it's the end of the word



- Ela não deve ter ido muito longe… - tentou Rony. Mas Harry não deu atenção, se ocupava em descer as escadas o mais rápido que podia em direção ao saguão. Ele tinha que acha-la, e... Bom, ele ainda não sabia exatamente o que dizer a ela. Mas sabia que deveria dizer algo, algo... Confortante... Acomodava-se na idéia de que quando chegasse a hora saberia o que dizer...

Foi ao chegarem ao segundo andar que um murmúrio agoniado chegou aos seus ouvidos. Eles podiam ouvir o barulho crescer à medida que se aproximavam do térreo. O que estava havendo?

- O que diabos...? – Harry parou no topo da escada, estavam agora na escadaria principal. Seu queixo caiu e por um momento sua atenção foi desviada. Ele se voltou para o amigo, que parecia tão abismado quanto ele próprio.

O local estava um completo caos. Essa era definitivamente a palavra certa: caos. A impressão que Harry teve foi de que todos os estudantes estavam espalhados por ali. Correndo em direções variadas, mas com algo em comum, que logo ele percebeu: havia uma expressão de medo e desespero no rosto da maioria.

- O que está havendo...? – questionou Rony num murmúrio horrorizado. Sua dúvida também valia para Harry, entretanto, não foi capaz de expressar visto que um encontrão repentino se fez entre ele e alguém que descia as escadas logo atrás deles:

- Ouch! – Harry cambaleou e quase caíam escadas abaixo, não fosse um apoio vindo do amigo que se voltou para trás logo em seguida. Harry se virou também prestes a soltar um palavrão digno de vergonha, não fosse ter dado de cara com uma McGonnagal extremamente inflamada.

- Potter! Weasley! Finalmente! – ambos franziram o cenho ao ouvir o tom da professora. Os gritos nos corredores estavam agora tão fortes que era preciso um esforço para ouvir a mulher que se encontrava a um metro dos dois. – Por que vocês não estavam no salão?! – questionou a mulher com ar severo e impaciente.

- Por quê? – questionou Harry, mas a mulher repeliu a pergunta com um aceno.

- O que está havendo? – insistiu Rony elevando o tom de voz de modo que fosse ouvido claramente.

- A escola está sendo evacuada! – gritou a mulher a plenos pulmões agora, visto que uma chuva torrencial começara a cair do lado de fora.

- Evacuada?! Por quê? – questionou Harry alarmado. Mais uma vez a mulher não respondeu.

- Weasley, eu preciso que você reúna os monitores... A escola está uma zona!

- Não, espere... – retrucou Rony com a amiga na cabeça.

- Weasley, você é monitor-chefe! – Rony fez menção em revidar, mas a mulher continuou. – Vá atrás deles e reúna os alunos do primeiro e segundo ano, leve-os até as carruagens. De lá coloque todos no trem! – ordenou a mulher.

- Mas...

- Sem “mas” Weasley! – cortou a mulher. E se voltando para Harry falou. – Dumbledore quer você na primeira carruagem para Hogsmaed, e não adianta revidar. – acrescentou ela ao ver que o rapaz também não estava muito feliz com as ordens.

Ambos se ativeram estáticos absorvendo as novas e surpreendentes informações.

- Vamos! Agora vamos! Vocês têm dez minutos! Vão! – adiantou a professora continuando seu caminho em seguida. Harry se voltou para Rony, ele pareceu ler seu pensamento:

- Hermione... – murmurou Rony.

- Rony nós não podemos...

- Eu sei... – disse Rony.

- Nós temos que encontra-la.

- Você vai. – mandou Rony num tom urgente. – Nós nos encontramos em Hogsmaed... Eu tenho que...

- Eu sei. – cortou Harry, preferia que o amigo viesse com ele, entretanto... Ele era monitor-chefe, e McGonnagal estava certa... Ali, ele deveria ter outras prioridades... Enquanto que Harry, só tinha uma única coisa na cabeça... Hermione. Rony começou a descer as escadas em disparada, parando alguns segundos depois e se voltando para o amigo:

- Harry...

- Rápido, eu sei... – e dando as costas, Rony sumiu entre os outros estudantes. Harry estava sozinho...



“Dez minutos...” Os corredores do segundo e primeiro anda estavam agora completamente vazios. “Merda...” Pensou ele. Não havia mais ninguém ali. Por duas vezes ele encontrara um retardatário, mas a primeira, estava tão desesperada que no momento que Harry deu as descrições de Hermione seu nervosismo era tamanho que ele desconfiou que mesmo se tivesse visto a amiga, não se lembraria. E o segundo, um garoto que pelo tamanho, parecia ser terceiro ou quarto ano, nem ao menos parara, seguira pelo corredor desembestado e o ignorara completamente.

