Festa de Slug



O eleito percebeu que o amigo estava mais calmo e sem pestanejar se levantou, seguido-o, e usando a inseparável capa, foram rumo à cozinha, onde se alimentaram em companhia de Dobby, para logo em seguida voltarem rindo para seus aposentos, sem momento algum comentar nada sobre o livro Lendas e Mitos: Verdades ou Mentiras.


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Capítulo 21 – Festa de Slug

Correndo a passos largos, Harry ia derrapando em cada curva que fazia rumo ao salão principal. Naquele dia havia perdido a hora, sem se magoar em não ter sido chamado pelo amigo, que já tinha descido. Supôs acertadamente que Rony mal dormira naquela noite, na expectativa de um novo dia onde poderia conversar com Hermione a fim de se entenderem. Assim que avistou os amigos juntou-se a eles timidamente, afinal pelo olhar que Hermione lhe lançou, percebeu que a mesma sabia que ele havia ficado na sala na hora da discussão no dia anterior. - Bom Dia! – desejou aos amigos lançando um olhar um pouco mais à direita e avistando Gina, que lançou um aceno com a mão. - Dia! – responderam em uníssono Rony e Hermione. Harry notou que os dois amigos haviam feito as pazes, pois discretamente estavam de mãos dadas enquanto faziam seu desjejum. Sem saber direito como agir diante dos dois, se questionou internamente por que a ruiva que sempre estava por perto dessa vez se mantinha um pouco afastada. Idiotice de sua cabeça... Gina era muito comunicativa e sempre dava um jeito para conversar com todos. E era exatamente o que ela estava fazendo no momento. E ele, antes de começar a achar que tinha sido “picado” pelo mesmo bichinho chamado “ciúme” que corroeu a alma de Rony, resolveu conversar civilizadamente sobre os afazeres do dia. - Acho bom irmos pra aula. Sabe que Tonks não é muito tolerante com atrasos, e pra falar a verdade eu até que gostaria de saber como anda tudo lá na ordem. – Falou Harry, logo após tomar um gole de suco de abóbora e em seguida devorando rapidamente um pedaço de bolo de aipim. – Precisamos depois nos encontrar na sala precisa para ver se conseguimos terminar o trabalho que o Snape... – Vendo que Hermione revirava os olhos em desaprovação corrigiu. -Professor Snape passou. Pra falar a verdade, estava se lixando para o professor, mas sabia que aquele trabalho, em especial, era de extrema importância ser desenvolvido. Afinal eles precisavam manter-se fieis aos seus ideais, e para cada um conseguir êxito em suas profissões futuras, nada mais justo do que se empenharem ao máximo, fazendo com que aquele sorriso debochado do professor se desfizesse em segundos após analisar cada trabalho feito por eles. - Sim. Vamos... – Disse Hermione que já estava de pé ao lado de Rony. O eleito, lamentando o atraso por não poder comer mais um pouquinho, se levantou jogando a mochila nas costas e saiu acompanhado dos amigos. Conseguiram chegar antes dos outros alunos á sala de aula... Mas, a professora metamorfomaga já estava no local. Assim que os viu, meteu a cabeça para o lado de fora da sala olhando de um lado ao outro no corredor depois se recompondo virou para o trio. - E ai? Beleza? – Falou se sentindo mais à vontade. Afinal para ela também não estava sendo nada divertido ter de ser comportar perante os alunos. E estava cheia de sempre ser formal com o trio, que agora ela considerava como amigos. - Professora, como andam as coisas na Ordem? – Perguntou Harry, vendo a mesma revirar os olhos de desgosto. Pra ela era estranho ver o amigo a chamando de “professora”, mesmo que gostasse de ver aquele respeito dos alunos para com ela. Mas tinha mesmo de tratá-la com aquele rigor todo? Mesmo estando longe dos outros alunos, ninguém da diretoria nem do corpo docente por perto? – Se perguntou intimamente. - Bem. Senhor Potter... – Falou com um meio sorriso após ter visto seu gesto sendo repetido pelo eleito. – Se eu falar que está tudo uma calmaria você acreditaria? Não... Não... – Se corrigiu logo em seguida ao ver o eleito estreitar os olhos. – Está um caos total. O ministro “borra botas”, está tentando negar que seja obra de Voldemort e seus comparsas, os ataques que andam acontecendo em bairros trouxas. - Espera ai!... Você está me dizendo que ainda está tendo ataques a bairros trouxas? – Perguntou o eleito, sentindo um calafrio. Diante das circunstancias, não conseguia entender o por que do bruxo das trevas estar atacando pessoas inocentes. Seria vingança por não conseguir atingir seus tios?– Se questionou por um momento, antes de notar Hermione com as pontas dos dedos massageando as têmporas, como se estivesse fazendo com que uma dor não se instalasse naquele local. Logo soube que a amiga estava preocupada com os pais, os amigos trouxas que viviam nos bairros de Londres. - Hermione, não se culpe. Fizemos o que achávamos correto. Alias... O que é correto. – Disse o eleito compreendendo a amiga que estava se culpando por continuarem na escola ao invés de se dedicarem totalmente e exclusivamente em derrotar Voldemort. – Sabemos que, se não estivéssemos aqui, isso não o impediria de aterrorizar inocentes. Por tanto, o que devemos fazer é nos empenhar em destruir todas as horcruxes. - Fique tranqüila. Vários aurores estão circulando por alguns bairros trouxas, em especial nos arredores onde seus pais moram. – Explicou Tonks dando um tapinha de consolo no ombro da garota. - Precisamos descobrir o que são as horcruxes – Afirmou a garota com um meio sorriso ao saber que medidas estavam sendo tomadas em proteção aos seus pais. E com um aceno de cabeça concordou com Harry sabendo que de nada adiantaria se sentirem culpados. -No entanto, se tiver alguma coisa que possamos fazer para impedir que comensais prossigam o ataque... Nós faremos... – Falou Rony determinado vendo que Tonks, Mione e Harry o encaravam com ar questionador – Nem que tenhamos que fugir escondidos de Hogwarts. – Completou, encolhendo os ombros. Era fato que todos ali concordavam com as palavras do ruivo. Afinal, Harry tinha plena consciência de que se precisasse sair de Hogwarts para enfrentar Voldemort em qualquer que fosse o lugar, ele não hesitaria. Iria até o fim. - Bem... A única coisa que posso acrescentar, em todo esse caos que está acontecendo do lado de fora dos portões de Hogwarts... É que Voldemort está planejando alguma coisa... E é algo que ele está prestes a conseguir... – Murmurou Tonks, gesticulando para que ocupassem seus lugares ao ver outros alunos chegando. Após as aulas, Tonks ainda informou que essa notícia vinha de dentro do próprio ministério. Esse era um dos motivos pelo qual eles não a viam muito pelos corretores da escola. Andava atarefada, e as aulas que ministrava a estava deixando decepcionada. Não só ela, também percebia os alunos meio que desapontados. A aula estava entediante para ambos os lados. Tonks se desanimava toda vez que percebia um dos alunos a olhando compenetrado. Como se ela própria fosse a qualquer momento mandá-los para a diretoria. E para os alunos era como se fosse a própria Minerva, só que com a presença mais exótica do que o habitual coque nos cabelos. Após assistir todas as aulas do dia, Harry, que havia recebido novamente um bilhete do professor Ryan, marcando uma nova aula para aquele exato horário, despediu-se dos amigos concordando em passar depois pela sala precisa onde, segundo Rony, eles deveriam concluir o trabalho do professor Snape. Sabia o eleito, que não era apenas o trabalho que estava fazendo seu estomago afundar. Tinha plena certeza que estando na sala precisa, a qualquer momento o assunto sobre o livro misterioso viria à tona. Não que pretendesse implorar aos amigos para saber exatamente tudo que eles estavam omitindo. Tinha certeza que eles iriam querer se justificar e ele não poderia fingir que não se importava, mesmo porque precisava ter uma noção do motivo dele não poder saber do conteúdo. Além do mais estava inconformado em não conseguir ler o livro. Pela primeira vez lamentou não poder ler um livro. Afastando o assunto naquele momento, rumou para a sala onde teria mais um treino com Ryan, que o havia surpreendido por ter dois treinos seguidos. Sabendo que mais uma vez teria que sucumbir à vontade do professor em persistir novamente na aula de legilimencia.


