Fugindo do Inevitável



Capítulo 6: Fugindo do Inevitável

Gina mexeu-se na cama e esse fato fez com que ela percebesse não estar sozinha. Podia sentir o calor de um corpo próximo ao seu. Então um jorro de informações vieram na mente da Weasley e lembrou-se de onde estava e com quem. Abriu os olhos, ainda se negando a acreditar. No entanto a verdade aparecia literalmente na sua frente. Draco Malfoy dormia profundamente, com um lençol a lhe cobrir o corpo até a cintura.
A ruiva saiu da cama com cuidado para não acordá-lo. Estava completamente nua. Por isso teve que ir caçando e pondo de volta o que encontrava de suas roupas espalhadas.
Sentia-se culpada e envergonhada.
“Oh, Deus! O que eu fui fazer? Maldita TPM! Eu tinha que ser tão impulsiva??? Agora o que Malfoy pensará de mim? Oh, que vergonha. Eu vim até aqui e o agarrei. Eu não posso nem encará-lo. Eu fui tão estúpida. O Harry ter terminado comigo de novo é revoltante, mas não é motivo para eu ter...” pensou, nem tendo coragem de finalizar esse pensamento.
Saiu dali o mais silenciosamente que pôde. Já passava das cinco da manhã e ela torcia para não topar com Filch e sua gata. Acordou a Mulher Gorda e após dizer a senha entrou no Salão Comunal, ignorando as perguntas do quadro. Viu que Harry estava adormecido numa poltrona e subiu direto para o dormitório. Tomou um banho rápido e se preparava para dormir, quando ouviu uma voz:
- Onde você esteve todo esse tempo, Gina? Estávamos preocupados com você.
- Eu precisava de um tempo para pensar, Hermione. –respondeu, seca e se enfiou debaixo das cobertas.
- Mas Gina...
- Eu não quero falar sobre isso. –a voz da ruiva tornou-se embargada, indicando que choraria a qualquer momento.
Hermione então suspirou:
- OK, mas depois falaremos sobre isso. –disse e não obteve resposta.
Gina sentiu seus olhos marejarem. Sabia que não deveria chorar pelo que estava feito, mas não podia evitar. Dormiu mal e pouco. Acordou com Hermione chacoalhando-a:
- Ginevra Molly Weasley! Pela última vez saia dessa cama, nós iremos nos atrasar para a 1ª aula.
- Aula? Que aula? –perguntou, confusa e coçando os olhos inchados.
- De poções. Você sabe como o Malfoy é chato com a questão dos horários. –disse e então percebeu que a ruiva tinha os olhos meio arregalados– O que foi?
- Não, Mione. Eu não vou pra aula. –falou, séria.
- Mas Gina...
- Nem amarrada e sob Imperius. –cortou-a com decisão.
Hermione suspirou:
- Não adianta você fugir do Harry. Tem que encarar a situação.
A Weasley bufou:
- Quem disse que estou fugindo dele? Além do mais eu cansei do Harry me fazer de palhaça. Vou esquecê-lo.
- Boa sorte. –a morena falou descrentemente.
- O quê? Não acredita em mim? –empertigou-se.
- Gina, estamos falando de você, a garota que é apaixonada pelo Harry desde sempre. Você já tentou esquecê-lo mais de uma vez e não deu certo, por que agora seria diferente?
- Me deixa, Hermione. –a ruiva retrucou- Vai logo pra sua querida aula, CDF.
- Ok. –e revirou os olhos- Mas saiba que se quiser cabular a 2ª, terei que te dar uma detenção. Espero ter sido clara.
- Como Veritasserum. –respondeu, irônica e assistiu a morena deixar o dormitório.
“Até parece que eu ia encarar o Malfoy tão cedo.” ela pensou, sentindo o rosto esquentar ao lembrar da noite anterior enquanto se dirigia ao banheiro “Sábia decisão não ter ido na 1ª aula. Eu estou horrível! Meus olhos estão inchados. Seria óbvio para qualquer um que estive chorando. Não quero que ninguém me veja assim”. foi o que passou por sua mente ao olhar-se no espelho.
