Pop puzzle- parte II
- E depois o que? – perguntou Rony com uma visível expressão de nojo ao relato do amigo.
- Bem, eu... – ele fitou Hermione por um momento, que respondeu ao olhar e desviou em seguida. – Eu acordei. – completou simplesmente.
- Isso na prova nada. – falou Hermione fitando um enorme caixote e completamente absorta em raciocínio.
- Hermione! – reclamou Rony, que já demonstrava certo enfado com os questionamentos da amiga. Pelo que ele via aquela história toda se tornava mais e mais complicada cada vez que a menina abria a boca.
- Você viu Trelawney ser morta Harry? – perguntou Hermione sucintamente ignorando o apelo de Rony.
- Não... – respondeu ele franzindo a testa. – Mas eles a tinham certo? Quero dizer... Quais são as chances de alguém escapar de Voldemort assim?
- Você escapou. – rebateu ela pensativa. Harry sentiu o rosto corar levemente.
- Eu... Certo. – disse simplesmente, cuidando para que o (raro, devido às circunstâncias) elogio não lhe subisse à cabeça causando-lhe um rubor ainda maior.
- Espere... – acrescentou Hermione. Algo havia acabado de lhe ocorrer... Talvez fosse um detalhe, algo irrelevante, mas... Talvez...
- O que? – perguntou Rony.
- Aquele dia, em Hogsmead... Aquele ataque... Vocês acham que, bom, eles vieram atrás dela ao invés de você? – questionou voltando-se para Harry. – Quero dizer você mesmo disse. Voldemort já sabia que ela havia feito a profecia, certo? E essa segundo Dumbledore, foi justamente a razão pra que ela fosse admitida como professora... Proteção.
- Verdade... – respondeu Harry recostando-se na parede e coçando a cabeça, que começava a doer.
- Você está bem? – perguntou ela antes que pudesse conter o ar preocupado.
- Hãn? Estou... – mentiu Harry.
- Eu ainda não entendo... – comentou Rony.
- O que Rony...? – perguntou Harry levantando a cabeça e baixando a mão que a apoiava. Agradecia a preocupação, de fato, sentira falta dela... Mas agora não era o momento para deixar os dois ainda mais alarmados.
- Bem... Se todo mundo sabia que Hogsmead estava sendo atacada, porque qualquer um iria até lá? Não faz sentido. Até mesmo pra ela...
- Rony! – reclamou Hermione se desligando rapidamente do assunto e observando a falta de tato do amigo.
- O que? Eu achei que vocês não se dessem bem...
- Mesmo assim... Tenha um pouco de respeito!
- Sabe... – começou Harry que perdido em pensamento nem notou a discussão dos amigos. – Dumbledore veio falar comigo naquele dia...
- Como assim? Falar o que? – questionou Hermione voltando a atenção completamente para o discurso dele, e Rony não era diferente.
- Ele disse que... – Harry parou. Sua cabeça funcionava a mil, talvez Hermione estivesse certa mesmo. Talvez houvesse algo que Dumbledore não estivesse contando... – Bom, ele... Ele disse que naquela noite, Trelawney saiu do castelo atrás de mim.
- Você? – Rony fitou a amiga por um momento, e depois se voltou para Harry novamente. As suspeitas dela começavam a fazer um pouco de sentido... – Pra que?
- Exato... Foi o que ele me perguntou... Eu não acho que ele sabia também.
- Ou ele queria checar se você sabia. – disse Hermione com feição tensa. Um momento de silêncio se seguiu às palavras da menina. Mas ela pareceu não notar o desconforto que se seguiu, visto que continuou quase que para si mesma. – Mas... O que seria tão importante assim a ponto de fazer com que ela fosse atrás de você Harry...?
Harry respirou fundo. Estava confuso demais da conta. Era como se tudo virasse de cabeça para baixo e ele estivesse preso naquela confusão juntando os pedaços, do quê ele nem sabia... Mas o pior, era saber, que havia uma possibilidade, por mínima que fosse, de que quem ele mais confiara não fazia jus a tal... Ele baixou a cabeça novamente e apoiou-a por entre as mãos. Sua cabeça ainda doía.
- Talvez nem exista uma profecia de verdade... – falou Rony.
- Não seria bom? – replicou Harry sem se mover. Hermione observou-o.
- Eu acho que isso é improvável.
- Você é sempre tão positiva... – rebateu Rony atirando uma bolinha de papel numa grande caixa marrom no canto do sótão. Hermione revirou os olhos.
- Havia um registro da profecia no Ministério lembra? Todos nós ouvimos.
- Verdade... – ponderou Harry sentindo o último veiozinho de esperança se esvair do seu peito.
- Existe uma profecia, nós só não ouvimos toda... Está faltando uma parte. – resumiu ela.
