Conflitos



No dia do regresso à escola, Lily não encontrou Remus na estação. Pensou que talvez já estivesse na plataforma nove e três quartos. Atravessou o muro, que divide as plataformas nove e dez, e começou a procurar Remus por entre os que estavam junto do comboio. Como não o encontrou, decidiu procurar uma carruagem vazia.

Entrou numa carruagem, arrumou a bagagem e sentou-se perto da janela na esperança de ainda ver Remus.

Às onze, em ponto, o comboio arrancou. Será que Remus perdeu o comboio? pensou. Ou será que ele já esta numa carruagem mais há frente? Levantou-se e foi procurá-lo pelas carruagens mas não o encontrou em nenhum lado. Talvez tivesse perdido mesmo o comboio.

Quando chegou ao castelo, dirigiu-se, de imediato, para a torre dos Gryffindor. Sirius e James deveriam saber de alguma coisa. Mas, para seu espanto, não sabiam de nada. Achavam que Remus andava esquisito nos dias anteriores ao começo das férias mas pensavam que era por causa da aproximação da noite de lua cheia. Ficaram preocupados.

No último dia de férias, Mary levantou-se sedo. Sabia que os colegas já tinham chegado à escola no dia anterior e esperava ver Remus o mais rápido possível. Dirigiu-se para o salão principal e sentou-se de frente para a mesa dos Gryffindor. Enquanto tomava o pequeno almoço, olhava de vez em quando para entrada do salão principal, à espera que Remus e os colegas entrassem para tomar o pequeno almoço.

Vários alunos começavam a entrar no salão. Entre eles, viu Sirius, James e Peter, mais atrás vinha Lily a conversar com umas colegas. Não havia sinais de Remus. Mary recordou-se do sonho que a acordara na noite do dia anterior.

— Foi só um sonho — disse de si para consigo. — Apenas um sonho...

Desde do dia em que soube que era uma feiticeira que, Mary, fez de tudo para se enformar sobre o mundo da magia. Quando chegou a Hogwarts e tomou conhecimento da existência de um jornal, O Profeta Diário, decidiu que deveria assiná-lo para andar informada sobre o que se passava à sua volta. A partir desse dia passou a receber, todas as manhãs, o jornal.

Naquela manhã não houve excepção. Estava entretida a comer uma torrada quando uma coruja depositou ao seu lado um exemplar d'O Profeta Diário. Mary pegou no jornal mas quando reparou na noticia da primeira página entrou em pânico.




LADO NEGRO VOLTA A ATACAR


O Lado Negro provoca mais uma morte.

Seguidor daquele Cujo o Nome Não Deve Ser Pronunciado, provoca a morte de um Auror.

Não foi um ataque recente. Aconteceu à treze anos atrás. Romulus Lupin, ao defender a família de um Devorador da Morte, foi amaldiçoado. Antes de morrer, Richard Anderson, lançou-lhe uma maldição, até hoje desconhecida, que iria provocar-lhe uma morte lenta e dolorosa.

Durante anos, sofreu com agonia e dores. Nada podia ser feito. Albus Dumbledore, actual director da Escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts, usou todo o seu conhecimento sobre a Magia Negra numa tentativa de o salvar mas tudo foi em vão. Romulus Lupin morreu durante a madrugada de ontem.

Deixou desamparada a sua mulher, Márcia Lupin, e um filho menor, Remus Lupin, que é aluno em Hogwarts e frequenta o quinto ano de escola.

Márcia Lupin, vê-se agora sozinha para criar o filho que também é doente, sem ter ninguém que a ajude. Albus Dumbledore, disponibilizou-se a ajudar no que fosse preciso.


— Não é possível! Como estará Remus? — murmurou Mary. — Como deve ser difícil perder um pai de uma forma tão trágica e dolorosa.

Duas lágrimas desciam pelo rosto de Mary. Levantou-se e foi ter com Lily à mesa dos Gryffindor sob um olhar curioso de Snape e de Malfoy.

Quando chegou à mesa dos Gryffindor, encontrou Lily a rir de uma piada que James lhe contara. Quando Lily deu pela sua presença sorriu.

