Here Again



08- Here Again




25 de Outubro de 1981.





A primeira coisa que Tonks conseguiu registrar, assim que emergiu do seu estado de inconsciência, foi um peso enorme na cabeça, como se tivesse acabado de tomar várias doses de Fire Whisky de uma vez. Mal tinha forças para abrir os olhos e nem se deu ao trabalho de fazê-lo. Sentiu que o seu corpo afundava confortavelmente num colchão macio e procurou uma posição agradável para se acomodar melhor. Ainda de olhos fechados, tirou os tênis que caíram com dois baques secos no assoalho. Sentindo que acabaria mergulhando num estado de letargia outra vez, ela tentou se cobrir com o edredom, mas, os seus dedos tatearam alguma coisa quente do outro lado da cama. Com medo de abrir os olhos, ela foi explorando a tal ‘coisa’, até que uma mão forte e de toque firme envolveu o seu pulso e....

-Ahhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!

... Tonks abriu os olhos de uma vez, quando ouviu um grito assustado. Logo a pessoa que gritou estava sobre ela, imobilizando-a, uma varinha apontada diretamente para o seu pescoço.

-Lumus!

Piscando bobamente, a garota tentou se desvencilhar e proteger os olhos da luz incômoda. Ela realmente começou a achar que tinha tomado umas doses a mais de Fire Whisky e que estava tendo algum tipo de alucinação. Ou então um pesadelo.

-Tonks? - Uma voz conhecida falou com surpresa.

Logo a varinha que estava apontada para ela, fora retirada do seu pescoço, enquanto a pessoa que a imobilizara, saia de cima dela e sentava-se na cama. Tonks respirava rapidamente, atordoada, tentado raciocinar com clareza e falhando miseravelmente. Olhou para o lado e se deparou com ninguém menos do que...

-Sirius?!

Então, aos poucos, as lembranças do que acontecera anteriormente começaram a desabar sobre ela.

-O feitiço... - Ela murmurou - o feitiço deu errado!

O rapaz acendeu algumas velas no candelabro que ficava no seu criado mudo e uma luz quente e acolhedora iluminou o aposento. Espanto era pouco para definir o estado dele. Era bizarro demais ser acordado por uma prima que fazia tour no tempo e que simplesmente surgira na sua cama no meio da madrugada.

-Eu acho que nós precisamos de uma boa xícara de café! - Ele concluiu, soltando um suspiro cansado.

No momento seguinte os dois estavam na cozinha do apartamento de Sirius, Tonks com uma expressão que variava entre frustrada e derrotada, resmungando para si mesma o quanto ela era azarada.

-Apartamento legal! - Ela comentou, tentando afastar os pensamentos pessimistas da sua cabeça, dando uma olhada em volta. Era realmente um bonito apartamento, acolhedor, mas decididamente bagunçado. Sirius, apesar de possuir meios financeiros para isso, não tinha ninguém que o arrumasse e ele também não era muito habilidoso com feitiços domésticos. A simples idéia de manter um elfo doméstico em sua casa era inconcebível, fazia com que ele se recordasse dos modos pomposos e abusivos que eram mantidos na mansão da família Black.

E dos Black, a única coisa que ele mantinha, era o sobrenome.

-Recebi junto com a herança do tio Alphard! - Ele respondeu casualmente, entregando uma xícara de café fumegante nas mãos da garota; e depois se sentou defronte Tonks à mesa da cozinha. - Eu ainda não acredito que não conseguimos te mandar pra tua época. Eu fiz o feitiço do jeito que estava explicando no livro. Tenho certeza disso. E, não é querendo me gabar, mas eu sempre fui muito bom com feitiços.

-Não, Sirius, eu não estou culpando você! - A garota mantinha a xícara entre as mãos, apenas observando o pequeno vapor subir do líquido quente, formando espirais no ar. - Eu apenas não consigo entender como tudo deu tão errado. É falta de sorte demais pra uma pessoa só.