“Oito minutos agora...” E ele ainda não tinha encontrado a amiga. Um clarão azulado surgiu através das vidraças, seguido de um trovão ressonante, o céu estava desabando lá fora... Um outro relâmpago, e dessa vez, Harry pensou ter visto algo. Um vulto... Era...? Na floresta, alguma coisa se mexendo... Parecia um... Uma badalada cortou os devaneios de Harry.

Com uma sensação de desespero crescendo, Harry desatou a correr novamente. Voltando os olhos para o relógio pendurado no final do corredor, constatou para seu assombro que já haviam se passado cinco minutos. Acelerando o passo Harry virou À esquerda e subiu as escadas... Tinha um palpite, e desejava desesperadamente que estivesse certo...

Harry respirou pesadamente ao chegar ao topo da escada. Estava na torre sul. Eles tinham suas aulas de astronomia ali quando o tempo estava claro... O que não era o caso. A porta que dava para as ameias estava escancarada, Harry observou o lado de fora. A chuva era intensa, e o céu se encontrava num completo breu. O horizonte estava tomado por uma massa cinzenta e compacta que cobria toda a região acima da floresta.

Harry apertou os olhos e forçou a vista, pode ver um borrão próximo à beirada. Uma sensação de alívio tomou conta dele quase que instantaneamente.

- Hermione... – Harry caminhou em direção a menina. Não foi necessário mais que quatro passos na chuva para que se encontrasse encharcado. E quanto à amiga, estava ensopada, entretanto, ela não parecia ligar, visto que continuava em pé, ali. Harry se perguntou quanto tempo fazia que a amiga estava ali...

Harry estava a mais ou menos dois metros da amiga, quando notou o quanto ela tremia. Considerando o frio que fazia ali, ele também tremia absurdamente... Mas não tanto quanto ela, o que o fez se perguntar se era realmente o frio a causa daquilo...

- Hermione... – chamou ele elevando o tom de voz para ser ouvido. Tinha certeza que ela ouvira, entretanto, não se virou, nem ao menos se mexeu. Uma sensação de urgência tomou conta dele. Eles não tinham tempo para aquilo... Harry se aproximou mais um pouco.

- Hermione! – chamou novamente. Ela se virou. Harry observou a garota com uma sensação devoradora de culpa e preocupação.

Ela tinha um ar completamente apático no rosto. Não parecia enraivecida, ou mesmo preocupada... Estava só... Triste, mais triste do que Harry jamais lembrava de tê-la visto antes. Seus cabelos estavam completamente ensopados, e o vento era tão forte agora que grossas mechas haviam se grudado em seu rosto, e ela não pareceu incomodada ou mesmo inclinada a retirá-las... Harry deu um passo para se aproximar da amiga... Ela recuou e o encarou por alguns segundos, e então, baixou os olhos e se virou novamente. Harry respirou fundo e levantou os olhos para a paisagem atrás da menina. Um barulho grave e forte veio da floresta, seguido de um apito agudo e ininterrupto.

O trem. Eles iam perder...

- Hermione! Eu sei que nós precisamos conversar. – gritou ele para que fosse ouvido. – Mas agora nós temos que ir! Vamos! – ela não se moveu. Harry caminhou com urgência em direção a menina e segurou-a pelo braço forçando-a a segui-lo. Ela não revidou.

- Eu entendo que você esteja... – Harry parou por um momento, não conseguia definir muito bem como ela estava... Calou-se. Um barulho familiar chegou aos seus ouvidos. Com a impressão mórbida de que aquele era outro aviso da partida do trem, Harry acelerou o passo e correu alcançando os jardins puxando Hermione junto com ele.

O caminho estava completamente alagado e lamacento, o que dificultava ainda mais a passagem, especialmente se você estivesse com pressa, como eles. Harry não se lembrava de ter corrido tanto jamais em sua vida. Ambos chegaram e Hogsmaed tão rápido que ele próprio não acreditava quando viu o trem vermelho soltando fumaça e prestes a partir. Alguns professores, ainda se encontravam na plataforma, os olhares voltados para o castelo, no topo da colina que ambos, Harry e Hermione haviam acabado de descer sob chuva contínua.

Identificou Rony na plataforma quase que instantaneamente, tinha um olhar irritado e ao mesmo tempo aliviado em ver os dois.