— Olá, Mary — disse. — Como foram...

Lily calou-se ao reparar na cara de Mary. Esta entregou-lhe O Profeta Diário e apontou-lhe a notícia da primeira página. O sorriso desapareceu do rosto de Lily e, este, tomou um aspecto de preocupação. Depois, de ler a notícia, passou o jornal a James que estava ao seu lado.

O jornal foi passando de mão em mão até terminar em Sirius. Os quatro ficaram sem reacção. Sirius ainda olhava para o jornal com surpresa, na sua cabaça voavam vários pensamentos. Custava-lhe a acreditar no que acabava de ler.

— Então, foi por isso que não ficou connosco nas férias — comentou Sirius.

— Foi — disse Mary.
Olharam com espanto para ela. Mary corou, tinha falado demais e agora era tarde para corrigir o seu erro. O que aconteceu na noite que se encontraram era segredo dos dois e nunca ninguém soube desse encontro.

— Como é que tu sabes? — questionou Sirius.

— Contou-me no dia em que recebeu a carta, quando me encontrou ao pé do lago, antes das férias — respondeu num sussurro.

— Contou-te?! — disse Sirius exaltado. — Como é que ele pôde confiar numa Slytherin e não nos seus amigos. Como?

— Sirius, tem calma — pediu James.

— CALMA! — gritou Sirius. — COMO É QUE EU POSSO TER CALMA! NÃO LÊS-TE A NOTICIA, JAMES? COMO É QUE ELE PÔDE ESCONDER ISTO DE NÓS?

— Sirius... — disse Mary.

— CALA-TE! — exaltou-se Sirius. — VOLTA PARA A TUA MESA.

Mary afastou-se furiosa. — Quem é que ele pensa que é para gritar comigo — disse entre os dentes.

Não voltou para a mesa. Todo o salão estava de olhos postos neles. O tumulto na mesa dos Gryffindor fora bastante audível. E até Snape e Malfoy estivam com o ouvido apurado. De cabeça baixa, para tentar esconder o rosto, saiu do salão principal. Atravessou o vestíbulo e dirigiu-se para a saída do castelo, decidida a afastar-se de todos.

Fora das portas do castelo, pôs-se a olhar em redor à procura de um refugio. Tudo estava coberto com um manto branco. Atravessou os campos e sentou-se junto do lago num pequeno rochedo.

Não soube o tempo que esteve sozinha com os seus pensamentos e os olhos fixos no horizonte. Vários alunos aproveitavam o último dia de férias para se divertirem. Uns faziam batalhas com bolas de neve; outros passeavam junto ao lago; alguns, espalhados em grupos, contavam como foram as férias e perguntavam pelas novidades... Mas Mary... Mary só pensava em Remus. Como é que ele estaria...?

— Foste escorraçada da mesa dos Gryffindor? — alguém perguntou

— O quê...? — disse Mary ao olhar para trás. — O que queres, Severus?

— Fiz-te uma pergunta — disse Snape.

— Não ouvi.

— Perguntei-te se foste corrida da mesa dos Gryffindor? — voltou a perguntar num tom irónico.

— Não é nada contigo.

— Como saís-te do Salão Principal a correr...

— Não me chateies, Severus — disse irritada.

— E o que foste lá fazer?

— Já disse que não era nada contigo.

— Ah, já sei! Estás preocupada com o teu protector — dramatizou Snape.

— O que queres dizer com isso? — perguntou Mary, enquanto se levantava ficando de frente para Snape.

— Não és a única a ler O Profeta Diário. Há mais pessoas a recebê-lo.

Snape pegou num exemplar que tinha guardado no manto. Abriu-o e, com um sorriso irónico, começou a ler a noticia da primeira página.

Deixou desamparada a sua mulher, Márcia Lupin, e um filho menor, Remus Lupin,... Não é que o esquisito ficou orfão!

Snape continuava a ler. Cada palavra dita por Snape era como laminas que espetavam o coração de Mary. Sentiu uma dor tão forte que ela fora estampada no seu rosto.

