Crise entre amigos



Capítulo 7 - Crise entre amigos


Tiago e Snape pararam diante da gárgula que dava acesso ao escritório de Dumbledore e o monitor sonserino disse a senha rápido.

- Delícias gasosas.

Abriu-se uma passagem que levava a escadas em caracol. Os dois subiram e logo estavam diante do escritório do diretor de Hogwarts.

Alvo Dumbledore era um bruxo muito velho com uma longa barba prateada, que podia, se quisesse, amarrar em seu cinto e olhos azuis que brilhavam atrás de óculos de meia-lua. Ele recebeu os dois alunos ligeiramente surpreso e foi Snape quem começou a falar.

- Diretor, eu acabo de descobrir que um de seus alunos não está em condições de estudar aqui, já que oferece perigo aos outros colegas.

- E quem seria esse aluno, Sr. Snape? - Dumbledore perguntou calmamente - E porque poderia oferecer perigo a alguém?

- Remo Lupin, senhor, é um lobisomem.

- Ah, entendo... - o diretor sentou-se em sua cadeira e virou-se para Tiago, embora continuasse a falar com o sonserino - Diga-me, Sr. Snape, como descobriu isso?

- Eu vi o lobisomem.

- E você o viu dentro ou fora dos terrenos do colégio?

- Isso é realmente importante? - perguntou Snape, começando a perder a paciência.

- Faz toda a diferença. - respondeu Dumbledore, sério.

- Eu o vi na passagem que há debaixo do Salgueiro.

Dumbledore sorriu.

- Ele não é um perigo na escola então, Sr. Snape, pois jamais se transformou nos terrenos de Hogwarts. Ele só é perigoso para aqueles que o procuram.

Severo respirou fundo, tentando se acalmar.

- Se Lupin não é um perigo, então os amigos dele o são. Eu não teria encontrado um lobisomem adulto se não fosse por um deles.

O olhar de Dumbledore pousou sobre Tiago e o rapaz teve a impressão de ver uma sombra de decepção refletida naquelas safiras. Mas Snape continuou.

- Black deve ser expulso por incitar alunos a correrem perigo.

- Senhor Potter, tem algo a declarar? - o diretor agora tinha toda a atenção voltada para o grifinório.

- Eu não sabia de nada. A... a Lílian viu o Seboso, digo... - Tiago começou a corar sob o olhar novamente divertido do diretor - Digo, o Snape, e me avisou. Eu corri até lá e então...

- O senhor salvou a vida de seu colega. - Dumbledore abriu um grande sorriso - Temos uma dívida então aqui. Uma dívida bruxa. Você deve sua vida a Potter, Sr. Snape. Acredito que podemos resolver isso com uma simples promessa de que nada sobre o que foi visto vai ser ouvido fora dessa sala.

- Mas... - Snape se levantou furioso - E Black? Eu quero que alguém seja castigado aqui! Eu podia ter morrido, e era exatamente isso que ele queria!

- O Sr. Black não o empurrou para dentro da passagem, Sr, Snape. Você entrou porque quis, por sua própria conta. Se eu fosse castigá-lo, teria que castigar o senhor também, já que é expressamente proibido aproximar-se do Salgueiro Lutador. Mas isso não significa que eu não vá ter uma séria conversa com ele. Senhor Potter, pode procurar seu colega para mim, por favor?

Tiago assentiu e rapidamente saiu da sala do diretor. Não demorou muito para encontrar Sirius. Ele e Pedro estavam na sala comunal, esperando para irem se juntar a Remo.

- Sirius. - o maroto falou com a garganta seca - Dumbledore quer falar com você. A senha é delícia gasosa.

O maroto olhou surpreso para o amigo, que não o encarava, e saiu do salão. Tiago observou-o desaparecer e voltou-se para Pedro, que o olhava curioso.

- Eu vou dormir. Amanhã eu conto o que aconteceu.

- E o Remo?

- Amanhã, Rabicho. Amanhã.

