winnig a battle, loosing a war

winnig a battle, loosing a war



Rony pôs o pacote marrom dentro da capa ao entrar na biblioteca. A última coisa que queria era ser expulso do local por trazer comida até ali, sabia que se Madame Pince descobrisse seria uma confusão. Mas era por uma boa causa... Dava graças de ter pelo menos aquela sexta à tarde livre, não fazia idéia de como a amiga conseguia manter as obrigações de monitora-chefe e ainda ter tempo para outras coisas... A verdade era que o cargo que McGonnagal havia lhe passado estaria bem melhor ocupado por ela, e Rony havia feito questão de ressaltar isso para a garota quando recebeu a notícia.

Volta e meia, Harry aparecia para fazer companhia durante alguma obrigação, como supervisionar detenções ou algo do tipo... O que ele notava partir do esforço do amigo de reatar a amizade, o que era válido... – pensou considerando por um momento. - Mas ainda sim...

Identificou a amiga sentada no canto da biblioteca, ela tinha a cabeça baixa, aparentemente lendo um livro excepcionalmente grande que jazia à sua frente. Com um sorriso, observou a amiga por um momento, era definitivamente uma cena típica...

- Sanduíche... – falou se aproximando por trás da amiga e colocando o pacote sorrateiro sobre o livro. Ela parou por um momento e observou o embrulho marrom.

- Eu... Oi Rony! – e franzindo ligeiramente a testa acrescentou duvidosa. – Você não deveria estar fazendo suas obrigações não?

- Já fiz... – desconversou sentando-se frente à garota. – É de peru, você gosta... – ofereceu tomando cuidado para não mencionar o fato de que a comida vinha das mãos dos elfos domésticos da cozinha.

- Eu não estou com fome... – murmurou voltando os olhos para o livro à sua frente. Rony ignorou:

- Vamos! Eu sei que você não almoçou hoje... – de fato ela não aparecera durante aquele almoço, na verdade andara evitando locais relativamente cheios ultimamente, não queria correr o risco de acabar tendo que dividir uma refeição com ambos, Harry e Rony, isso não seria agradável...

- Eu sei, mas... Eu nem posso comer aqui Rony. – argumentou, mas o amigo estava irredutível.

- Não seja por isso... – falou se levantando e tomando o livro das mãos da amiga. – Vamos lá pra fora.

- Rony... Tá frio... –retrucou.

A verdade era que rajadas fortes de vento realmente passavam pelos jardins, anunciando um inverno frio e bastante longo, entretanto, não estava nevando. E foi esse o argumento que ele utilizou para convencer a amiga a vir, até que a própria acabou cedendo...



- Isso está muito bom... – murmurou Hermione se servindo de outra mordida no seu sanduíche. – Onde você conseguiu mesmo? – perguntou com ar desconfiado.

- Er, na cozinha... Mas foi uma causa justa, além do mais, é só um sanduíche... – ela não respondeu, apesar de parecer ter relevado.

- Então... Como você está? Nós não temos te visto muito ultimamente... – Hermione notou, de súbito, pelo tom do amigo, que ele se referia a si mesmo e a Harry. Ela olhou para Rony de relance ao pararem sob uma arvore de copa larga e alta.

- Eu, eu estive ocupada... – mentiu. Rony parou calado por um momento até que disse sem rodeios:

- Você não está evitando agente, está? – ela se virou rapidamente. Ele continuou. – Você está evitando ele? – Hermione virou o rosto e encarou o lago em silêncio. Rony observou a garota. – O que? Nós não falamos nele mais agora? – questionou frente ao silêncio da amiga.

- Eu não sei... Falamos? – perguntou com um ar cauteloso, ainda com os olhos no lago à frente. Rony baixou os olhos ao responder:

- Nós ainda somos amigos, sabe... – disse honestamente, olhando para a amiga de esguelha. – Apesar de tudo...

- Eu... Eu sei disso... – disse virando o rosto para o lado oposto.

- Certo... – acrescentou com um esgar. – Eu só estou dizendo... Quero dizer você não deve se sentir culpada, ou...

- Então quem deveria? – cortou a garota fazendo menção de se afastar, mas o amigo a deteve:

- Ninguém. Olhe... Ele gosta de você. – e respirando fundo continuou. – Eu gosto de você.

- Rony eu...

- Ninguém tem culpa de nada. Só aconteceu... – falou ele. Hermione se manteve calada, não sabia o que dizer, se deveria se desculpar ou... Estava presa entre vergonha e desconcerto diante da abrupta declaração do amigo. Um momento de silêncio se seguiu até que ela tentasse:

- Eu só... Eu queria... Eu queria que as coisas fossem como antes... Sabe...? – murmurou Hermione, que não tinha muita noção do quão próximo Rony estava ao seu lado.

