"O ORÁCULO"



Harry não estava bem. Fisicamente, mentalmente, psicologicamente. A viagem fora mais cansativa do que ele jamais poderia esperar. Seus ombros e pernas doíam e ele não dormia fazia uma quantia considerável de tempo... N a verdade, o que incomodava mesmo não era a fadiga...

Pelo menos ele agora já estava fora do país... Não que isso fosse um ponto positivo, até mesmo porque agora sim ele estava oficialmente perdido. Harry observou o porto ao seu redor. O ambiente nada familiar também não era dos mais convidativos... E já que não havia muito que se fazer e ele não tinha a mínima idéia de por onde começar. Fez a primeira coisa que lhe passou pela cabeça:

- Oi... – tentou Harry sem sucesso. O homem não atendeu. – Com licença! – chamou Harry novamente. Largando o copo que limpava animadamente o rapaz parou e observou Harry:

- Pois não...? – exclamou ele. O pub era incrivelmente barulhento e abafado. De modo que Harry mal ouviu a resposta do barman.

- Certo! – disse Harry também aumentando o volume de voz. – Eu queria uma informação... – pediu ele se aproximando. – Como eu faço para chegar até Lifford...?

- Lifford? – o rapaz pareceu surpreso. – Você está bem distante de lá garoto! – exclamou.

- Estou...? – murmurou Harry se sentindo abatido. Sentando-se no banco próximo, e pondo a mochila ao lado. – Como eu faço para chegar lá?

- O qu..? Ah sim! Lifford... – repetiu o homem que já havia desviado a atenção para outra conversa. – Hei! Jeffrey! – gritou o barman de repente, fazendo Harry saltar do banco em alerta. A última coisa que ele queria era alarde... – Esse garoto aqui ta querendo saber como chegar até Lifford!

- Lifford?! –gritou o homem de volta do fundo do bar. – Bom... – Quem pergunta?

- Esse garoto aqui! – respondeu o barman novamente apontando espalhafatosamente para Harry, que começava a se arrepender de ter entrado no local.

- Sabe...? E - eu estou bem... Esquece... – tentou Harry, mas já era tarde demais...

- Ele tem que pegar o trem pra Castlebar! – exclamou o senhor do fundo do pub, sem dar muita atenção ao desespero de Harry.

- Castlebar! Claro! Como eu pude ter me esquecido... – comentou o barman se voltando para Harry novamente. – Viu garoto? De lá é só você pegar um ônibus... – acrescentou, agora sorrindo pela primeira vez. Tornando a sua feição ainda menos agradável na opinião de Harry.

- Certo... Eu vou me lembrar disso...

- Eu não te conheço não? – Harry pode ouvir uma voz de mulher vinda do seu lado esquerdo.

- Não, eu acho que não... – retrucou Harry sem levantar rosto e se preparando para se levantar. Puxando o capuz para perto do rosto, Harry pode ouvir a senhora ao lado exclamar:

- Conheço sim! Você é... – um barulho de sineta anunciando a entrada de alguém no bar interompeu à mulher.

Duas pessoas entraram no bar sem demora. Harry não viu quem era, mas pode imaginar sem dificuldade alguma que ou era algo muito bom, ou algo extremamente ruim, visto o silêncio que se seguiu no local.

- Nós estamos procurando por um garoto... – mais alguns passos se fizeram ouvir no pub. Harry sentiu um calafrio na espinha ao reconhecer a voz do homem...

Dolohov...

Apertando a varinha fortemente dentro do casaco, Harry manteve-se o mais imóvel possível.

- Obliviate. – murmurou apontando para a mulher. Com uma olhada rápida, Harry pode observar os dois comensais se ocupando em buscar ao fundo do bar. Levantando-se lentamente, Harry se encaminhou silenciosamente para a porta. Foi quando estirava seu braço para o trinco que ouviu o homem exclamar:

- Bem... Nós vimos um garoto... Ele está logo ali. – o dedo longo e enrugado do velho apontou diretamente para Harry, que puxou a varinha sem pensar duas vezes:

- Orbis! – exclamou Harry com um aceno da varinha. Uma rajada em forma de furacão saiu da ponta do objeto levantando poeira e objetos no ar. Gritos e exclamações rapidamente tomaram os ouvidos de Harry.