O terceiro apito soou e o trem começou a partir. Harry respirou extremamente aliviado. Rony guiou os dois até uma cabine vazia e sentou-se em silêncio. Seus olhos percorreram de Harry para Hermione, e Harry novamente. Nada foi dito. Uma sensação de desconforto começou a tomar conta dele. Procurou o olhar do amigo, entretanto, ele parecia mais preocupado com outra coisa, visto que fitava Hermione intensamente. Esta tinha o olhar mais perdido que já havia visto, seu rosto estava virado para a janela que ela observava vagamente, em silêncio total.

- Eu... Eu vou avisar a McGonnagal que vocês estão aqui... – murmurou Rony, com a certeza de que estava sobrando ali. E após uma olhada rápida acrescentou. – E arranjar umas toalhas... – e então fechou a porta atrás de si.

Harry analisou a amiga... E atingiu a conclusão de que estava absolutamente errado. Chegara a hora, e ele não sabia o que dizer...

Hermione sentiu seu peito subir e descer cada vez mais rápido. Uma sensação de impotência havia se apossado dela desde que ouvira aquela conversa, e agora... Tudo parecia tão... Ela não podia... Ela não sabia... Ainda fitava seu próprio reflexo no vidro embaçado quando sentiu uma lágrima quente escorrer pelo rosto.

- Hermione... – falou Harry num tom de sussurro. Ela estava calada. E aquilo o estava matando por dentro. Preferia que ela estivesse gritando e atirando-lhe coisas àquela apatia avessa à Hermione que ele conhecia.

- Foi... Por isso... – murmurou ela sem fazer sentido algum. Sua voz estava chorosa, entrecortada por soluços e uma respiração pesada. – Você fugiu...? Por medo...? – perguntou num sussurro. E sem esperar uma resposta acrescentou aos gaguejos. – Por que... Se, se foi... Eu, eu entendo... – disse voltando a chorar e levando as mãos aos cabelos encharcados numa atitude, pensou Harry preocupado, levemente doentia e perturbada.

Harry sentiu o estômago afundar. “Sim...” pensou Harry se aproximando e sentando-se ao lado da garota. “Ela ainda não entendera...”.

- Não por mim... – explicou Harry se aproximando um pouco mais. Hermione se virou e encarou o amigo:

- Você não... Você não disse... Por quê...? – murmurou Hermione com a sensação de traição e o reconhecimento esmagador daquela injustiça, sobre a qual ela não podia fazer nada... Eles eram amigos, certo? Acima de qualquer coisa... E além do mais... – pensou Hermione novamente com desespero ao imaginar o que poderia ter acontecido com Harry durante aquele tempo... – Harry viu a feição da amiga passar de desapontamento para revolta no segundo seguinte, e se levantando, agora em prantos declaradamente continuou se voltando contra ele. – Você mentiu pra mim! – exclamou amarga.

Hermione sentia como se estivesse prestes a explodir, ela tinha que extravasar toda a revolta que sentia com relação à realidade que não queria enfrentar sobre a qual sabia não poder fazer nada. E se teria que ser em Harry, que fosse. Não tinha sido ele quem havia escondido aquilo? Mesmo sendo tão grave, e mesmo tendo a vida dele em jogo?

- Eu não menti! – defendeu-se Harry procurando por o mínimo de senso na conversa. Um barulho de trovão vindo da tempestade que caía do lado de fora se fez ouvir. Harry voltou sua atenção para a janela, mas Hermione não parecia ter se abalado nem um poço pelo ocorrido:

- Você escondeu a verdade! – disse ela e abrindo a boca mais uma vez, estava prestes a dizer algo mais quando um barulho de arranhar de trilhos soou e tranco forte a fez perder o equilíbrio e cair no chão. Harry sentiu seu corpo ir para frente quase que instantaneamente, e ele próprio também foi ao chão. Várias pancadas vindas de outras cabines foram ouvidas em seguida, demonstrando que eles não haviam sido os únicos pegos de surpresa...

- Hermione! Você está bem...? – perguntou Harry se aproximando da garota que assim como ele se encontrava estendida no chão.

- Eu... Estou... – respondeu massageando a nuca que havia ido de encontro com o banco atrás dela.

- Você está ferida? – insistiu segurando-a pelo queixo e analisando a amiga cuidadosamente. Hermione sentiu os dedos do garoto tocando seu rosto suavemente enquanto ele a observava com genuíno ar de preocupação. Um arrepio familiar correu-lhe pela nuca, e então ela virou o rosto respirando fundo. Harry baixou a mão e o rosto logo em seguida.

- O que foi isso? – perguntou Hermione com desconfiança.

