A única coisa a se fazer



Remus não saiu do Expresso quando chegou na estação. Ele voltou a Hogwarts com tanta raiva que teria destruído tudo pelo caminho.
Procurou Snape e o acharia de qualquer modo. Ele estava de frente a lareira na sala comunal da Sonserina. Tinha a expressão cansada e quando viu Lupin, apenas levantou sobrancelha.
Irado, jogou o livro de anotações de Chant em Severo. Ele folheou rapidamente.
_ O que está escrito aí é verdade?
_ Temo que sim...
Nem bem Severo Snape terminou a frase Remus partiu para cima dele como um animal. Bateu-lhe tanto que não conseguia nem respirar direito. Snape Não revidava. Parou.
_ Poupei-o de detalhes importantes, Remus, eu admito minha culpa... – limpou a boca suja de sangue – Mas eu faria tudo novamente por ela se fosse preciso... Ela amava você, não queria que soubesse a verdade.... Isso não é bem minha culpa, não é?
Lupin sentou no chão frio das masmorras e se sentindo o último dos homens, chorou.
_ Não se preocupe comigo... – Snape o consolou – Sei que precisava de alguém para descontar um pouco tudo que a vida lhe aprontou, não é? – sentou do lado dele – Muitas vezes eu também quis fazer isso... Ele continuava chorando quando Dumbledore chegou e providenciou para que o carregassem para o quarto.
Seus sonhos naquela noite foram todos sobre ela, não entendia em que ponto perdera sua confiança. Por que ela achava que ele jamais acreditaria na verdade se ela mesma dizia que confiava mais nele do que em si própria.
Lembrou de uma conversa quando tinham 13 anos.
_ Sel, você é a menina mais perfeita que eu conheço... Jura que jamais vai me decepcionar?
_ Juro!
Então era isso. Ela só não queria decepciona-lo...


Sirius foi encontrar seu amigo pensativo, tomando um suco de alguma coisa, sentado num barzinho, olhando para o mar. Como o mais comum dos trouxas. No colo, o livro pequeno de capa verde e letras em prata.
Conversaram longas horas, falaram sobre tudo. Remus contou o que descobrira nesse último ano.
_ E então, irmão, o que você pretende fazer?
_ A única coisa que me sobrou para fazer... Vou buscar Sara e Luna...
_ Você foi vê-las?
_ Estão lindas... A cara da mãe...
_ Calma amigo, elas estão bem com Riter por enquanto... – Sirius aconselhava olhando diretamente nos olhos – Se estivermos certos, Rabicho fará de tudo para trazer Voldmort de volta... Precisamos da certeza de que ele foi destruído, ou elas correrão perigo...
_ Essa maldição não se acaba... - Remus estava desesperado – Você sabe o que eu perdi? E você, meu Deus... E o Harry? Tiago? Lílian?
_ Eu sei... Mas é por isso mesmo que temos que destruí-lo de vez... Ou não haverá paz para ninguém!
_ Sirius, eu a amava mais do que a mim mesmo... – Remus passou a mão pelo cabelo – sinto como se tivesse desperdiçado minha vida, pois nem ao menos pude estar com ela... Enfrentar alguns dos seus problemas.... E eram tantos... – uma lágrima rolou sem aviso – Ela só pensou em mim durante todos esses anos, meu amigo... Fez de tudo pelo meu bem estar...
_ Hoje eu sei que mulher maravilhosa Selena foi – ele tocou no ombro de Lupin – Me arrependo amargamente de cada palavra que disse sobre ela nesses anos... Eu mesmo não teria tanta coragem para enfrentar um destino como o dela.... Você deve se orgulhar, meu amigo... Pois esta mulher teve uma morte honrada, assim como Lílian, morreu por amor às suas filhas. Morreu com nobreza na alma e provou que pouco importa a sua origem, provou que cada um faz as suas escolhas e segue o seu caminho... Ela escolheu você, escolheu um amor maior do que o próprio ódio de Voldmort...
_ Suas palavras são bonitas, Sirius... Mas não a trarão de volta... – ele foi seco – Desculpe-me, amigo – abaixou a cabeça – Sei que você só quer me ajudar... Mas eu estou muito amargurado... Dói até quando eu respiro. Sinto muitas saudades...
_ Aluado, eu seria um idiota e você um insensível se não nos sentíssemos péssimos pela morte de Selena... – tentou deixar o amigo mais à vontade – Mas eu acredito que o mínimo que você pode fazer por ela agora é ser feliz...
_ Como assim?
_ Ela lutou tanto pela felicidade de vocês, Remus... Das suas filhas... Agora você vai desistir de tudo? Vai ser um esforço em vão, não é mesmo?
Remus forçou um sorriso.