O local estava uma confusão. Todos juntos decidiram sair do pub em desespero, o que auxiliou Harry, que saiu sem demora do local, correndo para a estação mais próxima.

Sua cabeça estava a mil... Como...? Como eles o acharam...? Obviamente ele estava sendo seguido. Talvez apenas esperassem por um momento em que estivesse longe o bastante para não poder pedir ajuda. Ele precisava de ajuda...

Harry atravessou a rua sem pensar, olhando a sua volta. O local estava vazio. Passara uns bons minutos correndo sem nem olhar para trás. Nada... Não havia nada. Ele estava completamente, definitivamente perdido.

Foi a mera menção dessas palavras em sua cabeça que Harry ouviu um rugido familiar... Dando um passo para trás, Harry voltou para a segurança da calçada antes que fosse atropelado pelo enorme ônibus vermelho que estacionou logo a sua frente:

- Bem vindo ao Noite Bus Andante! – exclamou uma voz jovem e feminina com entusiasmo. Harry piscou.

Claro... Ele estava perdido, então o Noite Bus apareceu... Mas...

- Vermelho...? – murmurou Harry estranhando a aparência do transporte...

- Olá! – exclamou a garota observando Harry atentamente. Este, só agora tomava noção da presença e do olhar dela sobre ele. Virando o rosto e puxando o casaco sobre o rosto novamente Harry não respondeu.

- Eu sou Jenna... Você é...? – perguntou a mulher, ainda com o olhar sobre o garoto.

- Er... – titubeou Harry sem resposta observando atrás de si.

- Bem, obviamente perdido não? – gritou uma voz masculina e irritada de dentro do ônibus. Harry ouviu gritos vindos de longe...

- Eu preciso ir a Lifford. – disse Harry subindo para o ônibus sem pensar das vezes.

- Lifford então... – disse o velho pisando no acelerador. Foi numa fração de segundo que Harry pode ver um clarão vindo do local onde antes era o bar...

A paisagem mudou rapidamente, de uma pradaria para uma cidade, e então para campo novamente. Harry segurou-se na poltrona após mais um sacolejo.

- O que houve com Stanislau..? – questionou Harry.

- Bem... – começou a garota. – Eu não conheço nenhum Stanislau... Você conhece vovô? É eu achei que não... – continuou ela animadamente sem esperar por resposta. Ainda encarando Harry, continuou. – Pelo sotaque eu acho que você é inglês certo? Então deve estar confundindo... Nós só rodamos aqui na Irlanda mesmo... – concluiu ela com um sorriso.

- Sou... – respondeu Harry sem graça com a atenção.

- Eu tive um namorado uma vez... Ele era inglês também... – comentou com descaso.

- Er... Certo.

- Chegamos! – exclamou a mulher de repente. – Lifford. –disse apontando para a janela escura. – Eu vestiria um casaco se fosse você... Está bastante frio lá fora.

- Certo! Pra fora agora garoto! – gritou o homem no volante.

- Tchau! – Harry ouviu a voz da garota desaparecer junto com o ônibus vermelho num rojão. Ele estava sozinho novamente.

Já era noite. Harry olhou a sua volta, não havia ninguém. Estava no meio de uma encruzilhada. A estrada de terra seguia até onde ele não conseguia mais enxergar, sob a luz de um único poste, Harry observou uma plaqueta balançando ao sabor do vento:

“Bem vindo a Lifford!”.

Pondo a mão esquerda no bolso do casaco, Harry puxou o papel mais uma vez:

- Rua Springles, nº. 1176... – repetiu Harry em voz baixa. Olhando mais uma vez para a placa, Harry pôs a mochila nas costas e começou o que prometia ser uma longa caminhada...

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Hermione dobrou mais uma blusa, pondo a desatenta no malão. Ela não acordara muito bem naquela manhã... Na realidade nem ao menos dormira propriamente dito, havia passado a noite inteira irrequieta... Como se uma sensação ruim lhe incomodasse... Motivo pelo qual agora ela se encontrava terrivelmente, irritada e indisposta, para tudo.