... vê-se agora sozinha para criar o filho que também é doente,... — Snape abriu mais os olhos. — Doente!!! O esquisito também é doente!? Será que sofre da mesma maldição?

— PÁRA! —gritou Mary. — Por que és tão cruel, Severus?

— Eu não sou cruel, sou realista — disse Snape com os olhos cheios de raiva. — E ouve o que eu te digo: ainda te arrependerás de conviver com eles. Irás ter problemas com esses patetas dos Gryffindor.

— Uma coisa posso-te garantir: são óptimas pessoas — argumentou Mary. — Perto deles nunca me senti excluída e tenho confiança...

— Confiança! — ironizou Snape. — Vê se acordas e te afasta de uma vez do esquisito...

— PÁRA DE CHAMAR O REMUS DE ESQUISITO — gritou Mary ao levantar a mão para dar um estalo a Snape.

— Porquê?! — disse Snape ao segurar-lhe a mão pelo pulso. — Não me digas que ele é o misterioso homem por quem suspiras. Será que o amas? Só pode ser! Nunca te interessas-te pelos rapazes da nossa equipa. E eu sei que alguns deles já te fizeram alguns galanteios.

— Pára! Estás a magoar-me — pediu Mary.

— Então? Não é verdade o que acabo de dizer? Já te vi muitas vezes a espiá-los. Não sou cego...

Mary sentia as lágrimas a deslizarem pelo rosto. Não só pela dor que sentia no pulso pressionado por Snape, mas também por saber que tudo o que ele dizia era verdade.

Snape divertia-se com a reacção de Mary. No seu rosto estava desenhado um sorriso irónico. Um brilho de vitória irradiava no seu olhar.

Mary tentava, em vão, libertar-se. Com a mão livre, tentava libertar o pulso da mão de Snape. Todos aqueles que os rodeavam afastavam-se. Não queriam envolver-se em conflitos com os Slytherin. E, para desespero de Mary, não houve ninguém que tivesse a coragem de a ajudar.

Lily, James, Sirius e Peter estavam naquele momento a sair do castelo. Vinham a comentar a notícia que saíra n'O Profeta Diário. Lily, que descia a escada um pouco mais à frente, reparou no que se passava junto ao lago.

— James, a Mary está em apuros! — disse Lily.

— E o que temo nós a haver com isso? — indignou-se Sirius que também olhava para o lago.

— Se não a tivesses insultado... — advertiu Lily.

— Eu não a insultei — defendeu-se Sirius. — E, para mais, são os dois dos Slytherin que se entendam.

— Anda, Sirius — pediu James. —, não custa nada ajudá-la. Mary já nos defendeu várias vezes.

Lily não escutou o pedido de James, já tinha descido a escada por completo e dirigia-se, agora, para a margem do lago. Atrás dela vinha um James preocupado, um Peter medroso porque iria envolver-se com os Slytherin e um Sirius indiferente ao que acontecia junto ao lago.

— Deixa-a em paz — disse Lily junto de Snape e Mary.

— Que bonito! — ironizou Snape. — Uma Sangue de Lama a defender outra. Que comovente!

— Sempre é melhor ser um Sangue de Lama, do que um estúpido que não tem coragem suficiente para provocar os mais fortes. Por isso, decide implicar com os que não podem defender-se.

Snape largou o braço de Mary e olhou para Lily decidido a fazê-la pagar pelas palavras que proferiu.

Lily olhava para Snape sem mostrar o medo que sentia. A sua consciência manifestava-se a todo o momento: Já falas-te demais!. Se ao menos tivesse esperado por James. Mas não sentiu medo por muito tempo. James colocara-lhe a mão sobre o ombro e fizera um pequena pressão para a avisar de que não estava sozinha.

— Oh! A Sangue de Lama tem o namoradinho para a defender — disse Snape. — O que foi, Evans? Não és capaz de enfrentar este estúpido que só sabe implicar com os que não podem defender-se?

— Cala-te, Snape — intrometeu-se Sirius.

— Afinal, não é só o namoradinho que vem defender-te. Tens que trazer atrás os seus fieis escudeiros — dramatizou Snape.