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Rony e Hermione, sabendo que ficariam a sós por algum tempo e que não era justo não aguardar o amigo para fazerem o trabalho, caminharam um pouco do lado de fora de Hogwarts trocando beijos próximos ao lago, se permitindo momentos preciosos que fazia valer a pena um ter o outro ao seu lado. Logo após foram direto pra sala precisa, onde Mione escolheu um livro enquanto Rony se deixou largar em uma poltrona espaçosa, onde exigiu que a namorada se acomodasse junto com ele, mesmo que ela estivesse enfurnada dentro de um livro. Cedendo, ela se acomodou entre os braços do ruivo e se aconchegando melhor, conseguiu mergulhar na leitura. O ruivo se mantinha meio avoado naquele dia ao recordar tudo que acontecerá desde que levantara aquela manhã... Flash Back... Amanheceu, o que pra ele parecia ter demorado uma eternidade, e com um salto, se levantou da cama e se arrumou, para logo em seguida descer até o salão comunal onde tinha decidido permanecer até que sua garota aparecesse. Deu um sorriso ao pensar em Hermione como “sua garota”, para logo em seguida tornar a pensar em tudo que havia acontecido na noite anterior, fazendo com que sua noite de descanso fosse a pior noite de sua vida. A última coisa que queria era ficar brigado com ela. Sabia que teriam que acertar os “ponteiros” de uma vez por todas mesmo que isso significasse fazer amizade com aquele pirralho do Max. Ficou durante pouco tempo de frente à lareira, pois de certa forma já imaginava que a Mione, tanto quanto ele, tivera uma noite agitada. Com efeito, logo ela surgiu pelas escadas dos dormitórios femininos, com cara de poucos amigos, com o cansaço estampado no rosto. Perguntou-se internamente por que ela não disfarçou as olheiras como sempre costumava fazer, para não transparecer em sua frente que havia tido uma péssima noite. -Bom Dia – Cansada, falou Hermione, lançando o motivo da briga anterior em seu colo e em seguida se sentou ao seu lado. -Dia. - Respondeu arqueando as sobracelhas ao vê-la esbravejar como se estivesse tendo uma crise interna. -Humm... – Meio incerto começou o ruivo – Me desculpe por ontem... Acho que perdi a cabeça e me comportei como um energúmeno insensível. -Pois é. – Respondeu a garota, surpresa por ele ter reconhecido que havia passado dos limites. – Mas eu entendo... É sério... – Disse ao ver o ruivo dar um sorriso de descrença. – Não sei como reagiria se fosse ao contrario... - Você não perderia as estribeiras. Você é bem mais sensata do que esse trasgo aqui. –Falou apontando pra si mesmo. -Não se fosse pega de surpresa como aconteceu com você. – Afirmou a garota, se envergonhando em imaginar que poderia fazer até pior do que ele fizera, caso descobrisse algum segredo dele. – Olhe... Eu sei que deveria ter falado com você, se eu pudesse me abrir, teria contado tudo logo que recebi o livro. No entanto... Bem... Você viu o que Dumbledore falou... Ele próprio não sabia o que tinha no livro, e nem tinha certeza se eu conseguiria ler... Não sei o motivo de ser uma das escolhidas e, no entanto, fico feliz em saber que tenho você pra compartilhar isso. -De qualquer forma eu gostaria de ter sido informado por você. – Falou em tom baixo. -O que você faria se caso o livro tivesse sido entregue a você no meio do caos de uma guerra, tendo uma família trouxa sem proteção e amparando Harry, nosso amigo, a cada segundo... O que teria feito? – Não havia raiva no tom de voz da garota, o que fez com que o ruivo se sentisse envergonhado. - Tentaria desvendar o máximo que conseguisse, tentando descobrir se as informações seriam úteis para a guerra em beneficio do mundo bruxo e trouxa. – Falou, olhando nos olhos da garota e ao vê-la sorrir prosseguiu. – Faria exatamente o mesmo que você. Ficaram alguns segundos se olhando. O olhar de Hermione não poderia ser mais do que satisfação em saber que seu namorado havia entendido seu lado perfeitamente. O ruivo, olhava constrangido pela encenação no dia anterior, e antes de se sentir pior resolveu tornar a falar... - Ainda não sei ao certo o que significa ser “guardiões ou inocentes dos segredos”, mas alguma coisa nisso tudo me diz que estamos é numa fria... Mas... Sendo algo relacionado à sétima filha e eu sendo irmão da única que conhecemos, devo entender que isso seja uma coisa boa. – Havia seriedade em seu tom de voz, o que fez Hermione sorrir gentilmente pegando em sua mão. -É... Só saberemos com o passar do tempo o que realmente tudo isso representa... Se bem que... – Pausou Hermione, mordendo ligeiramente o lábio inferior – Deixa pra lá. -Hermione, se tem mais alguma coisa que eu deva saber é melhor falar de uma vez. - Impaciente o ruivo falou, analisando a capa do livro que permanecia inerte em seu colo. -Aconselho ler o livro. – Disse, vendo-o rir – Está bem... É que agora que os dois “inocentes do segredo” já foram descobertos... É bem provável que algumas coisas comecem a acontecer. -Mas do que é que você está falando agora, mulher? – Perguntou, colocando o livro na mesinha ao lado, analisando o rosto da namorada. -Sabemos que nossa função é proteger a sétima filha... Humm... –Franziu o cenho, pensativa. -Você está me dizendo que minha irmã está correndo perigo? – Perguntou Rony levantando as sobrancelhas. -Não e sim. O fato é que o numero mais poderoso existente é o sete. E isso nos faz pensar... -Pensar em que? – Retorquiu Rony, sem entender nada do que a namorada tentava explicar – Sei que o numero sete é um numero poderoso, mas o que isso tem a ver com a gente? -Larga de ser ignorante Ronald Weasley! – Retrucou Hermione, se arrependendo no tom que usou para, sem querer, ofender o namorado. – Desculpe... O que estou tentando dizer e nem sei se estou certa, é que, se somos os guardiões do segredo por termos conseguido ler esse livro... – Disse apontando para o livro- É por que existe algo a mais além do simples fato de ter nascido sendo a sétima filha. - Mas isso, minha querida Hermione, é obvio. – Falou em tom divertido – Você não acha que Dumbledore deixaria alguma coisa sem nenhum fundamento para JUSTAMENTE você. – completou dando ênfase à palavra “justamente”. -Humm... – Pensativa, levantou e começou a andar de um lado para o outro, sendo acompanhada pelo olhar do ruivo que reprimia uma vontade imensa de encher a namorada de beijos, afinal acreditava que uma das coisas que o fizera olhar pra ela com outros olhos, fora justamente o ar pensativo, o qual fazia com que fizesse uma cara engraçada... Ora franzindo o cenho... Ora gesticulando e murmurando coisas incompreensíveis... Bem... Pelo menos pra ele era assim que soava. – Vou ter que reler alguns trechos do livro para entender melhor. -Nós vamos ter que ler. – Disse ele, voltando a pegar o livro. – Lembre-se, de agora em diante essa leitura será compartilhada com essa pessoa sardenta aqui. – Estufou o peito, e logo sentiu a namorada pular em cima dele, beijando seu rosto para logo em seguida se aprofundarem em um beijo terno e apaixonado. Ainda sentados após a sessão amasso, Rony apoiou o queixo no ombro da garota, que permanecia em seus braços e aos poucos afagou os cabelos de Hermione, fazendo com que ela se afastasse alguns centímetros para que ele pudesse falar o que estava em sua cabeça. - Hermione, mas tudo isso pode ser uma tremenda besteira também. – Disse com a voz calma, dando um beijo na ponta de seu nariz, ao ver um ar de desentendimento. Questionou internamente se ela estava assim devido aos beijos que trocaram. Afinal ela era Hermione Granger e entenderia o que ele estava dizendo instantaneamente, mas aquele não fora o caso. – Olhe o titulo do livro Lendas ou Mitos – Verdades ou Mentiras, isso tudo pode ser simplesmente invenção... Pode ser apenas lendas mentirosas. - Sabe, de começo eu também questionei esse titulo. Mas depois, com os acontecimentos, vi que isso tudo ia além e tinha muito sentido em tudo. – Explicou Hermione, aconchegada em seu colo – Gina demonstrou, em varias ocasiões, motivos para que eu levasse a sério esse material. – Pegou o livro e começou a folhear e aos poucos foi relatando o que já tinha lido no livro, até que se deram conta que precisavam fazer o lanche matinal para poder assistir as aulas do dia. Fim do Flash back... - Rony, está sonhando acordando? – Perguntou Hermione, se levantando – Harry deve estar chegando... É bom já deixarmos tudo preparado, assim não perderemos tempo. – Falou, colocando alguns livros de pesquisa sobre a mesa, que estava situada no meio da sala, com cadeiras confortáveis de espaldar alto em tons avermelhados e detalhes dourados, podendo dizer que a sala precisa se transformou em uma sala típica da grifinoria. - E por falar nele... – Disse Rony se espreguiçando e vendo o amigo fechar a porta ao passar, com cara de poucos amigos. – Ei... Que cara é essa? – Completou, dando uns tapinhas no ombro do amigo. - Bem... Para começar o de sempre... Professor Ryan insiste em prosseguir por mais umas duas ou três aulas sobre como fechar a mente. – Chateado falou, se atirando em uma das cadeiras e puxando um livro. - Isso é só pra começar... Mas, e pra terminar? – Questionou Rony, se divertido com o olhar que Hermione lhe lançou. - Bem... Pra terminar, pelo menos tem algo que pode ser interessante. Ryan está pensando em reservar um dia para que nós tenhamos um treino juntos. – Falou pensativo, observando a reação dos amigos. - Até que enfim. Finalmente vamos poder fazer parte de alguma coisa para nos prepararmos para o que está por vir. – Disse Rony se largando em uma cadeira em frente a Harry, levando um tapa da namorada assim que tentou esticar as pernas e colocando os pés em cima da mesa. - Tenha modos Rony! – Resmungou a garota, se acomodando ao lado do namorado. – Harry, a