CAP. 6 - Antes da Luz, A Tem

CAP. 6 - Antes da Luz, A Tem



Harry caiu. O garoto estava em algum lugar escuro; Sua cabeça girava em torno de seu corpo... Apenas as chamas reluzentes da lareira iluminavam o ambiente, que não era de todo estranho para o garoto.

Harry esfregou os olhos e enxergou com dificuldades a placa que dizia "Caldeirão Furado"... Ah, sim! Ele se lembrara de tudo... Mas parecia estar tudo vazio... Àquela hora da madrugada não havia nenhum sinal de vida no salão, que durante o dia sempre permanecia lotado.

Uma voz ecoou no lugar deserto. Certamente não era a de Harry. A voz vinha de dentro do balcão.

- Quem está aí? - Disse Harry com a varinha em punho.

Ninguém respondeu, mas ele sentia um vulto se aproximar... devia estar a alguns metros de distância dessa pessoa... ele sabia...conseguia sentir sua respiração ofegante... Quem poderia ser? Um Comensal? Não... Mione não o traria para um lugar desses...

- Quem está aí? - Harry repetiu a pergunta, mas como resposta obteve apenas o seu próprio eco.

O garoto sentiu um frio na espinha... O vulto se aproximava cada vez mais. Harry apertou ainda mais a varinha em suas mãos. O vulto estava naquela sala, provavelmente olhando em sua direção... Mas Harry nada podia ver devido a escuridão. A luz das chamas da lareira estava cada vez mais fraca e se tornara apenas um brilho no meio de toda aquela imensidão escura.

Harry estufou o peito e contou até três:

- Lumos! - Sua varinha se acendeu no mesmo tempo que a varinha que estava na sua frente também brilhou.

No mesmo instante o salão se iluminou e Harry pôde ver quem era aquele vulto.

- Rony?? - Disse Harry apavorado.

- Harry! - Rony estava tão tenso quanto seu amigo. - Que susto você me deu!

Os dois se entreolharam assustados por um instante e Harry perguntou:

- O que você está fazendo aqui?

- Você não sabe?

- Porque? - Agora sim Harry estava preocupado. - Você TAMBÉM não sabe o que esta fazendo aqui?

Rony iria responder que não, mas um pensamento surgiu em sua cabeça... Era essa a chance dele dizer tudo o que sentia... Gira havia armado esse encontro, e agora tudo dependia exclusivamente dele... Rony respirou fundo e olhou para o vazio da escuridão tentando encontrar ali o antídoto para todo o medo que se formava dentro dele...

"E se Harry não quisesse? E se Harry nunca mais conversasse com ele?" ... Mas não... Rony lutava contra seus pensamentos e tentava imaginar somente o lado bom... "Nós seremos felizes! Eu terei o meu amor ao meu lado!"

- Hein, Rony... O que aconteceu?

- Sabe Harry... - Rony buscava forças de pensamentos do que poderia acontecer para dizer tudo aquilo. - Na verdade eu combinei tudo com a Gina... Isso tudo é armado.

- Mas por quê?... Como?...Para quê? - Rony odiou Harry por alguns instantes... Como ele podia ser tão burro ao ponto de não desconfiar de nada?... Rony queria que Harry desse algum sinal de que seu amor era recíproco, mas ele não dava!

- Eu não sei como contar para você, Harry. - Rony estava vermelho; novamente pensamentos horríveis rodeavam sua cabeça... E se Harry não aceitar que eu sou assim? E se ele contar para todos?

- Comece do início! - Os olhos de Harry se encontraram com os de Rony pela primeira vez, e ambos, trocaram olhares de insegurança.

- Tudo começou no Expresso de Hogwarts, Harry... Quando eu te vi pela primeira vez... - Harry olhou assustado para seu amigo, mas era tarde demais para desistir.. Rony iria continuar até o fim... - Eu não sabia direito o que era... na verdade até hoje eu não sei... só descobri depois que experimentei com a Gina... Só daí eu descobri o que eu realmente queria...

- Rony? - Disse Harry confuso. - O que é?... Seja claro... Pode confiar em mim... - O garoto encostou seu braço no ombro de Rony em sinal de apoio. - Eu sou seu amigo!

- Eu não quero só a sua amizade. - Era difícil ter que dizer tudo aquilo depois de tanto tempo... Gotas de lágrimas haviam se formado sobre a face do ruivo. - Eu quero mais que isso...

- Eu não estou te entendendo...

Harry tirou sua mão do ombro de seu amigo, mas Rony a segurou... Ele olhou para os olhos verdes de Harry... Era muito tarde para desistir... Ele iria até o final.

Rony segurou Harry de um jeito que fosse impossível qualquer movimento e o beijou... Era o sonho do ruivo que se tornara realidade... Seus lábios encontrando os lábios de quem sempre sonhou.... Lábios finos e delicados, que resistiam arduamente e não aceitavam serem beijados...

Mas era tarde demais para parar... Se Harry fosse odiar Rony para sempre, que pelo menos então este aproveitasse alguns minutos do que sempre desejou... Tudo já fora feito e não havia mais como desistir... Rony investia todo o seu corpo para cima do seu amigo sem se preocupar com o que poderia acontecer depois...

O beijo fora interrompido com um tapa... O rosto de Rony ardia como nunca, mas ele não se arrependia de nada, apenas lamentava Harry não ser como ele tanto sonhava.

- Por que você fez isso? - Harry chorava.

- Porque eu não agüentava mais, Harry... - Dizia Rony num ritmo desiludido. - Eu te amo e eu iria explodir se não revelasse isso a você...

- Você me desrespeitou! - Lágrimas caiam do rosto do grifinório. - Eu achava que você era meu amigo...

- Eu estou ciente de tudo o que fiz.... - Rony não tinha coragem de olhar nos olhos de seu amigo.

- SABE POR QUE EU ESTOU CHORANDO?

Rony não respondeu.

- DE NOJO, RONY - Harry gritava e chorava ao mesmo tempo. - NOJO DO QUE VOCÊ ME FEZ PASSAR HOJE!

Rony chorava como nunca havia chorado em sua vida.

- Você se rebaixou a um nível muito baixo, Rony! - Harry cuspia tentando eliminar todos os resquícios de contato que tivera com seu ex-amigo. - EU NUNCA MAIS QUERO OLHAR PARA VOCÊ!

Rony tentou falar, mas as palavras não saiam de sua boca.

Harry colocou um pouco do flú que se encontrava próximo a lareira na sua mão que agora tremia como nunca, e antes de sair, disse:

- Malfoy tinha razão... Você e sua família são a desonra de todos os bruxos!





Sozinho novamente, Rony chorou...

Ele se odiou... Se odiou por ter acreditado que teria alguma chance e se odiou também por não estar arrependido pelo fez...

Na verdade, o que mantinha o garoto vivo naquele momento era a memória daquele beijo... Inesquecível, como todos os momentos junto a Harry.

Como uma flor, toda a esperança existente em seu coração, desabrochara... Mas ele sabia: Haveria de nascer, algum dia, uma nova flor, tão bela quanto aquela que morrera em seu peito...

Aquela flor, apesar de morta, ainda deixava feridas abertas em seu peito, feridas incuráveis... Marcas que doíam e arrancavam lágrimas do grifinório...

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