Capítulo IV



- Quanto tempo vamos ficar parados aqui?


- Não sei.


Ficaram onde estavam, observando os destroços, Hermione foi superando o choque e a descarga da adrenalina causada pelo acidente. Bryan. O nome do filho foi o primeiro pensamento racional. Ela tremeu ao se dar conta e como estivera perto de deixá-lo sem mãe. Se antes havia esquecido que possuía um corpo, agora sentia dores em todas as partes dele. E a dor na cabeça atingia um patamar insuportável. A noite era silenciosa. O ruído de alguns trovões era o único ruído próximo. E cada vez mais, a escuridão tornava-se profunda. Como o céu não era visível além das copas das árvores, o luar não podia amenizar as trevas. Pela primeira vez desde que caíram, o medo se fez presente.

- Onde estamos?

- Em algum lugar entre o centro de Londres e A Toca.

- Ah, que maravilha! – O medo deu lugar à revolta. – Pensei que fosse um piloto competente. Não foi isso que disse?

- Eu sou competente. Você está viva, não? Lamento não poder ser mais específico quanto ao nosso paradeiro.

- De qualquer maneira, é evidente que não chegamos a Toca. Não acredito nisso! Não acredito que tenhamos caído naquela droga de vassoura!

- Ei, acalme-se, está bem? Não derrubei a vassoura de propósito.

- É claro que não. – Ela respirou fundo. – Desculpe. Estou muito nervosa.

- Deve ser contagioso, porque também não estou muito calmo. – Devagar, Harry virou-se e puxou a manga do sobretudo. – Este era o meu favorito, e agora está em farrapos.

Ela o encarou incrédula, e foi então que viu o esboço de um sorriso em seus lábios.

- Harry Potter fez uma piada?

- Por que a surpresa? Eu tenho senso de humor, lembra?!

- Podia ter me enganado. Em todos os anos desde que me casei com Rony, creio que esta é a primeira vez que o vejo sorrir. – Sempre o vira rígido, frio e crítico… e muito atraente. Sentiu um pequeno desconforto. – O que vamos fazer?

- Se tivesse com minha varinha, consertaria a vassoura. Infelizmente, ela deve ter caído do meu bolso durante a queda, ou quando saltei da árvore. Sendo assim, a atitude mais sensata é ficar aqui, esperando por ajuda.

Mas e se não recebessem ajuda? Hermione temia ouvir a resposta. Por isso, em vez de continuar com as perguntas, encostou-se em um tronco de árvore e ficou em silêncio. Harry estava a seu lado. Em outras circunstâncias, teria sentido prazer em vê-lo tão desalinhado. Depois da guerra contra Voldemort, jamais o vira em tal estado. Os cabelos escuros estavam despenteados, a capa suja e rasgada, e a camisa, antes de um branco imaculado, agora era a imagem da devastação. Hermione continuou examinando o corpo musculoso e assustou-se quando os olhos chegaram às pernas. A calça rasgada expunha um joelho que, ferido, sangrava de maneira assustadora.

- Harry, seu joelho…

Ele abriu os olhos para examinar a região indicada.

- O sangramento não é dos piores. Relaxe. – Com uma sobrancelha erguida e um sorriso irônico, ele prosseguiu: - Mas, se quiser despir a camiseta para estancar o sangue de meus ferimentos, vá em frente…

- O quê? Sacrificar ma de minhas camisetas preferidas por você? De jeito nenhum!

- Mulher cruel… - Podemos fazer um acordo. Se conseguir reunir alguns galhos de árvore e construir um abrigo para nós, usarei minha camiseta para cuidar do seu joelho.

Ele riu, e o som há tanto tempo esquecido gerou uma onda de calor que Hermione conhecia muito bem… um calor que era incômodo e assustador. Desde que se conhecera Harry, sentira por ele uma atração amedrontadora, um sentimento contra o qual lutara durante anos, mais ainda quando se casou com Rony. Jamais havia ficado sozinha com Harry novamente. E de repente estavam sozinhos no meio do nada, perdidos, isolados… Tinha de ignorar a inquietação.

- Acho que temo visto muitos filmes de ação trouxas – ele disse. – Além do mais, eu não perderia meu tempo construindo um abrigo para você.

A resposta era apenas uma retribuição da brincadeira que fizera, mas era com alívio que identificava a frieza em sua voz, um desdém que a levara a duvidar de que pudesse até mesmo gostar de Harry Potter. Um brilho distante na escuridão fez Hermione levantar-se de um salto.

- Viu isso? Talvez seja alguém pra nos ajudar!

Assim que as palavras saíram de sua boca, um estrondo cortou o silêncio da floresta. Era o resultado do choque entre nuvens carregadas de eletricidade.

- Não é ajuda, Hermione. Vamos ter uma tempestade.

As gotas mais grossas caíram sobre o rosto que, relutante, ainda procurava por alguém. Hermione respirou fundo e olhou para o companheiro de infortúnio.

- Acho que odeio você, Harry Potter.

- Sabe de uma coisa? Antes de tudo isso acabar, o sentimento pode ser mútuo.

N/A Como não vou postar no fds, postei novo cap, ok?! Bjs!!!

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