Epílogo



13. Epílogo






Tempo. Muitas pessoas dizem que ele é o senhor da razão. Algumas dizem também que nada melhor do que ele para nos fazer esquecer amores, desilusões, tristezas. Muitas vezes ele só faz o ódio aumentar. O amor também. Ele nos faz pensar melhor, nos deixa mais calmos, nos mostra outros caminhos. Talvez ele ajude, ou ás vezes só atrapalhe. Mas nessa história nada poderia ajudar ou atrapalhar mais ainda.

Fim. Ele pode significar apenas um novo começo. Uma nova chance, um novo caminho, uma nova vida. Pode significar também o fim da estrada, um túnel sem luz. Ás vezes ele é feliz, com sorrisos e pessoas alegres. Mas em outras ele é triste, com lagrimas e pessoas solitárias. Ás vezes, por mais que ele nos faça sofrer ele é o melhor que pode acontecer, mas não é por isso que deixamos de sofrer. Nessa história o fim também está presente. Um fim que infelizmente não foi alegre, que não teve sorrisos e juras de amor eterno. Apenas lagrimas, decepções, tristezas.

Amor eterno. Esse talvez seja o amor mais difícil de se manter, o mais difícil de se dominar, e o mais difícil de se viver. A maioria das pessoas que o vivem nem mesmo percebem, pois não conseguem ver a magnitude desse amor, não conseguem ver o quanto ele é importante para as suas vidas. Algumas poucas pessoas sabem o significado desse amor. Essas pessoas são pessoas que o viveram tão intensamente que não conseguem descrevê-lo em palavras, que o sentiram de maneira tão devastadora que ele fez seus corações sangrarem, mas pessoas que de maneira alguma se arrependem de tê-lo vivido. Pessoas que amaram, que sofreram, que viveram intensamente. Pessoas que muitas vezes não tiveram histórias felizes, mas que souberam o significado da palavra “amor eterno”. Pessoas que acima de tudo nunca vão esquecer aquele amor e que vão sempre continuar sabendo que todo amor é eterno.

Todas essas palavras podem ser perfeitas, ou talvez pequenas demais para descrever o fim dessa historia de amor que tinha tudo para ser eterna, mas que ao mesmo tempo sempre estivera com os dias contados.

Dor, explosão, ódio, lágrimas, gritos, silêncio. Isso foi o que marcou as semanas que se passaram após o fim.

Cada um de um lado, cada um sentindo aquele fim de uma maneira diferente, cada um sofrendo da sua maneira.

Bellatrix, a dama que não se admitia sofrer, se viu, pela primeira vez, desmoronando. Arrependimento, era o que mais sentia. No fim se recompôs. No fim todos se recompõem. No fim todos esquecem. Ela não esqueceu. Apenas guardou seu sofrimento para si mesma. De volta ao mundo de aparências ela voltou a sorrir os mesmos sorrisos falsos de antes, ela voltou a ser a imagem de perfeição que não falhava.

Sirius, o rebelde, o revolucionário que preferiu a solidão. Decepção. Ele não sabia como pôde acreditar que a garota havia mudado. Agora entendia o porque daquela velha frase: o amor é cego. E era mesmo. O amor ainda o cegava. Ainda o fazia crer que aquilo talvez fosse apenas um mal entendido. Mas então se lembrava da expressão no rosto de Bellatrix ao torturar Marlene. Era difícil perceber que uma pessoa tão doce podia se mostrar tão propicia a desejar o sofrimento de outra pessoa. Sentiu dor como jamais havia sentido, mas no final tentou voltar a sua vida habitual, evitando certos corredores, e sempre sentando-se de costas para uma certa mesa, mas voltou a viver. Sem mais extravagâncias, sem várias mulheres. Não queria mais aquilo. Temia que se voltasse a viver a sua vida de antes ela voltasse para bagunçá-la novamente. Temia voltar a se apaixonar mesmo que fosse por outra garota. Mesmo que soubesse que isso não aconteceria tão cedo. Ela ainda estava marcada nele, e ele sentia que estaria eternamente. Nunca a esqueceria, por mais que outras viessem, nenhum se compararia com o seu grande e único amor.

