Tentativas Falhadas




Como tinha prometido, Peter passou as férias do Verão tentando a transformação. Mas, sem a ajuda de James e Sirius tornava-se difícil. É certo que já conseguia alguma mudança, mas durava pouco tempo. Talvez por sentir medo que a mãe o apanhasse, já que ela andava desconfiada pela longa permanência do filho dentro do quarto.


Sirius, sempre que podia, escapava de casa, altas horas da noite, e vagueava pelas ruas como Animagus. A sua transformação passava despercebida. Quem o visse tomava-o por um animal abandonado.


Mas nem todos estavam preocupados em aperfeiçoar a transformação. James também pensava em alguém. Numa certa Gryffindor de longos cabelos castanho avermelhados e uns lindos olhos verdes, tão brilhantes que pareciam reflectir a luz. Lily Evans, não lhe saía do pensamento.


Remus, andava feliz. Seus pais não entendiam tanta felicidade. Para que Dumbledore não descobrisse que tinha traído a sua confiança, não contou aos pais que, há três anos atrás, os seus amigos descobriram toda a verdade.


Faltavam três semanas para o começo das aulas, quando Peter decidiu escrever a Sirius e a James.




Caros amigos
Como prometi, aqui estou contando-lhes as novidades. A minha transformação ainda não é muito boa. Ainda não compreendi em que animal me transformo. Por isso, preciso da sua ajuda.


Nesta semana, vou à Diagon-Al comprar o material para o 5º ano, podemos nos encontrar no Caldeirão Escoante. Senão, nos vemos no dia 1 de Setembro, na Plataforma 9 3/4, na estação de King's Cross.


O seu amigo


Peter Pettigrew


Sirius e James, mandaram na volta da coruja a resposta. Na próxima quarta-feira iriam se encontrar no Caldeirão Escoante e, de lá, iriam para o pátio de trás do estabelecimento para entrarem pela arcada mágica na Diagon-Al.




No dia combinado, Sirius e James, dirigiram-se, logo de manhã, ao Caldeirão Escoante. Peter, como de costume, estava atrasado e Remus não viria, porque nessa noite seria lua cheia.


Em primeiro lugar, foram a Gringotts, o banco dos feiticeiros. Levantaram o dinheiro necessário para comprar o material para o 5º ano. Despediram-se dos respectivos pais e foram fazer as compras.


Caminharam pela Diagon-Al. Passaram pela loja de Equipamentos de Quidditch de Qualidade e ficaram vendo, por algum tempo, as novidades do esporte. Em seguida, foram à loja Madame Malkin - capas para todas as ocasiões, comprar novos mantos para a escola. Tinham crescido alguns centímetros e os mantos estavam curtos. Foram ao boticário abastecerem-se de ingredientes para as aulas de Poções. Compraram também novas penas, pergaminhos e tinteiros.


Por último, foram à Flourish and Blotts comprar os livros. Quando chegaram à livraria, encontraram Peter, juntamente com a mãe.


— Boa tarde, Mrs. Pettigrew — disseram os dois.


— Boa tarde! — respondeu. — Pronto, Peter, você já os encontrou. Não demore! — deu-lhe um beijo na testa e afastou-se.


— Pensei que não viria! —disse Sirius.


— Não pretendia faltar, mas, a minha mãe pediu-me que a acompanhasse mais cedo. Precisava fazer umas compras.


— Isso não importa. — advertiu James. — Já comprou todo o material?


— Já. Acabei de comprar os livros! —respondeu. — Mas, posso ir com vocês.


Entraram na livraria e compraram os livros. Quando saíram, vinham carregados. Peter ajudava-os, afinal a sua mãe tinha levado parte do seu material.


A tarde estava quente. Para refrescar, sentaram-se na esplanada do Florean Fortescue, debaixo de um grande guarda-sol, e cada um pediu um grande sunday.


— O Remus não veio? — perguntou Peter.


— Não pôde vir. — respondeu James.


— Noite de lua cheia... — completou Sirius.


— Tinha esquecido do seu pequeno problema.


— Você é muito esquecido! — ironizou Sirius.


— Porque diz isso? — questionou Peter.


— Porque, depois de um ano inteiro tentando a transformação, ainda não é capaz de a realizar com sucesso! — respondeu Sirius.


— Eu sei. Por mais que tente, não consigo. A transformação dura pouco tempo, e ainda não percebi em que animal me transformo.


