Péssimos Acontecimentos*



Capítulo 8:


Péssimos Acontecimentos


Quando caiu no chão quase desacordada Irishau só teve noção de como a água lhe fazia falta. Rezou para todos os grandes espíritos que a ajudassem a passar por aquilo, por aquele momento em que deveria provar o valor de uma índia Lakota. Mesmo tentando ser forte sem querer já sentia seu corpo se encurvar em forma de concha e os olhos esquentarem com as lágrimas.




_ Wankan Tinza... – Sussurrou sentindo a garganta seca. – Mni... Mni... Água...




Sentiu que suas forças se esvaiam do corpo e podia ouvir as vozes dos grandes espíritos cantando... Então tudo parou e sentiu como um milagre a gotas de água invadir seus lábios, como um grande tônico aquilo só fez com que segurasse com mais força a garrafa. Os olhos ainda estavam fechados quando se deu por satisfeita.





_Você está bem? - Ao abrir os olhos viu que não acontecera um milagre. E sim, tinha alguém ali, ao sentir as mãos do homem em seus ombros levantou e se afastou como um raio. A cabeça rodou, mas Irishau resistiu ao impulso de cair.




_Wasicun! – Sussurrou puxando o arco e a flecha das costas e puxou com toda a força que ainda tinha.





_Hei! Eu não vou te fazer mal. _ O Homem levantou os dois braços pra cima. Um pouco mais calma pode reparar melhor nele. Era alto, muito alto. Tinha os cabelos negros como à noite em dia de mau espírito. Os olhos eram de um azul esverdeado que ela jamais havia visto, sentiu um arrepio ao ver como seu inimigo era atraente.





_Fique longe de mim!





_Ora, então vejo que fala a minha língua. – O sorriso atraente se formou nos cantos de seus lábios. – Já estava pensando que teria de ficar falando em sinais. Isso é... Se você não me matar antes!





_Você é um Wasicun...





_Wasicun significa estranho. Impressionada? Sei alguma coisa da sua língua. Agora vejamos, se eu realmente quisesse machucá-la teria lhe dado a minha única garrafa de água? – Irishau sentiu as bochechas ganharem cor e envergonhou-se de não ter notado isso antes.






_Yekyw... Desculpe. _ Sussurrou abaixando a arma.





_Tudo bem. Uma mulher deve desconfiar sempre que puder. Então... _ Ele caminhou mais a frente e começou a montar muito agilmente o que ela pensava ser uma barraca. _ O que acha de nos apresentarmos?






_Apresentar? – perguntou confundida com as palavras do homem branco.





_Sim. Dizer-me seu nome. – Ao olhá-la sorriu notando o quanto suas palavras a havia deixado perdida. _Veja, meu nome é Cedrian Blasy.





_Han, entendi. Meu nome é Irishau Ycahon. Do povo Lakota.






_O que significa? Imagino que todos os nomes tem um significado, não? _ Cedrian tinha terminado de arrumar a barraca e agora se sentava dentro dela.




_Irishau significa menina dos olhos. Meu pai queria muito ter uma filha wapyia... _Vendo que ele não compreendera tratou de reparar o erro. _ Uma filha mulher, mas minha mãe sempre dava a luz a filhos homens. Então, quando já tinham oito filhos eu nasci. Tenho muito tiblos... Irmãos. – Engoliu em seco ao lembrar do irmão mais velho. O irmão que ela mesma se encarregara de tirar a vida. A tristeza e o remorso vieram com tanta força que Irishau teve vontade de chorar até o mundo estar inundado por sua dor.





_Lindo nome.





_Tenho que ir. – Sentiu as mãos tremerem quando colocou o arco e a flecha novamente na bolsa. Cedrian levantou de um pulo.








_ O que? Como? Aonde pensa que pode chegar nessa escuridão. – Chegando mais perto ele tocou seus cabelos. Irishau sentiu um arrepio, como se seu corpo respondesse totalmente ao toque dele. Assustou-se com a intensidade daquele sentimento.