- Molly disse que o resto das roupas já está limpo. – disse uma voz vinda da porta.

- Obrigada Sirius... – respondeu Hermione sem levantar a cabeça.

- Ok... – como ele continuava ali:

- O que foi..? – perguntou Hermione ainda se ocupando em organizar sua mala.

- Nada... – respondeu ele.

- Se você quiser dizer algo é só dizer Sirius... – retrucou Hermione sem levantar a cabeça e com não disfarçada impaciência.

- Bem... Nós...

- Nós quem? – cortou Hermione com a impressão de que já sabia sobre o que era aquilo.

Não havia muito tempo, ela tivera uma discussão com Lupin sobre o mesmo assunto, que obviamente trouxera Sirius até ali:

- Lupin está preocupado, só isso... – tentou apaziguar. – Todos nós estamos.

- Bom, não tem motivo para isso. Eu estou bem, e francamente, já cansei de repetir isso! – acrescentou Hermione agora se levantando.

- Bem... Nós... – mas a garota interrompeu ainda mais irritada.

- Mas vocês não parecem prestar muita atenção nisso não? Enquanto quem realmente precisa de ajuda não tem... – disparou ela venenosamente. A feição do homem endureceu rapidamente.

- Você não sabe do que está falando. – retrucou Sirius fazendo o possível para manter a calma. Não seria muito agradável deixar escapulir qualquer informação,, especialmente com Hermione.

- E isso é graças a quem? – disse Hermione levantando ainda mais irritada com a aparente calam de Sirius.

- Harry já é grande o suficiente para saber... – recomeçou ele, repetindo as palavras do amigo, mais para si próprio que para a menina.

- Oh! Por favor! Besteira! – rebateu com rispidez. – Você acredita tanto nessa bobagem quanto eu! – fechando a mala com violência ela seguiu pela porta parando em seguida e acrescentando – Eu só me pergunto o que fizeram pra te convencer do contrário... – a passos largos, Hermione seguiu em direção aos jardins. Edwiges, que se mantinha empoleirada na janela, alçou vôo logo em seguida.

Não demorou muito para que a coruja encontrasse a menina do lado de fora. Hermione não gostava de passar muito tempo com o animal... Não que o bicho jamais a houvesse incomodado, de maneira nenhuma...

Entretanto... Só a presença da coruja já trazia lembranças suficientes... As quais ela já havia se decidido por deixar de lado. Tentando convencer a si mesma de que a tarefa seria muito mais fácil do que realmente era, ela acariciou o dorso da ave pousada do seu lado. O próprio animal parecia ter entrado numa cruzada contra os planos da garota. Rony ficara responsável por alimentar o pássaro e limpar a gaiola, e por isso, volta e meia, o bicho retribuía com gratidão. Entretanto, era do pé de Hermione que ela não desgrudava apesar da menina nada fazer de agrado.

Mais de uma vez Hermione tentara mandar uma carta para o amigo, por Edwiges obviamente. Que se recusara prontamente, chegando até a morder seu dedo uma ou duas vezes durante as tentativas falhas da garota. Claro...

- Ele cuidou disso também eu suponho... – murmurou ela com azedume e extrema mágoa, parando de fazer carinho na ave, que piou satisfeita.

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- Nós estamos atrasados...

- Nós não estamos atrasados.

- Estamos sim.

- O trem parte as nove Hermione. – retrucou Rony calmamente.

- Por que diabos sua mãe teve que checar a entrada três vezes? – implicou Hermione novamente. Rony apenas resmungou.

A amiga estava irritantemente nervosa e impaciente naquela manhã. Claro. A idas para Horgwarts já eram por si só estressantes o suficiente... Entretanto, havia obviamente, um ponto a mais. Harry não estava lá.

Estava mais que explicado o motivo pelo qual os nervos de todos ali estavam mais exaltados do que o normal. Rony sabia apesar de nada dizer, que todos esperavam que Harry voltasse antes do fim das férias... Que a fuga seria só um desvario de verão... Mas ele não voltou. E na opinião de Rony, isso significava das duas uma: ou algo muito sério havia acontecido, e ele estava incapaz de voltar... Ou ele realmente não o pretendia...