— Tentaremos na escola, é mais seguro. Se nos juntarmos, durante o resto das férias, ainda podemos ser apanhados! — disse James.


— E, na escola, temos que ter cuidado para não sermos apanhados pelo Filch ou pela insuportável gata, Mrs. Norris — disse Sirius.


— Ou pelo Remus. — completou Peter. Depois, levantou-se e disse: — Já é tarde, tenho de ir. Encontro vocês no primeiro de Setembro, em King's Cross.


— Nós também já vamos.


Pagaram os sundays e dirigiram-se para o Caldeirão Escoante.




No dia 1 de Setembro, encontraram-se na estação de King's Cross. Faltavam quinze minutos, para as onze, quando atravessaram o muro que ficava entre as plataformas nove e dez e entraram na plataforma nove e três quartos.


Logo à sua frente estava o grande comboio vermelho, que todos os anos levava os alunos para Hogwarts. O Expresso de Hogwarts, estava quase de partida. Por aqui e por ali, ainda se encontravam alunos atrasados correndo, gatos e corujas sendo metidos nas carruagens.


Sirius, que já tinha percorrido o comboio de uma ponta à outra, chamou-os:


— Aqui. Encontrei uma carruagem vazia.


Seguiram-no. Entraram e sentaram-se. James, que ficou junto da janela, viu Lily entrando na plataforma, seguida por Mary. Vinham atrasadas. Levantou-se e foi ajudá-las.


— Onde você vai, James? — perguntou Remus.


— Ajudar Lily e Mary. Estão atrasadas.


Remus levantou-se e foi também ajudá-las. James convidou-as a entrar na carruagem deles. O que logo aceitaram, não estavam com disposição para procurar lugar.


Quando entraram, Sirius ficou admirado com a audácia de uma Slytherin ao sentar-se junto a deles. Mas como já conhecia a sua personalidade, acabou por aceitar. Já tinha reparado que era totalmente diferente dos outros Slytherin.


— Acho que ainda não os conhece... — disse Lily. — Os que nos ajudaram são: o James e o Remus. E estes aqui são: o Peter e o Sirius.


— É um prazer conhecer o famoso quarteto Gryffindor! — disse Mary, enquanto se sentava.


— Famoso!? — ironizou Sirius. — Só pode ser ideia da cabeça oleosa do Snape.


— Não! Não é ideia dele. Vocês são conhecidos por toda a escola! — afirmou Mary. — Quem não conhece James Potter? O melhor jogador de Quidditch que a escola já teve...


— Não exagera! — disse James corando.


— Não estou exagerando! Todos sabem que é verdade! — afirmou. — E o Sirius Black, que, além de estar sempre metido em apuros, defende sempre os amigos...


— Ei, eu não me meto em apuros — disse Sirius —, eles é que vêm ter comigo!


— Claro que não! — ironizou Remus.


— Remus Lupin — continuou, olhando-o nos olhos —, que além de ter o seu pequeno problema... — Os quatro olharam-se. Será que ela descobriu? Será que eram tão evidentes as suas ausências? —, o de ter que se ausentar, por causa da família — ela não sabia, respiraram aliviados —, é um grande amigo, e tenta animar quem está triste, mesmo que se ridiculize.


Remus admirou-a ainda mais. Olhou-a nos olhos e finalmente compreendeu o que ela sentia, o porquê da necessidade de falar sobre a amizade deles. Mary era infeliz. Não tinha amigos com quem conversar.


— E por último, Peter Pettigrew! O mais diferente de todos. Mas, que mesmo assim, sabe o que é ser amigo e que pode contar com a ajuda dos seus companheiros.


— Parece que anda nos espiando... — disse Peter.


— Não é preciso andar espionando para os conhecer. Basta ver como se comportam com os outros.


O comboio já tinha arrancado da estação havia muito tempo. Enquanto os outros conversavam, Mary permanecia calada. Uma pequena lágrima corria pela face morena. Remus, que estava sentado à sua frente, ouviu-a murmurar: — Odeio os Slytherin... Porque é que eu tinha de ser uma Slytherin?


Remus pegou suas mãos e falou, de modo que só ela escutasse. — Não fique triste... Não se lamente por ser uma Slytherin. O que interessa é o que você sente no coração. — E, para tentar anima-la, concluiu: — Se um dia precisar de um amigo, pode contar comigo.


