Memórias de Dumbledore



— CAPÍTULO VINTE —
Memórias de Dumbledore




Em pleno café da manhã, o salão principal foi invadido por corujas de todos os tipos e cores, e foi uma castanho-amarelada que trouxe a Hermione seu exemplar do Profeta Diário, quase no mesmo instante em que Pichitinho trouxe para Harry uma resposta de Sirius. Enquanto ele e Rony liam a carta, Hermione procurou pelo jornal alguma notícia sobre Crouch, mas não havia nenhuma.
Depois, juntou-se aos garotos para ler o que Sirius dissera, e ele basicamente repetia o que Moody dissera na manhã anterior; que não havia nada que pudessem fazer em relação a Crouch, e que Harry devia dedicar-se à terceira tarefa. O padrinho de Harry ainda recomendava fortemente que ele não saísse de dentro da escola, e lhe mandasse uma resposta jurando que seguiria esse conselho. Harry irritou-se com o excesso de zelo.
— Quem é ele para me mandar ficar trancado dentro da escola, depois de tudo o que ele fez quando estava aqui?
— Ele está preocupado! — lembrou Hermione.
— Mas ninguém tentou me atacar esse ano! Não aconteceu nada, estou ótimo!
— Nada, só o seu nome apareceu misteriosamente no cálice de fogo e você foi obrigado a participar de um torneio que põe em risco a sua vida! E essa não é a única coisa estranha, há um monte delas acontecendo! Ele está certo e Moody também, você precisa começar a treinar para a terceira tarefa. E responda logo a Sirius, ele está preocupado.
Durante aquela refeição e as outras daquele dia e dos que se seguiram, Hermione sentava-se sempre de costas para a mesa da Sonserina e nunca olhava naquela direção, para evitar sequer ver Vítor Krum. Passada a irritação por ele ter abordado Harry sobre ela, ficou a vergonha de finalmente ter dito a ele que não o correspondia.
Krum também não a esperava na biblioteca, o que ela achou ótimo, pois foi lá que passou todo o tempo livre da semana seguinte, com Rony e Harry, pesquisando feitiços e azarações que Harry pudesse usar na última tarefa. Elaboraram uma lista com os mais interessantes, para treinar.

Na próxima aula de Trato das Criaturas Mágicas que tiveram, Hagrid agiu com ela de forma estranha, e no final da aula chamou-a para conversar em sua cabana. Pediu a ela que se sentasse, serviu-lhe chá e quando sentou disse:
— Mione, como seus pais não estão aqui, eu precisei tomar uma atitude severa e chamá-la para esta conversa, como alguém mais velho que se preocupa com você. E sinceramente, estou decepcionado. Nunca pensei que me decepcionaria com você.
As últimas palavras feriram Hermione em seu íntimo.
— Hagrid... — ela balbuciou, mas ele a interrompeu com um gesto da mão.
— Vítor Krum, Mione! Onde você está com a cabeça? Há tantos garotos em Hogwarts, por que você precisava namorar um estrangeiro, ainda por cima um aluno de Karkaroff?
Ela baixou a cabeça, sem a menor idéia do que dizer. Poderia dizer que nunca tivera a intenção de ter nada com Krum, que tinha terminado com ele dias antes, e até que, apesar de aluno de Karkaroff ele era ótima pessoa e gostava muito dela. Mas não disse nada. Sentiu os olhos marejarem, pois Hagrid nunca falara com ela daquela maneira. — Você sabe quem é Karkaroff? Você sabe se não é ele o responsável por Harry ter entrado no torneio? E se Krum estiver fingindo com você para ganhar a sua confiança?
As lágrimas a venceram, mas ela tentou conter com a mão os soluços, enquanto encarava os próprios pés com a cabeça tão baixa que estava quase no nível dos joelhos. Sem olhar, colocou a xícara de chá intocada de volta na mesa, podendo pôr também a outra mão sobre o rosto, soluçando muito agora. Ela sentiu Hagrid aproximar-se, e ajoelhar-se no chão com alguma dificuldade. Sentiu a mão enorme dele tocar o lado de seu rosto.
— Mione... Você gosta dele? — ele disse, em tom mais ameno.
— Não! — Hermione disse, levantando a voz, mas ainda sem levantar os olhos. — Você está sendo injusto comigo, está fazendo como Rony!
— É natural, somos duas pessoas que se preocupam com você, não somos?