idéia do professor Ryan é muito boa. Já fomos treinados por você no passado e nos saímos muito bem. Saber que poderemos treinar ganhando como bônus estar em forma. Por que haveríamos de recusar, não é? - Desde quando você se preocupa em estar em forma? – Perguntou Rony, sentindo um formigamento no estomago. Será que ela está querendo manter a forma por causa de Max? – Se perguntou intimamente, sabendo que se Hermione cogitasse que isso estivesse passando por sua cabeça seria uma nova briga. - Seu trasgo insensível! – Protestou a garota – Sabe... É que tem um garotão do primeiro ano que eu ando de olho... Quem sabe ele me dá uma chance. – Brincou Hermione, vendo o sorriso do ruivo morrer nos lábios e ganhando tonalidades vermelhas ao redor do rosto. – Boa forma pode ser muito útil e uma arma a mais para termos alguma chance de sobrevivência nessa batalha. – Completou sentindo um rubor subir pela face. Harry, que se mantinha com meia atenção na conversa dos amigos e meia atenção no livro, ao ouvir o que a amiga havia falado fechou o livro com todo cuidado e ficou analisando o rosto do amigo. Será que o Rony não havia entendido o ar irônico que Hermione havia falado? Será que ele era tão lerdo, que não percebeu que a garota, como qualquer outra, adoraria ter uma boa forma para agradar o namorado? – Perguntas pairavam na mente do eleito, que conseguia ver com clareza a intenção da amiga, mal sabendo que ele próprio reagiria como um trasgo também, caso estivesse na mesma situação. Sabia que de certa forma a amiga tinha razão no quesito referente à batalha, mas tinha plena convicção que a amiga não havia falado aquilo somente se referindo a guerra. É... O amor estar no ar.– Pensou, antes de interromper aquele momento, que na sua opinião, levando em conta sua atual situação, não lhe agradava nem um pouco. E por medo de que em seguida os amigos esquecerem sua presença, resolver quebrar o clima. - Vamos começar o trabalho do Seboso ou vocês preferem ficar falando de outros assuntos? – Falou, impaciente. O casal, com uma troca de olhar, concluiu que de nada adiantaria ficar brincando de brigar, e por isso se acomodaram melhor e juntos começaram a fazer o trabalho. Por várias vezes se encaravam, como se tivessem alguma coisa para falar, fato que era verdade. Hermione ficara sabendo que o amigo havia presenciado boa parte da discussão no dia anterior através de Rony, e estava aflita que a omissão de informações pudesse colocar em risco a amizade do trio, por isso tomou a palavra. -Harry, precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem. – Falou, empurrando o livro que estava pesquisando. -Olha... – Disse Harry tentando ser coerente – Eu já escondi várias coisas de vocês, mas geralmente eu acabo contando depois de um tempo. Não vou e nem quero pressioná-los. Embora eu admita, que gostaria muito de saber o que está acontecendo e por que todo esse mistério em cima desse livro. - Nós te entendemos Harry. Não pense que está sendo fácil para nós, termos que manter tudo em segredo, sabendo que muitas e muitas vezes você tentava omitir coisas de nós, mas sempre nos contava. -Seja lá o que for... Não vou sair por ai falando para todo mundo. – Falou, com o tom de voz chateada. - Ora! Por acaso alguma vez chamamos você de fofoqueiro? – Esbravejou Hermione, se sentindo ofendida pelo que o amigo falou. Tentando controlar a voz ao mesmo tempo em que sentia a mão do namorado sobre a sua na tentativa de transmitir paciência e calma, prosseguiu ao ver que o ruivo ia começar a falar, ato que ela não considerava sensato. Os dois amigos tinham uma cumplicidade admirável e não que ela achasse que o namorado fosse falar tudo, mas, sim por cautela, pois que sabia que muitas vezes ele, na tentativa de dar sua opinião, poderia acabar ferindo ou sair ferido. E ver um dos dois saindo magoado de uma conversa não era bem o que gostaria de ver. -O fato é que contarmos para você eu não vejo nada demais, exceto se por acaso alguém, principalmente Voldemort ou um de seus comparsas, tentarem invadir sua mente e descobrir sobre o livro. – Disse, analisando o rosto do amigo que permanecia atento a cada palavra. –Sei que está aprendendo a fechar a mente com Ryan... Professor Smith... Até você aprender a dominar sua própria mente, não poderemos contar a você. - Você e Rony não sabem fechar a mente e nem por isso vocês vêem perigo. – Chateou-se o moreno. - Sim. Claro, você tem razão. Mas entre nós três quem tem mais possibilidade de ter a mente invadida? – Analisou o amigo, vendo a informação sendo entendida. - É, meu amigo, você ganhou. – Rony falou tentando “quebrar o gelo”. – A maior probabilidade é que seja você a ter a mente invadida, e por isso não podemos colocar em risco a... – Arregalou os olhos ao ver que quase falara algo que deveria ficar em sigilo absoluto. - Então devo entender que saberei mais detalhes quando aprender a fechar a mente? – Se sentindo derrotado falou, pensando que realmente ele deveria ser uma arma ambulante e que todos a sua volta poderiam correr perigo. -Sim. A coisa que mais nos deixaria feliz é poder compartilhar a informação com você. É uma pena que não podemos discutir isso antes de você saber fechar a mente perfeitamente. Após dizer isso Hermione e Rony voltaram a pegar o livro de pesquisa, dando a entender claramente que ali acabara o assunto, e mal viram o sorriso de canto que o eleito dera ao saber que tudo dependeria dele saber fechar a mente. Não contara aos amigos que sua chateação em saber que haveria mais umas aulas sobre legilimencia e oclumencia eram por justamente estar quase dominando todas as fases do ensino. Preferiu guardar essa informação pra si mesmo até o momento certo. Achava, agora mais do que nunca, que Ryan estava certo em manter o mesmo nível dos treinos. Ele queria mais do que nunca ter pelo menos mais uma aula para testar toda sua capacidade em guardar informações em seu cérebro e impedir que qualquer intruso se apoderasse de seus pensamentos. Após terminarem o trabalho, fizeram a refeição noturna, ficando mais algum tempo na sala comunal onde os amigos se sentiam eufóricos com a festa que seria dada pelo professor de poções Horacio Slughorn, no dia seguinte.


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O sábado fora formidável até então. Pouca agitação, um clima outonal agradável, nada de diferente no ar mágico de Hogwarts. As festas de Slughorn sempre começavam pontualmente as oito, então diante das seis horas Ginevra se despediu dos amigos na sala comunal para se arrumar, e foi acompanhada de Hermione que pretendia dedicar algum tempo aos seus cabelos tão temperamentais. Tudo já estava combinado, dessa vez ela iria com Harry, enquanto Hermione é claro, iria com seu irmão ciumento, cão de guarda da namorada. Os meninos ainda desfrutaram um tempo da sala comunal jogando conversa fora em uma animada partida de Snap Explosivo. As meninas se arrumavam animadamente, enquanto se vestiam e davam os últimos retoques na aparência. Os meninos, mais rapidamente, tomaram banho e se vestiram com mais entusiasmo do que o normal. Sabiam que as duas garotas estariam belíssimas. Rony e Harry aguardavam na sala comunal. Harry não estava ansioso para ir à festa, na verdade a única motivação que encontrava para ir à pequena, mas ostentosa reunião, era acompanhar a ruiva. Rony parecia muito mais animado do que ele. Hermione o convidara, e ele gostava da possibilidade de ter algo para fazer em Hogwarts. Com certeza era melhor do que se enterrar em lição de casa no final de semana. Gina despontou na escada, seu corpo coberto por seda preta até a altura dos joelhos, em um vestido de alças finas de fita. Um decote modesto, mas que favorecia seu colo, adornado por uma delicada corrente que carregava um pingente belíssimo, que resplandecia furta-cor, tão magnífico quanto o arco-íris, em formato de gota, fazendo par com seus brincos e sua pulseira. Formavam um conjunto muito querido, por ser presente de aniversario dado por Harry. Seu cabelo liso e flamejante, solto, emoldurava seu rosto contente, sutilmente maquiado. Seus olhos cor de mel brilhavam, e os lábios se mostravam tentadores, ressaltados por brilho labial ligeiramente vermelho. Com elegância ela desceu as escadas, e o coração de Harry falhou com a visão de Gina vindo em sua direção tão estonteante. Rony assobiou com a beleza tão lapidada da irmã, impaciente por querer ver o resultado da demora de Hermione. - Caramba, Gina! Caprichou hein? – Disse Rony divertido, olhando para Harry que parecia vitima de uma pancada forte na cabeça. - Hum... Obrigado Rony. Vou considerar isso como um elogio! – Gina sorriu esbanjando certa alegria, que fazia par com seu jeito menina, embora seu corpo tivesse curvas e formato de mulher. Rony deu uma breve olhadela na direção do amigo, certificando-se de que ele não cairia enfartado. Era nítido que Harry ainda não tinha recobrado o ritmo psíquico nem cardíaco com a visão de Gina tão linda. Voltando-se para a escada com impaciência, Rony aguardava sua namorada, batendo com impaciência o pé direito, à espera de Hermione que parecia ter sumido enquanto terminava de se arrumar. Será que o pirralho a tinha seqüestrado? Harry ainda olhava para Gina como se estivesse diante do mapa do tesouro. Ao primeiro impacto a garota ficou desconcertada, mas logo a sensação passou, e de desconcertada Gina se sentiu poderosa, sexy. E ele, Harry, sabia. Estava se comportando como um completo idiota. Mas não podia evitar, Gina já era linda, e neste momento o chocava com tanta beleza. - O que foi Harry? – Perguntou a garota, mais de maldade do que o interesse na resposta em si. - Nada, é só que... Que, você... Hum, nossa, está linda! - Gina soltou um risinho bobo, sentindo um calorzinho na