Prelúdio para o Ato Principal

Prelúdio para o Ato Principal



Lição 5 ou Prelúdio para o Ato Principal

Olhando para a porta com temor enquanto se dirigia à ela, Edmund virou-se para Hermione.

“Qual é problema?”, a bruxa perguntou.

“Ele não vai aparecer de repente como fez semana passada, né?”, ele queria ter certeza de que era seguro sair do apartamento. Os outros estavam de lado olhando para Hermione e Edmund. Edmund tivera um trabalhão convencendo os outros a manter o lugar de encontro do grupo de estudos e não queria arriscar esbarrar no temido professor outra vez.

A voz de Hermione era a mesma que usaria com uma criancinha, “Você quer que eu olhe no corredor para ter certeza que o lobo mau não está lá?”

Lisa também não estava confortável com a situação, “Eu ainda não entendo como você agüenta dar aulas a ele. Depois dos sete anos em Hogwarts, como pode ficar mais um segundo ao lado dele?”

“Eu já expliquei a vocês, eu dei minha palavra a Ted antes de saber quem seria o meu aluno”, e a bruxa não tinha nenhuma intenção de dar mais explicações. Hermione apontou a varinha para a porta dizendo, “Perluceo lucere”. A porta ficou transparente.

“Pronto, satisfeitos?”, perguntou Hermione apontanto para o corredor vazio, “Como vocês podem ver, o caminho está livre. Honestamente, mesmo que vocês o encontrassem, o que acham que ele poderia fazer?”. Hermione desfez o feitiço e a porta ficou sólida outra vez.

“Eu prefiro não descobrir. Vejo você amanhã em Feitiços”, disse Edmund enquanto o grupo saída rapidamente do apartamento.

Hermione se controlou para não gritar “BOO!”, enquanto eles saiam. Ela não tinha tempo para brincadeiras agora.

O relógio de cuco na parede marcava 6:31h. Ela precisava correr, o professor chegaria em meia hora. Hermione entoou uma melodia enquanto seguia para o quarto e colocava a roupa de dança.

Hermione arrumou o cabelo com cuidado. Uma vozinha em sua cabeça, muito parecida com a voz de Harry, murmurava, ‘Que diabos você está fazendo. É apenas o Snape’. Aquilo era uma aula de dança e nada mais. Então porque ela estava tão nervosa? Ela olhou-se no espelho uma vez mais antes de deixar o quarto.


********

Hermione abriu a porta na segunda batida. “Boa noite, professor. Entre”.

Ao invés do collant preto e a saia de dança de sempre, Hermione usava um vestido de seda preta que abraçava as curvas dela. O cabelo estava preso no alto da cabeça e deslizava em ondas pelas costas.

O primeiro pensamento de Severo foi que ela parecia adorável. Ele deu uma olhada ao redor da sala e disse, “Boa noite, senhorita Granger. Onde está seu grupo de estudo?”

Os olhos dela mostravam que ela achara a pergunta dele engraçada. “Nós terminamos mais cedo hoje”.

Severo riu. “Parece que eu assustei seus amigos”.

“Sem dúvida sua reputação é conhecida além das fronteiras de Hogwarts”, respondeu Hermione rindo com ele. Ela pegou o casaco que ele acabara de desabotoar. Bichento entrou na sala e ficou fitando os dois humanos.

“E eu não a assusto, senhorita Granger?”, Severo olhava a bruxa enquanto ela pendurava o casaco dele ao lado da porta.

“Não mais, Professor. Houve um tempo que eu ficava apavorada cada vez que o via. Mas eu não sou mais uma primeira anista tentando encontrar meu lugar na escola. E você não pode mais me dar detenções, tirar pontos da minha Casa ou me ameaçar de expulsão. Talvez estejamos alcançando uma posição de igualdade”. Hermione precisou levantar a cabeça para encará-lo, mesmo usando saltos ele ainda era vários centímetros mais alto que ela.