Verdade que ele próprio estava receoso com a volta à escola. Não tinha certeza de como as coisas seriam... Sem contar claro com o fato de que apesar de não admitir, ele também sentia falta do amigo. A ausência de Harry Potter com certeza não passaria despercebida, e ele estava certo...

- Você viu? – sussurrou a menina para a amiga.

- Vi! – respondeu a garota. – Onde está ele?

- Potter? – disse uma outra menina entrando na cabine logo em seguida. – Eu vi Granger e Weasley entrando no trem... Potter não estava com eles não... Estranho né?

- Talvez ele tenha morrido...

- Você acha? – comentou a outra à menção absurda da amiga.

Rony e Hermione seguiram em direção a ultima cabine. O trem já estava lotado, e a passagem não estava sendo das mais agradáveis. Munidos de duas gaiolas, dois malões e um gato, o caminho se tornava ainda pior graças aos olhares indiscretos que se voltavam para os dois...

- Eu ouvi dizer que ele sumiu durante as férias... – comentou Pansy. – Deve ter fugido de medo...

- Não seja estúpida... – retrucou a segunda monitora. – Eu não me lembro de ter visto Malfoy subir no trem também, você viu? – cutucou.

- Pelo amor de Merlin vocês! – irritou-se Zacarias. – Vocês não acham mesmo que aquela história ridícula de profecia é verdade acham? – questionou ele com azedume. – Quero dizer Potter não é muito diferente de mim ou de você. – continuou apontando para Padma. – Dizer que ele é quem vai...

- A questão não é essa. – insistiu a menina. – O fato é que ele sumiu. E... – um silêncio pairou na cabine dos monitores ao barulho da porta se abrindo para a entrada dos monitores da Grifnória.

- Não se acanhem por nossa causa. – ironizou Rony ao observar o clima tenso no local. Obviamente eles estavam falando de Harry...

- Então! Er... – como vocês foram de férias? – perguntou Padma, cujo sorriso morreu lentamente ao enxergar as expressões dos dois.

- E com isso você espera que agente diga alguma coisa sobre Harry? – respondeu Rony secamente.

- Bem... Eu. – começou a menina sem graça.

- Onde ele está? – questionou Zacarias se voltando para Hermione que não respondeu.

- Eu poderia dizer, mas isso não é exatamente da sua conta, certo Smith? – rebateu Rony que já começava a se irritar.

- Será que dá pra irmos direto ao assunto? - reclamou Hermione encerrando a discussão. – Aparentemente nós vamos ter mais tarefas ainda esse ano... – comentou abrindo a carta que recebera de McGonnagal durante as férias.

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- Ouch! O qu...? – Harry colocou a mão esquerda dentro da camisa e puxou o cordão pendurado no pescoço. A pedra estava rubro vivo. Massageando o local onde acabara de se queimar. Lembrou-se mentalmente de perguntar à amiga, o que diabos significava aquilo... Mas a realidade da sua situação acabou totalmente com a idéia. Obviamente não havia muitas chances de que ele pudesse rever a garota, e mesmo que houvesse, Harry tinha a sensação de que não perderia tempo perguntando aquilo...

Tomando mais um gole de chocolate quente, Harry olhou a sua volta no bar... Faziam mais de três dias que ele estava naquela cidadezinha, e sua busca não dera em absolutamente nada. Rony e Hermione já estariam em Hogwarts àquela hora. Sentindo uma sensação desagradável subir-lhe pela garganta, Harry tentou vigorosamente afastar os pensamentos dolorosos da cabeça. As coisas já estavam ruins demais sem ele se lamentando por não poder estar onde queria... Ou com quem queria...

Mais de uma vez Harry se perguntara se Dumbledore não escrevera o endereço errado. Lendo o papel mais uma vez ele constatou que pelo menos o erro não fora da parte dele... Talvez ele houvesse errado de vila... Não, ele viu a placa na estrada. Aquela era a cidade certa. A questão agora era como achar o lugar indicado pelo diretor... Afinal, Harry não podia simplesmente sair por aí perguntando aos trouxas onde ele poderia encontrar um oráculo... Podia?