Os soluços se intensificaram ao lembrar de Rony, e naquele momento ela arrependeu-se como nunca do tapa que dera nele. Hagrid a abraçou. — Me desculpe. Você tem razão, esse não é o jeito certo de fazer as coisas. É que eu fico tão preocupado, esses estrangeiros... São uns interesseiros, uns...
Hermione entendeu subitamente que a maior mágoa dele, que o levava a dizer tudo aquilo, era em relação a Madame Maxime. Envolveu-o com os braços também, ainda chorando, e disse:
— Nós não temos mais nada — disse, por entre as lágrimas. — E quando tínhamos ele nunca perguntou nada sobre Harry, ele parecia realmente interessado em mim. Sabe, Hagrid, eu não sou boba... Ele passava os dias na biblioteca esperando que eu aparecesse... e morria de ciúmes de Harry, fechava a cara sempre que eu falava dele.
Hagrid afastou-se para olhá-la nos olhos.
— Eu sei que você não é boba, mas senti que precisava adverti-la. — ele secou o rosto dela com os dedos enormes, e a abraçou novamente. — Agora vá almoçar. Acredito que ele pudesse estar realmente interessado em você, mas ainda assim me sinto muito mais aliviado em saber que você não está mais com ele.

Algo na conversa com Hagrid despertou em Hermione uma necessidade enorme de pedir desculpas a Rony devidamente pela agressão na noite do baile. Passou o resto do dia tentando criar coragem, mas não tinha a menor vontade de puxar o assunto na frente de Harry. Foi sorte que ele tivesse ido se deitar antes dos dois, deixando-os sozinhos na sala comunal já vazia.
— Maldito Snape — rosnou Rony. — Por causa dele sempre somos os últimos a deitar, ele nos dá deveres especialmente maiores.
— Não seja bobo, Rony. É você quem está demorando para fazer o dever de Poções. — Hermione disse, rindo.
— E por que você ainda está aqui se já terminou o seu? — retrucou ele irritado.
Era chegada a hora, então. Ela respirou fundo, e disse:
— Estou aqui porque queria conversar uma coisa com você.
Rony tirou de vez a atenção do dever, dirigindo-lhe um olhar angustiantemente interrogativo. — Eu queria saber se... — ela encarou os pés. — Queria saber se você realmente pensa aquilo que disse de mim na noite do baile, que eu estava agindo como... uma qualquer. — as duas últimas palavras saíram num sussurro, e embora ela não estivesse olhando nos olhos de Rony, ouviu o ranger da poltrona dele, e concluiu que ele estava subitamente desconfortável ali. Tomou coragem e olhou-o; ele tinha os olhos fixos nela, mas a boca não fazia menção alguma de falar. — Isso é um sim?
— Não! — disse ele, depressa. — Quero dizer... eu estava alterado, nós dois estávamos, mas por que lembrar disso agora?
Foi a vez dele encarar os próprios pés. Angustiada, ela levantou-se, e lutou contra o ímpeto de gritar quando disse:
— Para mim isso continua sendo um sim. Eu quero que você olhe bem para mim e me diga que não pensa realmente aquelas coisas que disse de mim!
Rony continuava com a cabeça baixa, as mãos mexendo uma na outra nervosamente agora que tinham abandonado totalmente o pergaminho e a pena. Parecia estar travando uma batalha contra si mesmo, mas seu silêncio fez Hermione começar a chorar imediatamente. — Olhe... — ela disse. — Se eu fosse você e pensasse o que você pensa de mim, não conseguiria mais olhar na minha cara... Quanto mais fingir que estava tudo bem como você tem feito esse tempo todo! — ela deu as costas, pronta para subir a escada para os dormitórios femininos.
— Espere — disse Rony, e quando ela virou-se para olhá-lo ele estava em pé e a olhava nos olhos, com uma expressão um tanto irritada. — Quero que você me diga que se arrependeu de ter me batido também — ele decretou.
Hermione deu um passo à frente, lutando contra as lágrimas e tentando impor no rosto uma expressão de desafio.
— Eu perguntei primeiro! — disse.
Ainda com os olhos fixos nela, Rony pareceu travar outra batalha consigo mesmo. Os lábios se mexiam sem emitir som, e as sobrancelhas pareciam indecisas entre as expressões de raiva e de pena que ele deixava escapar.
— Pois então... — ele disse, e imediatamente baixou os olhos para os pés. — Eu não penso nada daquilo de você. Pronto. Queria ofendê-la, estávamos brigando. Só.
Hermione liberou de vez as lágrimas, e correu para abraçar Rony.