- Talvez o resto nem seja importante. – disse Rony respirando fundo.
- Talvez seja crucial. – contestou Harry com irrefreável morbidez.
- Talvez Trelawney soubesse... – murmurou Hermione lentamente. E com um entusiasmo crescente e repentino ela se levantou. – Talvez ela soubesse! Por isso ela foi atrás de você Harry. Pra contar a verdade! – Harry observou a amiga. Ela estava em pé a sua frente. Fazia sentido, mas ele não compreendia a excitação da amiga, visto que verdade ou não, eles acabariam caindo num impasse que Rony também pareceu identificar facilmente:
- Mione... Sabe eu odeio apontar o óbvio, mas... Não importa, porque, veja... Ela morreu. – falou ele pausadamente. Hermione bufou de impaciência:
- Não, não! Vocês não... – ela respirou fundo e sentou-se novamente. – Depois que ela sumiu, Dumbledore mandou que trancassem a sal dela... E se eu a conheci bem, há uma grande chance de nós encontrarmos algo entocado lá...
- Em Hogwarts? – Questionou Harry.
- Isso!
- Agente não pode simplesmente voltar pra Hogwarts! – rebateu Rony como se a idéia fosse absolutamente impossível.
- Por que não? – questionou ela voltando-se para ele.
- Isso Rony, porque não? – apoiou Harry. Suas entranhas estavam revirando para descobrir a verdade, qualquer coisa que pudesse ajudá-lo. E se ir até Hogwarts era uma necessidade, então ele iria.
- Ok, pra começa, é perigoso. – aquilo não pareceu convencer. – Certo... Nós nem sabemos se a escola está de pé ainda! Quero dizer, quando agente partiu, as coisas não estavam exatamente calmas, certo?
- Então? Vale a pena tentar certo? – Harry observou a amiga. Ela realmente estava disposta a ajudá-lo, e aquilo por si só já era certo incentivo para que ele a apoiasse plenamente...
- Nós vamos Rony. E eu quero que você venha conosco. – ele respirou fundo.
- Eu vou. Mas agente não vai de trem! – ele riu.
- Hermione esta fazendo perguntas Albus...
- Você acha que ela está sob controle? – interpelou Dumbledore sentando-se na mesa da cozinha.
- Essa não é a questão. – falou Lupin mudando novamente o assunto. – Ela desconfia de algo. Ela sabe que estamos escondendo algo de Harry...
- Ela sabe que é relacionado à profecia?
- Não. Mas é só uma questão de tempo até que ela descubra... Ela é esperta Albus.
- Eu sei, mas... Nós podemos impedir que ela fale qualquer coisa, certo?
- Eles andaram meio afastados, mas eu duvido que ela vá mentir para Harry. – respondeu Lupin com uma ênfase no final. A qual Dumbledore pareceu ter captado facilmente:
- Há algo que você gostara de falar Remus? – houve um silêncio no qual Dumbledore caminhou até a mesa da cozinha sentando-se e cruzando os dedos.
- Sirius diz que é melhor...
- Sirius deixou que seus sentimentos pelo afilhado interferissem no julgamento dele Lupin. – cortou Dumbledore, apesar de manter o tom o mais sereno possível.
- Eu concordo com ele Albus... – por um breve momento, Lupin pensou ter visto a serenidade esvair-se dos olhos do homem sentado a sua frente, entretanto, sua voz não se alterara de modo algum:
- Eu também me preocupo com Harry Remus, como você bem sabe. Entretanto, como líder da Ordem eu tenho que ponderar o que deve ser feito, por mais difícil que seja...
- Eu não sei... – recomeçou Lupin, sentando-se ele próprio. – Eu só... Eu não sei se... Talvez, talvez aja uma outra forma... Talvez se nós pudéssemos utilizá-la...
- Eu concordo com você Lupin, Granger tem muito que oferecer em auxílio à Ordem... Mas a verdade é que ela ainda não está pronta para tal, e talvez nunca esteja.
- Mas... Talvez se nós falássemos a verdade a ele... Harry é maduro o suficiente para tomar a decisão certa por si só.
- Eu sei disso. São os outros dois que me preocupam...
- Rony e Hermione não... – começou Lupin, mas foi interrompido novamente.
- Remus eu tenho certeza de que você conhece Harry o suficiente para saber que se existe alguém que pode interferir no seu julgamento são aqueles dois...
- O que você está sugerindo?
- Eu só estou apontando o fato de que quando chegar à hora de agir, tanto Rony, quanto Hermione principalmente poderão vir a se tornar obstáculos.
- E? – instigou Lupin que não gostava de modo algum do tom da conversa.
- Obstáculos são ultrapassados Remus... – Lupin piscou. Não acreditava no que estava ouvindo...
- Você não poderia... Eu não seria capaz de fazer isso eu...