23. Brilho da lua

Quando Adamastor chegou, os dois comensais estavam esgotando as últimas forças de Helena. Ela quase desistia. Se desistisse, seria o fim.
Foi preciso ainda muito esforço para que derrotassem os malvados, mas quando Helena viu Adamastor, criou ânimo novo. E a luta ficou justa.
Por fim, Adamastor usando de destreza incrível conseguiu estuporar o casal de comensais. Helena, caída no chão, chamava seu nome. Fora ferida.
Ele correu em seu socorro, a pôs nos braços, ela mal respirava. Ele clamou pela ajuda dos céus, não podia perde-la. Seria como morrer também.
Um amigo finalmente ouvira o chamado e chegou para ajuda-los, disse:
_ Vamos leva-la daqui...


Dias se passaram, Adamastor sentado ao lado da cama dela não pregou o olho. Helena finalmente sossegara depois de noites à fio com febre alta e sono inquieto.
_ Ad, você está aí? – ela chamou.
_ Psssiiiii.... Não fale, meu amor... Você precisa descansar – ele foi para onde ela pudesse vê-lo.
Ela sorriu. Sua vista estava embaçada mas ela podia reconhece-lo.
_ Tenho de dizer.... – sua voz era mais um murmúrio – Eu não vou sobreviver...
_ Não diga uma coisa assim, Helena... Se você morrer o que será de mim? – ele estava muito preocupado mas preferia manter-se divertido.
_ Você sempre foi um conquistador...- passou a mão numa mecha do cabelo dele – Logo arranjará outro amor... Talvez até maior ainda que o meu...
_ Jamais amarei a outra como a ti... E duvido que haja neste mundo amor maior do que o que sentes por mim... – ele falou sério – Se é para falar besteira como estas, prefiro que te cales... Ficará melhor logo e discutiremos o quanto é grande e bonito o nosso amor...
Mais uma vez Helena forçou-se a sorrir. E falar era um esforço que ela não ia suportar por mais muito tempo, mas precisava dizer. Não queria morrer levando segredos assim.
_ Ad, eu tenho que te contar tudo que fiz nesses anos todos...
_ Se é por causa disso, descanse... Sei de tudo quanto preciso saber... Samuel me contou os tais segredos que tanto te atormentaram durante estes anos...
_ Samuel.... – ela tossiu – O que ele disse?
_ Suas aventuras... O domínio que o Lorde das trevas exercia sobre você... Tudo o que fez...
_ E você...
_ Eu te amo ainda mais... Pois não pode haver outra resposta para alguém que me amou tanto... – ele sorriu e tocou no rosto gelado dela - Helena, eu te amaria mesmo que você tivesse feito tudo aquilo por livre espontânea vontade.... Eu não tenho outra opção que não seja estar aos teus pés por toda eternidade... Agora descanse e fique boa logo.... – a beijou de leve – Quero me casar com você... E não aceitarei um não como resposta...
_ Adamastor...
_ O que é, meu amor?
_ Eu te amo!
_ Eu também te amo... – ela fechou os olhos para enfim dormir um sono reparador e recuperar suas forças. Ele ficou por ali sussurrando, até que ela cochilasse - Eu me orgulho de você, Helena! Você é a mulher mais corajosa e fascinante que existe sobre a Terra...