Severo olhou para baixo e pensou, ‘Bruxinha arrogante’, mas em voz alta disse apenas, “Acredito que você ainda precisará crescer alguns centímetros antes que fiquemos em posição de igualdade”. Ele gostou de vê-la dar um sorriso maroto como resposta.

“Isso significa que você gostaria de me ver usando saltos mais altos?”. Ela estava realmente flertando com ele? Que Merlim a ajudasse, em que enrascada ela estava se metendo? “De qualquer forma eu não tenho mais medo de você. Você não pode fazer nada comigo”.

“Não tenha tanta certeza disso”, a voz de Severo era baixa e aveludada.

Um arrepio percorreu a espinha da bruxa e ela só pode dizer, “Vamos começar nossa aula?”

Snape concordou com a cabeça e se colocou em posição de dança. Ele estava imensamente satisfeito por ela não temê-lo. Pelo contrário, parecia que ela gostava de provocá-lo. Um passo de cada vez. Ele era um homem paciente, enfim ele havia esperado vinte anos pelo momento certo de atacar Voldemort.

Vá devagar, dissera Lupin. Talvez o lobisomem tivesse alguma razão afinal.

“Ok professor, vamos praticar o que já aprendemos”. A um comando da varinha da bruxa a música começou. Hermione se aproximou de Severo e ele a tomou nos braços. Ele podia sentir as batidas do próprio coração cada vez mais aceleradas. Os movimentos foram mais harmoniosos dessa vez.

“Agora é a vez da Sacada. Vamos tentar bem devagar”. Severo se concentrava em não chutá-la ou pisar no pé da professora. O movimento não ficou perfeito mas eles conseguiram seguir os passos sem nenhum problema. “Nada mal. Quero lhe mostrar outro passo antes de passarmos ao ritmo mais rápido. Ele é chamado Oito, e ele tem esse nome porque o passo lembra a figura do número oito. A mulher executa o Oito ao redor do homem, e num Oito duplo ambos executam o passo em direções opostas. Vamos começar com o Oito simples”.

Severo tentava prestar atenção no que Hermione estava falando, mas sem sucesso.Seus pensamentos estavam perdidos nos aromas que emanavam da mulher em seus braços. O toque de seda do vestido era delicioso. Ele podia sentir o calor do corpo dela através do tecido delicado.

Aquela voz interior não se calava. ‘O quanto ela estará interessada? Será que quer apenas ser amigável? Haverá algum outro interesse?’. Parecia que a voz vinha de uma parte de sua mente onde estavam seus sonhos e esperanças adolescentes. Lembranças de um tempo muito anterior a Marca Negra, o trabalho de espião ou qualquer outro tormento.

O seu lado Sonserino não se manteve adormecido por muito tempo. ‘Talvez ela só queira meus conhecimentos em poções. Por que fazer papel ridículo? Quando irei aceitar que meu destino é permanecer sozinho?’

A solidão nunca lhe pareceu um peso. Uma esposa e família não eram grandes atrativos para ele. Ele sabia muito bem a imagem que passava para as outras pessoas e não se importava nem um pouco com ela. A imagem ajudara no seu papel de espião, nunca permitindo que alguém se aproximasse. Os envolvimentos dele com mulheres tinham sido poucos e rápidos. Ele sempre se conformara com aquele destino, por que agora estava tão preocupado com qual era o tipo de interesse que Hermione tinha por ele? Dumbledore era o culpado, ele era o responsável por aquelas ridículas aulas. Se não fosse aquela aposta idiota, ele nunca teria se metido nesse emaranhado de sentimentos incontroláveis.

Desde a primeira vez que ele a tomara nos braços, mais de seis semanas antes, ela tinha invadido seus pensamentos. Ele havia estremecido da primeira vez que a tocara. Ele não estava acostumado ao contato humano. Agora a sensação do corpo dela nos braços dele reaparecia a qualquer momento do dia e fazia com que ele sentisse uma ansiedade que nunca experimentara. Hermione se apoderara de seus sonhos desde a primeira aula. E ele sentia uma profunda sensação de perda quando acordava em sua cama vazia. Era uma doce tortura ficar perto dela, tocá-la, abraçá-la, semana após semana.

