O Segredo do Cofre



Harry correu até o quarto de Hermione.

- Mione? Você está aí? Posso entrar?

- Claro!

Ele abriu a porta e disse:

- Vem comigo, quero mostrar uma coisa.

Ao passar pelo seu quarto, chamou Rony, que estava terminando de se vestir.

- O que aconteceu? – perguntou ele.

Ele levou-os pelo corredor, até a tal porta.

- Vocês se lembram de ter visto esta porta quando estiveram aqui antes? – ele perguntou, apontando para a porta.

- Que porta, Harry? – perguntou Rony.

- Esta porta, cara! – ele bateu na madeira dela.

- Harry, eu só estou vendo uma parede branca aí. – disse o ruivo.

- Hermione? Será que eu estou louco? Você vê a porta, não vê?

- Harry, eu também não estou vendo porta alguma. Tem certeza?

- Por Merlin! Então estou louco! A porta está bem aqui! Aqui! Eu vi até uma luz vinda por baixo, que depois se apagou. – ele disse novamente batendo nela.

- Você não está louco, Harry! Você se esquece que há coisas que você vê e nós não? – ela disse – Os Testrálios, lembra?

- Mas como, se eu não a vi das outras vezes?

- Sei lá! Talvez haja alguma magia que só o dono da casa pode vê-la. Da outra vez você não era o dono. Agora é!

- Hermione tem razão, Harry! – disse Rony – Agora abra a tal porta!

- Aí que está! Ela não tem maçaneta, nem fechadura e está trancada. Tentei abri-la com feitiço, mas não consegui.

- Como é a porta, Harry? – perguntou Hermione.

- Ela é de madeira comum, inteira. Há uns desenhos nela, na parte de cima.

- Que tipos de desenhos?

- Sei lá, umas coisas estranhas. São parecidos com alguns desenhos que Rony mostrou nas fotos que ele tirou lá no Egito, quando os Weasley estiveram por lá.

- Harry, espere aqui. – ela disse.

Hermione voltou logo depois com um livro nas mãos.

- Que livro é esse Hermione? – perguntou Rony.

- Um dos meus livros de Runas Antigas. Este, em especial, fala sobre o Egito. – ela abriu o livro em um capítulo específico – Dê uma olhada, Harry! Veja se você acha alguma figura igual ao do desenho da porta.

Harry foi folheando as páginas e comparando as figuras. Até que achou uma que era idêntica à da porta.

- Essa! – ele exclamou.

- Tem certeza, Harry? – ela perguntou.

- Tenho! O que o desenho quer dizer? – ele perguntou entregando-lhe o livro.

Os significados das runas são muito subjetivos, Harry. Podem dar margem a várias interpretações. Esta figura é representada por diversas cordas, entrelaçadas por nós, desenhadas em vermelho. O vermelho, para os egípcios e muitos outros povos, representa sangue.

- E as cordas com os nós? Pessoas amarradas? – arriscou Rony.

- Podem representar isso também, afinal estão em vermelho de sangue. Pode ser algum tipo de tortura, mas não acredito que seja o caso aqui. Acredito que estes nós representam vínculo, união. Vínculo sangüíneo, união pelo sangue. Família!

- No caso, a família Black! – disse Harry pensativo.

- Se o significado for família, com certeza é a Black.

- Se a porta só puder ser aberta por algum membro da família, estamos ferrados! – disse Rony.

- Harry não é da família, mas consegue ver a porta. Talvez isto não seja empecilho. – Hermione disse, analisando a figura novamente e lendo o texto do livro.

- Mas como vamos abri-la? – questionou Harry.

- Veja, Harry! Aqui diz que os antigos egípcios faziam uma certa celebração, ou festa, para invocar familiares já falecidos e desenhavam essas figuras no chão e nas pedras. Aqui diz também que eles pronunciavam certas expressões.

- E as expressões estão aí?

- Sim. Eu acho que deveríamos...