Ao longe, um grupo dos Slytherin, entre eles o Malfoy, assistia à discussão entre Snape e Mary. Mas quando repararam que os Gryffindor se aproximaram, decidiram ir ter com Snape. Nunca desperdiçavam um conflito entre as duas equipas.

Havia anos que assim era e não seria nesse dia que as coisas iriam mudar. Slytherin e Gryffindor seriam eternos inimigos. E serão pessoas como o Snape e o Malfoy que farão perdurar essa rivalidade.

— Aqui, não existem escudeiros — disse James. — O que existe entre nós é uma forte amizade. Um sentimento que, provavelmente, não consegues compreender, porque não tens amigos.

— Não admito que me falem desse modo — disse Snape entre os dentes.

— Não admito... — gozou Sirius. — Quem pensas que tu és, Snape? O todo poderoso? O dono do mundo?

— Não o provoques, Sirius — disse Peter ao apontar para o grupo dos Slytherin que se aproximava.

— Parece que a tua cavalaria está a chegar — disse Sirius.

— O que queres dizer com isso? — perguntou Snape. — Nunca precisei da ajuda de ninguém!

— Não é o que parece! — respondeu Lily

— Vão embora — pediu Mary aos Gryffindor num tom baixo. — Er... O que queres Lucius?

Só então é que Snape percebeu o que Sirius queria dizer com a chegada da cavalaria. Snape não queria mostrar-se fraco, mas sentiu-se mais seguro com a chegada do Malfoy e daqueles que o acompanhavam.

— O que se passa aqui? — perguntou Malfoy.

— Não se passa nada, Lucius — disse Mary preocupada.

Mais uma vez, era Mary a causa de um conflito entre as duas equipas. Mais uma vez iria colocar aqueles que várias vezes a ajudaram em sarilhos. Que em várias situações a defenderam dos elementos da própria equipa, dos Slytherin.

— Mary Grant — disse Malfoy com ironia —, mais uma vez metida com esse panacas dos Gryffindor.

— Vê lá como falas, Malfoy — disse Lily enfrentando-o. — Não penses que estamos sempre com disposição para ouvir as tuas parvoíces.

— Alguém te perguntou alguma coisa, Sangue de Lama nojenta? — disse Malfoy com desprezo.

Fora a gota de água. Lily pregara-lhe um estalo. James pegou na varinha e apontou-a ao peito de Malfoy. Sirius seguiu-lhe o exemplo. E Peter afastou-se para trás, escondendo-se por detrás de James e Sirius.

Mary, que se encontrava no meio das duas equipas, olhava de um lado para o outro. As coisas estavam a aquecer. Os olhos de James, Sirius e Malfoy pareciam que soltavam faíscas. Tantos os elementos dos Slytherin como os dos Gryffindor estavam inquietos.

Snape, que tinha começado com o conflito, cruzou os braços e ficou a olhar ora para Malfoy ora para James e Sirius.

Malfoy não se mexeu do lugar. Tinha a face vermelha do estalo que Lily lhe dera e os punhos fechados. Os colegas de equipa rodeavam-no à espera que desse alguma instrução. Mas Malfoy permanecia de rosto fechado. Sabia que ao mínimo movimento James, ou Sirius, era capaz de lhe lançar um feitiço. Tinha os olhos fixos nos de James e tentava decifrar o que lhe ia na alma. Talvez conseguisse que James perdesse a atenção que mantinha e, assim, conseguiria pegar na varinha.

Malfoy não teve que fazer grande esforço. Mary, farta daquela situação e com medo que James ou Sirius saíssem magoados ou com algum castigo, meteu-se entre os três e afastou-os. James e Sirius revoltados baixaram as varinhas.

— Parem com isso! — disse ao afastá-los. — Eu sei resolver os meu problemas sozinha. E tenho a certeza que o Severus também não precisa de ajuda.

— Um cobarde como esse — interrompeu Sirius —, que...

— Sirius, por favor, vai-te embora! — pediu Mary ao empurra-lo na direcção do castelo. — Lily, leva-os daqui. Eu resolvo isto. Fica descansada — acrescentou ao ver o ar aflito de Lily por a deixar ali sozinha.