boca do estômago, que refletiu certamente em suas bochechas afogueadas. Manteve-se calma para não corar mais forte. A leve maquiagem, tão bem calculada, fora feita estrategicamente para disfarçar seu rubor, sua marca registrada. - Não que você não seja linda normalmente, você sempre foi... Aliás, você é então... Huurrr... Você me entendeu não é? – Disse Harry totalmente aparvalhado. - Sim, eu entendi Harry. – Respondeu ela, sorrindo encabulada. O eleito suspirou, desistindo de se explicar e se jogou pesadamente em uma poltrona. Talvez suas pernas se firmassem mais, sentado enquanto todos esperavam por Hermione. Não demorou muito e finalmente Hermione apareceu na ponta da escada. Foi a vez de Rony se sentir um completo asno diante do que via. A garota domou seus cabelos arredios em um belo penteado, seus cachos pendiam com simetria para todos os lados, livres, dispostos até seus ombros nus. O vestido vinho, frente única, colado até suas coxas, mais folgado no restante do comprimento, cobria suas pernas até o calcanhar. Suas costas estavam expostas com ousadia até as ultimas costelas. Um par de argolas simples de prata nas orelhas, conjunto com uma delicada pulseira lisa, lápis preto delineando seus olhos castanhos, e brilho nos lábios, já naturalmente avermelhados. Harry não se agüentou e riu da cara de Rony, que parecia estuporado, parado diante da escada. Gina ria da mesma situação, em cumplicidade com Harry. - Vocês estão rindo de quê? Tem algo errado em mim? – Perguntou Hermione preocupada, olhando ao seu redor. Rony só balbuciava, enquanto Gina se recobrou mais rápido do que Harry do súbito ataque de risos e respondeu para amiga. - Não estamos rindo de você, estamos rindo do Rony! Acho melhor irmos os três na festa, e o meu querido irmão para a ala hospitalar! Hermione olhou em direção ao namorado que recobrou a fala rapidamente. - Nem pensar Gina! Estou ótimo, bem melhor agora! – Assim que a namorada chegou ao final da escada, Rony fez questão de tomar o seu braço, encaixando o com o dele, a conduzindo com todo o orgulho. - Você esta maravilhosa! – Sussurrou Rony, e seus olhos azuis piscina brilhavam encantados. - Obrigada Rony! - Hermione lhe ofereceu um sorriso de orelha a orelha, fascinada pelos olhos tão gloriosos do namorado. - Bem, quanto mais rápido nós chegarmos lá, mas rápido a gente pode vir embora. – Harry se levantou de um pulo, ficando ao lado de Gina. Infelizmente não poderia conduzi-la pelo braço, embora quisesse muito. - É, vamos logo. – Concordou a ruiva, saindo um pouco à frente de todos. Harry, Rony e Hermione andavam emparelhados, conversando, quando chegaram à porta da sala onde já acontecia a “reuniãozinha de Slughorn” Logo que chegaram à porta, Neville e Luna, apareceram do corredor lateral. Pela amizade, Harry e Gina que tinham cada um o seu convite, podendo levar um acompanhante gentilmente resolveram formar pares com Luna e Neville. Caso contrário esse último casal não poderia desfrutar da festa. Não tinham recebido convites, porém tinham amigos maravilhosos que se dispunham em levá-los. Agora, poderiam entrar cada qual com o seu par. Gina com Neville, e Harry com Luna. Gina só abriu a porta quando todos estavam de frente para ela. Luna, por alguma razão, resolvera se vestir mais tradicionalmente. Seu vestido azul cobalto realçava seus imensos olhos. Os cabelos embutidos em uma trança longa e bem feita, seguros na ponta por uma presilha de borboleta que batia as delicadas asas cravejadas de pedras claras, um detalhe interessante, bem típico de Luna. De salto ela ficava em igualdade com Neville. Não deixando a desejar, o grifinório estava super elegante, usava vestes cinza chumbo, de extremo bom gosto. Mas o detalhe que chamou atenção em toda a sua produção foi o anel de rolha de cerveja amanteigada, com os seguintes dizeres: “Luna e Neville, Marte e Vênus.” A convivência com a garota de cabelos loiríssimos também o afetava às vezes. Assim que a porta foi aberta, o som calmo quase ambiente irrompeu da sala. Gina de par com Neville, Luna de par com Harry. Alguns passos, já dentro da festa, e a ruiva cumprimentava algumas figuras, Harry e Luna ainda não tinham se ambientado tão bem, e Hermione e Rony ainda conversavam. Slughorn veio ao encontro deles como bom anfitrião que era. - Olá! Boa noite a todos! – Disse o homem de vestes violeta, o professor anfitrião. Os garotos retribuíram o cumprimento, já de olho no que estava acontecendo à volta deles, mas Horário não se ofendeu, adorava toda aquela curiosidade juvenil. Como de costume, as pessoas andavam em grupos, e ele sabia separar o joio do trigo muito bem, então voltou sua atenção para o ser que, na opinião dele, era a estrela do grupo, mesmo que ele adorasse os coadjuvantes. - Harry! Meu garoto! Como vai? Estava eu considerando se você realmente recusaria o meu convite. Fico aliviado que você tenha comparecido. – Falou Slughorn, todo sorrisos para Harry. - Não era para se preocupar, professor. – Disse Harry, sem saber o que dizer ao certo. Não estava animadíssimo por que a figura radiante de Gina ainda tinha efeito entorpecente sobre seus pensamentos. - Vamos, vamos, nada de timidez meu rapaz. Em meu espaço, quero que se sinta à vontade. – Retorquiu o professor roliço. E com isso estalou os dedos, e dois elfos domésticos apareceram, oferecendo petiscos e sucos em taças bastante ostentosas para uma pequena reunião, como Slughorn gostava de se referir a suas festas. Depois de algum tempo as formalidades foram ficando de lado. Rony era o que mais se divertia, depois é claro, de Luna. Hermione estava realmente satisfeita em ver o namorado contente, leve. Por isso não fez questão alguma de ditar regras e pedir para que ele se comportasse, o alertando para uma possível gafe. Neville ia timidamente no embalo da namorada. Somente Harry e Gina tinham dificuldade de curtir o ambiente, já que ela não tirava os olhos dele. E ele fazia o mesmo, não tirava os olhos dela. Slughorn andava pelo espaço sorrindo, acenando, conversando amenidades, colhendo informações, sendo simpático e político ao mesmo tempo. Quando avistou Gina conversando com uma garota da Corvinal, se aproximou como uma criança querendo participar da brincadeira. - Ginevra! Senhorita Tanner! Duas lindas e adoráveis garotas! Por que não estão dançando como os outros? Eu bem que as acompanharia, gosto de música, como gosto de me movimentar, mas vocês compreendem... Esse corpo bem nutrido já não é mais um santuário tão resistente. A idade avançada tem seus desgostosos sinais! – Gina apenas sorriu em simpatia, já Jessy Tanner, a quintanista da corvinal gostou da observação, e gargalhou com gosto. - Longe de mim ser desagradavelmente intrometido, mas o que as duas mocinhas conversavam? – Questionou Horácio. - Estávamos falando sobre o professor Smith. – Confidenciou Jessy. - Ele é tão misterioso! O senhor sabe algo sobre ele que possa nos dizer? – Gina comprimiu os lábios em expectativa. Slughorn sorriu cordial, fazendo ar de mistério também. Infelizmente o seu sorriso era mais anoso e menos sensual do que o do professor Ryan, avaliou a garota da corvinal. - Senhorita Tanner, o professor Smith é uma incógnita até para nós, seus colegas, membros do corpo docente. Somente a diretora o conhece melhor. Infelizmente, Minerva é uma pessoa muito reservada para dizer algo mais peculiar sobre o senhor Ryan, por tanto, o que sei sobre ele é o mesmo que todos sabem... Nada. – Gina soltou um muxoxo de insatisfação. A menina da corvinal deu de ombros, demonstrando que já esperava por essa resposta, mesmo que a falta de informações sobre o professor Ryan lhe causasse frustração. Slughorn não gostava de ser a segunda opção na conversa, e logo pensou em um jeito de chamar a atenção para si e para os assuntos que ele mais gostava. Não era poções ou experiências do âmbito acadêmico, que faziam desse professor uma pessoa tão singular. Horácio sempre fora o tipo inteligente, mas que não oferece e muito menos empresta conhecimentos, tempo, sorrisos e simpatia gratuitamente. O professor rechonchudo de poções, sempre soube desenvolver muito bem diversos assuntos. Seu pecado, no entanto, era gostar sempre dos mesmos temas: ele, ele, e claro, ele. Não que não houvesse variações no mesmo assunto. Infelizmente, as variações também se tornavam tediosas para qualquer ouvinte, quando se tornavam inegavelmente um circulo vicioso, onde o ser Horácio era o inicio, o meio, e o fim. - Senhorita Weasley, vejo que Harry tem interesse em se juntar a nós, pelo modo com que fixou o olhar nessa direção. Faria-me o favor de chamá-lo? – Infantil, o homem sorriu com as bochechas róseas pelo calor. - Com toda fama dele, me admira ser um rapaz tão tímido! – Disse Horácio informal. Gina não sabia se ria do deslumbre ou da presunção do professor. Mas algo dizia, em seu interior, que os olhares de Harry na verdade não eram para as vestes super violeta do mestre de poções. Então Gina caminhou com o máximo de confiança na direção de Harry. O eleito olhou duas vezes a mais do que deveria para os lados, se certificando de que a ruiva pretendia mesmo dedicar alguns momentos somente para ele em meio à festa. - Harry, o professor Slughorn pediu para eu chamá-lo. – Disse Gina formalmente. O rapaz ficou um tanto desapontado. Então a ruiva não viera em sua direção por livre e espontânea vontade, concluiu ele. - Merlin, o que ele quer comigo? – Quis saber Harry, rolando os olhos. - Bem, ele deduziu que você gostaria de se juntar a ele pelo modo com que olhava em nossa direção. – Respondeu a garota com simplicidade. - Espere! Eu não estava olhando para ele, eu estava olhando para... – O eleito interrompeu o que provavelmente falaria, que estava a encarar Gina deslumbrado, boquiaberto. - Não