Mary retirou as mãos, limpou a lágrima e sorriu. Remus retribuiu-lhe o sorriso. Mary tinha razão ao descrevê-lo como o amigo que anima.


A viagem até Hogwarts estava animada, nada podia estragar aquela ambiente. Perto do meio dia, apareceu uma bruxa puxando um carrinho cheio de coisas boas: sapos de chocolate, feijões de todos os sabores da Bertie Botts, suco, pastéis de abóbora, e um monte de outros doces... Divertidos, deliciaram-se durante a tarde.


Já perto do fim da viagem, alguém abriu a porta da carruagem. À entrada estava Severus Snape, e não vinha só. Com ele vinha Lucius Malfoy, um Slytherin que frequentava o último ano de escola. Snape percorreu com os olhos a carruagem e quando viu Mary exclamou:


— O que você faz aqui!?


— Você é uma vergonha para os Slytherin! — rosnou Lucius Malfoy. — Não basta ser uma sangue de lama, agora anda com esses patetas dos Gryffindor!


— NÃO VOLTE A INSULTÁ-LOS! — gritou Mary, levantando-se.


Os outros também se levantaram. Sirius, James e Remus pegaram nas varinhas. Remus colocou-se ao lado de Mary.


— Me dê só um motivo... — ameaçou com a varinha, —só um motivo... Não tem o direito de insulta-la...


— Não importa que ela seja uma Slytherin. Estaremos sempre prontos para ajudar quem precisa! — disse Sirius, admirando-se consigo mesmo por estar defendendo uma Slytherin.


— Patético... — disse Malfoy ao sair da carruagem.


Snape, deu um último olhar e também saiu. Voltaram a sentar. Mary agradeceu e pediu-lhes que não arranjassem problemas por causa dela.


Já tinha anoitecido. O comboio começou a abrandar. Estavam prestes a começar um novo ano cheio de aventuras e novidades.


O comboio parou na estação de Hogsmeade. Saíram e entraram nas carruagens que os levariam de volta ao castelo.


O céu estava estrelado, não havia luar mas, mesmo assim, não deixava de ser uma bonita noite.


Saíram das carruagens. Subiram a grande escada de pedra para entrar no castelo, através das gigantescas portas de madeira, entrando, assim, no imenso vestíbulo de entrada que se encontrava iluminado por tochas flamejantes.


A porta do Salão estava aberta, à direita. Seguiram atrás da multidão e entraram dirigindo-se para as respectivas mesas. Remus, Sirius, Peter, James e Lily para a mesa do meio, dos Gryffindor e Mary para a da ponta, a dos Slytherin.


Na mesa do topo, encontrava-se o director, Albus Dumbledore, com as suas longas barbas brancas e olhos fixos no teto encantado, e a maioria dos professores. À frente da mesa, estava o velho Chapéu Seleccionador em cima do banquinho com três pernas.


A professora McGonagall acabava de entrar no salão. Atrás dela vinham os alunos do primeiro ano para serem seleccionados.


Depois da selecção, o professor Dumbledore levantou-se e disse: — Bem vindos a Hogwarts. Que o banquete comece!


As mesas encheram-se de deliciosos pratos, comeram de tudo e deliciaram-se com o esplêndido pudim de melaço, na sobremesa.


Na mesa dos Slytherin, Mary ficou afastada do habitual grupo. Orgulhosa por natureza, não se deixava influenciar pelas atitudes dos colegas de equipe em relação às outras equipes.


No final do banquete, dirigiram-se para a torre dos Gryffindor. Estavam cansados e foram directo para os dormitórios.


Sabiam com antecedência que o 5º ano iria ser difícil. Nesse ano iriam ter as provas de NPF (Níveis Puxados de Feitiçaria) e tinham que se preparar logo do inicio.




As aulas começaram com Adivinhação, a matéria que quase todos os alunos detestavam. Os alunos chegaram cedo ao sétimo andar, da torre norte. Mal entraram na sala, pelo alçapão, a professora Trelawney começou a ditar, novamente, o futuro de cada um. Quando Remus entrou, exclamou:


— Ah! Meu filho! Este ano você terá uma surpresa... Este ano descobrirá o que é ter amigos de verdade.


Se Remus não entendeu, seus amigos entenderam muito bem o que ela queria dizer.