- Eu não sei... – respondeu Harry puxando a varinha do bolso da jaqueta simultaneamente. Hermione fez menção de puxar a própria varinha do seu bolso, mas parou logo em seguida, como que se lembrasse de algo. Franzindo o cenho murmurou um palavrão:

- Droga...

Estava sem varinha. Não podia praticar magia, certo? Então porque diabo andaria com a varinha à tira-colo? Harry captou a irritação da amiga. Vendo que se alguma coisa realmente séria estivesse acontecendo ela não teria obviamente como se defender, Harry caminhou em direção à porta da cabine se virando em seguida:

- Eu vou ver o que houve... – Hermione fez menção de segui-lo. – Você fica. – disse Harry num tom incisivo.

- O que? Eu não vou ficar! – retrucou Hermione com ar indignado.

- Hermione... – começou Harry sem paciência para a birra da garota. Se não era seguro... Ela devia ficar! Suas palavras foram interrompidas por um piscar de luzes na cabine. O local ficou às escuras.

o breu era completo, e um murmúrio de vozes percorria por todo o trem. O que estava havendo...? Um clarão de relâmpago iluminou o local por uma fração de segundo...

- Eu vou com você... – murmurou Hermione adivinhando os pensamentos do amigo. Mas Harry não deu ouvido, seus olhos estavam grudados na janela atrás da amiga... Por uma fração de segundo, ele podia jurar que tinha algo ali...

- O que?

- Shsh... – cortou Harry se aproximando da janela. As vozes que antes ecoavam pelo trem, de alunos assustados e confusos silenciaram subitamente. Havia algo lá fora... E Harry não parecia ter sido o único a notar... Hermione se voltou e observou a paisagem...

Não haviam completado nem uma hora de viagem, e se seus cálculos estavam corretos, estavam bem distante de qualquer povoado que não Hogsmaed agora... O trem estava parado no que parecia (tentou Hermione forçando a vista através da chuva grossa) um vale... Mas ainda sim.. Ela não via nada além de pasto e bosque, então... Por que eles haviam parado?

Um outro relâmpago, ainda mais forte clareou a sua visão. Então ela viu. Um capuz longo e negro deslizando sobre a grama, passou pela janela repentinamente. Com um salto para trás Hermione soltou um grito de susto.

Harry reconheceu com uma familiaridade mórbida a sensação de frio e desesperança que aquela presença trazia... E mesmo a criatura do lado de fora não podendo fazer nada para machucá-los, os efeitos do dementador ainda sim eram extremamente fortes...

- Harry... – murmurou Hermione, e ele pode notar uma nota de medo no tom da menina.

- Vamos... – disse com urgência segurando o braço da amiga. Talvez não fosse uma idéia tão má mantê-la por perto afinal.

Um grito agudo vindo do vagão anterior delatou a presença dos dementadores na parte de fora do trem. Um pânico fora do normal se instalou dentro do veículo. Harry se esforçou em passar pelos corredores que agora de apinhavam de gente, eles tinham que sair dali. Ficar dentro do vagão era o mesmo que pedir para ser encurralado, tudo que deviam fazer era achar Rony, e Giny e sair dali o mais rápido possível. Mas fazer não era tão fácil assim.

Enquanto metade dos estudantes ali parecia ter o mesmo pensamento de Harry: correr. A outra metade, ou achava ser mais seguro ficar ali, ou simplesmente estava com muito medo de sair, o que, Harry teve de concordar, era no mínimo sensatez. De fato, tal discrepância gerou um pandemônio que aumentou ainda mais à medida que rugidos e uivos soavam do lado de fora.

Aquilo ia ser um massacre... – pensou Harry com uma certeza mortal lhe corroendo por dentro.

Ambos, Harry e Hermione se apressaram o máximo que puderam pelo corredor do trem, se espremendo por entre os outros alunos, Harry ouviu a voz de Rony vinda de uma cabine ao lado:

- Rony?! – chamou Hermione assim que Harry abriu a porta com esforço. Rony, que parecia estar num momento muito intenso com a irmã se voltou para a porta. – Vocês estão bem...?

- Harry! – Estamos... Vocês viram...?

- Vimos! – confirmou Harry. – Nós temos que ir!

- Pra onde? – perguntou Giny com uma expressão desesperado no rosto. – Nós estamos no meio do nada!

Harry não respondeu. Não sabia o que eles fariam, ou nem mesmo se escapariam. Sabia que dificilmente escapariam despercebidos... Disso ele tinha noção, até mesmo porque, desde que McGonnagal havia lhe informado da situação, mesmo sem muitos detalhes não demorou a Harry entender o porquê daquela investida contra a escola. Eles estavam atrás dele... E não duvidava muito que dessa vez, o próprio Voldemort estivesse lá também...

