O Segredo de Petúnia



Harry, Rony e Hermione aparataram diretamente na sala dos Dursley. Na verdade, agora, era do garoto. Continuava tudo como Harry tinha deixado na manhã que saíra. Quase tudo na verdade. Agora seu primo não estava lá e nem os tios iriam voltar. Os três olharam em volta, sem saber direito o que procurar ou onde procurar.

- Acho melhor subirmos. Vamos dar uma olhada lá em cima. – chamou Harry já se dirigindo à escada.

Ao chegarem ao corredor, Harry viu que a porta do quarto dos tios estava fechada. Na verdade eles sempre deixavam assim quando saíam. Provavelmente para que Harry não entrasse. Mal sabiam eles que Harry nunca teve o menor interesse naquele quarto. De qualquer forma, agora era diferente.

- Alohomora – disse ele e a porta se escancarou.

O quarto era simples, mas muito bem arrumado e limpo. A cama de casal tinha a colcha impecavelmente esticada. O armário ainda conservava o lustre que sua tia dava praticamente todos os dias. Assim como a cômoda.

- Vou dar uma checada aqui no armário. Por que vocês não olham as gavetas da cômoda.

Harry começou a remexer no armário. Roupas e mais roupas que ele chegava para os lados para ver o que tinha embaixo e atrás. Do lado do seu tio havia alguns jornais velhos, uma caixa com alguns charutos, que Harry nem sabia que ele gostava, um aparador de bigodes e alguma coisas do trabalho do tio. Do lado da sua tia havia uma caixa com algumas jóias sem valor, esmaltes, alguns livros trouxas de culinária e uma revista de fofocas televisivas. Só estava encontrando coisas sem importância. De repente ouviu um baque. Virou-se e viu uma das gavetas da cômoda caída no chão e Rony vermelho como os cabelos.

- Ronald! Mais cuidado! Olha, você espalhou tudo pelo chão! – ralhou Hermione.

- Ah, desculpe! Quando eu tirei ela de lá para ver, não sabia que estava tão pesada! – disse e começou a catar as coisas e colocá-las de volta na gaveta, ainda no chão.

Harry mirou as tranqueiras caídas. “Mais coisas sem importância” Ele pensou. Mas de repente um detalhe chamou-lhe a atenção.

- Espere aí Ron! O que é isso aqui? – disse ele se abaixando junto ao ruivo.

Em um dos cantos da gaveta, Harry viu que a madeira do fundo havia soltado com a queda e havia uma coisa por baixo. Ele enfiou a mão pelo canto e suspendeu a madeira. Ela soltou-se por todos os cantos e Harry a retirou.

- Um fundo falso! – Hermione balbuciou se abaixando junto a eles.

Debaixo da madeira havia diversos envelopes de cartas presos com um barbante em dois pacotes distintos e um pequeno caderno. Harry apanhou um dos pacotes e removeu o barbante, enquanto Hermione fazia o mesmo com o outro. Rony pegou o caderno.

- Vejam, o emblema de Hogwarts! – Harry deu uma olhada rápida nos envelopes – São de Dumbledore! – exclamou surpreso.

- H-Harry – gaguejou Hermione – Essas... aqui... são da s-sua m-mãe!

- O quê? – disse largando as outras e pegando as que estavam com Hermione.

- Meu Deus! Minha mãe se correspondia com a minha tia, mesmo depois de casada! – ele disse vendo as datas.

Imediatamente começou a ler uma delas:

“Londres
08 de Dezembro de 1979

Petúnia,

Você não sabe o quanto estou feliz! Estou grávida! Descobri essa semana. Na verdade já desconfiava, mas depois tive a certeza. Estou com cerca de 5 semanas. Ah, minha irmã, estou tão feliz! Tiago também está radiante. Já estamos fazendo planos para a arrumação do quarto do bebê. Bem que você podia ajudar, você é tão boa em arrumações. Mas sei que seu marido mataria você se soubesse que você estava ajudando gente, como ele diz mesmo? Da minha laia? Não se preocupe, eu não vou fazer você passar por isso.
Tiago torce por um menino, sabe como são os homens não é? Para mim tanto faz. Só espero que tenha muita saúde e se torne uma pessoa bondosa, honesta, de caráter e, acima de tudo, corajosa. Petúnia, você não tem idéia do que está se passando em nosso mundo. Há um Bruxo das Trevas muito poderoso por aí, aliciando muitos outros para se unirem a ele. Eles vêm barbarizando, matando outros bruxos, destruindo propriedades. Um absurdo. Eu tenho muito medo. Às vezes fico pensando se seria bom colocar uma criança nesse mundo para enfrentar isso tudo. É um futuro tão incerto. Logicamente, quando olho para minha barriga, esse pensamento logo vai embora e olha que a minha barriga está do mesmíssimo tamanho ainda. Ele, ou ela, é tão pequenininho, tão frágil, mas eu já amo tanto essa criança. Nunca imaginei que existisse um amor assim, minha irmã. Você sabe como é, está no fim da sua gravidez.
Quando você me responder, mande sugestões de nomes! Com certeza serão melhores dos que o Tiago quer colocar. Imagina que, se for menina, ele quer chamá-la de Aplicínia! Disse que é o nome de uma das bisavós dele. Vê se pode!
Bem, não vou esticar muito mais aqui. Só queria mesmo te dar a grande notícia que você vai ser titia!
Um grande beijo da sua irmã,

Lilian Potter”


Harry sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Pegou outra carta.

“Londres
25 de Agosto de 1980.

Petúnia,

Milhões de desculpas não serão suficientes para que você me perdoe pela demora em respondê-la. Como eu havia lhe contado na carta anterior, os tempos estão cada vez mais difíceis. Tiago e eu estivemos muito ocupados no Ministério. Nunca houve tanto trabalho por lá. As coisas não andam bem mesmo, ainda mais que 2 funcionárias saíram para terem neném juntas, eu e Alice Longbottom. Nasceu, Petúnia! É UM MENINO!!!! Assim como o seu! Nasceu saudável, dia 31 de Julho! Depois de algumas dúvidas quanto aos nomes, resolvemos aceitar uma de suas sugestões. O nome que mais gostamos foi Harry. Ele se chama Harry James Potter. Pomposo não? O moleque mama muito, está acabando comigo! Brincadeira, lógico. Ele é tão lindo, minha irmã. Tem os cabelos do Tiago e os meus olhos. Estou louca que você o conheça. Aliás, estamos para nos mudar. Depois do batizado do bebê, vamos para um local chamado Godric’s Hollow. Eu não vou lhe dar o endereço completo, por enquanto, para sua própria proteção. Na verdade, vamos nos esconder. Como eu disse acima, Petúnia, as coisas estão muito ruins na comunidade bruxa e o pior, existe um boato de uma profecia feita sobre um menino que nasceria por essa época e que iria enfrentar de igual para igual o tal bruxo das trevas. Estou com muito medo minha irmã, mas torço que não seja o Harry. Esse louco já veio atrás da gente quando eu estava grávida, mas escapamos. Ele também foi atrás de outros. Ele é insano, minha irmã.
De qualquer forma, o pequeno Harry é a nossa alegria nestes momentos difíceis. Bem, eu comentei sobre o batizado. Ele vai ser na semana que vem, aqui em casa mesmo. Tiago convidou um grande amigo dele para ser padrinho de Harry, Sirius Black. Eu quero muito que você seja a madrinha dele, Petúnia. Dê um jeito, invente uma desculpa, mas venha no batizado dele. Esperamos por você.
Saudades da sua irmã,

Lilian Potter"


Harry deu uma olhada rápida nas datas das outras cartas.

- Essa foi a última que ela enviou. – ele murmurou aos amigos com lágrimas escorrendo pela sua face.

- Harry... – Hermione se aproximou e abraçou-o.

- Minha t-tia... eu acho...que ela... ela era... minha madrinha. Meu n-nome é Harry por sugestão d-dela.

Rony e Hermione olharam espantados para ele. Harry mostrou a última carta para eles.

- Por que minha tia escondeu tudo isso de mim. Por quê?

- As pessoas que poderiam lhe dizer isso, infelizmente não estão mais aqui. – disse a amiga – Seus pais, sua própria tia, Sirius e Dumbledore.

- Talvez a gente consiga saber mais. – interrompeu Rony – Isso aqui é o diário dela! – disse sacudindo o pequeno caderno achado junto às cartas.

- Harry – começou Hermione – talvez fosse melhor levarmos tudo isso lá para casa. Você pode ler com mais calma.

- Claro, claro!