“Professor? Você está bem?”, Hermione olhava para ele preocupada. “Parece que o senhor não estava me escutando. Quer sentar-se?”

Severo deu uma risada baixa escondendo seus verdadeiros pensamentos. “Eu estou bem senhorita Granger. Podemos continuar?”

Hermione sorriu. “Sonhando em sala de aula, professor? Eu não esperava isso do senhor”.

“Fique certa que isso não é normal. Talvez o fato de ser forçado a aprender uma dança que eu não tenho nenhum interesse seja o motivo da minha distração”, retrucou Severo com um lampejo de humor.

“Igual aos cabeças-ocas que não querem aprender Poções?”, o olhar de Hermione era frio quando ela foi direto ao ponto.

Severo não acreditou no que ouviu, “Você está me comparando aqueles idiotas a quem ensino? E ainda me chamando de cabeça-oca?”. Aquela bruxa tinha coragem.

“Se a carapuça serviu...”. Será que ela tinha ido longe demais? Até o último comentário ele parecia estar se divertindo com a gozação.

Severo se aproximou mais de Hermione e abaixou-se até que o rosto dele roçasse o dela. A voz dele ficou mais baixa e ele murmurou, “A aposta mágica me obriga a completar suas lições, Hermione. Mas virá um momento em que isso não será mais verdade. Eu tenho uma ótima memória, e você terá de pagar, de um jeito ou de outro, por tudo que estou passando”. Ele manteve os olhos fixos na bruxa enquanto retornava a posição da dança. Ele sentiu um ligeiro tremor percorrer o corpo dela. Talvez Lupin estivesse certo. “Vamos continuar, Senhorita Granger?”

Hermione sentiu a face ficar corada. O que aquele homem podia fazê-la sentir só com a voz e alguns comentários dúbios era inacreditável. Ela ficou com a boca seca ao pensar no que ele poderia fazer com ela. Ela passou a língua sobre os lábios antes de dizer, “Ok, professor. Vamos, humm.., tentar outra vez”. A respiração dela estava ligeiramente fora de compasso quando ele a tomou nos braços e eles voltaram a repetir os passos do Tango.

“Vamos tentar o Oito outra vez”. Eles fizeram o movimento e Hermione o considerou satisfatório. “Ok, agora o duplo Oito”.

Eles gastaram a hora seguinte praticando o novo passo antes de começar tudo outra vez desde o início. O relógio de cuco anunciou o final da aula. Eram nove horas, eles tinham praticado por duas horas. “Como lição de casa...”, e ela parou para ver se ele iria reclamar como fizera da última vez em que ela mencionara dever de casa.

Severo continuou olhando para ela com atenção. Ele não lhe daria a satisfação de vê-lo aborrecido. Os olhos dele brilharam perigosamente quando ele perguntou, “Sim...?”.

Hermione sorriu, “Como lição de casa eu quero que você continue praticando os passos que trabalhamos hoje. E também eu quero 10 páginas com a história do Tango para a próxima aula. E por favor mantenha-se dentro do limite estabelecido”.

Levou um minuto antes que Severo percebesse o que aquilo significava. Uma redação? Ela estava pedindo que ele escrevesse uma redação? “Sua bruxinha arrogante... Depois de todas as redações que você escreveu e que eram dez vezes maiores do que o tamanho solicitado. Se você pensou, por apenas um minuto que eu iria escrever...”

Hermione caiu na gargalhada. “Tudo bem, já que você insiste, sem redação. Se eu tivesse reclamado desse jeito cada vez que você me passava um dever de casa, eu ainda estaria nas masmorras limpando caldeirões. Sem magia...”

“E isso seria bem feito”, ele respondeu.