Nunca mais haviam se falado, seus olhares evitavam se cruzar. Tentavam em vão viver normalmente. Tentavam, também em vão, recomeçar longe um do outro. Até que tiveram algum sucesso nas tentativas de evitarem-se. Isso até que o Natal chegou. Como continuar evitando uma pessoa que está na mesma casa que você?

Arrumaram suas malas, despediram-se de seus amigos, voltaram para a mansão.




Ela levantou-se da cadeira onde estava sentada e deixou o livro que lia na mesa. Foi até a janela. As cortinas tapavam a visão, ela duvidou se gostaria mesmo de afastá-la e olhar para o jardim da mansão. Mesmo que não quisesse ele a afetava. Mais do que tudo naquela casa ele a afetava.

Respirou fundo e abriu as cortinas. A noite estava bonita, várias estrelas iluminavam o céu, a lua refletia no lago do jardim. Olhou para as margens do lado e sorriu melancólica. Percebeu que não havia nada para ela naquele lugar; já havia causado destruição demais para ele. Soltou as cortinas e as fechou. Respirou fundo mais uma vez e voltou até a mesa em que estava há alguns segundos atrás. Pegou o livro e o abriu na página em que havia parado. Voltou a lê-lo. Ou melhor: tentou ler.

Em um quarto, abaixo da biblioteca, um garoto fechou a cortina e abaixou a cabeça. Olhou para a cama e viu as malas que ele havia terminado de arrumar.

A principio pensara em sair da casa pelo pó de flu, depois pensou melhor. Sairia daquela casa pela porta da frente, de cabeça erguida e sem olhar para trás.

Parou na porta. Não iria embora sem antes ir aos jardins por uma última vez.

Ele respirou o ar puro da noite. Suspirou. Lembranças. Lembranças que, num passado não muito distante, eram boas, mas que agora não conseguiam ser nada além de cruéis.

Foi até a margem do lago e se sentou. Baixou a cabeça e tentou não pensar em nada. Não conseguiu. Qualquer lugar para que olhava uma nova lembrança invadia sua mente. A cada instante, era como se Ela estivesse ali com ele.

E estava.

Sirius nem ao menos escutou seus passos, nem mesmo a garota sentando-se ao seu lado. Também não sentiu seu perfume. Só percebeu a sua presença quando ela se moveu, tentando chamar a sua atenção.

Ele ergueu a cabeça e a encarou. Sem sorrisos cínicos, sem olhares provocantes. Ela estava sem a máscara. Era apenas Bellatrix; perguntou-se se esta também não era mais uma máscara.

Se perguntou também o motivo de não ter sentido o perfume da garota. Demorou para perceber que ela não mais o usava. Não havia nenhuma fragrância inebriante no ar. Aquilo o deixou levemente alterado. Ela havia descartado o perfume que ele havia aprendido a se acostumar. Foi o mesmo que descartar da sua vida o amor que eles haviam aprendido, juntos, a aceitar.

Ele abriu a boca, mas nenhum som saiu. Tentou novamente começar um dialogo, mas novamente não conseguiu. Ela o encarava e percebeu que quem devia falar era ela.

- O que significa as malas no seu quarto? – perguntou insegura.
- Não é meio obvio o que significa? – respondeu áspero.
- Você está indo embora?
- Sim.
- Por quê? – perguntou tentando não se alterar.

Ele a encarou de forma agressiva. Como se quisesse responder á pergunta da garota apenas com aquele olhar. E respondeu. Respondeu aquela pergunta e muitas outras que poderiam surgir. Ela abaixou a cabeça e ele desviou o olhar para o lago. Ficaram assim durante algum tempo até que ela quebrou o silêncio.