Durante o almoço, de sexta-feira, James disse a Sirius que encontrou uma sala que ficava aberta durante a noite. Seria o lugar ideal para ajudar Peter. O único problema, que tinham de resolver, era Remus. Para isso, contavam com os dias de lua cheia. Como Remus tinha que se ausentar sempre no dia anterior à lua cheia, ficavam com, pelo menos, três noites, já que ele ficava um dia descansando.


A primeira oportunidade surgiu no final da segunda semana de aulas. Remus despediu-se e saiu com a Madame Pomfrey em direcção ao Salgueiro Zurzidor. Tinham três noites livres à sua disposição.


Naquela noite, saíram e dirigiram-se para a sala pelos corredores vazios, escondendo-se, uma vez ou outra, sempre que escutavam algum barulho. Passado uns dez minutos, entraram na sala e fecharam a porta.


— Temos que aproveitar estes dias! — disse Sirius. — Não teremos mais oportunidades, a não ser no próximo mês.


— Eu já consigo! — afirmou James. — O único que tem problemas é o Peter.


— Eu também... — defendeu-se — Só que dura pouco tempo.


— Então, tenta para vermos onde está o erro! — propôs Sirius.


Peter, num pequeno estalido, desapareceu. Apareceu no seu lugar um pequeno animal que provocou a gargalhada nos amigos. Quando voltou ao normal, ficou admirado com a atitude deles.


— Afinal, em que animal me transformo? — questionou.


— Só mesmo você... — disse Sirius rindo.


— Eu não acredito no que acabo de ver! — disse James.


— O que foi!? — questionou de novo, cheio de dúvidas.


— Vai descobrir por você mesmo... — respondeu James.


Nenhum dos dois estava com disposição de contar a verdade. Sirius fazia Peter transformar-se, várias vezes seguidas, enquanto que James anotava a duração.


Na terceira noite, Peter já conseguia aguentar mais tempo a transformação. Afinal, o medo era o seu problema. Tinha medo que a mãe o apanhasse; tinha medo que a transformação corresse mal. Era tão forte, o seu medo, que ele se manifestou na transformação em Animagus.


Naquela noite, saíram da sala com um plano elaborado para a próxima lua cheia. Quando entraram na torre dos Gryffindor, Remus estava sentado num dos cadeirões à frente da lareira. Levantou-se e perguntou-lhes:


— Onde estavam? Procurei por toda a torre!


Assustados, ficaram olhando para ele. Não esperavam encontrá-lo acordado.


— Nós... — começou Sirius. — Nós... nós fomos dar uma volta.


— À noite? — admirou-se — Para serem apanhados pelo Filch?


— Tivemos cuidado! — disse James. — Fomos até ao lago...


— Está bem! Acredito para fazer a vontade... — respondeu ironicamente.


— Por acaso, está duvidando da nossa palavra? — advertiu Sirius.


— Já conheço vocês há cinco anos! — disse — Mas, isso não interessa. Que andaram fazendo enquanto estive ausente?


— Tivemos aulas. O que mais queria!? — respondeu Peter.


Sirius e James, admirados com a resposta de Peter, confirmaram. Tinham que encobrir a verdade, por mais que custasse mentir a um amigo.


Começaram a dar todos os apontamentos que possuíam a Remus, para que ele pudesse acompanhar as matérias.


De repente, ouviram um barulho que vinha dos dormitórios. Alguém vinha descendo as escadas. Olharam para trás, e viram uma garota de cabelos avermelhados.


— Lily, o que se passa? — perguntou James.


— Nada! — respondeu. — Não consegui dormir. Ouvi vozes e decidi ver o que se passava. Mas, se estiver incomodando volto para o dormitório.


Virou as costas e começou a subir. Conhecia-os o suficiente para saber que quando encontravam-se reunidos, queriam ficar sozinhos.


— Não! Pode ficar! Estávamos conversando e entregando os apontamentos das aulas a Remus. — disse James.


— Olá, Remus, já voltou? Como está sua mãe? — perguntou.


— Ah! A minha mãe... bem... a minha mãe está melhor. — respondeu atrapalhado. — Obrigado pela preocupação.


— Ainda bem.


— Senta aqui — disse James, indicando-lhe o lugar.


— Obrigado, James.


Continuaram a conversa, enquanto Lily os escutava, calada, mostrando um ar de preocupação. James aproximava-se, cada vez mais, dela para tentar perceber o que se passava.