“Eu sei que está ficando tarde. Você ainda quer discutir a poção Mata-cão?”. Hermione estava tensa, à espera da resposta. Tinha sido inebriante conversar com ele na semana anterior e ela passara a maior parte dos dias repassando cada frase na cabeça. Tinha certeza que o interesse dele havia sido apenas temporário e ele nem mais lembrava do que havia dito.

Severo foi até a porta e pegou o casaco. Todas as esperanças de Hermione desmoronaram. ‘O que você esperava?’, ela pensou zangada consigo mesma, ‘Você foi uma irritação durante sete anos. Por que iria mudar agora?’. Ela suspirou decepcionada, “Então eu o verei na próxima quinta, certo?”.

Severo se virou para ela com um grosso maço de pergaminhos nas mãos. “Na próxima quinta? Se você está cansada nós podemos continuar a discussão na semana que vem. Eu fiz algumas anotações sobre as propriedades dos ingredientes sobre os quais conversamos, mas isso pode esperar se você não estiver disposta”.

“Não, não, eu não estou nem um pouco cansada. Quando você pegou o casaco eu pensei que estava indo embora. Espere, vou pegar minhas anotações”. Os olhos dela brilhavam de excitação quando ela correu até o outro cômodo.

Severo sentou-se no sofá e estava colocando os papéis em ordem.

Hermione colocou a mochila sobre a mesinha e sentou-se ao lado de Severo. “Que tal um pouco de chá?”

“Adoraria, obrigado. Eu conversei com Lupin sobre a sua teoria. Ele aceitou ser nossa cobaia quando estivermos prontos para os testes. Conhecer um lobisomem até que tem suas vantagens”, disse Snape rindo enquanto retornava a atenção às suas anotações. “Se tudo sair bem, eu acho que poderemos fazer algumas tentativas no feriado do Natal. Eu ainda não falei com Alvo, mas tenho certeza que você poderá ficar hospedada no Castelo. Sem dúvida Minerva não permitirá que eu lhe ofereça uma acomodação nas masmorras, o que seria muito conveniente, por ser próximo ao laboratório. Sua ex-diretora de Casa fará questão de tê-la na Torre de Grifinória, sem dúvida”. Severo olhou para a jovem bruxa ao seu lado que se mantinha excepcionalmente calada. “Senhorita Granger, algum problema?”

“Quando você disse que gostaria de continuar com a nossa discussão, eu pensei que você se referisse ao plano teórico. Você está propondo colocarmos minhas idéias em prática?”. Um serviço de chá chegou voando e depositou-se sobre a mesinha à frente dos dois.

“Eu acredito que a sua teoria tem aplicações práticas em um número enorme de poções. A Poção Mata-cão será o primeiro passo para prová-la. Eventualmente eu espero publicar as nossas descobertas na revista científica Ars Alchemica. O que eu proponho é o seguinte, você receberá todo o crédito pela teoria original e nós dividiremos os créditos da pesquisa, dos testes e do resultado final”. Severo pegou um dos papéis na mesinha antes de continuar, “Talvez a senhorita tenha alguns sábados livres para começarmos as pesquisas em meu laboratório?”

Hermione ainda estava sentada imóvel, sua mente tentava assimilar todas as implicações do que ele acabara de dizer. Ela estava abismada com a quantidade de conhecimento que Severus Snape, Mestre de Poções da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts estava disposto a compartilhar com ela.

“Senhorita Granger, o seu silêncio significa que você concorda com a idéia?”, por que ela não fala nada, ele pensou preocupado, “Talvez se eu diminuir as opções, sua escolha fique mais fácil. Sim ou não? Escolha uma”, ele terminou com um meio sorriso.

O sorriso no rosto da bruxa não deixava dúvidas de qual seria a resopsta, “É claro que sim, eu aceito”.

Severus estendeu a mão e Hermione a apertou selando um acordo entre eles.

“Professor, posso lhe pedir um favor?”.

Ele levantou uma sobrancelha desconfiado, “E qual seria esse favor?”