*****

- Muito bem, Lílian. Finalmente começou a usar um pouco o coração. Se não tivesse acreditado em seu sonho, seu amigo estaria bem encrencado agora.

- O que significam esses sonhos afinal? - a ruiva perguntou, observando o aposento em que estavam.

Era uma sala ampla, coberta de tapeçarias, cheia de livros e objetos estranhos e antigos.

- Você vai entender quando chegar a hora.

- E ela ainda não chegou?

- Não até que você pare de fugir de si mesma.

A ruiva suspirou.

- Será que eu posso saber ao menos o seu nome?

- Helena, Lílian. Meu nome é Helena.

*****

Lílian acordou muito cedo no domingo, ainda com a lembrança do sonho que tivera. Todas as garotas ainda estavam dormindo. Em silêncio ela se trocou e desceu para a sala comunal, que estava vazia, saindo em seguida de sua torre. Ela parou na cozinha, pegando algumas torradas e um pouco de suco, encaminhando-se em seguida para a enfermaria.

Parecia que não fora só ela que madrugara. Sentado junto à cama de Remo, estava Tiago. Os dois imediatamente pararam ao vê-la. Lílian depositou o que trouxera na cabeceira da cama de Remo e observou as ataduras que envolviam o torso do rapaz.

- Quem fez isso em você? - ela perguntou, aproximando-se, os olhos brilhantes de lágrimas - Snape tentou-

- Sou eu mesmo que faço isso, Lílian. - Remo sorriu tristemente - Tiago me contou o que aconteceu ontem. Obrigado.

A garota parou diante dele e sorriu, abraçando o rapaz.

- Você não precisa agradecer.

Tiago remexeu-se na cadeira até que Lílian finalmente se soltasse do amigo, olhando sarcasticamente para ele. Mesmo que estivesse descobrindo que seus sentimentos em relação ao maroto estavam mudando, ela não conseguia se corrigir. Era mais forte que ela a vontade de arranjar confusão com Tiago.

- O que foi? Tem formiga na cadeira por acaso?

O moreno não respondeu e Remo riu baixinho. Aqueles dois eram um caso sério mesmo. Lílian voltou-se novamente para ele.

- Eu trouxe um lanche para você. Espero que goste.

Remo assentiu e Lílian aproximou-se da porta.

- Eu tenho que ir agora. Prometi a Susan que passaria o dia com ela. Eu ando deixando-a meio esquecida...

- Tudo bem. Tchau, Lílian.

- Tchau, Remo. - ela abriu a porta e depois se virou novamente - Tchau, Tiago.

- Antes de você ir, Lily, quer ir a Hogsmeade comigo ho-

A ruiva fechou a cara, cortando-o rapidamente.

- Não, Potter, obrigada.

Ela saiu rapidamente da enfermaria e Tiago suspirou.

- Pelo menos não se pode dizer que eu não tento...

Remo sorriu, balançando a cabeça.

*****

O dia estava quente e um lindo céu azul parecia convidar a um passeio. Susan e Lílian caminhavam em silêncio depois de terem tomado uma cerveja amanteigada no Três Vassouras.

- Lily... O que você tem?

Lílian levantou os olhos para Susan, que parara no meio do caminho, olhando-a preocupada.

- Eu não tenho nada, Su. - ela respondeu, forçando um sorriso.

- Você não consegue me enganar, senhorita Evans. Você está triste, isso é muito óbvio. Mas porque?

A ruiva mordeu os lábios. Tinha que desabafar com alguém. Ela sentou-se à sombra de uma árvore e fechou os olhos.

- Eu acho que estou começando a gostar do Potter.

- COMO?!

- Susan, não grita, droga! - Lílian estava extremamente vermelha.

- Mas, Lily, até ontem você odiava ele!