Eles deram mais uma olhada nos pertences da tia, mas não encontraram nada mais de relevante. Resolveram ir embora e desaparataram. Chegando em casa, a garota fez algo para almoçarem. Após o almoço, Harry se trancou no quarto de Hermione e ficou lendo as cartas de Dumbledore e de sua mãe, além do diário da tia, e deixou Hermione mostrando a Rony o funcionamento do computador.
Bem mais tarde Harry desceu.

- Pensei que não fosse conseguir mais entrar naquele quarto. – Rony tentou brincar e recebeu um olhar desaprovador da amiga..

Harry estava triste. Não chorava, mas tinha uma expressão vazia.

- E então? – ela perguntou.

- Realmente minha tia era minha madrinha, junto com Sirius.

- Por que será que não contaram sobre isso?

- Segundo eu entendi, todo este segredo era pela própria segurança da minha tia e da família dela, além de mim mesmo.

- Ainda não entendo, Harry – disse Rony.

- De acordo com o que a minha tia escreveu no diário, a morte dos meus pais foi o que provocou tudo isso, lógico. Ela aceitou me acolher na casa dela, mas não falaria nada para mim. Dumbledore explicou a ela sobre o feitiço de proteção e tal e pediu que ela escondesse minhas origens, pelo menos até que eu fizesse 11 anos.

- Mas por que ela te tratava tão mal?

- Segundo o diário, no início não foi bem assim. Ela escondia as coisas do meu tio, mas procurava me dar de tudo. Porém acho que ela foi ficando desequilibrada com o passar dos anos. Já não escrevia coisa com coisa. Resolveu dedicar-se somente ao próprio filho e ao marido e isso acabou fazendo com que as coisas ficassem difíceis para mim. Acho que no fundo ela não superou a morte da minha mãe e acabou por eleger o culpado: Eu! Na teoria absurda dela, se eu não fosse o bebê chave da tal profecia, minha mãe não teria morrido. Em outras palavras: eu não deveria ter nascido.

Os amigos olharam para ele pesarosos.

- Harry, pelo menos você sabe agora que ela tinha amor pela sua mãe. Claro que não justifica o modo que ela te tratava, mas... – Hermione disse e depois continuou – Não entendo porque Sirius não contou a você.

- Porque ele não sabia que ela era minha tia. Foi dito a ele que ela era uma amiga de infância da minha mãe. Como eu nunca questionei a ele sobre minha madrinha, ele não mencionou.

Ficaram em silêncio por alguns momentos.

- Olhem, por que não esquecemos isso um pouco. Eu quero tomar banho. Posso ir até lá, Harry? – perguntou Rony.

- Claro, vai lá! – ele respondeu.

Hermione então disse:

- Harry, andei conversando com o Ron sobre estes livros. – ela disse mostrando os livros que havia pego pela manhã.
-
- Ron conversando sobre livros? Como eu perdi essa? – disse mais animado.

- Pois é, às vezes eu consigo amolecer a cabeça-dura dele. – ela riu – Bem, o fato é que nós concordamos em um ponto: os livros que temos não serão suficientes.

- Como assim?

- Bem, precisaremos de livros mais específicos, que não achamos normalmente nas livrarias normais, se é que me entende.

- Seção restrita de Hogwarts?

- Lá deve ter, mas não sei se a Gina teria acesso.

- O que sugere?

Ela disse de pronto:

- Travessa do Tranco.

- Ficou louca? – Harry exclamou surpreso.

- Devem ser os anos de convivência com vocês.

- Mione, aquele lugar é horrível. Eu já caí lá uma vez quando tinha 12 anos e ano passado fomos atrás de Malfoy. Você lembra?

- Eu lembro bem. – ela disse – Mas Harry, estamos no meio de uma guerra, nem sempre, ou melhor, quase nunca, encontraremos lugares decentes e bonitinhos, ou bruxos bonzinhos e arrumadinhos. Muito pelo contrário!

Ele pensou por um momento.

- Amanhã? – ele perguntou.

- Combinadíssimo! – ela respondeu sorrindo – Agora é melhor subirmos. Não sei se o Ron vai entender bem como funciona um chuveiro elétrico. É melhor você dar uma olhada lá. – completou.

- Aaaahhh!!!!! – ele ouviram o ruivo gemer alto – Hermiooooneeeee!!!

- Viu? – ela comentou e os dois subiram as escadas dando risadas.

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