-Então você acha falta de sorte acordar na minha cama? - O maroto fingiu desapontamento. - Tem garotas que dariam tudo para ter essa oportunidade, sabia?

Pela primeira vez naquela madrugada, Tonks sorriu.

-Realmente, ter a oportunidade de ver Sirius Black com olheiras e o cabelo despenteado e... oh, eu tenho quase certeza que o seu travesseiro estava babado... Enfim, ter essa oportunidade é realmente única.

-Duvido que você seja essa maravilha toda quando acorda, ainda mais quando acorda assustada do jeito que acabou de acontecer. - O rapaz resmungou. - Mas pelo jeito você não está tão desanimada assim, já que está até fazendo piada da minha cara.

-Bem, já que eu estou aqui, vou ter que parar de me lamentar, né? - Ela deu uma golada no seu café e soltou um suspiro de satisfação. - Em que ano nós estamos?

-Em 1981!

“1981... 1981... O que aconteceu nesse ano que eu não consigo me lembrar?”

Mas não conseguiu terminar de concluir os seus pensamentos, pois notou que Sirius estava falando com ela.

-Vem cá, quero te mostrar uma coisa. - O rapaz se levantou e puxou a prima pela mão, em direção a sala de estar. - Aconteceu tanta coisa desde que você sumiu... O James casou, dá pra acreditar? E adivinha com quem?

-Com a Lilly! - Ela respondeu automaticamente e arregalou os olhos em seguida, tapando a boca com as mãos.

-Como você sabia disso? - Sirius franziu a sobrancelha, mas a garota não respondeu. - Você já sabia disso antes, né? Já sabia que os dois acabariam juntos.

A garota afirmou com um gesto da cabeça, limitando-se a não acrescentar mais nada à sua resposta, notando que o feitiço feito por Dumbledore já não surtia efeito. Os dois sentaram-se no sofá confortável da sala, enquanto o rapaz convocava um livro até as suas mãos.

-O que é isso? - A curiosidade falou mais alto e Tonks não conseguiu conter a pergunta.

Sirius abriu o volume com capa de veludo negro que estava sobre o seu colo. Um quarteto de rapazes sorridentes acenou alegremente para Tonks, enquanto, com interesse, ela tomava o álbum de fotografias das mãos do primo. Viu que Sirius sorriu com certa melancolia ao ver a foto dos marotos nos tempos de Hogwarts. Tudo estava tão diferente daquela época. Haviam acontecido tantas coisas, que, infelizmente, não eram de todo agradáveis.

Uma coisa quente e reconfortante se espalhou pelo peito de Tonks, ao ver um rapaz de cabelos castanhos e olhos cor de âmbar sorrir timidamente para a câmera, enquanto era cutucado pelo Sirius da fotografia. O que teria acontecido à Remus Lupin? Estaria bem? Estaria vivo ou teria acontecido algo a ele durante a guerra? Será que também estaria casado? Esse pensamento veio de repente e surpreendeu a garota.

“E se estiver, o que eu tenho a ver com isso? Absolutamente nada!”

Sirius folheou o álbum e revelou outras fotografias dele e dos amigos, sempre os quatro muito sorridentes, brincando entre si, como Tonks presenciara anteriormente, no passado deles. Mas um dos registros fotográficos fez Tonks quase se engasgar de tanto rir.

-Eu não acredito que você tem isso! - Ela tapou o rosto com as mãos, fingindo timidez.

Sirius sorriu.

Era uma fotografia de uma Tonks com apenas três anos de idade. Sentada num cadeirão, desses para crianças, ela espalhava algum tipo de papinha bem gosmenta e pegajosa nos cabelos castanhos de um rapaz, que não sabia se estava feliz ou decepcionado com a atitude da pequena. O curioso na fotografia era que a criança tinha cabelos verdes ácidos, emoldurando o rosto em forma de coração.

