Ordem da Fênix



- Cara, quando recebemos a carta de Dumbledore, tivemos certeza de que voltaríamos a nos reunir! - Tiago exclamou, dando umas palmadinhas nas costas do amigo.

Mas Remo não ouvira nada do que o amigo dissera. Se pudesse, estria correndo pelo corredor, atrás da morena que a pouco acudira.

- Remo? Remo! REMO!!!

Finalmente o rapaz pareceu acordar.

- O quê?

- Acho que a viagem foi muito longa... - observou Lílian, tentando segurar o riso - Ainda está afetando seus neurônios.

- Na verdade, cheguei faz dois dias. - ele abriu o casaco, tirando uma pequenina gaiola e, colocando-a no chão, fez um aceno com a varinha, ao que ela voltou ao tamanho normal - Acho que isso pertence a vocês.

Lílian abriu a gaiola, retirando primeiro Deméter e, em seguida, Apolo, levando-as até a janela para que pudessem voar para casa.

- Porque em vez de responder nossas cartas, trouxe as corujas? - Sirius perguntou, aproximando-se.

- Eu estava na China. Há uns demônios muito interessantes que só existem por aquelas bandas, e eu queria estudá-los. Muitos ainda não foram sequer catalogados. Resumindo, até as suas corujas voltarem, eu já estaria aqui; elas só iam se cansar à toa.

- Certo. Agora, vamos deixar os detalhes da sua viagem para depois. - Tiago disse, ainda sorrindo - Dumbledore está esperando a gente para o "chá".

- Duvido que ele tenha nos convidado só para tomar chá. - Lílian observou - Dumbledore não dá ponto sem nó.

- Ponto sem nó? - Sirius riu - Lily, de onde você tira essas "frases de impacto"?

- Minha mãe me deixou muitas. Mas a maioria é imprópria para menores... - a ruiva respondeu com uma piscadela.

- Dia desses ela me acordou com um "Merlin ajuda a quem cedo madruga. Você não vai trabalhar hoje não?"

- Ao que ele respondeu: "Já vai, mamãe..." - Lílian retrucou, imitando uma voz de criança.

- Vocês vão ficar aqui expondo detalhes da vida íntima de vocês ou vão para o bendito chá? - Remo perguntou, tentando se manter sério.

- Ih, Tiago, acho que o Aluado está com ciúmes. Só precisamos descobrir se é da Lílian ou de você.

- Sirius! - disseram Tiago e Remo em uníssono, enquanto Lílian começava a chorar de rir.

- Ok, eu estou quieto.

- Bem, agora que já matamos um pouco as saudades, por favor... - Tiago disse novamente, fazendo um meneio com as mãos para indicar o caminho.

- Sim, senhor, senhor capitão! - Sirius bateu continência.

- Sirius... - Remo recomeçou.

- Esquece, remo, esse aí não tem conserto. - Lílian disse enquanto seguia o namorado, ainda rindo.

- Lily! - gritou alegremente uma voz masculina no fim do corredor.

Tiago sentiu todos os músculos congelarem. Ele conhecia aquela voz e não estava nada satisfeito em saber que ELE também estava ali. Ao contrário de Lílian, que virou-se alegremente.

- Gideão! O que está fazendo aqui?

- Dumbledore me convidou para um chá. Fábio não pôde vir, mas mandou uma representante... - o rapaz disse, indicando uma porta que acabara de se abrir.

- Emelina!

- Lílian!

Enquanto as duas se confraternizavam, Gideão aproximou-se de Tiago, sob o olhar divertido de Sirius e atento de Remo.

- Fiquei sabendo que estão tendo aula com a Dawlish. É uma oportunidade e tanto.

- Concordo plenamente! - Sirius respondeu antes que o amigo desse alguma resposta malcriada - De onde você a conhece?

- O marido dela era meu padrinho. E fui eu quem a indiquei para essas aulas extras.

- Pela terceira vez... - Tiago começou, tentando se manter calmo, respirando fundo - O professor Dumbledore está nos esperando.

- O Tiago tem razão. - Remo observou, começando a caminhar.

O grupo percorreu os corredores do castelo ruidosamente, encontrando Alvo Dumbledore reunido com Olho-Tonto Moody, Frank e Alice Longbottom, Rúbeo Hagrid, Edgar Bones e dois senhores já de certa idade.