- Espera aí? Vocês querem falar estas palavras aqui? E se aparecer algum fantasma ou zumbi aqui? Eu estou fora! – interrompeu Rony querendo se afastar.

- Calma, Ron! Aqui diz que tal magia de invocação só pode ser feita através de algum sacrifício, humano ou animal. E é feita por um líder. No caso, um xamã.

- O que é um xamã? – perguntou Harry.

- Um tipo de feiticeiro espiritual poderoso.

- E você acha que as expressões abrirão a porta?

- Não custa tentar, custa? – ela disse – Bem, você é quem deve pronunciá-las, Harry. – e entregou-lhe o livro.

Harry olhou para ela e para Rony. A expressão do amigo era de pavor, ao se colocar atrás da menina, segurando-a fortemente pelos ombros.

- Ai, Ron! Assim você vai me machucar! – disse ela.

- Desculpe. – ele disse afrouxando as mãos.

- Prontos? – disse Harry.

Os amigos assentiram. Harry virou-se para porta, com o livro nas mãos, e disse:

- Arcorum Peratio Marmiru Uruciolo.

Neste momento Harry sentiu-se tonto. Automaticamente levantou a mão para se apoiar na porta. Quando ele a tocou, não mais a sentiu e acabou caindo. A porta havia sumido e havia uma abertura no seu lugar, dando passagem a um enorme quarto que se iluminou assim que se abriu. Harry levantou-se rapidamente e piscou para acostumar-se à claridade. Olhou para os amigos, que estavam boquiabertos.

- Você está bem, Harry? Não se machucou? – perguntou a garota.

- Não, estou bem. Vocês estão vendo agora, não estão? – ele perguntou.

- Sim! Caramba Harry! Será que Sirius sabia desse lugar?

- Bem, ele era da família e era o dono da casa. Mas não tenho certeza. – ele olhava em volta – Por que será que eu vi uma luz vinda por baixo da porta e que se apagou. Será que tinha alguém aqui?

- Você disse que tentou usar feitiço, não foi? Talvez a luz se acenda toda vez que alguém use magia. – disse a menina.

- É pode ser. – ele disse – Nossa, isso aqui é incrível!

Em uma das paredes do quarto, havia o mesmo desenho da porta. Nas outras paredes havia diversas prateleiras, repletas de livros. Hermione se aproximou de uma delas e retirou um livro qualquer. Seu rosto iluminou-se. Retirou outro e mais outro. A cada livro que a menina pegava, ela abria um sorriso.

- Isso aqui é um paraíso! Vejam, aqui tem todos os livros da Seção Restrita de Hogwarts. Ë como se estivéssemos por lá. Nem precisaríamos ter ido à Travessa do Tranco.

- Vejam isso aqui! – disse Rony olhando a escrivaninha. – Acho que devem ter alguma importância. – e apontou para alguns pergaminhos.

Os amigos se aproximaram. Na escrivaninha havia diversos deles. Harry pegou um.

- Parece que são do irmão de Sirius. Vejam! Assinados todos por Regulus A. Black.

Ele continuou lendo. De repente exclamou:

- Por Merlin!

- O que foi Harry?

- Ele narra aqui todas as descobertas que fez sobre Voldemort. Mais precisamente os horcruxes.

- Os horcruxes? – surpreendeu-se Rony.

- Sim. Parece que ele era um Comensal, mas se rebelou contra Voldemort e decidiu que iria destruí-lo. Ele diz que...claro! – ele parou de falar de repente.

- Claro? O que é claro, Harry? Diz logo!

- Regulus A. Black! R.A.B.!

- R.A.B.? Regulus? Como não pensamos nisso?

- Foi ele, Mione. Ele pegou o medalhão de Slytherin. Foi ele também que apareceu no meu sonho.

- Como você sabe?

- Eu vi algumas fotos no quarto de Sirius.

- Leia mais, Harry! Veja se ele menciona como conseguiu destruí-lo! – disse Rony.

- Me ajudem. – dividiu os pergaminhos entre eles.