Já passava da meia-noite, e as ruas do vilarejo, que já era anormalmente vazio, se tornaram ainda mais desertas. O caminho era iluminado pobremente pelos raros postes a óleo que se encontravam nas esquinas. Puxando o casaco para junto de si Harry olhou a sua volta. Não havia uma alma viva sequer. Barulho algum exceto os seus próprios passos na rua de lajotas.

Springles... Que tipo de nome era aquele afina? Não era à toa que ele não encontrava a maldita rua... Reclamou Harry consigo mesmo. O que diabos ele estava fazendo ali afinal? Ele nem ao menos sabia o que ia encontrar... Ou até mesmo se ia encontrar alguma coisa que valesse à pena aquilo tudo...

Chutando o que via à sua frente Harry caminhou mais um pouco. – Ele só queria voltar para casa... Hogwarts... E seus amigos... Isso claro, se eles o aceitassem de volta obviamente... Harry sentiu um mal estar só de imaginar a possibilidade de ao invés de uma recepção calorosa a amiga o recebesse com quatro pedras na mão... Extravasando a imensa frustração, Harry chutou a primeira coisa que viu pela frente. Ouvindo o barulho, ele estancou.

Um som abafado se fez ouvir na escuridão do local. Abaixando lentamente, Harry apanhou o que pareceu ser um pedaço mofado de madeira, limpando a poeira com a mão rapidamente, Harry observou o que parecia ser uma placa caída do seu lado direito...

Com ligeiro esforço, o garoto leu o que pode do aviso:

- Sp...iles...? Sp... Springles...! – levantando o rosto e se estirando rapidamente Harry encarou o beco a sua frente. Com os ânimos renovados, ele caminhou em direção a estreita passagem.

Caminhando pelo que lhe pareceu quase uma hora completa, Harry finalmente achou o que aparentava ser o fim de um (anormalmente longo) beco sem saída.

- Ótimo... – reclamou ele puxando a varinha em seguida. – Lumus! – o local se iluminou rapidamente sob uma luz esbranquiçada. Olhando em volta, Harry procurou por algo que chamasse o mínimo de atenção, magicamente falando...

Mas não havia nada. Nada além de uma máquina quebrada no canto do muro... Parecia mais um brinquedo que qualquer outra coisa, um boneco de plástico com um turbante roxo mantinha a boca escancarada num sorriso constante, cercado por uma redoma de vidro. Extremamente tosco na opinião de Harry... Se aproximando mais um pouco, Harry pode ler os dizeres no topo:

-“ O oráculo – 0,25 cents.” – seu estômago afundou. Era aquilo. O oráculo... Um brinquedo. Ele atravessara sabe lá quantos quilômetros para encontrar um brinquedo de parque! Aquilo era uma brincadeira? Uma punição por ter partido?

Revoltado consigo mesmo Harry chutou a máquina com toda a força que pode, estava revoltado e já dava meia volta para sair do lugar quando algo lhe chamou:

- Hei!! – Harry parou. – Isso foi extremamente rude sabia? – disse a voz de matraca extremamente irritada. – girando em seus calcanhares, Harry observou a maquina novamente. – Sim! É você mesmo! – repetiu o boneco.

Harry observou o objeto, que aparentemente havia ganhado vida, e não parecia muito feliz. De fato, as sobrancelhas vermelhas e pintadas da sua testa estavam agora juntas e sua feição denotava grande irritação. Ele não sabia o que dizer:

- Er... E-eu sinto muito...? – disse ele pasmo.

- É bom mesmo! – resmungou ele. – Hunf! Ingleses... Bando de mal-educados... Tinha que ser mesmo... – continuou ele como se não estivesse mais ciente da presença de Harry ali.

- Você é o oráculo...? – perguntou Harry se aproximando devagar.

- Eu? – repetiu o ser. – Mas é claro que não! Eu pareço um oráculo pra você?! Seu cabeção? Francamente! E eles me disseram que você era esperto! Hunf! Claro...

- Hei! – reclamou Harry que já começava a se irritar novamente.

- Então?- perguntou a máquina.

- O que? – retrucou Harry franzindo o cenho.

- Você não vai dizer?

- O que? – repetiu o garoto. – foi a primeira vez que Harry viu um boneco respirando fundo.

