizer nada. Já no povoado, contou a Harry que o encontro seria no Cabeça de Javali. Quando os três entraram no pub, ela não pôde evitar de surpreender-se um pouco; estava acostumada com o Três Vassouras, que era bem diferente do que estava vendo. O Cabeça de Javali era pequeno, escuro e tinha um cheiro forte. Parecia uma norma cobrir a cabeça ali dentro, pois a maioria das pessoas que ali estavam o fazia.
Mesmo não sendo o lugar mais agradável do mundo, porém, o pub servia ao propósito de Hermione. Como não era normalmente freqüentado pelos alunos de Hogwarts em suas visitas, que preferiam o Três Vassouras, seria o lugar ideal para uma reunião que, ainda que aberta, não chamasse muita atenção.
Ela olhou para os dois garotos para ver sua reação. Enquanto Rony não parecia muito incomodado com a sujeira, a escuridão ou o cheiro, Harry fixava os olhos em uma figura toda coberta de preto.
— Já lhe ocorreu, Mione, que Umbridge pode estar escondida ali? — ele perguntou.
— Não acho. — respondeu ela sem muita convicção. — E mesmo que ela viesse até aqui, não estamos fazendo nada de errado.
Nesse momento, um velho de cabelos e barba grisalhos se aproximou para perguntar, de má vontade, o que queriam. Hermione pediu a ele três cervejas amanteigadas, pelas quais Harry se ofereceu para pagar os seis sicles que o velho pediu ao voltar. Os três foram sentar-se a uma mesa, Hermione analisando sua garrafa muito suja.
— Acho que poderíamos pedir o que quiséssemos aqui, sem problemas — Rony disse. — Eu sempre quis experimentar uísque de fogo...
— Rony, você é monitor! — Hermione saltou.
— Ah... — fez ele, desfazendo o sorriso.
— Quem você disse que irá vir? — Harry quis saber.
A pergunta deixou Hermione ainda mais nervosa; não tinha certeza de quem viria ou não viria, e, embora não quisesse assumir, tinha medo de que algo desse errado, de que fossem surpreendidos por alguém que lhes diria que não poderiam fazer o que estavam fazendo. Ela checou a hora no relógio e olhou em direção à porta.
— Uma meia dúzia — respondeu vagamente. — Já devem estar chegando.
No instante seguinte, de fato, a porta do pub se abriu. O primeiro a aparecer foi Neville, acompanhado por Dino e Lilá, seguidos por Parvati e Padma Patil, Cho Chang com uma amiga, Luna Lovegood, Alícia Spinnet, Cátia Bell, Angelina Johnson, Colin e Dênis Creevey, Justino Finch-Fletchley, Ana Abbott, Ernesto Macmillan, uma garota da Lufa-Lufa e três garotos da Corvinal de quem Hermione não sabia o nome exceto por Miguel Corner, Gina, um garoto da Lufa-Lufa, Fred, Jorge e Lino Jordan.
— Uma meia dúzia? — Harry perguntou a Hermione, nervoso.
Ela estava radiante com a quantidade de pessoas que estava vendo.
— A idéia se tornou conhecida... — comentou distraidamente. — Rony, puxe algumas cadeiras dali.
Fred foi contando as pessoas para pedir cervejas amanteigadas para todos. Quando cada um já tinha a sua, foram sentando-se à mesa. Harry parecia extremamente nervoso ao lado de Hermione, e ela imaginou quanto daquele nervosismo devia-se à presença de Cho Chang.
— O que eles estão esperando que eu diga? — ele perguntou, irritado.
— Nada demais, — Hermione respondeu, irritando-se também. — eles só querem ouvir o que você, o que nós temos a dizer. Não se preocupe, eu falo primeiro.
Tão logo todos encontravam-se sentados, a conversa cessou e os olhares de todos recaíram sobre Harry. — Bem... — ela começou hesitante. — Hum... Oi. Bem... vocês sabem por que estamos aqui. Harry teve uma idéia... — o garoto dirigiu-lhe naquele momento um olhar de profunda indignação. — Quero dizer, eu tive uma idéia de que todos que estivessem interessados em estudar Defesa Contra as Artes das Trevas deveriam se juntar, mas quero dizer realmente estudar, e não o que Umbridge está fazendo conosco.
— Apoiado, apoiado! — disse Antônio Goldstein, inflando o ânimo de Hermione.
— A idéia — continuou ela — é tomarmos em nossas mãos o problema para tentar resolvê-lo. Aprender de verdade, praticando realmente os feitiços.
— Você quer passar no N.O.M.? — Miguel Corner perguntou.
— Também, é claro, — ela apressou-se em responder — mas não apenas por isso. Quero ter um treinamento adequado em defesa porque... Bem, porque Lord Voldemort voltou.
Houve um momento de tensão após o nome de Voldemort ser mencionado. — Bem, esse é o plano. Se quiserem se juntar a nós, teremos que decidir...