Lily começou a persuadi-los de ficarem ali. Peter foi o primeiro a afastar-se. De seguida também Sirius virou as costas. O único que ainda permanecia quieto era James, mas por pouco tempo, Lily agarrou-lhe a mão e afastou-o de Malfoy.

— Então, Sirius — rosnou o Snape —, quem é o cobarde...

— Severus, cala-te! — ordenou Malfoy ao agarrar-lhe o braço.
Snape olhava sem compreender para Malfoy. Como é que Malfoy fora capaz de os deixar afastar sem se prenunciar. Os olhos de Malfoy estavam irados. Levou a mão ao bolço do manto e retirou a varinha. E, sem desviar o olhar dos Gryffindor que se afastavam, apontou a varinha.

Furnunculos.

James, que se encontrava mais atrás no grupo, ouviu o murmúrio de Malfoy e olhou para trás. Fora tudo muito rápido. Um forte luz vinha na sua direcção. Apenas teve tempo de empurrar Sirius, de agarrar Lily e de atirar-se para o chão. O feitiço ainda raspou no seu cabelo rebelde e foi directo ao rosto de Peter que, naquele preciso momento, tinha olhado para trás.

Peter não teve reacção. Ficou estático no mesmo lugar. Devido à sua imobilidade apanhou com o feitiço em cheio no rosto. De imediato, começaram a crescer bolhas com mau aspecto por todo o rosto. Em total desespero, Peter, leva as mãos ao rosto e dá um grito de aflição.

Os Slytherin riam a bom rir da cara de Peter. Peter choramingava com dores. Lily, que se tinha levantado, aproximou-se para o levar à enfermaria.

Sirius e James, apontavam de novo as varinhas ao grupo dos Slytherin, principalmente, a Snape e a Malfoy. Os Slytherin cessaram de imediato o riso.

— Bando de cobardes — rosnou Sirius.

— O que foi, Black? — disse Snape. — Não vais ajudar o teu amiguinho medroso?

— Não voltes a insultar os nosso amigos — ordenou James.

— Porquê, Potter? — desafiou Malfoy. — O que pretendes fazer contra isso?

James não pensou duas vezes e disse o primeiro feitiço que lhe veio à cabeça, sem saber o efeito que ele faria ao oponente.

Densaugeo.

Uma luz brotou da varinha de James. Snape e Malfoy afastaram-se a tempo e o faixo de luz passou por entre os dois. Alguns dos Slytherin também se afastaram mas outros não foram suficientemente rápidos. Crabbe acabou por apanhar com o feitiço no nariz.

O que aconteceu a seguir ninguém conseguia descrever. O nariz de Crabbe crescia sem controlo. Crabbe tentava esconder o nariz com as mãos mas não adiantou, tinha crescido de tal modo que o peso fazia com que a cabeça tombasse para a frente.

Mary via-se no meio daquele ataque e não sabia o que fazer. Se tomasse partido de James e Sirius era mais um motivo para que, Snape e Malfoy, não a deixassem em paz. Se tomasse partido dos Slytherin não estaria a agir correctamente com a sua consciência, mas acima de tudo eram da sua equipa.

A única solução era chamar alguém. Mas quem? Mary olhava em volta, tinha de encontrar alguém que os separasse antes que fossem longe demais. Até que encontrou Hagrid que andava por perto.

Depois de chamado por Mary, Hagrid, aproximou-se deles. Apenas encontrou James e Sirius de varinhas na mão. E de frente Snape e Malfoy que também empunhavam as varinhas. Os restantes Slytherin, provavelmente, tinham levado Crabbe à enfermaria.

— Mas o qu'é que se passa aqui? — perguntou — Já estão, outra vez, metidos em sarilhos?

Nenhum dos quatro respondeu. De olhos postos uns nos outros fizeram ouvidos moucos ao que Hagrid acabara de dizer.

— Então! Estou à espera d' uma resposta?

James e Sirius olharam para ele e apontaram para Snape e Malfoy, como quem diz: Pergunta-lhes?. Mas Snape e Malfoy fizeram exactamente a mesma coisa.