- A senha é claro! O que mais? – Harry teve um ligeiro relance do bilhete que lera a pouco...

- Er... “Cata-ventos ululantes”...? – disse ele inseguro.

- Finalmente! – soltou o boneco. – O que você está esperando? Entra aí! – disse a máquina apontando a sua esquerda com um aceno de cabeça, na falta de ouro membro.

- Er... Certo... – disse Harry entrando pela abertura ao lado da máquina, a qual definitivamente não se encontrava ali antes...

- É muito rude entrar na casa dos outros com a varinha em punho sabia? – disse a voz feminina calmamente. Uma luz ofuscante iluminou os olhos de Harry, que se acostumando rapidamente com a claridade veio a descobrir que ele estava de fato no meio do que parecia ser uma antiga sala de estar. – Você parece com fome. Eu fiz biscoitos pra gente... Você quer um pouco?

- Não obrigado. Quero. – acrescentou ele rapidamente antes mesmo que pudesse se conter. Surpreso com a sua própria falta de controle Harry observou à senhora que trazia uma bandeira de biscoitos e sentava-se à sua frente:

- Chá? –ofereceu a senhora calmamente. Harry não respondeu, ainda observava a mulher atentamente, ainda com varinha em punho. – Não há necessidade disso eu lhe asseguro. – comentou apontando para a mão direita de Harry. Meio que sem noção do que fazia Harry guardou a varinha prontamente. – Eu sinto muito por Frederico... – acrescentou apontando para a porta. -Ele tende a não ser muito agradável com britânicos... –ela continuou - Bem... Deixa-me olhar melhor pra você. Venha cá. – chamou a mulher. Harry se aproximou, ajoelhando-se junto à poltrona da mulher, que segurou o seu rosto com as duas mãos analisando-o criticamente.

- Er...

- Eu vejo o que Albus quis dizer... – comentou a mulher. – Você realmente se parece com o seu pai... Um pouco mais alto do que eu esperava eu devo dizer... Eu vejo o porquê dela gostar de você... – acrescentou a senhora com um sorriso.

- A senhora é o oráculo? – perguntou Harry sentindo a conotação absurda que a frase tinha.

- Eu sinto muito não ser tão mágica quanto você esperava garoto...

- Não! Eu... - tateou Harry.

- Tudo bem... – cortou a mulher calmamente. – Você tem uma pergunta eu suponho...

- A profecia... Eu... É mesmo sobre mim?

- Mas eu achei que você já sabia a resposta para essa pergunta... – o último fiozinho de esperança que Harry tinha se partira...

- Mas... Eu não sei como! Como? Eu...? – tateou Harry com um tom de desespero na voz, que pareceu ser notado pela velha:

- Eu sinto muito querido... Mas é o que é.

- Mas...

- Mas... – interrompeu a senhora novamente. – Você tem um dom.

- O qu...?

- A morte é o seu dom. – disse a mulher com um sorriso que na opinião de Harry parecia mais um misto de pena com admiração.

- Morte? – repetiu Harry secamente. – A morte é o meu dom? – repetiu mais uma vez. Como se ele precisasse de alguém lhe dizendo aquilo... Quero dizer... Sirius, e seus pais, e Neville... O quão óbvio era aquilo? Aquela conversa era pra fazê-lo se sentir melhor...?

- Isso. – confirmou a velha simplesmente. – Você deve voltar agora...

- Voltar? – repetiu Harry observando a mulher se levantar e seguir em direção à lareira. - Mas...

- Eles vão precisar de você lá... E ela também... – acrescentou a velha agora encarando Harry seriamente. – Isso... Ela também... – murmurou se virando para a estante e pegando um pacote de pano em suas mãos. – Estenda a sua mão. – pondo um pouco de pó nas mãos de Harry, ela apontou para lareira.

- O que eu devo...?

- Dumbledore deve estar te esperando agorinha... – sem muito tempo para raciocinar direito, Harry foi empurrado rapidamente para a lareira:

- Er... Hogwarts... – disse claramente, com pouca convicção. Uma sensação característica tomou conta de seu estômago, até que tudo era fogo à sua volta.

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