importa, você poderia me fazer o favor de voltar comigo? Até Slug? Assim eu teria uma desculpa para sair de fininho de perto dele e da Tanner também! Olha para eles dois! Não quero ser indelicada com o professor nem com a Jessy, mas se voltarmos lá e eles estiverem falando sobre como o pai dela é o melhor fotógrafo do Profeta Diário, definitivamente vou morrer de tédio! – O eleito riu-se da careta brava de Gina. Ela cruzou os braços esperando pela resposta dele, meio carrancuda. - Ok Gina, mas é só por você. – Disse ele sem pensar. - Certo. – A ruiva sorriu radiante. – Prometo que dou um jeito de nos livrarmos deles rapidamente. Harry olhou para os lados novamente. Hermione estava ronronando enquanto conversava com Rony, que se mexia com o ritmo da musica. Luna e Neville não estavam por perto, e o moreno não sabia aonde eles tinham ido, então sentiu Gina puxá-lo pelo braço para andar mais rápido. - Oh, ai estão vocês! – Disse o professor. - Eu e a senhorita Tanner falávamos do intrigante serviço do pai dela, um querido ex-aluno meu! – Jessy concordou com orgulho, enquanto Harry sorriu sem graça e Gina se virou, rolando os olhos, para em seguida olhá-los com um sorriso quase comercial. - Harry, meu pai adora exibir nos jantares de ação de graças uma foto que tirou de você! – Comentou a garota da corvinal. - Ah é? E qual seria essa foto? – Quis saber Slughorn, que adorava se manter a par de todos os assuntos. Harry, porém, ficou igualmente intrigado, mas o professor de poções fez a pergunta em tempo mais hábil. - Da segunda tarefa no Torneio Tribruxo! – Contou Jessy, com um ar peralta. - O momento em que você entrou no lago e engoliu alguma coisa! As suas caretas enquanto suas guelras cresciam são terríveis, muito engraçadas eu diria! Desculpe-me Harry, mas essa foto até hoje me dá ataque de risos! Mas fique tranqüilo, como diz o meu pai, isso é uma relíquia de família. Ele jamais pensou em publicar. Tem muito respeito por você, e não te colocaria em situação embaraçosa perante seus fãs que lêem o Profeta Diário com assiduidade! Então, quem estava lá viu, e isso já foi o suficiente. Harry estreitou os olhos com raiva. Ele se preparou para dizer seu estoque de indelicadezas, mas Gina, muito perspicaz, salvou a situação em um ímpeto de improviso. - Oh Harry! Adoro essa música. Vem dançar comigo? – Jessy ria com o professor Slughorn, que achava tudo divertido no momento. Gina o arrastou com força, e quando ele bufou tentando voltar para xingar a garota da corvinal a ruiva disse em seu ouvido. - Você não recusaria dançar comigo para ficar xingando Slug e Jessy não é Harry? - Gina! Aquilo não foi engraçado! Doeu muito ter guelras sabia? O que ela queria que eu fizesse? Convidasse-me para o próximo dia de ação de graças na casa dessa garota, apenas para eles rirem pessoalmente de mim? – A raiva ainda não tinha passado. Não era todo dia que se descobria que em todos os jantares de ação de graças da família Tanner, o ápice da refeição era o momento ao qual eles dedicavam para rirem a vontade da sua cara, pior, da sua cara com dor. Com certeza, Harry jamais encararia a celebração de graças com extremo bom humor, cada vez que se lembrasse que a sua foto horripilante divertia um bando de gente frívola no feriado familiar. - Harry... Jessy não é má pessoa. – O eleito encarou Gina como se fosse cuspir fogo a qualquer momento. - Também não é uma amiga. Ela tem uma queda pelo professor Ryan. O pai dela é bem influente, está sempre em contato com pessoas que investigam a vida umas das outras. Entenda, nós e ela temos o mesmo interesse em descobrir coisas sobre o professor Smith, só que as intenções são diferentes. Xingá-la botaria isso a perder. Além disso, você a ofenderia, e ela ofenderia você também, então eu seria obrigada a responder, não gosto quando alguém ofende o meu... – A ruiva corou sutilmente. – Amigo. – Disse por fim, sem recorrer a uma palavra melhor para definir Harry em seu ponto de vista. - Eu não menti, adoro mesmo essa música. – Gina lhe ofereceu um olhar constrangido, mas corajoso. Harry segurava frouxamente em sua cintura, dando passos duros, um para lá e outro para cá, muito distante do corpo dela, tomando o devido cuidado para controlar a vontade de se aproximar demais. - Não sei dançar Gina. Lembra do baile de inverno? – Ele perguntou, mudando de assunto enquanto ela se aproximava mais, depositando uma das mãos em sua nuca, apertando com mais vigor a outra mão sobe a mão dele. - Não sei se você dança bem ou não, quem pode dizer isso é a Parvati, não eu. – Revidou a garota com mais raiva do que pretendia. - Você já tinha companhia para o baile. – Devolveu Harry, se surpreendendo. A ruiva o estava conduzindo, e desse modo parecia muito fácil dançar. - Neville não tinha companhia, e não sabia dançar. Então eu o ensinei como pude, é claro. Não sou bailarina, ele sempre foi meu amigo e pensou em mim primeiro, antes de convidar qualquer outra garota. – Gina devolveu um olhar penetrante, se refletindo nas íris incrivelmente verdes dele. – Também não gosto de ser a última opção Harry. - Você não era a última opção. – Disse ele embaraçado. – Parvati foi. - Que diferença faz? Não fomos mesmo ao baile juntos, e você não tirava os olhos daquela coisa... Ops... Eu quis dizer... Cho. – Harry sorriu divertido e empolgado, se Gina ainda cultivava raiva pela apanhadora oriental da corvinal, o motivo estava bem claro, ciúmes. - O que foi? Por que está me olhando desse jeito? – Quis saber ela. - Nada. – Mentiu Harry, embriagado com o perfume da ruiva. O seu corpo, tão colado ao dela, dançando em movimentos graciosos, em sincronia com o ritmo lento e romântico da musica. Ele não sabia que era capaz de dançar, ainda mais com Gina lhe dirigindo. A música foi prosseguindo, prosseguindo, prosseguindo... Nenhum dos dois dizia uma palavra, como se temessem por em risco a atmosfera tão agradável e especial entre eles. Quando finalmente a música acabou, os dois não sabiam o que fazer com a batida bastante agitada que se seguiu. - Obrigado Gina. – Disse ele, relutante em soltar a ruiva. A garota levantou o rosto do ombro dele, suspirando pesadamente. - Não tem por que me agradecer. – Eles continuavam abraçados sem saber o por que. - Eu quero que saiba, que... Que... – Ele não tinha coragem nem capacidade para dizer nada a ruiva, embora quisesse muito. - Quê? – ela tentou ajudá-lo, mesmo assim Harry não prosseguiu. - Nada, não é nada. – Disse ele covardemente. Harry a encarou uma vez mais, Gina ainda demonstrava bastante expectativa pelo olhar intermitente que recebera. Então ele sentiu uma vontade inconcebível de beijar os lábios semi abertos e avermelhados dela. Sentiu a respiração de Gina superficial e rápida, ansiosa junto com a sua. Mas que espécie de pessoa ele seria se a beijasse e não pudesse manter um compromisso? Não poderia simplesmente beijá-la e depois agir como se nada tivesse acontecido. Ele queria reatar o relacionamento deles. Dizer o que sentia. Voltar, e enfim ter Gina como sua namorada. Infelizmente as coisas não aconteciam de forma normal para ele. Nesse instante tão precioso, Harry desviou seus próprios lábios dos da ruiva, e a beijou na testa com bastante candura. Gina não apreciou o gesto, pelo contrário, grasnou exasperadamente. - Harry James Potter! Da próxima vez que resolver me beijar, espero que o faça de verdade, PARA VALER! Não quero a sua piedade me entendeu bem? NÃO QUERO! - Gina o empurrou e zuniu na direção contraria como uma bala de revolver. Os cabelos flamejando, indo para bem longe, bem longe dele. Merlin! Sou um grande I-D-I-O-T-A!- Foi o único pensamento que ficou ecoando em sua mente. Depois de um minuto inteiro se odiando, o eleito foi ao encontro de Hermione e Rony. - Curtindo a festa Harry? – Perguntou Hermione de modo dúbio. - Para ser sincero, não. – Respondeu ele, seco. - Cara, relaxa um pouco! Se não aproveitar para descansar agora, mais para frente, quando tiver que fazer você sabe o que, para pegar você-sabe-quem de jeito, vai acabar enfartando antes! – Rony estava animado. Musica legal, comida excelente e Hermione toda sua, sem estresse algum, amolecia seus nervos. Porém Harry estava fervendo, queria ir embora, ainda estava irritado com o professor e com a garota corvinal e toda a sua família, queria sua foto de volta, e se culpava por ter feito Gina o interpretar de forma errada. - Cadê a Gina? – Perguntou, preocupado. - Saiu. Foi procurar um banheiro vago. – Respondeu Rony, que não entendeu por que sua irmã saíra tão tempestuosamente à procura de um banheiro. - Certo... – Disse Harry, preocupado em dobro. – E Luna e Neville? – Disfarçou. - Luna está ali. - Hermione apontou para um canto do aposento, onde a garota loira conversava com o professor de poções. – E Neville foi ao banheiro. Deve estar na fila. – Concluiu sua amiga. - Bem. Eu vou dar uma volta, não precisam se preocupar. Preciso de ar fresco. Se eu não voltar, é por que voltei para a Grifinória. – Harry suspirou, Hermione assentiu com a cabeça, e Rony o olhou estranho. Quem, em sã consciência, preferia dormir com uma festa rolando em pleno sábado à noite? - Se cuida, cara. – Recomendou Rony. - Espero que você volte Harry, acho que você não vai precisar caminhar muito para encontrar... AR FRESCO. – Ressaltou Hermione referindo-se a Gina. - Ok... – A passos largos Harry alcançou a porta rapidamente, a fechando atrás de si em seguida. Doravante, com o avançar dos muitos e muitos minutos, o ar morno das oito deu lugar à brisa refrescante das dez horas da noite, enquanto passo a passo ele caminhava, tentando se convencer de que queria voltar para a torre da Grifinória, quando na verdade, sabia perfeitamente que queria estar onde Gina estava, para pelo menos pedir desculpas a ela.