— Me perdoe! — choramingou. — Eu não queria ter lhe dado aquele tapa, eu sinto muito mesmo, mais do que você possa imaginar!
Se não o conhecesse bem, Hermione jamais saberia que ele de fato a perdoara e que a paz estava, pelo menos temporariamente, instaurada entre os dois, pois a expressão no rosto dele quando o soltou e até a posição dos braços, como se ainda a estivessem abraçando, faziam com que ele parecesse alguém que tivesse visto o reflexo de um basilisco.


Com a lista de feitiços e azarações que tinham feito na biblioteca em mãos, Hermione e Rony passaram a treinar Harry exaustivamente, com ênfase no estuporamento. Rony não ficou feliz em ser a vítima, e questionou Hermione sobre o fato de ela não ter se oferecido também.
— Agora ele já está dominando o feitiço — ela respondeu. — Vamos para o próximo.
— E desta vez vai ser você, não quero nem saber. — resmungou Rony.
Depois do almoço, Hermione se separou dos dois para ir para a aula de Aritmancia enquanto eles iam para a de Adivinhação. Quando voltou à sala comunal para deixar o material antes de descer para o jantar, encontrou apenas Rony.
— Harry passou mal durante a aula — ele disse, apreensivo. — Ele cochilou durante a aula e quando acordou estava no chão, rolando e apertando a cicatriz. A profa. Trelawnay ficou toda excitada, achando que ele tinha tido ou ia ter uma premonição, mas ele disse que era dor de cabeça e saiu dizendo que ia à ala hospitalar. Passei lá depois da aula e Madame Pomfrey disse que ele não apareceu.
— O que será que houve? — perguntou Hermione, preocupada. — É lógico que ele quis disfarçar falando de dor de cabeça, na realidade era a cicatriz que estava doendo. Será que ele teve outro sonho, como aquele que nos contou no verão?
— Deve ter sido, porque o jeito que ele estava...
— Meu Deus, onde será que ele está?
— Talvez ele tenha ido falar com Dumbledore, não foi o que Snuffles mandou ele fazer se a cicatriz doesse de novo?
— Pode ser... — Hermione suspirou, aliviada com a possibilidade que Rony levantara. — Se ele está com Dumbledore, não há com o que nos preocuparmos. E talvez ele receba alguns conselhos... Algumas respostas.
— Tomara... Agora, que tal irmos jantar?
Hermione amarrou a cara.
— Você só pensa em comer! Devia estar preocupado com o seu amigo!
— Eu estou, mas em que vou ajudá-lo se morrer de fome? E você também, venha.
Rony puxou-a pelo braço, atitude que a surpreendeu por ele não ter o costume de tomar iniciativas de contatos físicos com ela. Ela aproveitou para enroscar o braço no dele, e realmente se divertiu ao ver o rosto dele corar, enquanto ele deliberadamente evitava seu olhar. Desceram de braços dados e em silêncio absoluto, e no saguão estavam os alunos de Durmstrang, chegando para o jantar. Hermione não via Krum desde o dia em que terminara tudo com ele, mas agora foi impossível não vê-lo. Ele lançava um olhar furioso para Rony.
— Ah, entendi — Rony resmungou. — Você quer provocá-lo?
Ele fez menção de desvencilhar o braço do dela, mas ela deu um puxão para impedi-lo.
— Cala a boca, seu bobalhão — disse. — Não é nada disso, eu nem queria ver Vítor, agora deixe isso para lá e vamos jantar de uma vez.
Ela apertou o passo, quase arrastando Rony pelo braço até a mesa da Grifinória, e quando começaram a se servir ele parecia bem mais feliz, embora, Hermione pensou, pudesse ser por estar finalmente enchendo seu prato.
Os dois só tornaram a encontrar Harry mais tarde, e ele estava excitadíssimo dizendo que tinha muitas coisas para contar a eles. Sentaram os três juntos em um canto afastado na sala comunal, como de costume, e Harry começou:
— O que aconteceu na aula de Adivinhação foi que eu cochilei e tive um sonho. Sonhei com Voldemort, ele estava torturando Rabicho.
Hermione sentiu um calafrio. Rony murmurou:
— Perebas...
Rabicho era um servo de Voldemort e também um animago, como Sirius, capaz de transformar-se em um rato. Ele estivera na forma de roedor durante doze anos com a família Weasley, sendo primeiro de Percy e depois de Rony, com o nome de Perebas.
