Capítulo 02



O VIDRO QUE SE FOI-SE

Dez anos haviam se passado, desde que McDonalds e Pégrand foram “atijolados” pelo psicopata da Rua dos Alfineteiros, e Dabliudor despejou Rárry na casa dos Disney.
Rárry agora dormia em uma cesta de roupas, na verdade, seria mais verdadeiro falar que ele vivia na cesta de roupas, já que só saia de lá para comer.
- Acooorddaaaa molequeeee!!! – gritava a Tia Defunta.
- To acordado tiaaaaa!!! – respondia o garoto.
- Quero que você lave os tapetes, limpe as cortinas, as cortinas, varra a casa, lustre os móveis e troféus do Bebê da Hipoglós e lave as roupas.
- E dê um banho em Lúcifer. – falou Bebê da Hipoglós.
- Querido não atrapalhe, vá assistir Cinderela vá. – disse ela rindo, ao virar-se para Rárry, fez uma careta – Por que hoje é aniversaio do Bebê da Hipoglós, vamos ir ao zoológico, e você poderá ir, mas é claro, se der tempo, agora vá fazer as coisas que mandei você fazer.
- Não vou! – respondeu Rárry.
- Só tem um jeito de resolver esse assunto! – disse Tia Defunta.
- JO!
- KEN
- PO!
Rárry ganhou mais Tia Defunta meteu a vassoura na cabeça dele e ele teve que começa o trabalho.
Desde que completou dois anos de idade, era ele quem fazia os trabalhos domésticos na casa. Tia Defunta vivia assistindo as novelas dela e gritando para a televisão.
- Não sua retardada, ele não te merece!! – e desatava a chorar.
O Tio Volte, trabalhava de dia, na firma das porcas e a noite só dormia.
- ZzZzzzZzzzZzzzZZZZzzzzzzzzzzZZZzzzzzzzzzzzzzzZ... – era o barulho feito por ele quando dormia.
O Bebê da Hipoglós, só comia e o outro barulho... é melhor não colocar.
Toda vez acontecia coisas estranhas na casa dos Disney, e sempre Rárry estava envolvido. Todo mundo dizia que ele era santo, mas os Disney nem estavam aí, pensavam que ele estava era possuído, principalmente num dia, na hora do almoço, quando Rárry vomitou sopa de ervilha da cara do Bebê da Hipoglós.
Rárry terminou seus serviços e foi se trocar rapidamente. Seus tios já o chamavam para ir ao zoológico.
Quando chegaram lá, deram de cara com uma cobra enorme, tava escrito em uma plaquinha dourada:

Eunectes murinus
Nativa da América do Sul, Brasil (ou seja, subdesenvolvida, riam dela)
Nasceu em cativeiro.

- Hahahahahha – riu Bebê da Hipoglós. – É brasileira.
A cobra abriu a boca para ele, que desmaiou na hora. Os Disney estavam vendo os Leões Marinhos (nem sei para que, já tem um na casa deles).
- Não liga para ele não. Ele é um retardado. – disse Rárry.
- Retardado é você, que fica falando com animal. – respondeu a cobra.
- Retardada é você. – gritou ele – Mas me diga, você nasceu no Brasil? Era legal lá?
- Sabe ler não o idiota?? – respondeu ela, indicando com o rabo para a plaquinha dourada.
- Quem te ensinou a falar? – perguntou Rárry – Espera aí, que eu vou beber água – disse ele, batendo no vidro.
Quando a água tocou na boca de Rárry o vidro caiu em cima do Bebê da Hiploglós.
Até os parentes das cobras escutaram o grito dado pela Tia Defunta Dinsey.
- Foi você não foi seu moleque asqueroso!! – ralhou o Tio Volte, puxando as orelhas deles – Sabe o que você merece??
O Tio abriu um armarinho amarelo e gritou.
- AVAIANA DE PAAAUUUUUUUUUUU! – e tacou em Rárry, mas errou e acertou na cabeça do Bebê da Hiploglós – Viu o que você fez? Vai ficar de castigo!
- Sem comida!! Por um mês inteiro! – completou a Tia.
Amassaram Rárry e tacaram dentro da cesta.
Rárry desejou ter uma Amoeba, para passar o tempo, e ver se os Disney haviam dormido, assim podendo dar uma escapadinha da cozinha.
Rárry vivia com os Disney há quase dez anos, dez dolorosos anos apanhando de Avaiana de Pau, desde que era bebê, e seus pais haviam morrido intoxicados com um pedaço de amendoim. Não se lembrava de nada, força a memória, mas a única coisa que saía, até o vizinho sentia. Só se lembrava de uma coisa: Um lampejo ofuscante de luz rosa-choque e uma queimadura na testa.
Na escola, ninguém queria conversar com Rárry, não porque ele usava roupas remendadas, velhas, grandes para a idade dele, sujas, rasgadas, com os óculos remendados, nem porque o Bebê da Hipoglós não gostasse que falassem com ele. Mas porque todo mundo pensava que ele era drogado, porque toda vez que ele saía, um pessoal estranho falava com ele, um pessoal estranho, homens e mulheres usando vestidos cor escarlate e peruca black-power e com unhas verdes vinham falando: “Olhem é o Póter, que honra!”. Tia Defunta pensava que ele era considerado o líder do grupinho de drogados e tentou jogá-lo fora na latinha de lixo, mas ele era muito grande, então desistiu e trancou ele na cesta de roupas sujas.
E era assim a vida extremamente feliz e normal que Rárry vivia.

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