E então. Ela virou para olhar para o amigo e ele a beijou.

Foi tão repentino e inesperado, que por um momento, ali, Hermione se manteve completamente estática, apenas extremamente surpresa. Apenas por um segundo, pois antes mesmo que tivesse ciente de qualquer ação, já havia posto rapidamente a mão esquerda no peito do amigo, e o afastou involuntariamente. – O que ele estava fazendo? Aquilo era... Errado!

Até que levantou os olhos e encarou o garoto. Pela expressão mortificada do amigo, ela percebeu que obviamente não havia sido rápida o suficiente para substituir a sua expressão de espasmo por outra. Hermione moveu os lábios em busca de alguma palavra que pudesse remediar o fato de que acabara de rejeitá-lo, entretanto som algum saía de sua boca.

Rony deu as costas e começou a se afastar.

- Não... Rony, espere... – mas o garoto, ou não ouviu, ou estava ofendido demais para se quer continuar ali. Hermione adiantou o passo e se interpôs no caminho dele fazendo-o parar. Ela se sentia horrível, como ela poderia fazê-lo entender aquilo sem magoá-lo? – Rony, eu... Eu sint...

- Não. Não diga que sente muito. – Hermione na lembrava de jamais ter visto uma expressão tão fria e dura no rosto do amigo.

- Mas... Rony! Escute, eu... Espere! – pediu ela segurando o braço do amigo que já caminhava pra longe dela de novo. – Eu...

- Você gosta de mim?

- Gosto! Mas...

- Não como dele. Certo? – completou Rony com um esgar. Hermione baixou os olhos marejados de lágrimas.

- Rony... Você, você é meu melhor amigo... E... E você pode contar comigo, pra qualquer coisa... Eu vou sempre ser sua amiga!

- Só uma amiga...? – perguntou. Hermione pode notar ainda um resquício de esperança no tom do garoto. Ela não respondeu, baixando os olhos novamente.

- Eu gostaria que as coisas fossem diferentes... Eu gostaria que você... Eu gostaria que fosse você...

- Mas não é...

- Não... Não é...



Harry desceu as escadas em direção aos jardins, puxando o casaco para mais junto de si, repassou a conversa que acabara de ter com Giny.

Passara a última meia hora procurando o amigo, arriscou uma partida de xadrez com Simas... Não era a mesma coisa. Caminhava pelos corredores frios do castelo por quase de minutos quando encontrou Giny, que para sua surpresa, lhe informara que havia visto o irmão saindo do castelo com Hermione a tira-colo.

Aquilo era ótimo... Ali estava ele, em busca do amigo em prol da amizade recém-reatada, e onde ele estava? Pelos jardins! Com Hermione!

- Ótimo... – murmurou Harry mal-humorado enquanto passava pelos portões, com um sentimento percorrendo o estômago, que ele reconheceu rapidamente como ciúmes.

Uma forte rajada de vento atingiu-o assim que pés os pés nos jardins. Harry parou por um momento, levantando os olhos fitou o céu. Nuvens cinza e pesadas se acumulavam e aproximavam cada vez mais do castelo... Definitivamente, aquele seria um dos invernos mais frios que já presenciara... Bom... Não importando a nevasca ou temporal que viesse o tempo certamente combinava com seu humor...

Presumindo que ambos Rony e Hermione estariam na cabana de Hagrid (obviamente na melhor das hipóteses) Harry seguiu direto para a casa do amigo.

Talvez ele não devesse ir... Não tinha uma sensação muito boa com relação aquilo... De fato, desde que Giny lhe falara que havia visto os dois saírem em direção aos jardins, estava com uma ligeira sensação de que já sabia aonde aquilo iria acabar...

Sacudindo a mente pra longe daqueles pensamentos, Harry estendeu a mão direita e deu um a batida de leve na porta.

- Hagrid! – não houve resposta. – Hagrid! – chamou Harry novamente, agora batendo ainda mais forte.

Nada.

Harry caminhou até a horta, e deu a volta no casebre. Todas as janelas estavam fechadas.

- O que diabos...? – seguindo em direção à janela, Harry procurou um vestígio de presença na casa. O local estava completamente vazio... Estranho... Considerando que era sexta-feira... Se não muito se enganava, Hagrid deveria estar ali naquele horário não? A não ser que algum imprevisto houvesse surgido...

Deixando o pensamento de lado. Harry se ocupou metodicamente em voltar a procurar Rony. Caminhando agora em direção ao lago, Harry não demorou muito para chegar até a margem, identificando rapidamente os dois amigos ao longe. Acelerando o passo, Harry parou quase que instintivamente ao observar a cena. Eles pareciam estar conversando... – Hermione se afastou alguns passos, mas Rony segurou seu braço em seguida. – Ele não devia estar ali. Estava espionando, certo? Aquilo era errado, muito errado... – falou uma vozinha no fundo da mente de Harry. Entretanto, o pensamento já havia se esvaído no segundo seguinte.