Remus e Sirius, percebendo que James queria ficar sozinho com Lily, levantaram se espreguiçando e comentaram:


— Estou cansado! Vou deitar. — disse Sirius. — Você vem, James?


— Não. Vou ficar mais um pouco! — respondeu. Não queria perder a oportunidade de ficar sozinho com Lily.


— Peter, vem com a gente! — pediu Remus.


— Ainda não. — disse Peter. — Fico fazendo companhia a James e Lily.


— PETER!! — gritou Sirius. — Faz o favor de nos acompanhar, e sem fazer perguntas.


Contra sua vontade, Peter levantou-se e os seguiu: — Pronto, já vou!


Se tivessem ficado um pouco mais, teriam reparado nas caras de embaraço de James e Lily. O que eles falaram naquela noite, ninguém o soube. Mas tinham resolvido todos os seus problemas. Já era tarde quando James entrou no dormitório. Sirius e Remus permaneciam acordados. Não era preciso perguntar-lhe o que tinha se passado: os seus olhos diziam tudo. Em silêncio, correram as cortinas da cama de dossel e permaneceram calados.


Remus não fez mais perguntas sobre o sumiço deles naquela noite. Não podia exigir que estivessem sempre presentes. Mas, os seus amigos, andavam preparando a maior surpresa da sua vida.


Agora, sempre que James desaparecia, havia mais alguém que sumia da vista deles. James e Lily namoravam, ou o que eles julgavam, em segredo. Mas, para Sirius, Remus e, depois de várias explicações, Peter já não era novidade nenhuma. Apenas respeitariam a sua vontade e esperariam o dia no qual contariam a verdade.




Na primeira semana de Outubro, no final da aula de Cuidados com as Criaturas Mágicas, Sirius, James, Peter e Remus regressavam ao castelo quando passaram perto do Salgueiro Zurzidor. Sirius parou e fez com que Remus, que vinha distraído, se chocasse contra ele.


— Mas o que é que se passa com você? — resmungou enquanto afagava o ombro.


— Remus, como é que se entra na passagem secreta? — perguntou, ignorando o que Remus disse. — Bem, não deve ser fácil entrar, aquele salgueiro não pára quieto.


— Acho que já expliquei o que fazer para o acalmar. — retorquiu Remus.


— Não é só com palavras que aprendemos. Às vezes, precisamos de demonstrações para aprender melhor. — resmungou Sirius.


James e Peter, ficaram olhando para eles. Onde é que Sirius pretendia chegar com aquela pergunta?


— Vem comigo, que eu mostro como se faz!— disse Remus enquanto afastava-se na direcção do salgueiro. Mas, próximo do salgueiro, parou e olhou para Sirius desconfiado. — Para que quer saber como funciona a passagem? Não pretende sair da escola só para ir a Hogsmeade? Para isso tem os dia marcados.


— É só por curiosidade! — defendeu-se Sirius.


Remus continuou o caminho até o salgueiro. Sirius, James e Peter, seguiram-no. Remus pegou num galho, que estava no chão, bateu com ele num nó da raiz e o salgueiro ficou quieto, permitindo, assim, ver a passagem entre as raízes.


— Que estão fazendo aqui?


Deram um salto. Bem atrás deles estava Hagrid, guarda das chaves e dos campos de Hogwarts. Um homem corpulento com altura superior a dois homens normais.


— Que estão fazendo aqui? — voltou a perguntar. — Querem sair daqui directos para a enfermaria? Esta árvore não é para brincadeiras. Vamos, mexam-se, que não volte a encontra-los aqui. Senão, vamos ter problemas.


Os quatro afastaram-se em direcção à entrada do castelo, com o olhar de Hagrid sobre eles. Quando eles entraram, Hagrid, voltou para a sua cabana junto da Floresta Proibida.



Depois do conflito entre Snape, Malfoy e os quatro no comboio, Mary optou por afastar-se do grupo. Preferia andar sozinha pelos corredores da escola. Lily tentava, de todo jeito, para que ela fizesse-lhe companhia, que não se preocupasse com o que os Slytherin pudessem dizer. Mas, Mary respondia sempre o mesmo:


— Não quero lhe arranjar problemas! E, não quero que os teus amigos entrem, novamente, em conflito por minha causa.