_Tenho de ir até um quartel de treinamento que está montado aqui perto. _ Cedrian levantou as sombrncelhas, o semblante totalmente fechado.





_O que sabe sobre isso?





_Só sei que preciso de um lugar para ficar até aqueles homens pararem de me perseguir.





_Perseguir? _Novamente ele estava com a fisionomia séria e sóbria. Ela o preferia sorrindo.





_Esqueça. – Girou o corpo, mas não deu ao menos três passos até sentir que mãos fortes a alcançavam e a empurravam de volta para onde estava.





_Me conte... – Vendo que ela não falava Cedrian suspirou pedindo paciência aos céus. _ Veja, eu posso levá-la a esse centro de treinamento, mas você precisa me dizer quem são esses homens.





_Promete que me leva?





_Sim. – Ele respondeu olhando nos seus olhos, e isso mais do que qualquer outra coisa foi o que a fez confiar nele.





_São demônios! Eles voam em cima de vassouras e usam máscaras de caveiras. – Curvou a cabeça sentindo lágrimas descerem quentes pelas bochechas. – E usam gravetos para matar!





_Eles a machucaram?






_Não.





_E não sabe por que eles a querem?





_Não. – Não iria contar de suas suspeitas de que estivesse nessa situação por causa de seus poderes.





_Certo. Dormimos aqui e pela manhã continuamos nosso caminho. – Cedrian levantou-se e jogou um cobertor para ela. – Está com fome?






_Sim. – Respondeu francamente.





_Tome. – Ele lhe entregou um cacho de uvas e depois se sentou ao seu lado.





Enquanto comia ela sentia o quanto ele a observava e isso a estava deixando nervosa. Havia algo entre eles, ela era sensível suficientemente para sentir aquela tensão. Ele sabia o que se passava em sua mente, era quase algo místico.





_Você tem quantos anos? _ Ele perguntou.





_Quinze.





_Nossa, como você é jovem.





_E você é velho por acaso? _ Cedrian sorriu, e isso deixou Irishau alegre.





_Tenho vinte e um. E faço vinte e três dia 2 de novembro.





_Bom, então estamos quites, pois faço dezesseis dia 8 de março. – Foi a vez dela sorrir.





_Dia internacional da mulher. Uau! Deve ser muito determinada.





_Nem tanto. Sou do espírito de peixes, o que me transforma em alguém mais insegura do que determinada.





_ Espírito de peixes?





_Nós índios, e quando digo todos, englobo outras tribos além dos lakotas, acreditamos que existem espíritos maiores, você sabe o seu apartir de sua data de nascimento. Os brancos os chamam de signos do zodíaco, mas nós os chamamos de espíritos.





_Meu signo é escorpião. Tenho três irmãs mulheres que se amarram em horóscopo. – Os dois riram.





_Bom acho melhor dormir. Tente não pensar nesses homens de máscaras de cavera certo? Eu estou aqui, e enquanto estiver você ficará segura.



O que Cedrian não sabia é que ele não precisava dizer tais palavras. De alguma forma Irishau soube que nunca mais estaria desprotegida... Enquanto ele estivesse com ela.







*** *** ***




HOGWARTS –
18h30min



Observou seu reflexo no espelho e sorriu satisfeita com o que via. Chloe nunca fora de ligar para aparência já que preferia as roupas práticas e funcionais, mas naquela noite decidira estar linda e perfeita. O vestido vermelho era absolutamente deslumbrante e aderia a seu corpo perfeitamente. Não era alta como Julieta, deveria ter um metro e sessenta e três no máximo, mas gostava de suas pernas e dos seios redondos e bem distribuídos.





_Vamos logo Julieta! – Exclamou quando viu as horas no relógio.