O que estava acontecendo? – pensou enquanto observava Hermione falar alguma coisa. – Talvez ele devesse se aproximar anunciar a sua presença... Seu pensamento morreu no instante seguinte.

Hermione se virou e então, Rony a beijou.

Harry piscou. Eles...? – uma sensação amarga começou a subir-lhe pela garganta. Com a noção de que estava prestes a passar mal, Harry deu as costas e seguiu a passos largos de volta para o castelo...

Não precisava ver mais... Atingiu os corredores do castelo muito mais rápido que quando viera. O local estava também completamente vazio o que era mais uma vez, intrigante... Mas Harry não ligava, não importava... Ali, naquele momento, se sentia completamente estúpido... Não deveria ter voltado. Pra quê voltara afinal? Por alguém que nem...

Ele havia cavado sua própria cova... Não havia? – falou uma vozinha venenosa em sua mente. – Ele foi quem foi embora, e se não tivesse ido... Podia ter sido ele lá fora... Não Rony. E que diabo de amigo era aquele? Só esperando para que Harry desse as costas... Muito confiável... – acrescentou com amargura, e se perguntando quanto tempo os dois haviam esperado desde que havia partido para começar a...

Na hora em que atingira o retrato da Mulher Gorda, Harry já imaginava involuntariamente toada as possíveis cenas iguais àquela que haviam acontecido, e das quais ele não tinha conhecimento. E só de imaginar, seu estômago embrulhara de raiva indignação, e acima de tudo, terrível e devorador ciúme.

De fato, estava tão desconecto da realidade agora, que nem ao menos notara que assim como os corredores, a comunal estava completamente vazia. O quadro da Mulher Gorda, também não se mostrava diferente, pendurado de lado dando completa passagem para um Harry furioso que seguiu direto para seu dormitório, e lá ficou.



Passara a tarde inteira esperando por Rony. Após o que pareceu ser meia hora remoendo a cena, Harry decidira que deveria tirar aquilo a limpo de uma vez por todas, não só com ele, mas com ela também. Afinal, de que adiantava ambos reclamarem com ele e o acusarem de mentir, quando na realidade, eles haviam mentido durante todo aquele tempo?

A tarde já começava a definhar e os céus se mostravam ainda mais escuros lá fora, quando Rony voltou.

O quarto estava completamente vazio e na penumbra. Harry se encontrava agora num estado tão imóvel e silencioso, que não era de se admirara que o amigo se assustasse com a voz repentina surgida do nada.

- Você demorou. – Rony deu um salto para longe caindo sentado na cama. Uma expressão de surpresa tomando conta do rosto. Olhando em volta em busca da voz, identificou Harry sentado na sua própria cama. Tinha os braços ao redor dos joelhos dobrados. O rosto apoiado nos mesmos mantinha uma feição extremamente séria e fria.

- Eu... É eu estava nos jardins. – respondeu Rony com um tom seco, e com um leve tom de confusão acrescentou. – Você notou que os corredores estão vazios? - Harry levantou a cabeça e encostou-se à cabeceira da cama:

- Você se divertiu?

- Eu... O que?

- Eu perguntei se você gostou... – repetiu Harry.

- O que? – questionou Rony, que começava a se irritar com os rodeios do amigo.

- Do beijo. – disse Harry num tom frio e cortante. Rony parou por um momento e um segundo de silêncio se fez até que ele se voltou para Harry com um ar de indignação:

- Você deu pra espiona os outros agora foi?

- Oh! Se eu soubesse o que estava acontecendo eu não teria ido lá, acredite! – retrucou Harry elevando o tom de voz com extremo sarcasmo.

- Harry... – começou Rony com uma conotação surpreendentemente conciliadora. Entretanto, ao contrário do que esperava isso pareceu irritar o amigo ainda mais.

- Eu só me pergunto... Quanto tempo vocês levaram pra começar a se agarrar desde que eu fui embora! – Rony piscou frente ao insulto, não só a ele, mais Hermione também:

- Você é mesmo idiota não é? – rebateu Rony agressivamente.

- Como é? – retrucou Harry se levantando, e sentindo que estava prestes a voar em cima do amigo e quebrar-lhe a cara.

- Você não viu agente se beijando seu estúpido! Você ME viu beijando-a! – foi a vez de Harry piscar e absorver o que o garoto acabara de gritar. Rony respirou fundo. – Você... Eu não acredito que eu estou fazendo isso... – murmurou em seguida, para quem pareceu ser ele mesmo. Harry se manteve parado, com a sensação de que a onda de raia que havia tomado conta dele começava a se esvair.