De vez enquanto, punha o seu orgulho de lado e aproximava-se de Snape para tirar dúvidas e pedir ajuda nos trabalhos de poções. E, de cabeça baixa, escutava os sarcasmos que Snape dizia contra os Gryffindor, principalmente, contra Sirius, James, Remus e Peter.


Na segunda lua cheia, desde do começo das aulas, Remus dirigiu-se, mais uma vez, para o seu refúgio. Tinha chegado, finalmente, a tão desejada oportunidade de surpreenderem Remus.


A torre Gryffindor estava em silêncio, todos tinham-se recolhido para os dormitórios. James, Sirius e Peter, desceram as escadas dos dormitórios e saíram pela passagem penetrando na escuridão dos corredores. Quando entraram no corredor dos encantamentos ouviriam ruídos. Esconderam-se numa sala de aulas, encostaram-se a porta e ficaram com os ouvidos apurados tentando perceber quem fazia aqueles ruídos.


Mas a sala não estava vazia, Peeves, o poltergeist, um homenzinho de chapéu em forma de sino e lacinho cor de laranja ao pescoço, se encontrava desenhando no quadro. Quando reparou na presença dos três, aproximou-se e começou a soprar-lhes para os cabelos. Assustados, olharam para trás e depararam com Peeves que exibia uma expressão maliciosa e retorcida.


— Alunos fora da cama! — disse. — O Filch não vai gostar de saber. Oh! Não vai não... Andam tramando alguma, não andam?


— Não, Peeves! — respondeu James — Estávamos dando umas voltas, mas ouvimos barulho e entramos aqui...


— Dando uma voltas... estou vendo! — zombou Peeves. — Não me parece. Acho que deveria chamar o Filch...


— Não faça isso!... — pediu Sirius.


Tarde de mais, Peeves gritava em plenos pulmões: — ALUNOS FORA DA CAMA! NO CORREDOR DOS ENCANTAMENTOS.


Os três precipitaram-se a sair da sala e desataram a correr pelo corredor. Mas, ao virar uma esquina deram de cara com o encarregado. Filch percorria o corredor acompanhado pela sua gata, Mrs. Norris.


— Oh! Sim, temos problemas. — disse. — Três alunos fora dos dormitórios. Isto requer um castigo. Façam o favor de me acompanhar.


Olharam entre si e seguiram Filch até ao gabinete. A primeira tentativa tinha ido por água abaixo, agora só na próxima lua cheia. Seria um risco aparecerem na noite seguinte.


No dia seguinte, ao regresso de Remus, foram à biblioteca. Sentaram-se na mesa mais afastada, da Madam Prince, para conversar mais à vontade. Entregaram a Remus os apontamentos e, enquanto conversavam, faziam os trabalhos de casa. No meio da conversa, Peter deixou escapar que os três estavam de castigo. James e Sirius olharam furiosos, mas tarde demais, Remus havia ouvido.


— Que castigo?! — perguntou.


— Não há castigo nenhum! — respondeu James. — Este palerma não sabe o que diz.


— Ele não iria falar se não houvesse nada. — argumentou Remus. — Alguma coisa aprontaram, e eu gostaria de saber...


Permaneceram calados. Remus continuava à espera de uma resposta. Naquele momento, Sirius comenta entre dentes:


— Slytherin...


Remus, ao ouvir a palavra Slytherin, entendeu. Os Slytherin foram, muitas vezes, os causadores dos castigos aplicados aos quatro.


Sirius tinha visto Mary entrar na biblioteca. Logo atrás vinha Snape, com um largo sorriso. Sem dúvida, já sabia do sucedido e tinha agora um motivo para escarnecer.


— Olhem, se não é o famoso quarteto! — disse, dirigindo-se aos que o acompanhavam, enquanto dirigia-se à mesa deles.


— Cala a boca, Snape! — rosnou Sirius.


— Com que, então, outra vez metidos em encrencas?! Os Gryffindor não param de perder pontos por sua causa! — acentuou. — Já contaram ao seu amigo esquisito, o que fizeram desta vez?


— Você não tens nada a haver com isso! — respondeu James.


— Vá lá, contem. Eu também gostaria de saber o motivo, pelo o qual o Filch os apanhou.


— Acho, Snape, que já disseram que não tinhas nada com isso! — afirmou Remus.


Snape virou costas, afastando-se, com o mesmo sorriso irónico, e foi juntar-se a Mary.