— Mas espere, — interrompeu um garoto da Lufa-Lufa agressivamente — onde está a prova de que Você-Sabe-Quem está de volta?
— Dumbledore acredita que sim — Hermione argumentou, com toda a dignidade que conseguiu juntar.
— Você quer dizer que Dumbledore acredita nele, então? — o garoto indicou Harry com a cabeça, ainda agressivo.
— Quem é você? — Rony perguntou com maus modos.
— Zacarias Smith — respondeu o garoto e depois voltou-se novamente para ela. — e acho que tenho o direito de saber por que você afirma que Você-Sabe-Quem retornou.
Ela começou a ficar nervosa; não estivera esperando responder a questionários sobre Voldemort e estava certa de que Harry detestaria tal idéia.
— Bem, não foi exatamente por isso que marcamos a reunião e...
— Tudo bem, Hermione — disse Harry, dirigindo-se depois a Zacarias Smith. — O que me faz afirmar que Voldemort voltou? Bem, eu o vi. Dumbledore contou a toda a escola o que aconteceu no final do ano passado, então se você não acreditou nele provavelmente não acreditará em mim, e eu não perderei a tarde tentando convencer ninguém.
— Dumbledore só contou — disse Zacarias, agora em outro tom — que Cedrico Diggory foi morto por Você-Sabe-Quem e que você trouxe seu corpo de volta. Não ficamos sabendo de detalhes, e tenho certeza que todos gostariam de ouvir...
— Se você quer saber como é que Voldemort mata uma pessoa, — disse Harry, impaciente — então eu não posso ajudá-lo. Não quero falar sobre Cedrico Diggory, está bem? Se você veio aqui para isso, pode ir embora.
E depois de dizer isso, ele dirigiu a Hermione um olhar repleto de raiva, provavelmente acusando-a de o estar expondo como a um animal selvagem em um zoológico. Ela desejou que ele, como seu amigo, não a julgasse capaz disso. Teve vontade de gritar, de exigir que todos deixassem de ser ridículos; que falassem sobre os estudos, que era o que importava para a reunião. Conteve a voz, porém, ao dizer:
— Então, como eu dizia, se quiserem fazer parte do grupo precisamos decidir...
— É verdade — interrompeu uma garota, dirigindo-se a Harry como se Hermione simplesmente não estivesse falando. — que você é capaz de produzir um Patrono?
E a isso seguiu-se uma verdadeira contemplação dos feitos de Harry. As pessoas à mesa puseram-se a comentar sobre os rumores que tinham escutado sobre tudo o que o garoto já enfrentara nos quatro anos em que estivera estudando em Hogwarts. Hermione sentiu-se duplamente injustiçada; estivera sempre ali mesmo onde estava agora, ajudando e dando um suporte indispensável para nunca receber qualquer consideração por isso como agora, em que ignoravam sua palavra completamente. A outra injustiça vinha de Harry; ele sabia do quanto se utilizara da ajuda dela e de Rony e estava ali, culpando-a pela curiosidade que os outros pudessem sentir a respeito das coisas horríveis pelas quais ele já passara.
Através da bajulação, Harry procurava manter-se defensivo, alegando ter tido ajuda, sorte e tudo o que já dissera anteriormente a Rony e Hermione. No entanto pareceu animar-se quando Cho Chang tomou parte na discussão enumerando seus feitos durante o Torneio Tribruxo. Enquanto isso, Hermione descobriu-se ansiando pelo fim da reunião; queria logo uma definição de como as coisas aconteceriam.
— Bem, continuando, — disse — a questão é: quem quer ter lições com Harry?
Com exceção de Zacarias Smith, que permanecia cético, todos os outros murmuraram afirmativamente, atitude que a tranqüilizou. — Certo. A próxima questão é com que freqüência nos reuniremos para as aulas. Pensei em uma vez por semana; alguma objeção?
— Só precisamos ter certeza — disse Angelina Johnson — de que não coincida com os nossos treinos de quadribol.
— Nem os nossos — apressou-se Cho.
— E nem os nossos — acrescentou Zacarias Smith.
— Tenho certeza de que poderemos encontrar uma noite livre — Hermione respondeu sem paciência. — De qualquer forma, é importante que vocês compreendam a importância disso; estamos falando em nos defendermos dos comensais da morte e de Voldemort.
— Concordo! — disse Ernesto Macmillan. — Acho que é a coisa mais importante que faremos este ano! Aliás, não consigo entender por que o ministro mandou essa mulher inútil para ser nossa professora! Ela nem mesmo nos deixa praticar os feitiços que aprendemos!
— Achamos que o motivo de ela não querer que pratiquemos os feitiços é que o ministro tem medo de que Dumbledore use um exército de alunos para atacar o ministério.
— Bem, faz sentido. — disse Luna Lovegood. — Cornélio Fudge tem seu próprio exército de heliopatas.