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Os corredores de pedra eram naturalmente sombrios, peculiarmente na parte da noite. Os candeeiros, dispostos em grandes intervalos da parede, perdiam a intensidade a cada minuto. E em seu caminho notou, como nunca notara antes, havia sombras perto dos cantos mais obscuros, projetando enormes guerreiros imóveis, que na verdade eram as medievais armaduras enferrujadas decorativas do castelo. Não gostava de se esgueirar por Hogwarts como um fugitivo procurado. Infelizmente nessa ocasião era necessário tomar extremo cuidado, para não ser surpreendido por ninguém. Queria vigiar, e nada mais. Uma figura feminina estava vindo em sua direção a metros de distância. Pelo modo com que caminhava estava distraída, triste. Os traços não eram tão claros, pela pouca luminosidade, mas com a aproximação os detalhes do rosto e do corpo ficaram mais nítidos.Voilá, gracejou ele em francês para seus próprios pensamentos com divertimento, estava diante do alvo que esperava sondar. Como uma raposa astuta ele encostou-se às frias pedras que compunham a parede irregular, torcendo para que seu plano não falhasse. Gina, no entanto, não ouviu o farfalhar de tecido próximo a ela. Foi só quando passou diante dele, que sentiu cheiro de perfume masculino, percebendo que não estava só. A garota estacou os passos abruptamente, olhando para o lado. Para sua infelicidade, ele estava bem no meio do corredor. Não havia nenhuma abertura ou fresta, perto o suficiente, para se esconder em tempo recorde, no intento de se manter despercebido pela ruiva. Nesse momento soube que seria descoberto, então agiu rápido, odiando sua péssima sorte. Como plano “b” ele segurou firme e rudemente no braço de Gina e a jogou com tudo na parede da frente. - Ai! – Protestou ela, pálida e surpreendida. - Ora, ora se não é a Weasleyzinha pobretona! O que faz por aqui? – A voz afetada de Draco Malfoy destoou em seus ouvidos, como um violino mal tocado. - Não é da sua conta Malfoy! – Cuspiu Gina. - Isso não são modos de tratar um monitor, sua nojentinha. Anda, me diz o que você estava fazendo andando por aqui a essa hora da noite. – Insistiu o garoto. - Como já lhe disse, isso não é da sua conta. E pode ir soltando o meu braço, se quiser manter todos os dentes nessa sua boca peçonhenta. – Ameaçou a ruiva. - Nossa! Estou morrendo de medo! – Zombou. – Mas não é que você fica bonitinha quando está nervosa? – Draco continuou pressionando seus dedos em volta do braço de Gina, enquanto media a garota dos pés a cabeça. Sem dúvida ela estava bem vestida, além de muito atraente, avaliou. - Mal posso acreditar no que estou vendo! Vestido novo, cabelos penteados, perfume! Merlin, se eu não a conhecesse, diria que é gente! – Draco estalou os lábios como um predador, seu olhar por um momento transmitiu malícia e mesmo com a fraca luz, Gina pode ver isso com perfeição. - Toda essa produção para que, hein ruivinha? Vai encontrar com algum namoradinho por ai? Se você não fosse da ralé, até lhe daria oportunidade de passar algum tempo em minha companhia, fazendo algo de muito INTERESSANTE. Gina se desvencilhou do garoto com rudeza, e onde os dedos de Malfoy prenderam-na formigava com a circulação do sangue voltando ao normal naquele ponto. Eles se encaravam à altura, sem ceder às provocações mútuas. Gina o fitava com ódio, desprezo, e Malfoy por incrível que parecesse a ela, estava confuso entre o espanto de vê-la arrumada e seu solícito ar superior e soberbo. - A única coisa interessante que eu faria com você é quebrar esse seu nariz ridículo. Ah, mas que pena, já tiveram essa idéia antes não é? – Debochou ela. Por um momento as narinas dele tremeram possessas, mas logo seu sorriso branco e elegante apareceu destilando veneno. Ele bloqueava a passagem com o corpo, e um de seus braços estava apoiado na parede impedindo Gina de sair lateralmente. Quando a ruiva tentou sair para a esquerda, o garoto apoiou o outro braço na parede, a cercando por completo. - Acha mesmo que eu vou cair no choro com isso? Por acaso você sabe que eu quebrei o nariz do seu namoradinho cretino o ano passado? – Gina ficou sem ação sob o olhar calculado de Draco. Malfoy ganhara autocontrole, era explicito até nos gestos ínfimos dele, avaliou ela. A forma com que ele se mostrava, muito confiante, a deixou receosa de primeiro. – Não vai me dizer, Weasleyzinha, que você é tão insignificante, que o deformado do Potter nem se deu ao trabalho de te contar a maravilhosa modificação que eu fiz naquilo que ele chama de nariz o ano passado no expresso? – As palavras doeram nela. Draco soube pelo ressentimento nos olhos cor de mel de Gina. Não havia o porquê de argumentar alguma coisa com o ser repugnantemente loiro a sua frente. Não tinha a menor obrigação em fazê-lo, sem contar que lhe parecia total desperdício de tempo e de informação manter qualquer tipo de contato com o garoto comensal. Sabia reconhecer que dera a chance de levar o golpe baixo, Harry Potter era um assunto delicado para ambos. Draco por que simplesmente o odiava com todas as fibras, e ela, o inverso disso, amava o eleito de maneira desmedida. O fato é que a raiva que sentia circulava veloz dentro dela, aumentando o galope do seu coração que chegou a inflar, como se quisesse multiplicar o sentimento ruim para torná-lo ódio. Inegavelmente queria ferir Malfoy. Não era a primeira vez que se sentia tentada a infligir sofrimento a alguém. Era correto que ignorasse as provocações e fosse imediatamente embora, simplesmente virando as costas, sendo superior. Mas Gina se manteve firme, o encarando no mesmo lugar. Nesse instante, tudo o que ela mais queria era tirar o sorriso cínico e horrível do rosto roedor do sonserino, para dar lugar a um infeliz semblante de dor. Seria um bom começo partir o nariz dele pela segunda vez no mesmo ano. Como seria igualmente bom, ou até melhor, quebrar o restante dos ossos e cartilagens dele de uma vez só. - Não vou deixá-la passar enquanto não me disser o que estava fazendo por aqui sozinha há essa hora, pobretona! – Rosnou Draco. - Para o seu próprio bem, Malfoy, saia da minha frente. Não vou pedir novamente. Deixe-me em paz. – Não mais alto do que um sussurro as palavras saíram finas por entre seus dentes. O que se seguiu não era um vento faceiro, nem uma brisa agradável perpassando pelo corredor. Ao contrário, era uma invisível onda deslocando o ar em volta deles. Conforme Gina cerrava os dentes e estreitava os olhos voláteis, ela nem se dava conta de que a aura que os envolviam aumentava e aumentava, trazendo com ela a sensação de gelo misturada à ardência do fogo em sua pele e na pele de Draco. O rapaz comensal se assustou verdadeiramente, com a sensação instável crescente os circundando, mas não tomou nenhuma atitude imediata. - Sai... Da... Qui... A-g-o-r-a Malfoy! – Os olhos de Gina faiscavam. O mel de sua íris parecia líquidos e incandescentes. Finalmente o garoto se afastou do corpo dela. A ruiva respirou profundamente, cansada. A racionalidade e o controle sobre seus atos voltavam a fazer sentido em seu cérebro assim que percebeu Draco se afastando. O garoto parecia completamente satisfeito, o que era estranhíssimo, dadas as circunstancias do momento. - Por que todo esse nervosismo, garota ferrugem? Eu só lhe fiz uma pergunta! – Ironizou o sonserino com muito sarcasmo. - Cansei, Malfoy... Se não tem o que fazer, vai se ferrar! - Gina o repeliu mais, Draco desequilibrou-se, mas não caiu. Ao mesmo tempo em que ela dera as primeiras passadas para sair dali, Harry irrompeu corredor, com voz de trovão. - O que esse imbecil quer com você Gina? – O eleito exigiu saber. - Wow! Como é mesmo que a gentinha diz por ai? Ah... Lembrei: Agora sim a coisa vai ficar boa! – Riu-se Malfoy. - Vejam só, se não é o Harry Deformado Potter querendo defender, não sei do que, a namoradinha pelintra! – Draco bateu palmas como se estivesse realmente curtindo um maravilhoso espetáculo. Sem pensar, como um touro bravo, Harry avançou com tudo no pescoço de Malfoy, que não estava tão distante de Gina. O sonserino usou seu bom equilíbrio para não desmoronar em