- O que tem de tão interessante no lago? – ela fingiu não lembrar daquela pergunta que talvez tivesse dado inicio a tudo.

Ele sorriu. Um sorriso melancólico, triste.

- Ele me lembra você. – falou firmemente.

Ela voltou a encará-lo. Tristeza. Era isso que ambos viam nos olhos um do outro. Tristeza por um fim trágico. Tristeza por um futuro incerto. Ela voltou a desviar o olhar. Dessa vez quem ficou olhando as profundezas do lago foi ela. Ele por sua vez continuou a olhá-la.

Bellatrix tentava encontrar forças para voltar a encará-lo e dizer alguma coisa. Tentava também não deixar com que as lágrimas que começavam a se acumular em seus olhos caíssem. Tomou coragem e olhou para aqueles olhos azuis que já não eram mais tão brilhantes.

Ele a olhava, não tinha nada mais para dizer, aquilo era uma despedida. Os últimos olhares, as últimas trocas de confidencias. Tentava ver uma saída para aquilo. Mas percebeu que ela não existia. Todas as alternativas haviam acabado no momento em que ele viu o que seu coração não queria ter visto. E, talvez, não quisessem que houve uma alternativa.

Nunca haveria coisas boas na vida de um Black, e só agora viam a veracidade desta afirmação.

Levantou.

Ela levantou junto. Ficaram assim, um de frente para o outro, se encarando. Ela quebrou o contato visual e fez um gesto que fez Sirius desmoronar ainda mais.

Levou a mão direita até a esquerda e tirou um delicado anel de prata, com um solitário no centro. Após tirá-lo de seu dedo ela o olhou por alguns instantes e estendeu a mão para Sirius. Ele instintivamente ergueu o braço e pegou a mão da garota. Um último contato. Ela deixou o anel na mão dele e desfez o contato entre suas mãos.

- É seu. Dê á alguém que realmente o mereça. – sussurrou Bellatrix.
- Eu vou embora...- ele olhou para ela confuso, desnorteado. – Adeus.

Ela consentiu com um balanço de cabeça e ele virou-se. Andou pelo gramado até chegar á porta que dava acesso á casa. Não olhou para trás como ela esperava que ele fizesse.

Tudo que ela tinha vontade de fazer era largar tudo e sair correndo até ele, o abraçar e pedir perdão. Fugir com ele. Mas alguma coisa a prendia ali, á margem do lago. Talvez fosse seu sangue, sua educação, ou talvez fosse a sua própria vontade. Mas não fez nada. A única coisa que teve forças o suficiente para fazer foi murmurar uma última palavra de despedida.

- Adeus... - sussurrou Bellatrix mesmo sabendo que ele não a ouviria mais.

Ele abriu a porta, passou por ela e a fechou, junto com o seu coração. Muitas viriam, disso ele tinha certeza, mas nenhuma teria real importância para ele. Seu coração pertenceria a Bellatrix até o fim de seus dias.

Ficou ali por algum tempo, algumas horas talvez, até o sol estar quase nascendo. Ficou sentada perto de uma árvore, se perguntando o que havia a atraído nele. Talvez tivesse sido a rebeldia dele, ou talvez o seu heroísmo. Talvez tivesse sido o fato dele ser tão imprevisível ou o fato dela saber exatamente o que ele iria fazer. Talvez tivesse sido o fato de serem totalmente diferentes, ou o de serem exatamente iguais. Talvez tivesse sido o ódio, ou talvez apenas o amor.

Mas agora aquilo não importava mais. Ela nunca mais o veria, nunca mais falaria com ele, nunca mais o tocaria, nunca mais o amaria. Nunca mais poderia tocá-lo e saber que ele precisava tanto daquilo como ela. O amava, e doía pensar que ela mesma havia acabado com tudo. Mas agora sentia o dever de odiá-lo, e isso lhe dava esperanças de um dia conseguir realmente sentir ódio por ele.