Não... Se ele estivesse ali, Harry saberia... Ele saberia...

- Harry! – murmurou Hermione puxando a manga de sua jaqueta. – Vamos!

Harry acordou de seus pensamentos ao sentir o puxão da amiga. Algo estava diferente... Eles ainda podiam ouvir os gritos, entretanto, a maior parte das pessoas que antes lotavam o veículo aparentemente havia saído agora... Os gritos antes fortes e próximos vinham agora do lado de fora, de alunos perdidos no meio do campo ou por dentro do bosque. A chuva continuava incessante, lá fora, entretanto a escuridão era interrompida por vários flashes de variadas cores vindas das varinhas do que Harry reconheceu como sendo comensais.

- Harry! – insistiu Hermione. Rony e Giny já iam pelo corredor. Ele soltou-se do braço da menina.

Não podia ir. Era dele que os comensais estavam atrás, os três não tinham nada haver com aquilo. E se fosse visto com ela? Não só se colocava em risco, mas a ela também. Um momento de silêncio se seguiu ao passo que Hermione observou Harry incrédula:

- Harry o qu...? – ela parou. Harry pôde ouvir passos vindos do início do vagão. Puxando o braço da amiga segurou-a perto de si e encostou-se em um dos bancos.

Um esgar veio da boca de Hermione seguido de um suspiro. Harry se apressou em tapar a boca da amiga com a mão esquerda e empunhou a varinha com a direita, se mantendo completamente imóvel. Mais passos. Onde estava Rony? Ele havia se escondido também?

A porta se escancarou de repente e uma luz azulada ofuscou os olhos dos dois. Nada foi dito por um tempo, e apesar de não ataca-los, o comensal manteve a ponta da varinha apontada para Harry, que apesar de não enxerga-lo, respondeu à altura. E então, ele baixou a varinha. Com a luz forte longe de seus olhos, Harry pode identificar a pessoa a sua frente: Malfoy.

Um suspiro de surpresa qu foi abafado por Harry veio de Hermione. Os olhos de Malfoy recaíram sobre ela. Com expressão séria, ele voltou para Harry em seguida. Harry sustentou o olhar do garoto. Sua expressão estava completamente indecifrável...

O que ele iria fazer? Delata-los?

- Draco! – Harry ouviu uma voz masculina chamando-o. – Você achou alguém? – Malfoy virou o rosto e se voltou novamente para Harry e Hermione.

Hermione não conseguia se mexer. Ela tinha um dos braços de Harry cercando-lhe o corpo tão apertado agora que não seria possível faze-lo mesmo se quisesse. Entretanto, estava tão tensa que a impressão que tinha era que não conseguiria dar um passo...

Harry sustentou o olhar do rapaz mais um pouco, e estava prestes a barganhar a fuga da amiga por ele próprio, quando Malfoy respondeu em tom seco e calmo:

- Não! Nada! – gritou apesar de não tirar os olhos do casal. Baixando a varinha ainda mais ele continuou agora em voz baixa e séria. – Vão. Saiam daqui.

Hermione sentiu o abraço do amigo afrouxar. Ele estava deixando os dois irem...? Hermione piscou confusa.

Harry não esperou por uma mudança de idéia. Se apressando em carregar Hermione para fora do vagão, Harry não deu nem ao menos três passos quando sentiu a garota se soltar:

- Venha conosco. – disse ela se voltando para Malfoy. Apesar da penumbra, Harry pode notar que o garoto hesitou obviamente surpreso com o convite. – Draco...

- Hermione não... – pediu Harry visto que apesar da surpreendente bondade de Malfoy ter vindo a calhar, Harry tinha a impressão de que eles não deveriam esperar o mesmo dos outros comensais que estavam à procura deles...

- Você não é como eles. – insistiu Hermione que estava disposta a acreditar que ainda havia uma chance dele... – Voc...

- Eu não sou como você também. – retrucou cortando a garota. – Agora vá antes eu mude de idéia! Nós estamos quites agora Potter. – acrescentou em seguida. Harry observou Malfoy. Nunca se dera muito bem com ele, desde que o conhecera... Sabia que provavelmente não o veria de novo. E agora... No lugar do desgosto e raiva que costumava sentir... Harry se surpreendeu consigo mesmo ao se pegar lamentando o fato dele ter escolhido aquele caminho...

Após um segundo, Harry segurou na mão da amiga novamente e puxou-a para fora do trem seguindo direto para dentro do bosque.

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