Fez sua higiene matinal e vestiu o uniforme. A capa foi posta por cima, mas não foi abotoada. O cabelo rubro estava úmido e cascateava abaixo dos ombros. Ela já tinha tirado com um feitiço uma ou outra marca deixada por Draco. Depois de tudo isso se sentia melhor e com mais disposição. Ainda estava chateada com Harry e repreendeu-se por isso. Iria mostrar a todos que não era mais a Gina bobinha e cegamente apaixonada por Harry Potter.
“Eu não posso permitir que o Harry brinque assim com os meus sentimentos. Isso não é justo.” pensava.
Gina deu uma passada rápida na cozinha para forrar o estômago antes de ir a aula dupla de Transfiguração. Harry fez questão de sentar-se ao lado da Weasley, mas ela ignorou as tentativas que ele fez para falar com ela.
O moreno esperou até o almoço e então disse:
- Gina, precisamos conversar.
A ruiva que estava concentrada em não olhar para Malfoy à mesa dos professores, fitou os olhos verde-esmeralda do ex-namorado:
- Não vejo aonde quer chegar com isso. –fez-se de desentendida.
- Gina, nós dois sabemos. Eu só quero que você entenda...
- Não. –ela cortou-o –Há uma parte da sua vida que eu desconheço. Pensa que eu não reparo quando você, o meu irmão ou a Hermione somem?
- Mas, Gina...
- Se você não vai me integrar à sua vida, o que eu sei que não irá, não temos o que conversar sobre isso e eu nunca mais serei sua namorada até que mude de opinião. Só não garanto que até lá não seja tarde demais.
O moreno deu suspiro derrotado e saiu do Salão Principal sem ao menos terminar sua refeição. Ginevra tentou afastar a sensação de culpa que se instalou em si e continuou a comer, enquanto ignorava os olhares de censura que Hermione lhe lançava. Estava se repetindo a história e ela não queria que isso acontecesse. Quando Harry tinha terminado o namoro com Gina pela primeira vez, a ruiva sofrera muito. Sentia-se vazia, incompleta e depressiva. Chorava, pois tudo a sua volta parecia lembrar-lhe do moreno e de quanta falta ele fazia. Não podia agüentar passar por tudo isso mais uma vez.
“Merlin, faça com que eu esqueça o Harry de uma vez. Por favor, eu imploro. Não quero sofrer de novo. Eu preciso esquecê-lo.” pensou, segurando-se para não chorar.
- Gina, você está bem? –Hermione perguntou e Rony olhava a irmã com preocupação.
- Sim. –respondeu numa voz que não convenceria nem a mais crente criança e levantou-se.
- Aonde você vai, Gina? –o ruivo perguntou, mas ela já estava um tanto longe.
A ruiva foi até a mesa da Corvinal e parou perto da Luna, a qual lia um pergaminho com ar sonhador:
- Luna, eu preciso falar com você.
- Agora? –a loira perguntou, sem tirar os olhos da leitura.
- Não, no próximo século -ironizou - É claro que é agora!
A corvinal guardou o pergaminho num bolso e seguiu a ruiva. Quando já estava nos jardins, Luna perguntou:
- O que afinal é tão importante que não podia esperar eu terminar de ler a carta que o Nev me mandou?
- É realmente muito importante, ok? Eu preciso desabafar com alguém. –a ruiva confessou -Mas você tem que prometer não contar a ninguém.
- É claro que não irei contar. Aliás, quem é que vai dar crédito para a Di-Lua...
- Ah, Luna. Pare com essa auto-piedade. Você é uma ótima pessoa. Apenas não se deram conta disso ainda.
- Hum. O que você quer contar?
- Eu e o Harry terminamos de novo. Ele veio com aquela mesma história de em proteger e etc. Daí eu fiquei revoltada e deixei ele sozinho no Salão Comunal.
- Puxa Gina, você deve tá se sentindo super mal –e a ruiva assentiu –Você se trancou no dormitório e chorou a noite inteira?
- Não. Eu fui procurar uma pessoa pra desabafar. Já que essa pessoa me devia isso. –ela mediu as palavras.
- De quem você tá falando? –perguntou com curiosidade.
A ruiva olhou para os lados antes e murmurar:
- Do Malfoy.
A corvinal arregalou os olhos:
- Ele te consolou? –e sua voz estava cheia de descrença.
- É...por aí...Bem, eu o abracei e ele me abraçou de volta e eu chorei.