Decidiu torturar Marlene e fez Sirius odiá-la. Decidiu deixá-lo ir sem dizer o quanto o amava e o perdeu. Todas decisões que alterariam drasticamente seu futuro. O faria mais seguro, com mais glorias e mais poder, é verdade. Mas foram essas decisões que tirou de sua a única pessoa pela qual valia a pena viver.

Os anos se passariam, ela voltaria a ser a velha Bellatrix de sempre, ou talvez quase. Fria, fútil e cruel. Uma combinação perigosa quando misturada com rancor e ódio. Nunca se perdoou por ter deixado aquele amor acabar. Anos poderia passar, séculos, milênios, mas ela nunca esqueceria do único que a tinha amado e do único que teve o amor dela. E por isso se penitenciava a cada segundo da sua vida; por isso sempre penitenciaria qualquer um que atravessasse na sua frente.

Ele a chamava de garota viciante, mal sabia ele que aquele vicio um dia terminaria com ele. Ela também não podia saber. Do mesmo modo que não sabia que era muito mais dependente do que imaginava.

Com o tempo chegou Azkaban. Foi torturante vê-lo tão perto e não poder tocá-lo, e não poder fazer nada para ajudá-lo. Sabia que ele era inocente, mas quem acreditaria nela? Também não sabia se era realmente isso o que queria. Inocentá-lo? Isso que Bella faria. Mas na ausência de Sirius havia se tornado em outra pessoa. Não havia mais lugar em sua vida para Bellatrix Black. Havia se tornado Bellatrix Lestrange, simples e fácil assim.

Honraria seu marido, honraria seu lorde, honraria sua família, honraria suas crenças. Honraria tudo, menos seu próprio coração. Deixaria para cuidar dele depois. Um dia talvez tivesse oportunidade de curá-lo de toda dor que havia passado.

Com o tempo perdeu a esperança. Esperança de ser libertada pelo seu grande herói que jamais voltaria. Esperança de se curar de um amor que jamais voltaria. Esperança de que antigos tempos de liberdade voltassem. Perdeu tudo. Menos o que mais queria perder. O coração. Este continuou onde sempre esteve. Continuou ali para lembrá-la quem estava na cela ao lado da sua e para lembrá-la que, apesar da proximidade, ele sempre permaneceria distante.

Os anos dentro da prisão de passaram lentamente, ele já havia ido embora, fugido, sempre covarde. Até que um dia seu lorde veio. Todos foram libertos. Ela recebeu as maiores honrarias de um mestre que a tratava não apenas como uma serva. Lembrou-se de quando tudo aquilo realmente começara. Começara quando seu coração se fechara. Sirius possuía seu coração, Voldemort sua alma. Uma troca justa. Amor por lealdade.

Após liberta ela percebeu que as coisas continuavam do mesmo jeito de antes. Homens de Dumbledore de um lado, Comensais de outro. Os extremos. O extremo da bondade contra o extremo da crueldade. Sirius mais uma vez do outro lado. A barreira eterna entre os dois.

Algum tempo depois veio sua primeira missão após anos. A missão pela qual ela esperava ansiosamente ao mesmo tempo em que daria qualquer coisa para recusá-la. Mas a executou.

Matou a única pessoa que a amou. Matou a única pessoa que foi capaz de amar. Matou o único com quem se importava. Matou seu coração junto. Matou qualquer sentimento bom que ainda restava no seu coração. Matou a única coisa boa que já havia tido na sua vida. Mas jamais mataria aquele amor. O fim poderia vir, mas o fim daquele amor nunca. Jamais o esqueceria. Nunca esqueceu. Apenas o transformou em uma lembrança boa demais para momentos de tortura e cruel demais para momentos solitários; apenas tornou-o uma lembrança que agora não conseguiria mais salvá-la da insanidade total.