-Eu me lembro dessa foto. - Ela finalmente disse. - Nós temos uma cópia em casa. Minha mãe disse que foi tirada no dia em que descobriram que eu era uma metamorfamaga. Tiveram que mudar a cor do meu cabelo com feitiços, já que eu não sabia controlar os meus poderes. Coitado do papai... - Ela sorriu com carinho para o rapaz da fotografia. - ele sofreu comigo. Eu era uma peste!

-Era? - Sirius ergueu uma sobrancelha. - Você ainda é uma peste! - Ele concluiu, para logo em seguida levar um cutucão de Tonks. - Sua mãe mandou essa foto pouco tempo depois de você ter sumido, sabe... de 1976. Eu quase me ferrei por causa daquele feitiço. A McGonagall queria ter me dado detenção por causa da nossa imprudência...

-Agora eu vejo que a gente fez besteira. - Tonks se recostou no sofá, parecendo cansada. - O que você falou para os outros... sobre o meu sumiço?

-Bem, primeiro eu tive de falar com o Profº Dumbledore, explicar tudo o que tinha acontecido. Você sabe como o Dumbledore é... Disse que nós deveríamos ter esperado mais um tempo, que ele já estava em contato com um Inominável do Ministério da Magia, para conseguirem um vira-tempo para levar você... Enfim, tivemos que inventar uma história maluca de que você tinha tido problemas com seus parentes na Irlanda e que teve que voltar às pressas. Caso de vida ou morte!

-Desculpa se eu te encrenquei na época, Sirius.

-Sem problemas, Tonks. Eu entendo que devia ser estranho para você conviver com as pessoas que você conheceu adultas, estando adolescentes.

-Era bem bizarro mesmo! - Tonks soltou um bocejo e começou a coçar os olhos. - Mas era divertido. Eu gostava bastante de conviver com você e os outros marotos...

Sirius sorriu fracamente, mas sem encarar a prima. Os tempos de Hogwarts foram, sem dúvida alguma, a melhor época da vida dele. Ter a companhia dos amigos, sem nenhum outro tipo de preocupação era maravilhoso. Mas, após isso, as coisas mudaram. A guerra ficava a cada dia mais impiedosa e conseguiu se infiltrar na vida de todos, deixando marcas e incertezas. Ele, Sirius, seria capaz de enfrentar todo e qualquer perigo tendo os amigos ao seu lado, mas, como fazer isso agora, quando a sombra da desconfiança pairava sobre eles? Como conviver normalmente com os amigos, quando se tem a suspeita de que um deles é um espião, um traidor?

-Eu acho melhor nós tentarmos dormir! - Ele falou, após alguns instantes. - Você está caindo de sono e eu também estou um pouco cansado.

Tonks recebeu aquela frase com agrado.

-Obrigada, Sirius! - Ela tocou a mão do primo. - Eu realmente estou precisando dormir.


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26 de outubro de 1981.



Aquela época era uma época realmente complicada. Nas ruas, o medo pairava sobre as pessoas, como se fosse uma névoa densa e sufocante, tirando a liberdade e a paz de espírito de todos. Medo da guerra iminente que fora declarada por Lord Voldemort. Medo de chegar em casa e do que poderia encontrar lá, a insegurança de saber se os seus entes estavam bem, se estavam feridos ou... Tempos realmente negros. Não havia como viver em paz daquela forma, porque era um mal que se escondia em todos os lugares. Os chamados Comensais da Morte, não tinham identidade definida. Somente o Lorde Negro sabiam quais pessoas estavam comprometidas sob o símbolo da Marca negra, obscurecendo os seus nomes e propósitos.

Tempos realmente sombrios...

Mas, de forma alguma, a esperança havia sido posta de lado. Havia algumas poucas pessoas, incansáveis, que buscavam erradicar esse mal, colocando as suas vidas em risco com a vontade de tornar o mundo mágico melhor, livre daquela presença maligna. Pessoas dignas de respeito e consideração, assim como Remus Lupin.