- Não odiava, não. Eu nunca odiei ninguém. Você sabe melhor do que ninguém que às vezes eu digo as coisas meio sem pensar, que eu sou muito cabeça quente. Mas que, com a mesma rapidez que eu fico com raiva eu acabo perdoando. Brigar com o Potter tornou-se um hábito. Eu só fico danada quando ele age como se fosse o todo-poderoso, achando que pode sair machucando quem não gosta dele e me chamando para sair. Quer dizer, eu também não gosto do Snape, mas nem por isso fico azarando ele sempre que o encontro. Que foi? - Lílian parou de falar ao ver o sorriso bobo de Susan.

- Você é louca, sabia? Está apaixonada pelo garoto e acha ruim quando ele te chama para sair!

- Eu não sou apaixonada por ele!

- Mas você acabou de dizer que...

- Eu disse que ACHAVA que estava COMEÇANDO a gostar dele. E eu mudei de idéia. Ele é arrogante, baderneiro, cretino, depravado, estúpido, folgado, gabola,...

- Certo, não precisa desfiar seu rosário de insultos. Mas eu sabia que todas essas brigas iam acabar em casamento...

- SUSAN!

- Ok, eu me calo. Mas o que vai fazer agora?

- Esperar.

A morena olhou-a como se ela tivesse duas cabeças.

- Esperar o quê, pelo amor de Merlin, Lily?

- Eu já disse que não tenho certeza do que sinto. Que parte você ainda não entendeu?

- Certo, a vida é sua, o amor é seu, só não reclame quando ele aparecer com outra. Afinal, ele corre atrás de você há dois anos! Seria hilário se justo agora que você começa a ceder, ele desistisse.

- Ah, cala a boca, Susan! Vamos voltar para o castelo, ainda tenho o dever de astronomia para fazer.

A morena deu de ombros diante de desculpa tão esfarrapada e as duas voltaram ao caminho. Estavam quase no portão de Hogwarts quando ouviram gritos. Vinham da Floresta Proibida. Sem pensar duas vezes, elas seguiram pra lá.

- Tiago, por favor, deixa eu explicar. - era a voz de Sirius.

- Explicar? EXPLICAR?! NÃO TEM EXPLICAÇÃO, SIRIUS! Você traiu a confiança de todos. VOCÊ ENTREGOU O REMO AO SEBOSO!

- Eu não queria criar problemas para o Aluado. Eu queria justamente tirar o Ranhoso do caminho e...

- Será que não passou nem uma vez pela sua cabeça que se acontecesse algo ao Snape, o Remo ia ser o culpado!

Lílian olhou para Susan, que observava Tiago e Sirius assustada. Se não fizesse algo, os dois iam acabar por trair o segredo de Remo de novo. Ela entrou de súbito na clareira, puxando Susan junto, e parou bem na frente de Tiago.

- Porque você não pára um pouco para escutar, Potter, só pra variar? Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas o Sirius está claramente arrependido. Vocês são amigos. Porque não tentam se entender sem fazer todo esse escândalo?

Se ela esperava obter algum resultado, certamente não era o que obteve.

- Eu não quero me entender com ele. E não somos mais amigos, Evans. - ele fez questão de frisar o nome dela - Licença.

Ele falou quase cuspindo as palavras e passou por Susan como se não a notasse. Lílian virou-se para Sirius.

- Você quer conversar?

- Mais tarde, Lily. Eu... preciso pensar um pouco...

Ele sumiu também e ela virou-se para Susan.

- O que terá acontecido? - a morena perguntou surpresa com tudo o que ouvira - Esses dois sempre foram como irmãos! Eu não acredito que vivi o dia em que Potter e Black brigaram.

Lílian suspirou, sentindo um aperto no peito.

- Nem eu, Susan. Nem eu...

*****

Sirius sentiu um par de mãos delicadas pousarem sobre seus ombros e segundos depois Lílian sentou-se ao lado dele no sofá. A sala comunal estava vazia, já era bem tarde.

- Você está melhor?

- Não, meus tímpanos ainda estão doendo com os gritos de Tiago.