Helena estava radiante no seus vestido branco. O casamento deles marcava o início de uma nova era, sem medo.
Samuel e uma amiga antiga foram os padrinhos e até aqueles a quem ninguém mais esperava ver apareceram na festa, que foi grandiosa e bonita. Mas não tão grandiosa e bonita como aquele amor que nascera em corações férteis no meio de tanta tristeza e sofrimento e resistira as tempestades se tornando ainda mais forte.
Adamastor não podia desviar os olhos dela, a lua brilhava crescente no céu. Praticamente a tirara dos braços da morte, fora egoísta, pois não viveria também se ela tivesse... Não gostava nem de pensar na possibilidade. Morreriam velhinhos e agarrados um ao outro e não de forma tão brutal, lutando por uma paz que estava longe demais do alcance de suas mentes e que agora era a mais pura e bela realidade.
_ Eu sou o homem mais feliz do mundo...
_ E eu sou a mulher que realizou quase todos os seus sonhos... – ela o beijou.
_ Quase? – ele franziu a testa – Ainda existe um sonho que eu possa realizar para você, meu amor?
Será meu objetivo de vida... Diga.... É uma ordem, cada desejo do seu coração... Para mim é uma ordem...
_ Não seja tão bobo... - Ela sorriu – Não acho que vai ser um pedido complicado... Mas é um sonho antigo... Eu nem mesmo pensava que ainda poderia realiza-lo... Mas os tempos são outros... Tempos felizes!
_ Diga-me o que desejas, Helena! Eu imploro... – ele a beijou.
Ela o mirou bem no fundo dos olhos como se quisesse decorar cada pedacinho dele. A pausa o deixou impaciente, ela sorriu e dissipou qualquer dúvida que houvesse.
_ Eu quero um filho teu, Adamastor... – ela alisou os cabelos dele que surpreso não conteve uma lágrima. Era realmente o que faltava, uma criança para ilustrar como era maravilhoso o amor que sentia por ela, uma continuação deles mesmos – Um só não, pelo menos dois... – Ela sorriu – E nós vamos cria-los num mundo de paz...
_ Então eu só faço uma exigência...
_ Qual?
_ Que sejam duas meninas... Duas meninas lindas como você... – ele a abraçou – Eu acho que mais homens merecem os cuidados de mulheres tão especiais como as da sua família... Não quero ser egoísta!!! – ele sorria e a beijava – Já que você é só minha e eu não abro mão disso... Que sejam minhas filhas, então... – ele parou um pouco para pensar, franziu a testa, coçou a cabeça, levantou a sobrancelha direita – Pensando bem, eu não vou gostar nada de um garotão dando em cima das minhas princesinhas, e...
Helena o calou com um beijo e o incentivou a irem providenciar as duas garotas antes de ele Ter sua primeira crise de ciúmes delas.

FIM.


Remus fechou o livro sentindo um alívio incrível. Pelo menos na ficção alguém havia sido feliz para sempre. Diferente da vida real.
_ Olá, Menino-lobo... – ainda ouvia a voz dela em sua cabeça enquanto escrevia para o Riter liberando a edição do livro.
No fim de tudo, sorriu. Pensou no que Sirius dissera. Seria tudo em vão se ele fosse infeliz.
E sobrara muita coisa boa afinal, um amor que resiste ao tempo e a morte.... E duas lindas meninas que precisavam aprender a chama-lo de pai. Mas o mundo teria de mudar antes disso.
Seu objetivo de vida seria este, custasse o que custasse. Já havia pagado preço alto demais para desistir agora.
Determinado, partiu para as fazendas no oeste da Escócia. Seria última vez que veria suas filhas antes de que o mal fosse totalmente destruído. Mas ele seria finalmente destruído. Jurara por ela.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.