- Você chorou nos braços do Malfoy?!?
- Shiu! –Gina exigiu, mais uma vez checando se havia alguém por perto –Ou não te conto o resto.
- Ainda tem mais? –e a grifinória fez que sim –Então fala, Gina.
- Ele disse que Harry era burro por terminar comigo e me fazer chorar. Então eu...
- Então você?
- Eu o beijei. –ela baixou a cabeça –Eu estava tão carente e ele tinha sido legal comigo. –tentou se justificar.
- Hum. Então, quando o beijo acabou, você disse que era um erro e voltou para a sua torre.
- Não. –e pegou a amiga pelos braços, chacoalhando-a –Luna, onde eu estava com a cabeça? Eu dormi com Malfoy...
- Que coisa meiga. Ele ficou te consolando até que acabaram adormecendo.
- Luna, não é esse tipo de dormir. Eu e o Malfoy fizemos...você-sabe-o-quê, -murmurou muito envergonhada.
- Merlin! –ela exclamou –Eu nem sei o que dizer.
- Hoje eu faltei na aula de Poções. Não tenho coragem de encarar o Malfoy.
- Eu não imaginei que a atração de vocês fosse tão forte. Que lindo, um romance proibido.
- Não vai acontecer de novo, Luna. –Gina afirmou com veemência.
- E por que não?
- Você é louca?
- Ah é? Pelo que me lembre quem fez loucuras na última noite foi você. –a loira zombou.
Gina bufou:
- Por muitas razões. Ele é o professor e eu aluna, nossas famílias se odeiam, eu acabei o namoro com o Harry muito recentemente, ele é um Comensal da Morte e provavelmente só me usou pra ter prazer por uma noite.
- Gina, você viu a Marca Negra no braço dele?
- Hum...Pra ser sincera eu não reparei nisso. Como pude ser tão tapada?
- Você já pensou que mais cedo mais tarde vai ter que encarar o Malfoy? E se ele não quis apenas te usar? E se ele te ama?
- Luna, não viaja. Não há amor algum. O Malfoy nunca vai se apaixonar por mim. –assegurou.
- Nunca se sabe. –e deu de ombros –Mas e você? Poderia se apaixonar por ele?
“Espero que não.” Pensou, mas o que disse foi:
- Lógico que não. Eu apenas me sinto atraída por ele. Até uma bruxa míope vê que ele é bonito.
- Ah, eu acho que vocês formam um casal bonitinho. Sempre gostei daquele ditado que diz “os opostos se distraem”, sabe?
- Os opostos se atraem, Luna. –corrigiu.
- Viu só? Até você concorda com esse lance de opostos. –comentou, feliz.
Gina rolou os olhos:
- Eu não concordo com nada. Apenas estava te corrigindo.
- Ah-han, me engana que eu gosto. –a loira piscou .
Ginevra perguntou a Merlin se merecia aquilo e ele respondeu-lhe que merecia aquilo e muito mais, mandando uma chuva forte. Luna e Gina correram pra dentro do castelo, enquanto Luna criava teorias para um amor entre a Weasley e o Malfoy. Por sua vez, a grifinória imaginava quais atrocidades teria cometido a Merlin em vidas passadas.
“Ótimo. Nunca mais direi a palavra Malfoy, a menos que a Luna esteja a uma distância segura.” pensou depois de fazer um feitiço que secou as suas roupas e dirigir-se para uma tediosa aula de História da Magia.