Hermione corou. “Nosso acordo supõe um trabalho em comum, não? E como tal deveremos ter iguais responsabilidades, certo? Chamar-me de Miss Granger faz com que sinta uma criancinha na sua aula de Poções, me sentiria melhor se você me chamasse de Hermione”.

“Compreendo”, os olhos negros dele pareciam tentar penetrar a mente dela quando ele perguntou, “E eu suponho, Hermione, que você espera me chamar pelo meu primeiro nome também?”

“Parece que esse é o caminho natural, não?”, sugeriu a bruxa com um olhar travesso.

“Então?”

“Então, o que?”, perguntou Hermione.

“Eu estou esperando. Quero ouví-la me chamar pelo meu nome de batismo”, Severo recostou-se no sofá e cruzou os braços. Um sorrisinho de provocação se instalou nos lábios dele enquanto esperava que ela reunisse coragem de dizer alguma coisa. Ela ainda o via como seu professor, ele queria saber se ela teria coragem de avançar o relacionamento deles para um novo estágio.

Hermione serviu o chá em uma das xícaras, “Você deseja limão no seu chá, Severo?”

Ele ria abertamente quando tomou a xícara das mãos dela, “Não, obrigado. Puro está ótimo. Você está pronta para começarmos ou existe algum outro problema que precise resolver antes?”. Ela balançou a cabeça negativamente e então ele mostrou a ela a lista de ingredientes que havia preparado, “Acho que deveríamos examinar as propriedades dos ingredientes básicos primeiro”.

E dito isso eles começaram a trabalhar.

Quando eles se deram conta já eram onze horas. Hermione tinha chutado os sapatos de salto para o lado e estava sentada no chão, encostada ao sofá, sentada sobre as pernas cruzadas. Pergaminhos e livros estavam espalhados pelo sofá, sobre a mesa e no chão. Em algum momento nas últimas duas horas eles haviam abandonado o chá e conjurado uma garrafa de vinho.

Hermione colocou a taça vazia na mesinha, “E se nós colocásemos hellebore para ferver junto com extrato de Gingko Biloba? Talvez assim os dois ingredientes se fundissem. Uma das principais caracterísiticas do Gingko Biloba é aumentar a capacidade de concentração”. Ela estava fazendo anotações em um bloquinho. “Nós precisamos elencar as combinações que parecem mais promissoras”.

Severo olhava para Hermione enquanto ela escrevia rapidamente no bloco. Ela era extraordinária, a mente dela se movia na velocidade da luz e em várias direções ao mesmo tempo. Trabalhar com ela seria um prazer. “Você considerou as propriedades e efeitos que caldeirões diferentes poderão ter sobre a poção?”

“Humm. Ouro, prata, ferro, vidro...”, murmurou a bruxa que anotava cada detalhe.

“Eu acho que teremos de testar vários cenários antes de realmente criar a poção”, falou Severo se preparando para a próxima frase, “Você estaria livre para ir até Hogwarts no próximo sábado? Nós podemos começar o teste de caldeirões no meu laboratório”. Severo esperava que sua voz tivesse saído tão profissional quanto ele esperava. Ele sentia-se qualquer coisa, menos calmo, naquele instante.

“Infelizmente eu não posso esse final de semana, eu já tenho um compromisso com Edmund para sábado e domingo”. Hermione ainda estava fazendo anotações enquanto falava, de outra forma ela teria percebido a mudança de humor que aconteceu com o Mestre de Poções. “Eu poderei estar lá no final de semana seguinte, se estiver bom para você”.

“Eu acredito que será adequado. A verei às sete horas na quinta”. Severo se levantou e foi até a porta. Ele era um tolo, um velho tolo. Claro que ela tinha outros planos. Ela era jovem, por que não estaria interessada em um jovem bruxo como esse tal de Edmund? Por que diabos ele achou que ela poderia estar interessada nele? Ele precisava ir embora antes que dissesse alguma asneira.