O rapaz ajeitou a gola do casaco, tentando se proteger do vento frio daquele começo de noite. Tinha a aparência doentia, as vestes frouxas sobre o corpo, olheiras fundas e escuras abaixo dos olhos e o rosto pálido. Deu uma olhada rápida no seu relógio de pulso e apertou o passo, vendo que estava quase atrasado para o seu encontro. Andando pelas ruas da Londres trouxa, ele distinguiu em meio a algumas lojas, um Pub de aparência suja. As pessoas que passavam por ali pareciam não se dar conta da existência do estabelecimento, como se este estivesse oculto por mágica.

Remus adentrou o Caldeirão Furado e varreu o local com o olhar. Não precisou procurar muito para encontrar o amigo de escola, Peter Pettigrew, sentado diante de uma das mesinhas mais escondidas e reservadas do estabelecimento. Rumou para lá, exibindo uma expressão preocupada no rosto.

-Peter! - o rapaz saudou o amigo que estava sentado, sentando-se em frente à ele. - Como tem passado?

O outro rapaz remexeu-se nervosamente no seu assento, ajeitando as mangas do casaco. Os olhos pequenos e lacrimosos encaravam Lupin com certo desolamento.

-Remus, estou preocupado... Essa guerra toda... - Ele se debruçou sobre a mesa, ficando mais perto do amigo. - Você viu o que aconteceu com os McKinnon e com os Prewett também... - Peter engoliu em seco. - Estamos morrendo como moscas. Emboscadas e...

Remus soltou um suspiro cansado.

-Eu sei disso, Peter! E sei como é preocupante; todos nós ficamos apreensivos com a situação, mas nos comprometemos com isso, não é?

-Eu temo por James, Lilly e o pequeno Harry! Você sabe que Você-Sabe-Quem está atrás deles e que nós temos um... espião no meio da Ordem. Alguém que está nos traindo.

-Peter, eu não acho prudente falarmos sobre isso aqui. - Remus parecia taciturno, encarando o tampo da mesa. - Dumbledore têm tomado providências para deixá-los em segurança, não se preocupe quanto a isso.

-Você tem alguma suspeita?

-Sobre o que?

Peter engoliu em seco e depois sussurrou: - Sobre o traidor!

-Prefiro não pensar sobre isso. Não gosto de pensar na possibilidade de ter um amigo nos traindo e também não quero fazer falsas acusações.

Os dois rapazes ficaram algum tempo em silêncio.

-Estranho o Sirius não ter aparecido, você não acha? - Peter comentou, após dar uma golada em sua cerveja amanteigada. - Eu me lembro que ele disse que viria ao nosso encontro, que, apesar de tudo, nós ainda éramos amigos... estranho, não é mesmo?

-Talvez ele tenha tido algum problema no meio do caminho, Peter.

Lupin observou que Peter parecia realmente perdido, quase apavorado. Sempre trêmulo, apreensivo e com gestos nervosos. Ele imaginava como era difícil para o amigo. Dos marotos, ele era o mais frágil, sempre vivendo à sombra de James, Sirius e dele próprio, Remus. Não chegava a ser obtuso, mas qualquer talento que ele possuísse era obscurecido pelo brilhantismo de James e Sirius, que foram, sem dúvidas, os melhores alunos do seu tempo. E após Hogwarts... após o término da escola as coisas mudaram significantemente.

-De qualquer modo, eu vou passar no apartamento dele depois que sair daqui. - Lupin comentou e, finalmente se dando conta da presença de uma garrafa de cerveja amanteigada à sua frente, tomou um longo gole. - Preciso pegar os relatórios da última reunião com ele.

-Ah, sim, você não esteve presente! - e Peter concluiu, após notar o rosto pálido do outro, adornado por olheiras. - Lua cheia, hã?

-Exatamente...

O restante da conversa com Pettigrew não fora muito diferente. O rapaz só reclamava do quanto estava apavorado com a guerra, com os Comensais da Morte, com Lord Voldemort...

Lupin sentiu um assomo de pena, mas preferiu não demonstrar isso. Pena era um sentimento deveras degradante.

Os dois não ficaram por muito mais tempo no Caldeirão Furado. Peter disse que era perigoso demais perambular por aí, principalmente durante a noite.