_Vai... Vai indo na frente. – Chloe sentiu algo estranho ao ouvir a voz da amiga. Ela estava estranha, havia uma insegurança em Julieta que Chloe jamais entenderia. Ela era a melhor aluna, era linda e estava namorando um garoto maravilhoso. Porque tanta falta de confiança em si mesma?






_Está tudo bem? – Perguntou chegando mais perto da porta.






_Tudo ótimo. Meu cabelo ainda não está pronto...





_Nesse caso eu já vou indo.






Chloe passou pela cama puxando a bolsa de tom idêntico ao do vestido e saiu do quarto feliz com sua aparência.




**** ****



Julieta não estava feliz com sua aparência. “Deus, porque fui nascer tão feia! Nem minha própria mãe me quis... O que Artur vê em mim?”. Esses pensamentos não paravam de assombra-lhe enquanto observava horrorizada o vestido verde claro que vestia. “Eu sou um desastre!”.



Não. O vestido era lindo, tinha um tecido fino e etéreo que faria qualquer mulher ficar linda... Menos ela! A insegurança voltava a tomar conta de sua auto-suficiência tranformando-a em uma criaturinha assustada.




Já havia decido não ir quando escutou a porta abrir. O que será que Chloe havia esquecido dessa vez? Abriu a porta já começando a desfazer o penteado quando o viu. Daniel estava parado bem enfrente a uma foto que estava sobre sua cabeceira. Eram eles quando tinha seis anos. Sorriu ao lembrar de como tentara ficar em cima da maldita vassoura... Mas não conseguira, caiu com tudo enquanto Chloe dava um show de vôo.




_Como conseguiu subir? – Daniel a olhava fixamente e Julieta sentiu-se desconfortável por ser o foco de sua atenção.





_Es... Escalei. Queria saber se a Chloe já estava pronta. – Ele engoliu seco.





_Ela já foi.





_Hum... Arthur já foi pra festa. Mandou dizer que estava te esperando no bar.





_Certo... – Daniel se aproximou e Julieta quase se esquivou.





_Você está linda Ju.





_Obrigada. Você também não esta mau. – Os dois sorriram e tensão que existia antes foi se dissipando.





_Vamos?!





**** ****




A multidão de pessoas impedia que Arthur encontrasse Julieta e isso já o estava irritando.


_Filho? – O choque foi tanto que ao escutar aquela voz virou-se imediatamente. Mas Draco não estava ali, procurou com o olhar e achou o que queria. O pai estava em pé ao lado das portas do salão principal. Draco fez um sinal com as mãos e Arthur soube que deveria segui-lo.





_O que está fazendo aqui? – Perguntou ao chegarem no corredor que naquele momento estava praticamente vazio.





_Não posso visitar meu querido filho? – O sorriso cínico dizia exatamente o contrário.







_Diga logo o que quer!





_Bom. Então vamos logo ao assunto. Quero que me dê um relatório completo sobre a Potter.




_Já avisei a você que não faria mais isso! – Disse irritado.





_Soube que está namorando. Linda moça... Como se chama mesmo? Julieta... – Havia algo no tom de Draco que lhe provocava uma sensação de que algo muito ruim viria pela frente.





_Fique longe dela!






_Vou ficar... – Dessa vez não havia mais nenhum sorriso no semblante de Draco, apenas os olhos frios o ameaçando em silêncio. – Vou ficar longe dela se você fizer o que estou mandando.






_Está me ameaçando?






_Exatamente. Se não me contar o que sabe eu na exitarei em fazer mal a essa... Essa garota!






Arthur abaixou a cabeça sentindo-se mais uma vez derrotado pelo pai. Tudo isso porque eram muito diferentes...





_Certo. O que quer que eu diga?





_Chloe Potter. É dela que quero saber,a propósito já a vi. A maldita garota em muito parecida com Hermione...




_Você conhece a senhora potter? – os lábios de Draco se crisparam ao ouvir o filho mencionar o sobrenome de Hermione.