Hermione olhou para cima. A voz de Severo soara estranha. Ele tinha sido amigável e tranqüilo a noite inteira. O que acontecera? De repente ele voltara a ser o temível Mestre de Poções de sempre. Ele estava pegando o casaco no gancho quando a mão dela sobre o braço dele o fez parar, “Severo,você está bem?”

“Perfeitamente bem, senhorita Granger. Nos veremos na quinta. Eu preciso voltar a Hogwarts”, Severo ainda estava virado para a porta, sem olhar para a bruxa.

“Nós voltamos a senhorita Granger agora? Eu pensei que você tinha concordado em me chamar de Hermione. O que aconteceu?”

Snape virou-se bruscamente, retirando a mão dela do braço enquanto a encarava. “Bem, Hermione, eu a verei semana que vem. Melhor assim?”

Ela deu um passo para trás. O gelo na voz dele a deixou perplexa, “Não, não está nada melhor. Você quer fazer o favor de me dizer porque está tão bravo?”

“Parece que você tem uma agenda cheia, mas eu não me lembro de você ter mencionado ter procurado as nossas fantasias. Talvez em algum momento entre hoje e a próxima semana você encontre algum tempo livre para terminar a tarefa. Divirta-se no final de semana, senhorita Granger”. Ele precisava sair imediatamente. Ele podia ver que a magoara. Ela não tinha feito nada errado. Era culpa dele ter criado um cenário imaginário que não existia. ‘Não existe tolo mais tolo do que um velho tolo’, ele pensou. A voz dele estava menos tensa quando ele acrescentou, “Nos veremos semana que vem, Hermione”.

“Eu não consigo acreditar que você ficou irritado porque eu não ainda não comprei aqueles fantasias idiotas. Severo, desculpe eu não poder ir no sábado. Eu e Edmund temos que terminar nosso projeto de Feitiços Avançados para segunda-feira. Ele é pior que Ronny quando precisa fazer alguma coisa. Se eu o pressionar bastante talvez tenhamos acabado no Domingo de manhã. Então eu poderia trabalhar com você algumas horas”, ela não queria que ele fosse embora chateado. As coisas pareciam estar indo tão bem...

“Vocês estarão trabalhando em um projeto?”, ele sabia que parecia bobo. Aquelas palavras pareciam completamente idiotas.

“Sim. Ele estava aqui na semana passada. Você deve lembra-se dele, ele quase caiu na pressa de fugir de você”.

Eles estavam ao lado da porta, o casaco dele ficara esquecido no gancho. “E você não se importa de passar o resto do seu domingo em Hogwarts? E se Edmund não quiser ser apressado?”

“Edmund adoraria que eu fizesse o projeto sozinha. Eu já teria lançado uma azaração sobre ele se não soubesse que Julie ficaria louca. Honestamente, algumas vezes ele parece mais criança do que Harry e Ronny juntos. Eu não sei como ela o agüenta”.

“Julie?”, perguntou Severo com uma pontinha de esperança.

“Julie é a namorada de Edmund. Espere, você não pensou que Edmund e eu...?”, ela não sabia exatamente o que havia acontecido, mas ele parecia ter relaxado um pouco.

‘Vá embora enquanto você pode’, disse a voz na cabeça dele. Era um dos poucos conselhos que ele sabia ser adequado seguir. Mas ao invés ele sorriu e perguntou, “E esse não é o caso, Hermione?”

O sorriso que ela ofereceu a ele o fez esquecer qualquer irritação anterior. “Não, esse não é o caso. Eu não estou....saindo com ninguém no momento”. Oh Deus, o chão poderia abrir-se agora e tragá-la antes que dissesse alguma coisa mais estúpida.

“E existe algum motivo para isso?”, a voz dele era rouca.

Ela ia realmente discutir a sua vida amorosa, ou melhor, a sua falta de vida amorosa, com ele?, “Eu não sei. Parece que os garotos apenas me aborrecem. Tudo que eles querem é conversar sobre Quadribol. É bom ter um conversa inteligente para variar”.