Por mais que tentasse não conseguia prestar atenção ao professor fantasma. A voz dele era monótona, baixa e ritmada. A combinação perfeita para deixar alguém sonolento. Teve vontade de fechar os olhos e debruçar-se sobre a carteira, mas isso seria óbvia a demonstração de falta de interesse e atenção na aula. Gina realmente preferia poupar seus ouvidos dos sermões quilométricos de Hermione. Resolveu então escrever, assim poderia fingir que copiava o que Binns dizia. Molhou a pena no tinteiro e começou:
“Droga de aula chata! Daí eu fico pensando em coisas que não deveria como as costas do Malfoy...Não disse? Só penso besteiras. Acho que na minha cabeça deve ter merda suficiente para fertilizar o solo de plantas de uma estufa inteira. Ah, mas que eu devo ter arranhado aquelas costas...ok, ok. O Malfoy nem é tudo isso, ele nem é tão gostoso assim. Tá bom, tá bom. Eu tava mentindo. Tava tentando acreditar que ele é menos gostoso do que é pra ver se assim parava de lembrar. Eu mal posso acreditar que fui capaz de ir pra cama com ele. Ah, mas aqueles olhos cinzentos...pareciam estar me chamando. E por que o sorriso dele tem que ser tão sexy? Eu deveria me arrepender e me envergonhar do que fiz. Mas não consigo pensar mais assim. Eu não imaginava que fosse tão bom... Se alguém me perguntar se eu iria de novo pra cama com o Malfoy, eu negaria até a morte. Mas pra ser sincera... Não preciso nem explicitar a resposta, certo? Alguém poderia pensar que sou oferecida. Mas ALÔÔ eu estava de TPM, fula da vida e ele foi legal comigo. Além do mais o Malfoy é bem disputado há tempos. Acho difícil uma garota normal resistir. E além do mais...Putz, eu nunca pensei sentir o que senti com ele. Será que com Harry também seria assim? Bem, pelo visto nunca saberei. Porém sei que um relacionamento entre eu e o Malfoy seria impossível. Aposto que pra ele sou apenas diversão de uma noite. E nem reparei no antebraço dele se tinha Marca Negra...Bem, havia coisas mais interessantes pra se olhar. De qualquer forma, apesar dele ter me levado ao paraíso por alguns momentos, isso não deve acontecer. Por quê? É errado e acabou! Ah, quer saber porque é errado? Aff, mas é tremendamente óbvio, tanto que vou enumerar as razões.
1-) Ele é um Comensal da Morte. Ok, sei que não tenho a certeza. Mas é muito provável; já que o pai dele é.
2-) Ele é meu professor. O emprego dele estaria em jogo, mas considerando que Voldemort esteja bravo com ele (o que eu não sei se continua sendo verdade) Hogwarts é um local mais seguro para ele. Hey! Desde quando a segurança do Malfoy me importa?!?
3-) Ele é o oposto de mim. Ele é um Malfoy, é sonserino, com sangue frio. Somos diferentes demais, nunca daríamos certo.
4-) Ele não sente nada por mim além de atração passageira.
Por essas e por outras (como a reação da minha família e amigas) nunca daria certo um relacionamento amoroso entre nós. Graças a Deus o sinal já vai tocar e eu vou dar o fora dessa aula monótona. Ah, e assim que puder tacarei fogo nesse pergaminho.”
O resto do dia passou normalmente ou tão normal quanto poderia ser com Gina fugindo dos olhares do Malfoy e das conversas de Harry. Naquela noite sentia-se tão cansada que não teve problemas para dormir.
Durante o fim de semana, a ruiva agiu de uma maneira que deixou Hermione curiosa e orgulhosa. Primeiro porque Gina não acostumava agir assim e segundo porque a Weasley só dava uma pausa nos estudos durante as refeições. Além do mais Gina não era mais vista andando sozinha. No domingo à noite, quando a ruiva de um grande suspiro e recolheu suas coisas para ir para o dormitório, Hermione lhe perguntou:
- Gina, o que é que há com você?
Encarou a morena
“Nada. É só que eu dormi com o Malfoy e não paro de pensar nisso e ninguém pode descobrir”.pensou, mas não foi o que disse:
- Estou tentando esquecer o Harry através dos estudos –deu de ombros.
- Sei... –murmurou, achava estranho que Gina não estivesse chorando mais. “Será que ela superou o término do namoro tão rápido assim?”
- Agora estou muito cansada e vu dormir. Boa noite.
Na 2ª feira Gima acordou conformada. Suas duas últimas aulas seriam de Poções e ela não poderia continuar faltando. Quando saiu do banho nenhuma de suas colegas de quarto estavam ali. Gina arrumou-se o mais rápido que pôde e pegou sua mochila, dirigindo-se apressada para o Salão Principal. Porém, antes que chegasse lá, sentiu uma mão em seu ombro. Pulou de susto e seu coração batia descompassado. Então ouviu a voz de Luna:
- Bom dia, Gina. Por que está tão pálida?
A grifinória virou-se para ela:
- Porque uma certa loira cabeça de vento quase me matou de susto.