- Ora, ora, finalmente chegaram! - Dumbledore levantou-se sorrindo - Creio que agora nosso grupo esteja completo. Sentem-se, por favor.

Lílian sentou ao lado de um dos senhores, cumprimentando-o com um sorriso. Aquele era Elifas Doge, seu chefe no Ministério. Tiago sentou-se ao lado dela, encarando Gideão, que não desviava o olhar da ruiva. Assim, o chá se passou em clima de cordialidade (exceto pelas caretas de Tiago sempre que Gideão puxava assunto com sua namorada), até os pratos desaparecerem e Dumbledore se levantar.

- Vocês já devem saber que não os chamei para simplesmente tomar chá comigo - nesse ponto Lílian e Remo não conseguiram deixar de escapar sorrisos vitoriosos - mesmo porque, se fosse apenas para isso, eu teria convidado todos os meus ex-alunos.

- Nós fomos selecionados. - Edgar observou com atenção a face de Dumbledore - o senhor provavelmente encarregou Moody disso, visto que a maioria aqui são de aurores.

- Muito perspicaz, senhor Bones. Moody selecionou, um pouco a contra-gosto, - nesse ponto o velho diretor olhou divertido para Tiago e Sirius - os que mais se destacaram na Academia. E eu, por minha vez, convidei alguns amigos para indicarem em suas áreas de atuação pessoas que pudessem nos ajudar...

- ...contra Voldemort. - completou Frank.

- Exato, sr. Longbottom.

- Dumbledore planeja essa reunião há muito tempo. - Elifas Doge disse, olhando para cada um dos jovens que ali estavam - Ele tentou adiar ao máximo dividir esse fardo com vocês, por acreditar que ainda são muito jovens.

- Eu queria formar uma Ordem de bruxos capazes e leias. Pensei em muitos nomes, mas acabei por decidir esperar sugestões de vocês mesmos. Talvez eu esteja pedindo muito de vocês afinal. - Dumbledore suspirou, recostando-se ao espaldar da cadeira - Mas é a nossa única chance. Sei o quanto são unidos e isso é um ponto a favor se aceitarem se juntar a nós. Logicamente, a escolha é de vocês.

Tiago observou os amigos. Sirius tinha um sorriso triunfante no rosto, como se tivessem acabado de lhe oferecer doce. Remo estava com o semblante decidido, cheio de responsabilidade, como sempre. E Lílian... Lílian estava olhando docemente para ele, embora tivesse um brilho de desafio nos olhos verdes. A ruiva sabia que, por ele, ela certamente estaria fora disso. Mas Lílian, como a grande maioria dos grifinórios, tinha um senso especial de justiça (que a fez muitas vezes defender o "Ranhoso"), além do que, perdera os pais pelas mãos dos asseclas de Voldemort. Ela participaria dos planos de Dumbledore quer ele quisesse ou não.

- Pode contar conosco, professor. - Tiago respondeu pelos amigos depois de um suspiro de resignação.

- Depois dos dragões, qualquer coisa é válida. - Alice observou com um sorriso, segurando firme a mão do marido.

- Faremos tudo o que pudermos contra Voldemort, Professor Dumbledore. - Edgar completou - Será uma honra trabalhar com o senhor.

Dumbledore sorriu.

- Acho então que devo apresentar a vocês a nossa "mascote". Fawkes?

Nesse momento, uma grande fênix vermelha adentrou o salão, pousando junto ao diretor. Lílian sorriu, estendendo a mão para fazer uma carícia em Fawkes.

- Professor, se não se importar, acho que tenho um nome para nossa "Ordem".

- E pelo seu sorriso, eu posso até adivinhar qual é. - Dumbledore olhou profundamente para os olhos verdes da ex-aluna. Tanta responsabilidade num corpo tão frágil... - Nós seremos a Ordem da Fênix.

Todos se entreolharam, assentindo, e Olho-Tonto foi o primeiro a se levantar.

- É, eu sei que a conversa está muito boa, mas ainda tenho que fazer uma ronda, como sabem, Vigi...

- ...lância constante! - completaram Sirius e Tiago.

Os outros riram e Alastor saiu, seguido dos outros. Quando Tiago e Lílian estavam para sair, Dumbledore os interrompeu.

