Ministério Americano

Ministério Americano



Agosto - 1979

- Uma festa? Você quer dar uma festa poucos dias depois de termos perdido os Prewett? Moody, você enlouqueceu?

- Potter, não se preocupe com isso, apenas...

O moreno cruzou os braços, bufando em desagrado.

- Isso é ridículo.

Moody suspirou.

- Tenho certeza que sim, Potter. Concordo com você que seja uma péssima ocasião para festas. Mas esse funcionário do Ministério da Magia Americano é realmente importante. Um especialista em artes das trevas. O ministro disse que foi complicado convencê-lo a vir para cá. Parece que o próprio Dumbledore se envolveu no assunto.

James passou a mão pelo cabelo, como sempre acontecia quando estava nervoso.

- Muito bem... Eu estarei lá amanhã. A que horas chega o avião?

- Outro auror foi designado para recebê-lo no aeroporto. Fenwick. Parece que eles já se conhecem.

O moreno sorriu, levantando-se.

- Excelente. Isso significa que terei mais algum tempo livre antes dessa festa idiota. Sorte do Fenwick ir receber esse funcionário. Deve ser um bruxo velho e verruguento... Que nem você, Olho-tonto...

Moody apenas olhou torto para o rapaz, que já deixava sua sala. Embora James Potter às vezes fosse um tanto... maroto, era um dos seus melhores rapazes.

Subitamente, a carranca do velho auror se abriu em um tímido sorriso. Sobre a mesa dele, estava uma pasta com os dados do novo funcionário do Ministério.

Realmente, Benjamin Fenwick era um homem sortudo...




Sirius sorriu, roubando mais uma taça de champangne, encostando-se na pilastra para observar o salão. Lá fora, a lua crescente estava toldada pelas nuvens.

O moreno logo ingeriu o conteúdo da taça, percorrendo o lugar com os olhos azuis. Não gostava de festas como aquelas, cheias de "nobres" bruxos, gente que não fazia nada e levava todos os créditos dos trabalhos dos aurores.

Hipócritas. Os funcionários do alto escalão eram todos seres medíocres, vendidos... Trabalhavam para quem pagava mais. O problema deles é que Voldemort não pagava por aquilo que queria.

Estreitou os olhos. A fina flor da bruxidade... Gostaria de explodir todos eles.

Alguém parou ao seu lado. James suspirou, encostando-se também à pilastra.

- Esse tal americano está demorando muito, não acha?

Sirius sorriu.

- Deve estar recebendo alguém importante no hotel... Talvez alguns galeões também.

- Moody o tem em alta conta. Talvez ele não seja como a maior parte dos nossos colegas. - James observou - Além disso, o próprio Dumbledore o chamou para cá.

Sirius riu.

- É bom mesmo que esse idiota seja bom. Ele vai ser nosso superior, lembra?

- Como se alguém pudesse ser superior a nós... - James também sorriu.

Uma comoção na entrada do salão fez com que os dois ficassem alertas. Ambos tiraram imediatamente as varinhas da capa. Mas as vozes alegres de seus companheiros de Ministério logo os fizeram perceber que não estavam sob ataque.

Finalmente, o tal funcionário americano chegara.

Sem deixarem o nicho em que estavam, os dois observaram Benjamin Fenwick entrar acompanhado de Dumbledore e Moody. Havia outra pessoa entre eles, mas era muito baixa para que eles a pudessem enxergar no meio de tanta gente.

- Parece que nos mandaram um baixinho... - Sirius observou, soltando uma risada semelhante a um latido.

Os olhos de James se estreitaram. Ele sentiu uma fisgada no estômago, como se algo muito ruim estivesse para acontecer. Foi quando finalmente a personagem que eles esperavam se revelou aos olhares dos dois marotos.

Sirius imediatamente se calou. Aquilo não podia ser verdade. Há quantos anos não a via? Dois anos... Desde a noite da formatura... Desde que James...

Ele olhou de soslaio para ele. James estava mortalmente pálido, os olhos mortiços, totalmente rígido. O amigo jamais lhe contara o que realmente acontecera naquela noite de formatura, mas, o que quer que tivesse acontecido, ainda mexia demais com ele.

James mordeu os lábios. Dois anos. Ela simplesmente sumira depois daquela noite deprimente. E ele também não a procurara. Pensara que era capaz de esquecê-la. E ele a esquecera. Mergulhara nos braços de muitas outras. E não voltara a se prender como fizera com ela. Jurara para si mesmo que nunca mais teria um compromisso sério.

Ele a esquecera. Tinha que ter esquecido. Vê-la tão radiante tinha sido apenas um choque. Uma surpresa. Nada mais do que isso.

Alguma coisa se revoltou em seu peito quando Benjamin passou a mão pela cintura dela, roubando um sorriso dos lábios vermelhos da ruiva.

E foi nesse exato instante que os olhos dela encontraram os seus. Quase se esquecera de como eles eram tão absurdamente verdes e brilhantes. Tão extremamente sedutores.

Lily apenas sorriu e soltou-se do outro auror, caminhando decidida até o canto em que os dois marotos se escondiam.

- Mas vejam quem está aqui... Se não são os eternos marotos. Não esperava encontrá-los tão cedo.

- E eu não esperava vê-la tão tarde. - James respondeu, cruzando os braços e observando-a maliciosamente.

Ela não pareceu intimidada com o olhar dele sobre seu corpo. O mesmo corpo pequeno que ele acalentara durante algum tempo, quando ainda estudavam em Hogwarts e eram apenas dois adolescentes teimosos.

Sirius abriu um meio sorriso. Lily Evans ainda conseguia arrancar as mesmas reações de James com a sua presença.

- Moody acaba de me dizer que os dois estarão sob minhas ordens.

- Ao seu dispor, milady. - James imediatamente respondeu.

Lily sorriu levemente. Ele nunca perderia o jeito gaiato. Era um idiota mesmo. Talvez fosse hora de finalmente colocá-lo em seu lugar.

- Excelente, Potter. Espero que não tenha mais o hábito de acordar depois do almoço. Quero você no meu escritório amanhã às oito.

E sem dar chance de réplica, ela deu as costas aos dois, voltando a dar atenção aos outros figurões do ministério.

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