— Bem, já que não chegamos a um consenso — disse Hagrid —, façam o favor de me seguir.

Sem dizer uma palavra, os quatro seguiram o Hagrid até ao castelo. De vez em quando, olhavam-se enraivecidos. Mary, que permanecia um pouco mais atrás, também seguia o Hagrid. Afinal, tudo começara por sua culpa.

Hagrid entrou no castelo e subiu o escadório de mármore que os leva aos pisos superiores. Entraram num corredor e levou-os até à entrada do escritório do director. Sabiam que era a entrada para os aposentos de Dumbledore embora nunca lá tivessem entrado.

Hagrid, posicionou-se de frente para a gárgula de pedra que estava à entrada dos aposentos de Dumbledore e murmurou:

Algodão doce.

A gárgula começou a movimentar-se e uma escada de pedra apareceu por detrás dela. A escada movimentava-se lentamente em espiral. Hagrid saltou para um degrau e os outros seguiram-lhe o exemplo. A escada levava-os lentamente para cima.

No cima da escada estava uma porta. Hagrid bateu ao de leve e abriu a porta. Com cuidado entrou, seguido de perto por Snape, Malfoy, James, Sirius e, por último, Mary.

Nunca tinham estado naquela sala. E de todas as salas aquela era a que despertava mais a curiosidade. Empoleirada num poleiro dourado estava uma grande ave carmesim com tons dourados. As paredes estavam cobertas por quadros dos antigos directores e directoras profundamente adormecidos. Um grande número de instrumentos prateados estavam espalhados sobre várias mesas. Uma enorme secretária com pés em forma de garra estava mesmo a sua frente. E, sobre uma prateleira atrás dela, um chapéu de feiticeiro andrajoso e puído: O Chapéu Seleccionador.

— Professor Dumbledore — chamou Hagrid.

— Um momento — disse o professor Dumbledore do cimo de uma escada. —, já desço.

O professor Dumbledore desceu a escada. Trazia consigo um enorme livro de capa preta. Olhou para os quatro e respirou fundo. Depois dirigiu-se para a secretária e sentou-se na sua cadeira, de frente para eles. encostou-se para trás, voltou a respirar fundo e, num tom forte e determinado, perguntou:

— O que é que estes aprontaram desta vez, Hagrid?

— Nã sei, professor Dumbledore — disse encolhendo os ombros. — Foi a Miss Grant que me chamou.

— Muito bem — disse Dumbledore. — Por favor, Miss Grant, conte o que se passou?

Mary, saiu detrás do Hagrid e de cabeça baixa aproximou-se da secretária de Dumbledore. Malfoy e Snape lançaram-lhe olhares ameaçadores. James encorajava-a como olhar. Mas Sirius mostrava-se indiferente, sem sequer olhou quando ela passou por ele.

— Bem… — disse com medo. — Bem o que se passou foi… foi… — Mary não queria contar a verdade.

— O Malfoy e o Snape insultaram, mais uma vez, a nossa equipa — disse de repente James. — E… e chamou a Lily de Sangue de Lama!

Dumbledore olhou para ele apreensivo. E Sirius deu um salto, estava distraído a olhar para os instrumentos que estavam em cima da mesa que estava ao seu lado. Mas Malfoy e Snape olharam enraivecidos para James.

— Muito bem — disse por fim Dumbledore. — A Miss Grant , confere o que Mr. Potter acaba de dizer?

Mary olhou para James, não sabia o que responder. James fez um aceno com a cabeça a pedir-lhe que confirmasse. Mary respirou fundo e olhou para o professor Dumbledore.

— Sim… — disse num murmúrio. — Sim.

— Então, se o que dizem é verdade, tenho que os avisar que os quatro receberão um castigo — disse Dumbledore. — Hagrid, podes chamar a professora McGonagall, por favor.

— É p'ra já — disse e, virando as costas a Dumbledore, saiu do escritório.

— Miss Grant, chame também o professor Kent. Os chefes das duas equipas têm que tomar conhecimento do sucedido e procederem à escolha dos vossos castigos.