Permaneceram toda a tarde na biblioteca. O trabalho de casa de poções era difícil de fazer. Remos foi à secção, que continha os livros sobre poções, tentar encontrar algum que lhe explicasse como se fazia Veritaserum, a poção da verdade. Neste momento, até queria ter alguma com ele para saber o verdadeiro motivo do castigo. Ao contornar a esquina de uma das estantes bateu contra alguém, fazendo-a derrubar os livros que transportava.


— Desculpa! — disse Remus enquanto apanhava os livros do chão.


— Acho — disse alguém a rir —, que vou ter que acrescentar mais uma característica a sua descrição. Humm... Que tal, distraído?


Remus levantou-se e encontrou um bonito sorriso, olhou-a nos olhos e sorriu também. Era a primeira vez que a via sorrir.


— Mary…


— Olá, Remus. Parece chateado. Aconteceu alguma coisa?


— Além de os meus amigos esconderem o verdadeiro motivo do seu castigo, e de ser sempre chamado de esquisito por Snape, não aconteceu nada. — admitiu.


— Não acho você esquisito, apenas um pouco diferente dos outros. — sossegou-o. E olhando-o nos olhos, concluiu: —Você tem um ar misterioso.


Remus entregou os livros a Mary reparando, assim, nos títulos dos livros. — Problemas com poções? — comentou.


— Acho, que é o mal dos dois — disse enquanto pegava nos livros —, pois você também está nesta secção.


— Tenho dúvidas sobre a poção da verdade. Não consigo perceber as quantidades exactas dos ingredientes. Nunca vou conseguir fazer! — desabafou.


— Parece que o único que consegue é Severus. Mas, esse consegue fazer qualquer uma! — acrescentou.


— Porque não lhe pedes ajuda? Ele é da tua equipe, com certeza que te ajudará.


— Não preciso da ajuda dele! — disse de imediato.


Remus assustou-se, Mary quase gritou ao responder. Parecia assustada. A respiração ficou ofegante, olhava para os lados como se tivesse medo que alguém escutasse o que acabava de dizer.


— Que está acontecendo? Aquele desgraçado fez alguma coisa?


— Nada… Não… Desculpa! Não está acontecendo nada. Ele não me fez nada, fique descansado.


— Alguma coisa aconteceu, senão não reagiria assim! — insistiu Remus.


Então, Mary, inspirou fundo e depois olhando para Remus, desabafou: — Severus mudou. Desde que começou a conviver com o grupo do Malfoy, mudou por completo a sua atitude, deixou de ser meigo e passou a demonstrar uma raiva incalculável.


— Snape, meigo!?


— Nem todos os Slytherin são detestáveis! Severus era um deles. Podia mostrar um ar arrogante, mas ajudava sempre que lhe pedissem. Agora diz que faz parte do grupo do Malfoy, e também começou a seguir as ideias do Quem Nós Sabemos. É arrogante com as pessoas que lhe pedem ajuda, por isso, deixei de o procurar.


— De Voldemort! — admirou-se Remus. — Voldemort, já tem seguidores dentro da escola?! Não admira que tenha receio… — completou enquanto acarinhava o rosto de Mary.


Entre eles reinava agora o silêncio. Remus continuava com a mão na face e olhava-a nos olhos. Mary, colocou a sua mão sobre a dele e, fechando os olhos, acariciou-a. Naquele momento surge a afirmação de um novo sentimento. Um sentimento puro, que há muito nascia nos seus corações, mesmo que ignorado.


— Remus, traz os livros! — ordenou Sirius.


Como despertados de um sonho, separaram-se. Remus olhou para o chão e corou. Escondeu a mãos atrás das costas e começou a balançar com os pés.


— Bem… — disse. —Tenho de ir. Gostei de conversar com você. Espero encontrá-la mais vezes.


— Também eu… — disse sem pensar nas palavras.


Remus olhou-a e sorriu. Mary corada com o que disse, baixou a cabeça.


— Remus, o que está fazendo? — era James, que acabava de contornar a estante.


James vendo o ar embasbacado do amigo, afastou-se. Não queria interromper aquele momento. Já tinha reparado que olhos dele brilhavam sempre que via Mary. Remus merecia, merecia ser amado, mesmo que essa pessoa pertencesse aos Slytherin.