- Eu vi.

- É! E como sempre você é o dono da verdade não? – rebateu Rony com ironia. – Sabe do que mais? Eu gosto dela sim! Eu, gosto dela! E se eu pudesse! Eu faria de novo! – soltou Rony. Harry não revidou. – Mas... Veja, tem esse “pequeno” problema... Que não importa o que eu faça, e apesar de tudo que você fez... Deve ter alguma coisa muito errada com Hermione, porque ainda sim, ela gosta de você... – Harry abriu a boca para dizer algo, mas fechou-a novamente, abrindo de novo, começou com a voz fraca e totalmente avessa a que começara a discussão:

- Rony...

- E sabe qual é a pior parte? Você não ta nem aí!

- Isso não é...

- É sim! Se você ligasse não teria feito o que fez!

- Eu só quero...

- Você não sabe o que quer! – cortou Rony. – Você diz que liga, mas mente! Você diz que gosta dela, mas foi embora!

- Você não sabe do que está falando...

- Então me diga! Eu achei que fôssemos amigos!

- Nós somos!

- Então diga! – Harry respirou fundo. Ele havia adiado aquilo por muito tempo mesmo... Levando os dedos aos olhos, Harry retirou os óculos e sentou-se na cama baixando a cabeça. Rony sentou–se a sua frente.

- Quando nós fomos... Quando nós fomos ao Ministério, para salvar Sirius... Lucius... Ele pediu pela profecia, lembra...?

- Lembro. Mas ela se quebrou, certo? Por que isso é importante?

- Exatamente... – respondeu Harry. – Aquela... Bom, não era a profecia, exatamente... Aquele era o registro da profecia... – Rony franziu o cenho. Harry continuou. – Quando Dumbledore e trouxe para Hogwarts de volta... Ele... Ele me mostrou a verdadeira profecia... – aqui Harry parou. E um momento de silêncio se fez até que Rony questionou cauteloso:

- É mesmo sobre você e...?

- Voldemort? É sim... – respondeu Harry de cabeça baixa.

- Então? O que diz? – perguntou Rony. E Harry disse. Toda a profecia... Era estranho como depois de tanto tempo, as palavras de Dumbledore ainda ecoavam na mente de Harry... Como se fosse ontem...

Rony não disse nada. Ele não precisava. Dizer que Harry se sairia daquela como todas as outras vezes? Não... Harry sabia que o amigo estava do lado dele, apenas pelo olhar assustado que tomou conta dos olhos dele enquanto Harry falava.

- Então... Vold... Ele sabe não é?

- “Voldemort” Rony, o nome é Voldemort... E sim, ele sabe.

- Você já contou a ela? – Harry fitou o amigo, ele estava falando de Hermione, obviamente.

- Não. E você não vai contar!

- O que? Você não pode esconder isso dela! – reclamou Rony exasperado.

- Posso sim! – insistiu Harry. – Se ela descobrir... Ela... Ela já tem coisa demais na cabeça certo? – Rony parecia chocado com a decisão de Harry de esconder a verdade de Hermione a qualquer custo.

- Ela é sua amiga... Ela merece saber.

- Não! E fim de assunto Ronald! – retrucou Harry com firmeza. Um momento de silêncio se fez no quarto.

Um pequeno clique soou nos ouvidos de Harry, que voltou os olhos rapidamente para a porta do dormitório. A porta acabava de se fechar, mas não sem que Harry visse antes um vulto de cabelos longos e cacheados saindo em disparada.

- Hermione... – Harry se levantou e correu em direção a porta com Rony em seu encalço.

- Você acha que ela ouviu? – questionou o amigo descendo as escadas do dormitório logo atrás de Harry. Ele não respondeu. – Certo... Pergunta estúpida...

Harry não deu ouvidos a Rony. Tinha que encontrar Hermione, será que ela tinha ouvido tudo mesmo? Ou...

- Harry! Rony! – gritou uma voz feminina esbarrando com os dois na saída do retrato.

- Lilá... – murmurou Harry ajudando a menina a se levantar. E com um tom urgente perguntou sem rodeios. – Você viu Hermione? – mas a menina parecia ainda mais afobada e desesperada que ele próprio...

- Hãn? Eu... Vi, ela saiu correndo... – respondeu apontando por aonde viera. - Harry, vocês não deviam estar aqui! Disse ao se levantar e voltar a correr desembestada pelo corredor.

- O que? Porque não? – perguntou Rony. Mas a menina já ia longe. – O que houve?

- Ela ouviu... – murmurou Harry que agora tinha absoluta certeza de que qualquer chance de se acertar com a amiga agora corria se não por menos, por um fio...

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