— Voldemort disse que o erro de Rabicho tinha sido reparado, falou que alguém estava morto. — continuou Harry. — Ele estava numa poltrona, de costas, não dava para vê-lo, e ao lado da poltrona havia uma cobra. Lançou a maldição Cruciatus em Rabicho, e disse que ia jogar Rabicho ou eu como comida para a cobra. E então a minha cicatriz doeu tanto que eu acordei.
— E você saiu da sala para ir contar a Dumbledore, como Snuffles disse? — Rony perguntou.
— Isso. Fui até a sala de Dumbledore.
— E o que ele disse? — perguntou Hermione, ansiosa.
— Depois. Primeiro tenho que contar a conversa que eu ouvi antes de entrar na sala. Fudge, Moody e Dumbledore estavam discutindo sobre os desaparecimentos do Sr. Crouch e Berta Jorkins. Dumbledore achava que Crouch tinha sido morto e que os desaparecimento dos dois estavam interligados. Fudge não concordou, e como Crouch apareceu perto da carruagem de Beauxbatons, ele desconfiou de Madame Maxime. Depois Moody disse a eles que eu estava atrás da porta.
— E Dumbledore não brigou com você?
— Não, Mione. Pediu que eu esperasse por ele na sala, que os três iam vistoriar a escola. Eu fiquei ali, sozinho, e aí eu vi uma coisa brilhando dentro de um armário com as portas entreabertas.
Hermione pôs as mãos na cintura, irritada.
— Não vá me dizer que além de escutar a conversa, você bisbilhotou no armário de Dumbledore!
— Não ouvi por querer... — ele retrucou, com impaciência. — E bem, quando abri o armário para olhar, vi que aquela luz vinha de dentro de uma bacia redonda de pedra com uns símbolos estranhos entalhados. Dentro dela havia a substância mais esquisita, eu não saberia dizer se era líquida ou gasosa, mas era luminosa e girava pela bacia. Fiquei com vontade de pôr a mão dentro para ver o que era, mas fiquei com medo de me machucar. Coloquei então a varinha, mas a substância mudou completamente; ficou parecendo vidro, e no fundo eu enxerguei a vista de uma sala grande, como se a bacia fosse uma janela no alto.
— Sala? — perguntou Rony. — Mas que sala?
— Quando eu me aproximei para espiar melhor, acabei tocando o nariz naquela espécie de vidro, e fui sugado para dentro.
Hermione estava boquiaberta, espantada com a curiosidade excessiva do amigo. Rony também estava boquiaberto, mas visivelmente excitado com a história.
— Sugado para dentro da bacia? — ele perguntou.
— Para dentro da sala! — Harry respondeu. — Era uma sala circular com umas arquibancadas e no meio havia uma cadeira vazia, com correntes nos braços. Era uma lembrança, como quando eu entrei no diário de Tom Riddle, no segundo ano. Dumbledore estava lá, não muito diferente do que é hoje.
— Você entrou numa lembrança de Dumbledore! — exclamou Hermione. — Harry!
— Calma, deixe ele terminar! — Rony rosnou para ela.
— Bem, continuando... — disse Harry. — Moody estava lá, sentado ao lado de Dumbledore, e tinha os dois olhos normais. A sala era uma espécie de masmorra, não tinha quadros, e as pessoas sentadas nas arquibancadas não falavam nada, só esperavam.
— Esperavam o quê? — perguntou Rony, as mãos tremendo de excitação.
— Um grupo que entrou logo em seguida; dois dementadores, trazendo Igor Karkaroff pelos braços. Ele parecia mais jovem, e usava roupas muito rasgadas.
— Karkaroff! — exclamou Rony.
— Era uma espécie de julgamento, e quando os dementadores o prenderam à cadeira do centro, quem falou com ele foi o Sr. Crouch, também mais jovem, e com certeza bem lúcido. Karkaroff tinha sido trazido de Azkaban porque alegava ter nomes de comensais da morte a entregar, em troca da própria liberdade. Ele começou a dizer uns nomes, mas uns já tinham sido presos, outros estavam mortos, e ele começou a se desesperar, porque aqueles nomes que ele estava dizendo eram inúteis para o ministério. No fim, ele só tinha conseguido dizer um nome que o ministério ainda não conhecia, e Crouch disse que ele voltaria para Azkaban. Mas ele disse que tinha mais, e citou Snape.
— Eu sabia! — exclamou Harry, chamando a atenção de alguns colegas que não estavam tão longe deles.
Francamente, contenha-se! — Hermione sussurrou, irritada.
— E aí, eles pegaram Snape? — Rony perguntou, ansioso, em voz mais baixa.