cima da ruiva com Harry apegado a sua traquéia. - HARRY PARA! – Gritou Gina. No momento seguinte, Draco estava com a varinha apontada para o peito de Harry. O grifinório segurava com uma das mãos o delgado pescoço alvo do garoto comensal, enquanto a outra mão estava tentada a socar qualquer parte que conseguisse atingir do outro. - Você já causou encrencas demais, Malfoy. Pela última vez, some daqui! – A garota empurrou mais uma vez o sonserino, que abaixou a varinha. Harry tentou novamente pegá-lo, mas Gina se interpôs entre eles. Malfoy estava lívido, mas soube manter a compostura. - É isso que dá fazer caridade e ceder um décimo do meu tempo a selvagens! Também, o que eu esperava de animais sem educação? – As sobrancelhas loiras e bem desenhas do rapaz se comprimiram, e com um ar duplo Draco sorriu enigmático, ao mesmo tempo que sua voz era cheia de malícia. - Cuide da sua namoradinha remelenta Potter. Estúpida como é, posso apostar que ela não tem a menor idéia do que faz. Não que eu me importe, mas acho que você não vai querer ver o pescoço dela separado do corpo em algum canto qualquer do castelo não é? Lembre-se, Hogwarts não é mais um lugar seguro. - Com um último olhar grave e gélido, o sonserino ajeitou sua capa, sumindo pelas sobras da noite castelo afora. Pois bem... Pensou Draco. Seus atos não foram exatamente como havia planejado, mas, os resultados que esperava, vigiando Gina, foram melhores do que o esperado. Não foi na verdade azar encontrá-la, como avaliou de imediato, e sim um golpe de sorte, daqueles que não se pode atribuir o mérito à premeditação, e sim a ocasião proporcionada pelo destino. O sonserino voltou às masmorras com a sensação de dever cumprido. Seu sorriso contente não carregava reserva, mas ele sabia que Gina não tomaria o passeio dele como uma casualidade infeliz, muito menos as perguntas que ele fizera somente com o propósito de lhe testar a paciência. Se tinha uma coisa que a ruiva não era, além de rica, era burra. E por esse motivo ele, Draco, teria que tomar todas as providências possíveis para ocultar, mais ainda, suas intenções, com todos esses esforços desprendidos na tarefa de vigiar Ginevra. Harry ainda tentou se desvencilhar da garota algumas vezes. Bufava enquanto balbuciava palavras de raiva, mas não ousou ser bruto, com medo de machucar a garota. Gina o segurava com força, atrelada a seus braços. Não estava disposta a soltá-lo enquanto ele não se acalmasse. - O que pensa que está fazendo, hein? – Perguntou ela, incrédula. - Como assim? – Quis saber ele, surpreso e raivoso. - Eu perguntei: O que pensa que está fazendo? – Repetiu a garota. - Eu estava te defendo do Malfoy oras! Pensei que você tivesse visto! – Exclamou Harry exageradamente, tentando se acalmar. Gina o largou, como se tivesse levado um choque. Harry suspirou e a encarou. - O que foi agora? – Quis saber o eleito, menos sobressaltado. - Por acaso você parou para pensar que eu sei me defender sozinha? Alias... Eu pensei que você soubesse e já tivesse visto isto também. – Indagou ela. Mesmo que fosse bonito da parte de Harry querer proteger-lhe, não dava o direito a ele agir como se ela ainda tivesse onze anos de idade. - Eu não acredito, Gina! Aquele idiota estava atormentado você e depois de tudo isso você ainda quer brigar comigo? – Indignou-se. - Eu não quero brigar com você Harry. Mas achei que estava bem claro que eu sei me defender sozinha desde aquele maldito dia que você me trancou em um galpão! Mas que inferno! Quando você vai entender? Quando eu precisar de ajuda... Eu peço! – Ralhou Gina com a voz alta. – Ao contrario de você eu sei reconhecer quando não posso com as coisas sozinha! - Não me acuse! – Devolveu ele aumentando a voz, caminhando em direção a Gina. A garota foi recuando até a parede, vidrada nos olhos de Harry, cheios de preocupação e frustração. – Eu sempre contei com meus amigos... E contei até demais! Já tem gente envolvida demais em problemas meus, Gina. Já parou para pensar que cada vez que Rony e Mione saem comigo para um combate, para enfrentar algum perigo, eles podem não voltar? Todas as vezes que eu vejo Rony, sua família e meus amigos engajados na guerra, arriscando a vida por minha vida, eu penso que se um deles não voltar, eu fracassei mais uma vez. Você já sabe que Voldemort me quer, e com onze anos descobriu infelizmente que ele é capaz de qualquer coisa. Ele foi capaz até de possuir uma garota que me amava para me atingir, me aniquilar. Harry estava a menos de um palmo de Gina. A garota estava contra a parede de pedras de novo. Suas palavras saíram afoitas e sinceras sem freio algum. - Que te amava Harry? – Questionou ela, um tanto magoada. - Droga Gina! Não vamos piorar a situação. – Era impossível para ele desviar os olhos dos da garota. Ela estava ali e parecia tão sensível a qualquer movimento dele. E tudo naquela hora parecia confuso a Harry. O propósito de estar ali não era brigar ainda mais com Gina, complicando mais as coisas entre eles. Pelo contrário, ele queria ficar em paz com ela, mesmo que isso envolvesse lhe dedicar somente amizade, abdicando o sentimento pulsante em seu peito. - Eu nunca compliquei nada entre a gente. A única coisa que eu me arrependo é ter deixado que você me dissesse o que fazer, terminando o nosso namoro, por que posso ver em seus olhos... Você não me esqueceu. – Gina suspirou pesado, como se uma tonelada inteira de chumbo estivesse em cima de seu coração. A respiração de Harry se acelerou quando a garota pousou uma das mãos sobre seu rosto, carinhosamente. Gina sentiu a pele de Harry sob seus dedos, sem conseguir parar de pensar em como seria sem ele por perto. Voldemort jamais teria o poder de tirar o grifinório do coração da ruiva. Ninguém, nem mesmo o próprio Harry, conseguiria. Ser louca por ele fazia parte de ser Ginevra Molly Weasley, a menos que reencarnasse de novo, o que estava fora das possibilidades atuais, ela continuaria o amando com todas as qualidades e defeitos dele pelo resto de sua vida. Então, inesperadamente, o rapaz virou o rosto, beijando a mão de Gina com carinho. Era um momento ao qual nenhum dos dois jovens sabia o que fazer exatamente. Divididos entre a vontade de ficarem juntos e não verem possibilidades para isso. Harry beijou os dedos da ruiva, em seguida as costas de sua mão, o braço perfumado com a pele macia, os ombros desnudos, doces como toda a pele delicada e sardenta dela, entregue à atmosfera hipnótica e atraente que a ruiva irradiava. O garoto aproximou o nariz do pescoço de Gina, aspirando com força. A ruiva estava se afundando em saudades e anseios, uma mistura entre as promessas do futuro e os momentos felizes do passado recente entre ela e Harry, onde existiam momentos de carinho e descontração esperando pelos dois entre uma aula e outra, entre um passeio pela orla da floresta e a torre de astronomia. Era tudo delicioso e dolorido. Pensar que ele estava ao seu alcance, mesmo que ela sentisse o abismo de responsabilidades entre os dois. Sem pensar em como se sentiria depois, decidida em se importar com o agora, ela tomou o rosto de Harry entre suas mãos. O garoto abriu a boca confuso um segundo antes de ser beijado com toda vontade pelos lábios sedentos de Ginevra. Com toda urgência, Harry correspondeu ao beijo agarrando Gina fortemente em seus braços. A garota segurou o grifinório pela nuca, o corpo do rapaz reagiu rapidamente, se arrepiando com os toques da ruiva que lhe inebriavam a consciência. O beijo não era calmo. Havia uma nota de desespero em aproveitarem ao máximo, enquanto o ar não faltasse para nenhum dos dois. Gina não se importava o quanto suas costas estavam prensadas nas pedras frias que compunham a parede, desde que Harry estivesse entre seus lábios matando a sua sede intensa. O eleito não sabia se o paraíso havia aberto as portas para ele em boas vindas por todas as sensações maravilhosas que sentia, ou se o inferno estava bem abaixo de seus pés prestes a fazê-lo sucumbir às labaredas que pareciam lhe afetar ao mesmo tempo. Enquanto beijava a ruiva cobrindo-a com todo seu corpo, o sonho que tivera perto do lago voltou com toda clareza