_Isso não é importante. Soube que a garota e os amigos vão sair de Hogwarts,oque sabe sobre isso.





_Julieta apenas me disse que os pais vão se mudar para a França e que eles vão estudar lá.





_rsrsrsr Você realmente acredita nisso? Eles querem escondê-los em algum lugar e certamente terão treinamento.






_Você não parece muito preocupado com isso.





_Tenho meus motivos. As coisas vão mudar Arthur. Há uma nova profecia em jogo...





**** ****


Chloe estava desapontada com o baile. Não conseguia se controlar vendo John dançar com outra garota. E eles se beijavam... Ela podia ver mesmo não os olhando. Merlin! Como aquilo doía, nunca deveria ter namorado ele. Tentava culpá-lo, mas sabia que ele simplesmente não poderia esperar enquanto ela salvava o mundo. Mas mesmo assim a dor não era menor.




Sem perceber tomou mais bebidas do que deveria e sabia que acordaria com uma grande enxaqueca. Levantou tropeçando nos próprios pés e foi andando entre as pessoas, colidiu com alguma coisa e sussurrou um palavrão ao sentir a cabeça latejar com mais força. Abriu os olhos que instintivamente havia fechado e deparou-se com aquele sorriso. Pensou que estava sonhando, havia um homem a sua frente. Parecia ter saído de um filme de cawboy, pois usava um chapéu stetson de vaqueiro e um colete de couro sobre a camisa negra. “HU! Que músculos!” – pensou.




_Não se acha muito nova para beber dessa maneira? – Ele perguntou. Os olhos dele eram azuis cinzas e a pele queimada de sol, os cabelos longos iam até os ombros e eram de um loiro escuro que devido ao sol ficara queimado e agora tinham algumas mechas douradas. Era sem dúvida o homem mais bonito que Chloe vira em toda a sua vida. Mas foi em meio de todo seu encanto que lembrou do que ele havia acabado de dizer. “Hei! Ele pode até ser gostoso, mas não tem o direito de falar mal de MIM!”





_Pode me dizer o que tem a ver com isso? – Perguntou irritada tentando soltar seus braços, mas ele os prendeu com mais força.




_Nunca lhe disseram que uma moçinha jamais deve ficar bêbada em festa? Principalmente com esse seus vestido! – Ele analisou seu corpo de uma forma que a deixou com as bochechas rosadas e ligeiramente MAIS irritada.




_Se o senhor fizer o favor de me soltar... – Mas ele a interrompeu.





_Não me chame de senhor que vou me sentir um velho. Meu nome é Alexander Hart. _
“Nome bonito, pena que é um nojento.” Pensou sorrindo cinicamente. _ E o seu?





_Chloe.





_Muito prazer Chloe sem sobrenome. – Ele riu divertido.





_Pois o prazer é todo seu! – Pegando-o de surpresa puxou o braço com força e saiu dali o mais rápido possível.




Quando chegou no quarto sentou na cama tirando os sapatos. Estava irritada e ao mesmo tempo um jato de adrenalina corria em sua veias. Seus pensamentos estavam principalmente no desconhecido Alexander Hart.





_Homenzinho petulante! – “Mas gostoso!”




****


****



TO BE CONTINUED...




N/A: Espero que me desculpem pela demora, mas tive muitos problemas pessoais. Bom,agora a fiz volta ao ritmo normal: Vocês comentam eu posto.


N/A: Espero que tenham gostado do cap. Muitas coisas estão para acontecer,algumas realmente tristes e outras bem legais. Vocês até podem achar que a história está indo rápido demais, mas é porque a saga Bonequinha de Luxo ainda tem mais uma fic. Espero que vocês ainda gostem.


N/A3: Obrigada pelos coments, fico muito feliz com eles. E lembrem, quanto mais comentários mais rápido posto o próximo.


BEIJÃO da Bu!

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