- Ah, Gina. Quem você pensou que fosse? O Malfoy?
A ruiva corou a menção dele e olhou para os lados. Respirou aliviada ao constatar que ninguém tinha ouvido:
- Eu não quero falar sobre ele, está bem? Já é incômodo o suficiente ter que vê-lo nas aulas de Poções.
- Incômodo vê-lo na aula e não poder agarrá-lo? –perguntou num tom inocente, mas deu piscadela marota.
- Luna Lovegood! Eu não quero agarrar o Malfoy.
- Claro. E eu estou imaginando coisas.
- Que bom que concordou
- Hey! Era pra ser irônico. –a corvinal reclamou –Você está fugindo dele não está?
A ruiva respirou fundo:
- Luna, como é que você me conhece tão bem?
- Isso não foi irônico, certo? –a loira perguntou esperançosa.
- Certo. –Gina disse e Luna sorriu.
- Você costuma ser previsível, Gina. Mas tenho que assumir que me surpreendeu você ter transado com o Malfoy.
O rosto da grifinória ficou mais vermelho:
- Eu também não esperava isso de mim mesma. –confessou.
Luna abraçou Gina, pegando-a de surpresa:
- Você pode contar comigo sempre, Gina. –falou seriamente –Agora se anima e vamos tomar café.
- Obrigada. –agradeceu e as duas foram para o Salão Principal.
Quanto mais se quer que o tempo demore a passar mais rápido parece que passa. E não foi diferente com Gina. Muito antes do que pensou, estava na hora de encarar Malfoy. A grifinória foi para essa aula como se estivesse indo para a forca.
- Gina, eu sei que não é animadora a perspectiva de ter aula dupla de Poções, mas também não é o fim do mundo. –comentou Yumi Fushikawa.
- Eu sei Yumi, mas não tô nem um pouco a fim de aturar o Malfoy. Será que pode me fazer o favor de ficarmos o mais longe possível dele? Por favor, Yumi. Só hoje, vai?
Ela respirou fundo:
- Você sabe que não gosto de ficar no fundo, mas farei isso por você, mas só hoje. –a oriental respondeu.
- Obrigada. –a ruiva permitiu-se sorrir.
Ao entrarem na sala (neste caso masmorra) de poções dirigiram-se para o fundo da sala. Gina estava nervosa. Malfoy ainda não havia entrado na sala, mas a espera estava acabando com os nervos da Weasley. Ela respirava profundo e pesadamente e também tamborilava os dedos na mesa.
- Gina, você está bem? –Yumi perguntou, estranhando o comportamento anormal da colega.
- Tô. Eu só não quero que o Malfoy me humilhe perante a classe por causa do fim do meu namoro. –respondeu e para alívio a outra se convenceu.
Nesse instante o professor adentrava a sala, fechando pesadamente a porta ao passar. Por um segundo Gina sentiu como que seu coração tivesse parado para depois começar a bater com velocidade total. Draco vestia uma calça preta e uma camisa cinza com os primeiros botões abertos. Por cima havia uma capa preta aberta. Ele varreu a classe com os olhos e quando avistou Gina, deu um sorrisinho quase imperceptível. A ruiva sentiu suas bochechas queimarem e sua respiração falhou quando seus olhos achocolatados encontraram os cinza gelo do loiro. No entanto, como se nada tivesse acontecido, o loiro deixou de olhar para ela e disse:
- Quero a composição que pedi na aula passada sobre antídotos e suas propriedades.
Todos os alunos, exceto Gina, levantaram-se e depositaram o trabalho na mesa do Professor de Poções.
“Droga. Por que é que ninguém me avisou sobre este trabalho? Aposto que vou me ferrar por causa disso.” pensou dando um profundo suspiro.
- Hoje prepararão uma fácil poção do sono e a poção do morto-vivo. Quando terminarem coloquem as amostras no engradado em frente a seus respectivos números de chamada.
Gina fez o máximo que pôde para poder se concentrar, mas não foi completamente sucedida. Malfoy passava entre os alunos, observando seus caldeirões e fazendo comentários ocasionalmente. Ao chegar na mesa em que Gina estava, Draco foi até Yumi:
- Tem certeza que a consistência disso está correta, Fushikawa? –perguntou e a garota corou fazendo um gesto negativo –Então a deixe mais maleável.