Ficaram lendo por um tempo e, de repente, o ruivo disse:

- Harry, parece que ele não o destruiu. Veja! – entregou-lhe o pergaminho.

Harry leu em voz alta:

“O medalhão de Slytherin está comigo, mas não consegui destrui-lo. Deixarei ele bem guardado em nosso cofre de casa.
Anotação extra: checar com Alvo Dumbledore como destruir o medalhão.”


- Cofre? Mas que cofre? – Harry coçou a cabeça.

- Seu sonho, Harry! – disse Rony de repente.

- Meu sonho, como assim?

- Ron tem razão, Harry! Você disse que Regulus é o homem do seu sonho. – começou Hermione.

- Isso! E que ele queria dizer alguma coisa sobre o quadro da Sra. Black. Como retirá-lo, lembra? – disse Rony.

- Esse cofre deve estar atrás do quadro! – concluiu a garota.

- Mas, no sonho, ele dizia a vocês que precisariam de palavras mágicas. – ele olhou confuso para os amigos.

- Vamos até o quadro! – disse Hermione já deixando o quarto, com Rony e Harry atrás dela.

O quarto de Regulus se fechou assim que Harry passou por ele e a porta apareceu novamente.
Assim que puxaram a cortina, a Sra. Black abriu os olhos e começou as ofensas habituais. Eles não ligaram e ficaram olhando o quadro atentamente.

- Vocês estão reparando o mesmo que eu? – perguntou Hermione quase gritando para suplantar a voz da mãe de Sirius.

- Ela está naquele quarto! – surpreendeu-se Harry.

- Vejam as prateleiras com os livros e o desenho daquela figura das cordas! – disse Rony apontando para a pintura.

- Mione, você acha que...

- Você não? Vamos tentar! Diga as palavras!

- Ai droga! Deixei o livro no quarto do Regulus. E a porta apareceu de novo!

- Para que livro, se a gente tem a Hermione? – brincou Rony.

Ela deu um pequeno sorriso para o ruivo.

- Você se lembra delas, Mione? – perguntou Harry.

- O que seria de vocês sem mim, hein? – ela brincou – Aí vai: Arcorum Peratio Marmiru Uruciolo.

Assim que as palavras foram ditas, a Sra. Black arregalou os olhos e se calou. Imediatamente ele ouviram um pequeno barulho e o quadro se desprendeu da parede, pousando suavemente no chão. Eles viraram a frente do quadro para baixo, pois a mulher voltou a berrar barbaridades. A parede atrás do quadro estava bem suja, mas, como eles esperavam, ela escondia o cofre dos Black. Fechado, obviamente.

- E agora?

- Cofres bruxos não são abertos por combinações de números, como os trouxas. Deve haver alguma chave por aí. – disse Rony.

- Deve estar no quarto de Regulus. – disse Harry

Eles voltaram lá. Hermione repetiu as palavras para Harry. Assim que entraram, começaram a procurar por uma chave diferente. Na escrivaninha não estava.

- Talvez dentro de um livro. Mas há centenas deles. Como vamos achar? – disse Harry.

- Bem, podemos tentar de uma forma bem idiota. Quem sabe não funciona? – disse a menina.

- De que forma, Mione? – perguntou Rony.

- Assim. – ela levantou a varinha – Accio chave do cofre dos Black!

Eles esperaram apenas um segundo, antes de um dos livros das últimas prateleiras sair voando para as mãos da garota. Assim que ela abriu, ele revelou uma chave dourada.

- Você é mesmo um gênio! – exclamou Rony, para surpresa dela.

- Ah, pára com isso! – ela corou – Vamos lá ver se é a chave certa! E leva o livro de Runas, Harry. – ela completou.

Eles voltaram ao cofre, Harry enfiou a chave e a rodou. O cofre brilhou por um momento, antes de escancarar-se para eles. Assim que Harry colocou a mão, ele sentiu um frio objeto. Ele o puxou e sorriu. Virou-se para os amigos.

- Apresento a vocês um pedaço da alma do maldito: o verdadeiro medalhão de Slytherin.

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