- Eu preciso falar com vocês dois um instante.

Os dois se entreolharam, voltando a sentar. Do lado de fora, Sirius e Remo encostaram-se à parede para esperar quando Edgar se aproximou com um dos velhos amigos de Dumbledore.

- Rapazes, esse aqui é o auror Carátaco Dearborn, pai da Camille.

- Seu futuro sogro? - Remo perguntou educadamente.

Sirius observou o velho auror. Então era com ele que Camille aprendia aquelas maluquices que experimentava nele na época da escola? Bons tempos aqueles... Nesse momento a porta voltou a se abrir, deixando passar Lílian sorridente, carregada de livros e Tiago, levemente desapontado, com vários outros volumes.

- O que é isso? - Sirius perguntou.

- Dumbledore me deu. Ele quer que eu traduza. - Lílian respondeu alegremente.

- Grego aracaico. - Tiago observou pesaroso - E essa ruiva é uma das únicas pessoas no mundo que Dumbledore conhece que saiba traduzir isso.

- Agora entendi a cara do Tiago. Meu amigo vai ser trocado pelos livros... - Sirius observou - Bem, Remo, você vem comigo, temos muito o que conversar. E, Tago, se se sentir muito sozinho, pode ir lá em casa para organizar uma farra.

- Sirius, eu não vou deixar você levar meu namorado para a farra. Sempre sobra pra mim cuidar de vocês no dia seguinte. E eu me lembro perfeitamente bem da última vez que vocês se embebedaram e vomitaram na MINHA sala.

- Onde você aprendeu grego arcaico, menina? - Dearborn perguntou, após assistir silenciosamente a discussão do grupo de amigos enquanto Edgar meneava a cabeça.

- Meu pai era arqueólogo. Eu cheguei a viajar com ele algumas vezes durante as férias para escavações, principalmente na Grécia. Ele me ensinou.

- Bem, Lily, acho que agora temos que ir. - Tiago disse enquanto notava a aproximação de Gideão e Emelina - Você parece ter muito trabalho para o feriado...

A ruiva olhou-o estranhamente, mas o seguiu para fora do castelo depois de se despedir dos amigos e antes que Gideão pudesse alcançá-la, embarcando em uma das várias carruagens que esperavam pelos convidados do diretor.

- Porque quis sair tão rápido?

Ele grunhiu alguma coisa em resposta e Lílan amarrou a cara.

- Não sei se percebeu, mas não estamos em nossas formas animagas, e eu ainda não traduzo grunhidos.

- Não foi nada. - ele disse enfim.

- Você não ficaria desse jeito por nada, Tiago. - ela o observou por alguns instantes - Eu já sei. Está assim por causa de Gideão, não é?

- Eu não gosto dele. Principalmente quando ele está perto de você.

- Obrigada pela confiança, Tiago. - ela disse sarcasticamente.

- Eu confio em você, Lily, eu não confio é nele.

- É, Tiago, mas não é com Gideão que eu durmo, não é com ele que eu acordo, não é com ele que eu passo todo o meu tempo livre, não é ele quem invade o banheiro quando eu estou tomando banho, não é...

- Certo, eu me rendo. - ele disse antes que a ruiva explodisse.

- Eu devia fazer você dormir na sala...

- Ah, não, Lily, você já vai ficar metida com esses livros, não pode fazer isso comigo!

- Estou brincando! - a ruiva disse rindo.

Os dois voltaram a ficar em silêncio, observando a paisagem da estrada que levava a Hogsmeade, onde poderiam pegar o trem ou aparatar.

- Quem você acha que podemos chamar para a Ordem? - a ruiva voltou a quebrar o silêncio.

- Primeiro, o Rabicho, afinal, temos que ter todos os marotos juntos.

Lílian recostou-se mais à cadeira.

- Eu acho que Dumbledore teve uma boa razão em não chamar o Pedrinho, Tiago. Eu também não chamaria a Selene. Ela é muito distraída, seria colocá-la em perigo. Entende o que quero dizer?

- Mas não teria graça sem...

- Acho que você não percebeu ainda que não estamos nisso pela graça. - ela disse séria.

Antes que o moreno pudesse responder, a carruagem parou e Lílian desceu, observando o céu nublado sobre Hogsmeade.

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