Apesar de não estar muito certo se isso era realmente o correto a ser feito, Lupin aparatou diretamente no bairro onde Sirius morava. Tomou o devido cuidado para não ser visto por ninguém indevido e entrou no prédio onde ficava o apartamento do outro maroto. Além da preocupação a respeito da ausência no encontro marcado por ele, havia uma certa desconfiança. Por mais que não quisesse admitir, a possibilidade de Sirius ser o espião já lhe visitara os pensamentos várias e várias vezes. Ele não tinha provas e nem queria buscá-las, mas ficou tentado em saber o que Sirius estivera fazendo naquela noite.

Agora ele estava defronte à porta da casa de Black, sentindo-se estranho, quase ansioso. Desejava fervorosamente que o amigo estivesse em casa e que as suas suspeitas se mostrassem sem fundamento.

-Remus? - Sirius indagou com surpresa, assim que abriu a porta. Durante alguns poucos segundos os dois se encararam com um certo receio. -Entra, cara. - Sirius se afastou da porta, abrindo passagem para Lupin. - Aconteceu alguma coisa?

-Eu acabei de sair do encontro com o Peter. - Lupin retirava o casaco e pendurava num gancho perto da porta de entrada do apartamento. - Nós ficamos preocupados, achando que tinha acontecido algo com você.

O tom de voz de Lupin era estranhamente formal com o amigo de tanto tempo. Ultimamente era assim que os dois vinham se tratando: uma frieza polida, na vã tentativa de ocultar a desconfiança que envenenara a amizade dos marotos.

-Eu tive um contratempo. - Sirius disse, após uma pausa.

Lupin encarava o amigo, parecendo cético.

-Certo!

-Olha só, Remus, vamos ser bem francos. - Sirius andava de um lado para o outro na sala, parecendo inquieto. - Você veio até aqui só para ter certeza de que eu estava em casa, somente para desencargo de consciência. Eu sei que você desconfia de mim e não seja hipócrita ao dizer que estou enganado.

Lupin, que era sempre tão calmo, sentiu as mãos formigarem de uma maneira perigosa.

-Eu não fiz nenhuma acusação, Sirius.

-Mas não precisou fazer. - Sirius passou a mão pelos cabelos escuros. - Eu sei que você tem suspeitado de mim desde que souberam que havia um espião entre nós. Claro, eu sou um Black, vim de uma família que estava enfiada em magia negra até o pescoço!

Remus respirou fundo, o rosto inexpressivo.

-Eu prefiro não acreditar nesse tipo de coisa. Já lhe disse isso antes: não quero pensar que existe um traidor entre nós. É... absurdo demais, repulsivo demais pensar que existe alguém capaz de entregar os nossos amigos.

O ruído de uma cadeira sendo arrastada foi ouvido no interior do apartamento, mas os dois rapazes não deram importância a isso.

-Eu sei que é! - Sirius parecia alterado. - E eu já lhe disse que prefiro morrer à entregar James e Lilly. Que tipo de monstro você acha que eu sou? Eu sou padrinho do Harry, caramba!

Lupin avaliava mentalmente a situação. Tentava encontrar alguém que pudesse ter o perfil do traidor, mas não encontrava ninguém... além de Sirius. O tipo de informação que fora passada a Lord Voldemort só era de conhecimento dos amigos mais íntimos do casal Potter. Ele, Remus, não era o espião, obviamente. Peter... pobre, Peter! O comportamento do rapaz no Caldeirão Furado era prova mais do que suficiente para mostrar que ele não tinha nada a ver com aquilo. O rapaz estava simplesmente em pânico. E Sirius... Sirius era o que estava mais próximo dos Potter. Como não pensar que ele poderia ter sido seduzido pelas artes das trevas?

Remus chegava a sentir vergonha desse pensamento.