aos seus pensamentos, e quando Gina lhe mordeu o lábio inferior, Harry notou feliz que estava bem desperto e que o momento que estava vivendo nada tinha haver com uma peça pregada pelo seu brincalhão subconsciente. Seu peito inflou furioso, e seu coração batia com violência, querendo subir e conhecer o mundo depois que saísse por sua boca. Sua língua se misturando com a de Gina, brincando, acariciando, envolvida com desejo, deliciosamente rivalizando os movimentos sensuais e delirantes dos lábios da ruiva. O rapaz tentou timidamente se afastar de Gina, retomar o ar, retomar a sanidade, mas desistiu antes que pudesse se afastar, e a ruiva o segurou com mais apresso ainda, como se nunca mais tivesse a pretensão de solta-lo. Gina queria se encontrar enquanto se perdia nos braços, nos beijos e nos afagos de Harry. Sua cabeça rodopiava veloz e seu ritmo cardíaco era absurdo e descompassado. Suas mãos tocavam a pele de Harry, os cabelos, os músculos das costas, não existia nada no grifinório que ela não adorasse e quisesse para ela, com ela. Estar com ele o beijando era como estar em um lugar fora do planeta, onde só as coisas boas habitavam. Era maravilhoso o quão o rapaz se entregava inteiramente a ela, sem que o entendimento dependesse de palavras. Seu corpo parecia calculado e medido para ser dele, assim como seus pensamentos, que por horas a cada dia eram dedicados à figura adorável dele. Harry sabia lhe beijar como ninguém jamais havia lhe beijado antes. Seu toque era o único capaz de lhe atear fogo, ao mesmo tempo em que sabia exatamente como incendiá-lo. Embora entre eles só houvesse respeito e carinhos inocentes. Cada beijo, cada abraço, era como se um pedaço da alma de Gina migrasse de seu ser para os lábios quentes e insandecedores de Harry pelos movimentos de sua língua sobre a dele. Sobre o aperto forte e pretensioso dele em sua cintura, ela dedicava tudo o que podia dar de si até mesmo quando o grifinório tocava seu rosto lhe encarando com as íris verdes luzidamente liquefeitas. Gina não sentia seus pés tocarem o chão, nem sabia que havia um teto sobre eles. A única coisa que ainda a ligava ao mundo real, era a sensação de pedra fria atrás dela, prensando suas costelas, mesmo que achasse que seu osso estava se derretendo por completo. Não podia supor um dia que o fato de precisar de ar lhe atrapalharia tanto. E desgostoso com isso, Harry se afastou abruptamente de Gina. Surpresa, Gina se sentiu brava, enquanto arfava forte a procura de mais ar para seus pulmões judiados. Aos poucos, os pensamentos coerentes foram voltando na mente de Harry e o semblante do rapaz ficou extremamente sério. Ele havia se afastado, mas ainda era difícil se soltar da cintura da ruiva. Com toda coragem que possuía, deu um passo para trás, largando Gina ainda encostada na parede. Ele a fitava com intensidade, parecia querer falar alguma coisa, e antes que o fizesse a ruiva o interrompeu, sabendo exatamente o que ele falaria. O fato é que a careta de êxtase e arrependimento que o eleito protagonizava dava com perfeição a dimensão das palavras que Harry provavelmente diria. - Shi... Não quero suas explicações Harry. Pedir-me desculpas por uma coisa que eu queria e você também, é tolice. Eu conheço os seus motivos para não estarmos juntos. Embora eu não esteja de acordo, eu aceito mesmo assim. Mas eu precisei te beijar para ter certeza que esperava por você o tempo que for necessário. Não era ilusão da minha cabeça, que o que eu sinto faz parte do que nós sentimos um pelo outro. Só isso me basta por enquanto. – Gina não estava com raiva, não estava exatamente feliz, mas era como ter alimentado uma grande força dentro dela, que momentos antes existia insistente, e agora estava revigorada iluminando e irradiando esperança. - Eu não me arrependo Gina... É só que... Não é justo. – Disse ele por fim, com a voz fraca. - Não é justo o que você esta passando, e uma série de coisas que já te aconteceram, mas eu sei que isso um dia vai acabar e finalmente você vai estar livre para me fazer feliz. – Tudo ficava melhor para Harry diante do sorriso glorioso de Gina, que transparecia mais força do que ela sentia no momento. - Se você não se importa Harry, estou cansada e quero voltar para a torre. Pode avisar para Rony e Mione? Para eles não ficarem preocupados? – A ruiva estava realmente cansada, não era de todo uma mentira. O dia fora cheio de surpresas e informações, e o melhor seria repousar a cabeça em seu travesseiro e deixar que seu subconsciente decidisse se teria sonhos lindos com o amor de sua vida ou se ela dormiria como uma pedra e pensaria em tudo que aconteceu no dia seguinte. Mesmo que um pouco desapontado, Harry concordou. Ele mesmo não estava mais ligando para festa alguma, mas não era certo deixar os amigos preocupados com Gina, ou até mesmo com ele. - Ok, eu aviso, Gina. Quer que eu te leve e depois avise? – Questionou o grifinório. A ruiva rolou os olhos travessos, Harry e seu protecionismo tão exagerado estavam sempre presentes, era muito lisonjeiro mesmo que a irritasse. - Não Harry, valeu. Estamos pertinho do corredor para as torres, nada vai me acontecer até lá, tenho certeza. Pode ir tranqüilo. Agora, boa noite. Nos falamos amanhã. – O rapaz concordou novamente. A ruiva lhe sorriu mais amável e Harry deu dois passos relutantes na direção oposta enquanto a garota se afastava da parede. - Boa noite Gina. Até amanhã. – E Harry tomou fôlego para caminhar na direção oposta. Dois passos a mais e o garoto sentiu uma pressão forte sobre seu traseiro. Gina o beliscou. Muito estarrecido o grifinório parou no mesmo lugar ouvindo as passadas de Gina se afastarem juntamente com a risada gostosa da ruiva. Antes que a garota sumisse no corredor o rapaz ouviu-a dizer. - Bons sonhos para você Harry. – Um minuto depois, ainda com o rosto tingido de vermelho, ele sorria pensando no que acabara de acontecer. Definitivamente, não fora um sonho. E muito feliz com isso, conseguiu se mover novamente, agora em direção à festa. Seguiu seu caminho, extremamente satisfeito por ter comparecido á festa. Pois mesmo com os comentários idiotas de Jessy, ele esteve quase todo o tempo ao lado de sua ruiva. Com esse pensamento e um sorriso bobo no rosto, abriu a porta e entrou novamente na festa, mas sua alegria desapareceu de imediato, ao ver a imagem distorcida de seu amigo, sendo amparado por uma assustada Hermione. Rony tinha uma fisionomia totalmente estranha. Seus olhos pareciam querer saltar das órbitas, de tão vidrados que estavam. Sua pele, de rosada, agora parecia completamente sem cor, como se todo o seu sangue tivesse abandonado o corpo. Sua boca balbuciava palavras desconexas, ininteligíveis. - O que está acontecendo, Hermione? – perguntou, porém antes mesmo de receber a resposta, as palavras que ouvira de seu inimigo ribombaram em sua mente. "Hogwarts não é mais segura!" Continua...


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Música:Magic Works (Harry Potter e o Cálice de Fogo) Cantor:Patrick Doyle


Agradeço a todos que vem acompanhando a fic pacientemente
Carolz, Naty L. Potter, Mari IPotter, Clow Reed, Lili Negrão

(Sei que ando devendo um comentário em sua fic, mas, assim que possível dou uma passadinha por lá, ok?), Paty Black (Nossa! Uma Poderosa “perdida” na minha fic... Que felicidade (*sorriso de orelha a orelha*), Bruna, Deby, Drika Granger, Prika Potter, Daniela Paiva, Hermione Granger, Marcio (Rabino), Danielle Cristina Pereira, George(Saudades... Você sumiu... Snif.. Snif... Cuidado com a velha.. Que a Velha de pega daqui de pega dali... Hihihi... Essa velha vai fazer historias.. hihihi).


Agradecimentos Especiais

Cláudio Souza – Valeu pela paciência em betar a minha fic e pelos momentos de diversão no MSN... Mérope Slytherin – Co- autora mais louca que eu conheço, valeu pela ajuda. Amanda Magatti – Mesmo no meio de tanta loucura você sem ao menos perceber me ajudou a começar engatinhar esse capítulo. Scheil@ Potter – Mesmo com tantas coisas para você resolver ainda arranja tempo pra me dar uma mãozinha. Obrigada por tudo.

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