Podia ver que Mary era diferente. Podia ter várias características dos Slytherin, mas o seu coração era bom, e enfrentava quem fosse pelos seus amigos. Amigos… James parou e encostou-se na estante. Lembrou-se de todas as situações em que Mary interveio a favor deles, de quantos insultos recebeu, por parte de Snape, e depois de Malfoy, só para os defender.


Mas, um pensamento surgiu de repente, um pensamento que o faz estremecer. O que acontecerá quando descobrir a verdade? O que Mary fará quando souber que Remus é um lobisomem?… Ele não merece sofrer, só por ser como é. Será que a sua transformação o afectará numa vida futura? Afinal, só é afectado uma vez por mês. Se tiver cuidado…


A linha de pensamentos foi interrompida por Sirius. Farto de esperar pelos livros, foi à procura de Remus e, agora de James, que também estava demorando.


— O que faz aqui? Onde está o Remus? — perguntou.


James não queria contar a verdade. Dos quatro, Sirius, era o que tinha um maior desprezo pelos Slytherin.


— Er… bem… O Remus… — gaguejou.


— Estou aqui! — disse Remus que apareceu por detrás da estante.


James respirou de alívio, olhou para Remus e notou um leve sorriso. Os seus olhos possuíam um brilho que se espalhava pelo rosto.


— Porque a demora? — repreendeu Sirius. — Encontrou algum livro?


— O livro…! — tinha-se esquecido. E agora o que iria fazer? De repente alguém colocou-lhe algo na mão. Remus arriscou. — Está aqui! — completou, pondo a mão a frente.


Sirius pegou no livro e comentou: — É este mesmo! — e afastou-se. James, para evitar mais problemas, seguiu-o.


Remus olhou por detrás da estante, Mary estava sorrindo. Tinha sido ela a salvar a sua pele. Remus sorriu, murmurou um obrigado e afastou-se antes que Sirius voltasse novamente a procura dele.


Depois daquele encontro na biblioteca, Remus e Mary não voltaram a se encontrar. Apenas viam-se nas aulas conjuntas ou, durante as refeições, no salão principal.




Novembro chegou, frio e chuvoso. Dois dias depois do Hallowe'en Sirius, James e Peter foram cumprir o castigo marcado pelo Filch. Passaram a tarde de quarta-feira, a única que tinham livre, na sala dos trofeus. Tinham que os polir— e não eram poucos —, com supervisão do Filch, que não arredou o pé, sempre de olho neles.


O dia da lua cheia estava chegando. James, Sirius e Peter estavam numa grande euforia. Remus não entendia aquele nervosismo. Quem deveria andar nervoso era ele com a aproximação da lua cheia, mas isso já não o afectava como no início.


Lily também olhava desconfiada para o namorado, nem num jogo de Quidditch o via tão nervoso. Olhou para Remus e numa coisa concordavam, eles estavam escondendo alguma coisa.


Anoiteceu de repente. Remus já tinha ido, com a Madam Pomfrey, para a cabana em Hogsmeade. Nada podia falhar desta vez.


Os três saíram dos dormitórios e desceram para a sala comum que estava vazia. Saíram pelo buraco do retracto e entraram no corredores iluminados pela ténue luz do luar. Reinava o silêncio, apenas era audível a respiração ofegante dos três. Sem contratempos, depressa chegaram ao grande vestíbulo da entrada. Abriram, com todo o cuidado, as gigantescas portas de madeira e avançaram em direcção ao Salgueiro Zurzidor.


Quando chegaram, Sirius pegou num ramo e tocou no nó certo da raiz. A árvore ficou quieta, eles preparavam-se para entrar quando Hagrid apareceu por detrás do salgueiro.


— O que pensam que estão fazendo a estas horas da noite? Se não querem apanhar outro castigo, sugiro que vão já para os dormitórios! — ameaçou.


Sem responder a pergunta de Hagrid, correram em direcção ao castelo. Ficaram espiando pelas portas, ainda com a esperança de aparecerem a Remus. Mas, Hagrid parecia desconfiado e não saiu de perto do salgueiro.


Cansados de esperar, subiram desolados para a torre dos Gryffindor. Definitivamente, a sorte não estava do lado deles.





N.A. - Espero que estejam a gostar desta fic, tanto quanto eu estou a adorar escrevê-la. No proximo capitulo algo de bom vai acontecer a Mary e Remus: o primeiro beijo de ambos. E uma longa partida de Quidditch, Slytherin versus Gryffindor.


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