- São sacrifícios Lupin. Sacrifícios que nós devemos ser capazes de fazer por um bem maior! – insistiu Dumbledore levantando-se. Mas Lupin parecia aturdido demais para compreender a ameaça que crescia à sua frente...
- Não... Eu, eu não vou fazer isso... Albus, isso é loucura. E mesmo a profecia, não há garantias de que ela esteja certa! Além do mais, nós não sabemos se ela realmente não falou a verdade para Voldemort... – acrescentou Lupin relembrando o fato de que a vidente estava morta.
- Ela não contou nada alem do que se sabe... Eu fiz questão de cuidar disso. – iniciou Dumbledore com ar tranqüilo. – Há uma profecia que diz que Harry é o único capaz de derrotá-lo. E tudo que precisamos fazer é esperar até que Riddle venha até Harry, e garantir que Harry não achará motivo algum que o incite a fugir novamente... Você compreende Remus? – perguntou ele com uma voz suave e calma. Entretanto, as suas palavras teriam menos efeito se houvesse gritado e ameaçado Lupin com uma varinha, visto que o homem possuía uma expressão de completa estupefação. Ele nada disse... Apenas caminhou a passos largos em direção à porta da cozinha. Mas ela fechou-se rapidamente com um baque surdo.
Hermione moveu as coberta de cima do seu corpo. O quarto se encontrava absolutamente escuro. Entretanto, havia se preparado na noite anterior, após a conversa com Harry e Rony. Sabia exatamente onde sua mochila estava e cuidara para que Giny não notasse que ao contrário do que ela imaginava Hermione não havia se trocado após o jantar... Vestindo sua jaqueta e apanhando a mochila que escondera de baixo da cama Hermione seguiu a passos lentos e leves em direção à maçaneta da porta girando-a lentamente.
Giny moveu-se e murmurou algo inaudível. Ela prendeu a respiração nervosa. Mas a garota voltou-se par o outro lado e continuou a dormir profundamente. Hermione voltou sua atenção à escapulida novamente.
Caminhando o mais rápido que a necessidade de silêncio permitia, Hermione parou frente a porta dos meninos após considerável tempo. Nunca reparara o quão velho aquele assoalho era até aquele exato momento...
Estava prestes a por a mão na maçaneta da porta que esta se abriu num repente. Hermione ensaiou um grito abafado por uma mão e uma voz seguida de outra, ambas perfeitamente reconhecíveis:
- Shsh! – pediu Harry levando a mão até os lábios da amiga e interrompendo-a antes que pusesse tudo a perder.
- Foi mal! – desculpou-se Hermione.
- O que foi? – perguntou uma voz que ela reconheceu com sendo de Rony.
- Ela não me viu... – explicou Harry murmurando.
- Claro que não! – reclamou Rony em voz baixa. - Nós precisamos de um ouço de luz aqui.
- Não! – exclamou Hermione num sussurro. – Nós podemos ser pegos.
- Ela está certa, vamos. – murmurou Harry em acordo. E os três continuaram.
Não foi um caminho fácil, especialmente quando os três chegaram aos dois lances de escada que davam para a sala de estar... O caminho era bastante curto para falar a verdade, entretanto, o escuro não ajudava muito... Os três alcançaram o corredor aos sussurros e passos leves. Com mais cautela ainda, os três seguiram pelo corredor. A última coisa que precisavam era que o quadro da mãe de Sirius acordasse e denunciasse a fuga dos três... E não o fez.
A lua estava alta e clara de modo que ao abrir a porta e sair, Harry notou com facilidade a discrepância de iluminação de dentro para fora da mansão...
- E agora? Nós não podemos mais pegar o trem para Hogwarts. – comentou Rony.
- Nós vamos de noitebus. – explicou Hermione. E d fato, mal ela pronunciou aquelas palavras, um borrão roxo vivo cortou o Largo parando em frente aos três.
- Oh, bem... Isso é bem melhor... – resmungou Rony com notável sarcasmo.
- Pelo menos agente vai chegar a Hogsmead antes do amanhecer... – comentou Hermione. Harry observou a amiga enquanto ela subia para o ônibus...
- Pra chegar lá agente tem que entrar sabe? – murmurou Rony ao seu lado.
- Hãn? Certo... Eu já estava... Vamos.
- Certo... – murmurou Rony erguendo as sobrancelhas. – Vamos...
Harry não sabia exatamente o que encontrariam lá. Nem mesmo se encontrariam algo de fato. A verdade era que havia uma possibilidade muito grande de que tanto a escola quanto o vilarejo estivessem ambos completamente destruídos, o que não facilitava o trabalho de modo algum... Mesmo assim. A viagem apesar dos pesares já valia só pelo fato de estar sendo feita com Rony e Hermione do seu lado...
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