— Não. — respondeu Harry, e Hermione poderia jurar que havia um tom de desconfiança e desapontamento na voz dele. — Crouch disse que ele já tinha sido inocentado pelo ministério por causa de um depoimento de Dumbledore. E Dumbledore se levantou para confirma,r disse que Snape tinha sido um comensal da morte, mas que antes da queda de Voldemort tinha voltado como espião, arriscando-se.
— Ah, essa é boa! — disse Rony, em voz baixa mas indignado.
— Foi Dumbledore quem disse, Rony! — enfatizou Hermione.
— E então — disse Harry, sobrepondo-se à discussão deles — Crouch disse que Karkaroff voltaria para Azkaban, e tudo sumiu. Mas fui direto para outra lembrança, no mesmo lugar, mas as pessoas usavam roupas diferentes e agora Rita Skeeter estava em uma das arquibancadas. As pessoas agora conversavam animadas, totalmente o oposto do outro julgamento.
— Diga que foi o julgamento de Snape! — Rony murmurou, pressuroso.
— Não, você não vai acreditar de quem era o julgamento... Ludo Bagman.
Hermione deixou o queixo cair. Trocou um olhar com Rony, tão espantado quanto ela. — Mas ele foi inocentado. Era acusado de passar informações a Voldemort, mas parece que ele dava informações a alguém que fingia estar ao lado do ministério. Mas ele só foi inocentado, realmente, porque ainda era jogador de quadribol e tinha jogado na semana anterior. As pessoas o aplaudiram.
— Mas que absurdo! — Hermione exclamou.
— E depois ainda entrei em mais uma lembrança, no mesmo lugar, mas agora havia quatro cadeiras com correntes nos braços no centro da sala. A mulher de Crouch estava ao lado dele, chorando. Seis dementadores entraram trazendo quatro pessoas acusadas de torturarem pessoas atrás de informações sobre o paradeiro de Voldemort depois que ele se enfraqueceu. Eram três homens e uma mulher; um dos homens era o filho do Sr. Crouch. — ele fez uma pausa, em que a tensão pairou densa sobre os três. — E então Crouch o mandou com os outros três para Azkaban. Ele gritava, dizendo que não tinha feito nada, chamando pelo pai e pela mãe. E então Dumbledore me tirou de dentro da lembrança, e eu voltei ao escritório.
Hermione prendeu a respiração. O que Dumbledore poderia ter feito ao achar Harry bisbilhotando em memórias suas? Harry deve ter percebido sua apreensão, pois disse: — Ele não brigou comigo. Me explicou que a bacia de pedra se chama Penseira, e serve para guardar pensamentos e memórias. E então ele encostou a varinha na cabeça e tirou um pensamento, colocou-o dentro da penseira e a sacudiu, e eu pude ver claramente a imagem de Snape, dizendo o seguinte: “está voltando, mais clara e forte do que nunca, e a de Karkaroff também”.
— Será que ele desconfia de Snape? — Rony perguntou.
— Deixe ele terminar! — sussurrou Hermione, imperativa.
— Bem, então eu contei a Dumbledore sobre o sonho e a dor na cicatriz, e ele me contou que também se corresponde com Snuffles, desde que ele fugiu no ano passado. Ele ainda me disse que tem uma teoria de que a minha cicatriz dói quando Voldemort está por perto ou sente muita raiva. Ele acha que estamos interligados pelo feitiço que não deu certo. Ele disse que acha que Voldemort está ficando mais forte, e que mais uma pessoa desapareceu além de Berta Jorkins e Crouch; um trouxa chamado Franco Bryce, que trabalhou para os Riddle e viu Tom crescer. E depois eu vim embora, mas passei antes no corujal para mandar uma carta a Snuffles contando tudo isso.
Houve um curto silêncio entre os três, enquanto Hermione e Rony digeriam as novas informações. Depois começaram a conversar e a recapitular os dados, tentando formar teorias. Mais uma vez, ficaram até muito tarde conversando, e já fazia um bom tempo que a sala comunal estava vazia exceto por eles quando Hermione consultou o relógio e disse aos dois que precisavam dormir.
— No fim não praticamos mais feitiços e azarações hoje... — disse. — Amanhã vamos ter que dobrar o esforço para compensar. Boa noite.
Ela subiu devagar as escadas até o dormitório feminino, trocou-se e deitou, ainda atordoada com a quantidade de informações que Harry trouxera. Imaginou que demoraria a dormir, mas poucos minutos depois de descansar a cabeça no travesseiro já estava adormecida.

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