Muitas vezes o amor é assim. Forte de mais para se esquecer, cruel demais para se viver e bom demais para conseguir viver sem. Mas acima de tudo intenso demais para acabar.

Tempo. Não, ele não fez bem para ambos. Apenas os transformou em pessoas diferentes. Mais maduras, que souberam aceitar melhor aquela situação – ou talvez nunca aprendessem. Mas nunca esqueceram. Não, essa façanha nem o tempo consegue. O tempo muitas vezes é misericordioso, mas às vezes é cruel. Nós temos apenas que saber aceitá-lo. Aceitar que há males que vem para bem. E que o fim é apenas um novo recomeço.

Fim. Nem sempre bom, nem sempre ruim. Na maioria das vezes ambos. Para eles foi cruel, embora intenso. Sublime, apesar de horrendo. Belo, mas às vezes destruidor. Nessa história temos todos esses sentimentos. Fim. Talvez isso simplifique muita coisa. Apenas fim. Fim de um amor, fim de um sentimento, fim de uma vida. Nenhum dos dois esperava este fim, mas ambos sabiam que um dia ele viria. Mas para eles o fim era apenas mais uma aventura, a aventura eterna em busca do dia feliz que nunca viria.

Amor eterno. Talvez ele esteja reservado para todos que sejam capazes de amar. Talvez todos mereçam um. Ou talvez todos estejam fadados a sofrerem por um. Um amor muitas vezes é passageiro, mas outras ele é tão forte e intenso que seriamos capazes de pagá-lo com a nossa vida. Ela nunca esqueceu, ela nunca superou. Ela o amou até o dia em que ele passou por aquele véu. Após aquele dia o enterrou. Enterrou em seu coração. Um lugar escondido e secreto demais para alguém achar. Um lugar que às vezes nem mesmo ela sabia existir. Ele também a amou até aquele dia. Até o instante em que ainda pôde ver o brilho dos olhos dela, até o instante em que ainda sentiu vontade de correr até ela e largar tudo, até o instante em que ainda sentiu aquela velha palavra fazer efeito sobre ele. Sim, ela ainda era a sua garota viciante.


Minha garota ninfetamina



FIM




(N/A):

Vocês querem me matar? Não, né?

Podem dizer, eu entendo =]

Ah, claro, quando eu escrevi esse epílogo [há muitos meses atrás], eu tinha achado ele completamente perfeitão e maduro...podre Lisi, depois de reler eu percebi que ele ficou podre demais. :D Mas escrever um novo agora não seria bom, poque de certa forma eu escrevi toda essa fic há meses [?]

Enfim. Eu acho que isso é uma despedida... não minha, porque vocês ainda vão me agüentar em muitas fics, mas dessa fic. Ultimo capítulo de uma fic que eu adorei escrever.

E, acima de tudo, comentem. Eu não teria chegado até aqui sem comentários. E por mais que às vezes eu os achasse poucos, que reclamasse que queria mais, que tenha achado que o capitulo ficou uma porcaria e por isso ninguém comentava, eu sempre adorei todos os que eu li. Sejam os minúsculos ou os gigantes(que eu amo mais ainda), os dizendo que a fic tava legalzinha ou os dizendo que tinham amado, eu sempre gostei de todos. Por isso eu tenho que agradecer a quem comentou aqui. E pedir, uma ultima vez, que vocês comentem na fic. Essa é a ultima vez que vocês me vêem aqui, então comentem! Digam se o epílogo ficou bom, digam se gostaram, podem até dizer que odiaram! Mas comentem. Eu nem sei dizer o quanto eu ficaria triste se ninguém comentasse no epílogo de uma das fics que eu mais gostei de escrever. Mas se não quiserem...tudo bem, os comentários na Floreios andam meio escassos mesmo O.O

Muito obrigada a todos, de verdade.

Beijos,
Lisi Black

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