-Você desconfia de mim, mas eu também tenho motivos para desconfiar de você. - depois de alguns minutos, Sirius falou. - Você pode achar suspeito eu ter faltado à UM único encontro com vocês, mas e quanto à você? Você também tem estado ausente, Remus.

Agora, o ruído que foi ouvido, foi o de duas xícaras de porcelana de chocando. Lupin ergueu uma sobrancelha, curioso quanto à origem do som, mas não chegou a esboçar uma reação.

-Desculpe se eu sou um simples assalariado! - Lupin rebateu num tom irônico, totalmente novo em sua voz. - Nem todos têm a sua boa vida, Sirius. Eu tenho contas pra pagar, sabia? Ou você estava se referindo às noites de Lua Cheia em que eu fico desaparecido?

Lupin se levantou e caminhou em direção à porta de saída.

-Remus! - Sirius chamou, parecendo aborrecido.

-Eu devia imaginar que era mais fácil acreditar que o amaldiçoado Remus Lupin era um traidor. - Lupin apanhou o seu casaco, vestindo-o com pressa. - Claro, eu sou um lobisomem, não é mesmo? O malvado lobisomem que se aliou à Voldemort e que traiu os amigos.

Lupin pôs a mão na maçaneta da porta, assistido por um Sírius impassível. Poucas vezes ele perdera o controle daquela maneira. Vinha tentando se controlar, mas depois de um ano recebendo indiretas e olhares desconfiados de alguns, ele precisava por aquilo tudo pra fora. Ele deveria ter imaginado que cedo ou tarde, as suspeitas recairiam sobre ele, o amaldiçoado.

Mas quando estava se preparando para sair, não foi o olhar duro de Sirius que o incomodou, mas ver uma garota de cabelos cor-de-rosa parada na entrada da sala, boquiaberta, os olhos negros levemente arregalados. Era Tonks.


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Notas da Tonks: Definitivamente, eu ‘caí’ no meio do olho do furacão. Nem vou comentar o desastre que foi a minha ‘volta ao futuro’. Mas o que me deixou impressionada, foi o modo como o clima das coisas mudou de maneira tão impressionante. Saí de uma época tão alegre e despreocupada, apesar de saber que isso não duraria tanto tempo e... bem, agora eu estou numa época de conflitos. O Sirius estava diferente, o Remus estava diferente e... por merlin, eu ouvi bem o que ele disse? Ele é mesmo... um lobisomem?

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Wheeeee!!!!!! Atualização máster, blaster rápida!
Esse é o que eu chamo de ‘capítulo de ligação’. Tentei mostrar por alto o que estava acontecendo na época e a semente da discórdia que fora lançada no meio dos marotos. O Rabicho totalmente dissimulado (se eu pudesse te dava uma morte bem lenta e dolorosa, seu verme!), dando uma de coitadinho (ele sempre faz isso, eca!), o Sirius (coitadinho do meu Six) desconfiando do Remus e vice-versa... o Remus tendo que se virar com o seu ‘dark side’...enfim!
E o reencontro dos dois? O que vcs acharam? Eu queria que fosse meio brusco, chocante! Sei lá, sem ter aquela coisa da Tonks ser espertinha demais e descobrir o segredo do Aluado. E digamos que os próximos capítulos vão ser um pouco dramáticos. Para que possamos ter cena fofas e açucaradas (sim, pq teremos cenas muuuuuuuuito açucaradas e melosas)

E não me batam por ter cortado o capítulo agora, foi só para dar um toque dramático. Se o caboclo continuar colaborando comigo, o próximo chega até o final-de-semana. ;-)

E espero que tenha ficado claro o motivo por eu ter mantido as datas os capítulos (eu sou MUTO atrapalhada, precisava disso pra me orientar)

Obrigadinho às pessoas fofas que comentaram: Sônia Sag, Sally Owens, Ana Luiza, Lunny, Anna Raven, Charlotte Ravenclaw, VaNEsSa_SmiTh,Agatha C. Martin, Anna Black e Mrs. Radcliffe.

É isso, see ya!

ps: não deixem de visitar a comunidade no orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8723432

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