Ela prendeu a respiração quando ele se moveu para mais perto dela.

“Uma conversa sobre poções, por exemplo?”, ele perguntou naquela voz aveludada.

Havia um toque sexy na entonação dele. Ela pensou que ia desmaiar ali mesmo, não tinha certeza se suas pernas seriam fortes o suficiente para continuar sustentando-a. “Poções seria muito interessante”, ela repondeu. ‘Ele está flertando comigo?’, perguntou-se a bruxa.

“Mais interessante que Quadribol?”, ele insistiu.

“Infinitamente mais interessante que Quadribol”, foi a resposta dela.

Severo riu da resposta dela, “Diga-me o que você quer, Hermione”. Ele estava acariciando levemente o braço dela enquanto esperava a resposta.

Hermione pensou que não conseguiria respirar, e finalmente respondeu, “Eu quero...eu quero você”.

“Você tem certeza?”

A única coisa que ela queria naquele momento era ser tragada por aquele par de olhos. “Humm. Sim, eu tenho certeza”. O toque dele era hipnotizante.

“Me diga para ir embora, Hermione. Eu sou um velho tolo. Velho demais para você. Diga que eu devo partir e eu voltarei na semana que vem e nós trabalharemos juntos no projeto como colegas, nada mais. Mande-me embora antes que tenhamos alguma coisa para nos arrepender”.

Ela o estava encarando com olhos famintos.

Apenas alguns centímetros os separava. Ele colocou as mãos ao redor do rosto dela. “Eu não sou um homem fácil, você sabe”, ele sussurou se aproximando um pouco mais.

“O que o faz pensar que eu sou?”, ela perguntou. Ela podia sentir a vibração da risada dele. O hálito quente e o brilho nos olhos dele estavam enviando arrepios para todo o corpo dela, sem contar que eles estavam tão próximos agora que ela podia sentir a excitação dele. Ela deixou sua mão percorrer as costas dele, lentamente massageando os ombros dele, apenas sentindo o homem em seus braços. Eles já haviam se abraçado enquanto dançavam. Cada movimento anterior havia sido o prelúdio para aquele momento, essa dança de desejo e atração.

“Última chance, Hermione”, os olhos dele estavam ainda mais escuros com a paixão. O corpo dele respondia cada vez mais a proximidade da bruxa em seus braços. O aroma dela, a maciez da pele, os mamilos túrgidos contra o peito dele, tudo o fazia sentir-se cada vez mais excitado. Era difícil acreditar que ela o desejava tanto quanto ele a desejava. Mas os olhos dela não o decepcionaram. Os quadris dela se moviam contra ele em uma dança mais antiga que o universo.

Ela ficou nas pontas dos pés e o beijou. Ele abaixou a cabeça permitindo que seus lábios se encontrassem. Fagulhas emanavam deles, atiçando o fogo entre os dois.

O beijo trazia a promessa de paixão irrestrita. Severo queria ir devagar. Aquele não era um encontro sem compromisso, mas o calor do momento parecia devorar a ambos. Ele queria mais do que apenas sexo, mas o seu membro distendido parecia não respeitar aquela decisão. A voz interior não parava de gritar, ‘Aproveite. Veja como ela está excitada, ela fará qualquer coisa que você pedir’. Foi preciso um bocado de auto-controle para exorcizar a voz. Devagar ou não, uns amassos não fariam mal a ninguém.

A língua de Severo pressionou os lábios da bruxa tentando entrar e não foi rejeitada. As línguas dançaram, provando-se. As mãos dele deslizavam sobre as curvas do corpo dela, desfrutando os gemidos que ela produzia enquanto eles se beijavam. As mãos dele moveram-se até a lateral do corpo dela roçando os dedos nos seios sensíveis, fazendo com que os gemidos dela fossem ainda mais deliciosos. Gemidos que faziam aumentar ainda mais sua ereção.