— O que são heliopatas? — Neville perguntou assustado.
— Eles não existem — Hermione disse.
— Claro que existem! — Luna insistiu, e seguiu-se uma breve discussão entre as duas sobre a existência ou inexistência dos heliopatas.
Gina as interrompeu numa imitação quase perfeita do irritante pigarro de Umbridge.
— Não estávamos decidindo quantas vezes vamos ter aulas? — a garota perguntou.
— Estávamos, Gina, você está certa — Hermione disse, soltando o ar ruidosamente e lançando à amiga um olhar de gratidão por ter interrompido a discussão agressiva que estivera se formando.
Ficou acertado, então, que as aulas ocorreriam uma vez por semana, em algum horário que não atrapalhasse nenhum treino de quadribol. A discussão seguinte ficou sem solução: onde os encontros ocorreriam. Hermione percebeu que não pensara nisso com o devido cuidado. Todos os lugares que discutiam apresentavam algum motivo que os tornava inconvenientes para a realização das aulas. Cansada, Hermione quis passar ao próximo tópico.
— Tudo bem, nós pensaremos em algum lugar — disse, tentando não perder a paciência. — Mandaremos uma mensagem a todos assim que já tivermos o lugar acertado para o primeiro encontro. Agora, então, acho que todos deveriam escrever seus nomes em um pergaminho, para sabermos quem está aqui. E é bom acrescentar que eu acho que não deveríamos contar a ninguém sobre isso. Especialmente, é claro, a Umbridge.
Ela lançou a todos um olhar incisivo e esperou que se assustassem com a ameaça. Nem todos, porém, tinham sua atenção totalmente dedicada a ela. Cho Chang, como fizera o tempo todo, estava olhando para Harry. Ele, por sua vez, parecia concentrado na difícil tarefa de olhar para qualquer direção exceto a da cadeira da garota. Gina observava a cena com uma expressão de contida amargura.
Fred já escrevera seu nome no pergaminho que Hermione lhe dera, passara ao irmão gêmeo e depois aos outros. Algumas pessoas, entretanto, não pareciam dispostas a assinar. Ernesto Macmillan disse temer perder a monitoria se fossem descobertos, e ela teve que convencer os descontentes de que a lista ficaria guardada em segurança. Tão logo todos tinham assinado, ela guardou o pergaminho em sua bolsa.
— Bem, — disse Fred — nós já vamos indo. Vemos vocês depois.
Depois disso, o grupo inteiro se dispersou. Quando já andava pela rua somente na companhia de Rony e Harry, Hermione sentiu uma onda de alívio tremenda. O pergaminho dentro da bolsa parecia pesar, como que para lembrá-la de que agora já não tinha mais como voltar atrás a respeito do grupo de estudos. De qualquer maneira, as folhas já estavam tão secas e voando tão graciosamente com o vento fresco do outono que tudo pareceu mais tranqüilo agora. Ela pensou, feliz, que seria capaz de abraçar Rony sem muito esforço emocional.
— Acho que foi bom — foi o que disse.
— Aquele Zacarias era um chato — Rony comentou, depois de tomar mais um gole de sua garrafa de cerveja amanteigada.
— Também não gostei dele, mas enfim... Tem várias pessoas que vieram por vir, como Miguel Corner e os amigos dele. Acho que ele não teria vindo se não estivesse saindo com Gina, mas no fim acho que ele...
— O QUÊ? — Rony perguntou, quase se engasgando.
Hermione arrependeu-se no mesmo instante, reconhecendo que falara demais. Gina não fizera segredo por nenhum outro motivo além de querer evitar a reação que Rony estava tendo naquele momento. Os três entraram numa loja de penas e, durante algum tempo, ela teve que ficar dando explicações sobre como Gina e Miguel tinham se conhecido, desde quando estavam juntos e quem exatamente ele era. Como numa conclusão final, ele decretou:
— Não gosto dele.
— Grande surpresa. — ela disse, respirando fundo e analisando as penas à mostra.
— Mas ela não gostava do Harry?
— Sim — ela respondeu, lançando um olhar rápido a Harry. O garoto parecia ouvir a conversa sem prestar muita atenção; parecia perdido em pensamentos. — Mas ela desistiu há algum tempo.
Já na rua novamente, perguntou a ele: — E quanto a você e Cho?
— Como assim? — ele perguntou rapidamente.
— Bem, ela ficou o tempo todo olhando para você.
Harry sorriu tão abertamente, com tanta felicidade, que por mais que torcesse mil vezes mais por Gina do que por Cho, Hermione não pôde deixar de ficar contente pelo amigo.
De volta a Hogwarts, os três passaram o resto do fim de semana numa paz que havia tempos não experimentavam. No domingo, enquanto os garotos terminavam seus deveres, Hermione tricotava mais roupas para os elfos. Em sua cabeça, tricotava novos planos para o grupo.

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