Mary saiu do escritório. O professor Dumbledore deixou-se estar sentado, abriu o livro, As grandes maldições do Milénio — James conseguira ler o titulo — e começou a ler.

Os quatro permaneciam em silêncio. De vez em quando, olhavam uns para os outros com raiva. O professor Dumbledore continuava absorvido na sua leitura. Uma a uma, ia virando as folhas sem olhar para eles.

— E como já avisei uma vez, Mr. Malfoy e Mr. Snape — disse de repente Dumbledore. —, aqui não há distinção nos alunos. Para Hogwarts, todos são iguais. Sejam eles descendentes de Muggles ou não. Espero que não tenho de os chamar novamente a atenção.

Sirius e James olharam para eles com um brilho de satisfação no olhar. Malfoy e Snape serravam os punhos cheios de ódio.

A porta do escritório abriu-se. A professora McGonagall entrou, seguida pelo professor Kent.

— O que é que estes aprontaram desta vez, professor Dumbledore? — perguntou a professora McGonagall. — Acabo de ser informada pele Madam Pomfrey que o Peter Pettigrew está na enfermaria, vitima de um feitiço…

— Foi o Malfoy que o lançou — interrompeu James. E, ao reparar na cara da professora McGonagall, acrescentou: — Desculpe, professora.

— Um, dos dois, atacou Vincent Crabbe, um elemento da minha equipa — disse o professor Kent —, e eu exijo que essa pessoa seja castigada. Senão…

— Senão o quê, professor Kent? — perguntou a professora McGonagall.

— Ora, Minerva, toda a escola sabe que só aplica castigos leves e eu acho que este caso…

— Chega! — disse Dumbledore antes que a professora McGonagall se manifestasse novamente. — Qual, dos dois, atacou Mr. Crabbe?

— Foi o Potter — disse Snape. — E foram eles que começaram quando foram meter o nariz onde não era chamados.

— Não meter o nariz onde fomos chamados — ripostou Sirius. — Então, achas justo insultar alguém só porque não se pode defender ou porque não tem o dito "sangue puro"; e ainda por cima um elemento da tua própria equipa?

— Ora, aí está — disse muito calmamente Malfoy. — Um elemento da nossa equipa. Era um problema nosso.

— Muito bem, Mr. Malfoy — apoiou o professor Kent.

— Indiferente ao acto de heroísmo pela parte de Mr. Potter, em defender alguém que não era da sua equipa — disse Dumbledore. — Estão, os quatro, cientes que apanharão um castigo. Castigo esse, que estará ao cargo do vosso chefe de equipa. Escusado será dizer, que conto com a vossa inteira colaboração na aplicação do castigo — disse dirigindo-se aos chefes de equipa. Os dois afirmaram com um aceno de cabeça. — Pronto, estão dispensados. E, Mr. Malfoy e Mr. Snape, espero que não se esqueçam do que lhes disse ainda à pouco.

Viraram as costas a Dumbledore e prepararam-se para sair do escritório. Na frente iam Malfoy e Snape, seguidos pelo professor Kent. Logo atrás ia a professora McGonagall, seguida por Sirius e James. Mas este último, parou perto da saída e olhou para trás.

— Er… Professor Dumbledore, sabe alguma coisa do Remus?

O professor Dumbledore olhou-o por cima dos óculos de meia lua, os seus olhos de um azul profundo e penetrante estavam fixos em James. Fechou o livro e pôs-se a olha-lo por um tempo.

James começava a ficar perturbado com aquele olhar. Já se tinha arrependido de interromper o professor Dumbledore, muito lentamente, começou a caminhar para a saída.

— Soubeste do sucedido pel'O Profeta Diário? — disse por fim.

— Sim. Hoje ao pequeno almoço.

— Bem… não é fácil aceitar a morte de um parente, principalmente de um pai, mas ele ficará bem. Provavelmente, amanhã já estará connosco. Conta com o vosso apoio, mais agora do que nunca.

James saiu do escritório fechando a porta atrás de si. No fundo das escadaria estava a professora McGonagall e Sirius à sua espera.

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