Pequenas ondas elétricas percorriam os corpo de Hermione. Ela podia sentir o coração de Severo batendo acelerado contra o peito. A cabeça dela estava vazia de pensamentos, todo seu corpo era tomado pelas emoções, o profundo prazer de ser tocada por ele.

A necessidade de respirar fez com que os dois se separassem relutantemente. A respiração de Severo era irregular e os braços dela a apertaram ainda mais. A voz dele era rouca mas macia, “Eu acho melhor ir embora, eu não tenho certeza se serei capaz de resistir se não partir agora”.

Hermione não conseguiu ler nos olhos dele quais eram seus reais sentimentos. As mãos dela continuaram a acariciar as costas dele. A voz dela era apenas um murmúrio, “E se eu não quiser que você resista?”, todo o corpo dela pedia para sentí-lo completamente, inteiramente dentro dela. Por que ele havia parado? Talvez ele não a desejasse. Não, aquilo era impossível, ela podia sentir a resposta do corpo dele, a ereção dele pressionando sua barriga.

Severo olhou para a bruxa em seus braços, assombrado pelo sentimento que se apoderara dele e mais assombrado ainda por ela querê-lo. “Hermione, eu quero mais do que uma noite com você. E não se engane, você é tudo que eu quero e nós ficaremos juntos. Mas ainda temos um longo caminho antes de nos tornarmos íntimos e realmente nos conhecermos. Eu não quero que isso seja alguma coisa que você se arrependa no futuro porque agiu rápido demais. Afinal de contas você passou muito mais tempo me odiando do que me desejando”, ele terminou enquanto brincava com a massa de cabelos que caíam pelas costas dela.

“Eu nunca o odiei, eu o temia, mas nunca o odiei”. Os olhos dela estavam cheios de ternura por ele.

“Nunca?”

“Nunca”, Hermione ofereceu a ele um olhar travesso e sugeriu, “Iguais, não mais aluna e professor. E tão pouco presa e predador”.

Severo emitiu um risada contida. Presa e predador, aquilo havia passado pela cabeça dele. Agora ele não tinha certeza quem era quem. Ele mordiscou a orelha dela e pode sentí-la tremer em seus braços, “Quando nós fizermos amor não haverá dúvidas de quanto eu a quero”.

Ele separou-se um pouco dela e a olhou profundamente procurando ler-lhe a fisionomia. Encontrou apenas olhos cheios de desejo. A voz na cabeça dele estava gritando, ‘Que raios está acontecendo com você? Você pode tê-la agora. Por que esperar?’. Mas ele queria que aquilo fosse mais do que apenas atração sexual. Ele chegava a ter medo de dar um nome ao que ele queria dela. Honestamente, ele estava impressionado com a intensidade dos sentimentos que tomaram conta dele aquela noite. Ele precisava de tempo para pensar mais claramente. A sensação do corpo dela contra o dele fazia com que toda razão se esvaísse do cérebro dele.

Ele tinha controlado suas emoções por mais de vinte anos, nunca permitindo que ninguém se aproximasse, sempre preocupado com a possibilidade de ser traído. Uma noite não era suficiente para apagar velhos hábitos. Ele não se permitia o luxo de ter emoções há tanto tempo que não sabia se ainda era capaz de sentí-las. Aquele era um território desconhecido. Ele podia seduzir, mas não estava pronto para mais nada.

Severo se aproximou novamente do rosto dela e a beijou possessivamente. Abandonando a boca ele voltou-se para o pescoço e deu-lhe uma pequena mordida, deixando sua marca. A voz dele continuava sedosa quando murmurou no ouvido de uma Hermione sem fôlego, “Boa noite. Até domingo”. Ele tirou o casaco do gancho e o vestiu.

“Boa noite, Severo”.

Com um leve roçar de lábios ele a deixou.

Hermione se apoiou na porta fechada da mesma forma que havia feito na semana anterior. A respiração dela estava irregular e seu rosto afogueado. O corpo dela desejava o dele intensamente. E tudo aquilo provocado por alguns beijos. Ela não podia esperar até que eles realmente fizessem amor.



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