A ruiva suspirou.

- Remo também não está falando com você. Já faz uma semana que ele saiu a Ala hospitalar e vocês não trocaram uma única palavra.

- Não estou a fim de ouvir os gritos dele.

- Remo é diferente de Tiago, Sirius. Se você falar com ele, tenho certeza que ele vai perdoá-lo. E o Pedro?

- Pedrinho segue a maioria. Se os dois não falam comigo, ele também não fala. Sabe, eu não tiro a razão deles de estarem zangados comigo. Fiz uma coisa realmente idiota. Mas Tiago e eu sempre fomos como unha e carne. É difícil vê-lo virando a cara pra mim.

- Se te conforta, ele também está estranho comigo, desde que eu tentei te defender.

Sirius riu desanimado.

- Ele está com ciúmes.

- Não devia. Eu não sou nada dele para ele ter ciúmes de mim. Pelo menos ele agindo assim, eu tiro da cabeça aquele imbecil.

- Você o tira da cabeça? - Sirius riu malicioso.

Lílian corou. Falara demais.

- Bem, essa é conversa para outro dia. - ela rapidamente mudou de assunto - Porque não vai conversar com a Dearborn? Talvez você ficasse mais animado.

- Às duas da manhã? - Sirius riu com a expressão de espanto da ruiva - Além disso, eu não tô a fim de magoar mais ninguém. A Camille gosta de mim, mas acredita piamente que meu passatempo favorito é ridicularizar esse sentimento. Pelo menos eu consegui ficar amigo dela, apesar da mordida... Não quero perder também essa pequena vitória.

- Sinceramente, eu não entendo vocês dois. Você gosta dela, ela gosta de você, vocês sabem que um gosta do outro e em vez de se resolverem, quando se aproximam sempre acaba em problemas.

- Não é muito diferente de sua relação com o Tiago...

- É MUITO diferente da minha relação com Tiago, porque eu não tenho relação NENHUMA com aquele ser abominável.

- Claro, e eu sou um hipogrifo.

Lílian suspirou, desistindo de argumentar, ou acabaria por falar demais. De novo. Sirius olhou para o teto. Passara a semana andando com as garotas e Frank, longe dos outros três marotos, Eles eram boas companhias, mas não era a mesma coisa. Eram muito certinhos...

- O que estava fazendo hoje de manhã no corujal? - Lílian interrompeu os pensamentos do rapaz.

- Resolvendo mais um problema. Eu fugi de casa ano passado e fui morar com o Tiago. Só que eu não posso voltar essas férias pra lá. Bem, eu sou maior de idade, então comprei um apartamento em Londres.

- Você fugiu de casa?

- Minha família é um tanto, como direi... Bem, eles são muito chegados às Artes das Trevas, se é que você me entende. Minha mãe, por exemplo, não está do lado de Voldemort, mas acha que o que ele está fazendo é excelente.

Lílian digeriu aquela informação por alguns instantes e depois sorriu.

- Quer dizer que você vai morar sozinho em Londres? Isso é muito legal.

- Não acho. Eu tenho uma vizinhança trouxa e não sei o que posso realmente colocar naquela casa. Além disso eu estou achando que vou morrer de fome, já que nunca entrei numa cozinha antes e não sei fazer nada comestível. Acho que vou comer no Caldeirão Furado.

- Isso não é um grande problema, Sirius. Eu moro perto de Londres, dá para passar o dia lá e voltar de noite pra casa. Eu te ajudo a arrumar a casa e aproveito e te dou um "curso intensivo de culinária".

O rapaz abriu um grande sorriso.

- Um problema a menos. O que eu faria se não tivesse nem você agora?

- Você arranjaria um jeito de se virar sozinho. - ela disse, levantando-se, ainda sorrindo - Fale com o Remo, Sirius. Eu tenho certeza que ele vai te escutar.

O moreno não respondeu e ela subiu as escadas para seu dormitório, deixando-o sozinho.

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