Quando Draco posicionou-se atrás da Weasley ela sentiu o perfume dele e mordeu o lábio inferior.
- Ginevra, eu sei que faz melhor que isso. –sussurrou, fazendo-a se arrepiar –Tente descobrir qual ingrediente está em excesso. –e saiu de perto dela.
Após um tempo ela conseguiu descobrir o que estava em excesso e consertou. O tempo agora parecia se arrastar, mas não falhou o sinal que tocou indicando o fim das aulas. Todos arrumaram suas coisas e entregavam suas amostras para irem embora o mais rápido possível. Porém, antes que Gina pudesse ir embora, escutou a voz de Malfoy:
- Srta. Weasley permaneça na aula.
A Weasley tentou disfarçar o nervosismo enquanto via seus colegas saindo. O último foi Harry, que disse:
- Se quiser eu posso te esperar lá fora, Gina. –ofereceu-se.
- Obrigada, Harry. –agradeceu, sorrindo fracamente para o moreno –Mas não é preciso.
- É, Potter, ninguém aqui precisa de um cão de guarda. –Draco provocou.
Harry levou os punhos e lançou um olhar mortífero ao loiro, batendo a porta ao sair.
- Acho que ele ficou irritado. –o loiro comentou com uma expressão inocente.
- Não seja cínico, Malfoy. É óbvio que ele odiou o seu comentário. –Gina disse.
O loiro deu um sorriso misterioso, em seguida lançou um feitiço de impertubabilidade na porta e trancou-a.
- O que está fazendo, Malfoy?
- Só não quero que nos interrompam, Ginevra.
Ela arregalou os olhos:
- Malfoy...eu...você... –não conseguia articular as palavras.
- Por que você faltou na minha aula 6ª feira? –o loiro cortou-a.
Gina olhou para os próprios pés e sentiu-se enrubescer:
- Não tive coragem. –murmurou baixinho.
Draco levantou o queixo da Grifinória:
- O quê? O que você disse?
- Eu não tive coragem de te encarar, satisfeito?
O loiro acariciou a face dela:
- Você se arrependeu, Ginevra?
- Pare de me chamar de Ginevra, Malfoy. Eu odeio isso –tentou fugir do assunto.
- Quer que eu te chame como, ruiva? –perguntou em tom divertido –Gina é muito infantil e é como seus amiguinhos grifinórios sempre te chamaram.
- Que tal Weasley? –sugeriu
- Não, muito impessoal. –falou calmamente.
- Você não parecia se importar com isso antes.
- Disse bem. Antes. Agora é diferente, ruiva.
- Diferente como, loiro? –perguntou, tentando ignorar que uma mão de Draco enlaçava sua cintura –Eu não vejo nada de diferente.
Sem esperar mais nada Draco levou sua boca até a dela. Porém, a Weasley o empurrou.
- Não, Malfoy. –disse seriamente –Por que é que você não encontra outra aluna para satisfazer seus hormônios? Eu não vou ser sua diversão. Já foi o suficiente o que aconteceu na semana passada. Já provou, agora me deixa em paz. –teve vontade de chorar, mas não o fez.
Draco começou a rir, o que irritou a Gina:
- O que é tão engraçado? –perguntou e ele não parou –É, vamos todos rir e pisar nos sentimentos de Gina Weasley. Ela é patética, não é mesmo? –disse com amargura e uma lágrima escorreu pelo rosto dela.
Malfoy limpou a lágrima com seu dedo e só então Gina percebeu que ele estava sério:
- Eu não queria te magoar, ruivinha. Eu simplesmente ri por você pensar que apenas me aproveitei. Sei que tem razões mais que suficientes para pensar isso. Ri da ironia. De todas que você podia ter dito que usei e joguei fora. Mas não você.
- Pare de me torturar, Malfoy. –e tentou se desvencilhar dele sem sucesso –É tão prazeroso assim iludir e humilhar a Weasley Pobretona?
- Quando estivermos à sós eu sou Draco pra você, Kittie. –piscou-lhe um olho.
Gina bufou:
- Pare! Eu não quero e não vou ter qualquer intimidade com você. Quero que me chame apenas de Weasley, ok? Ginevra lembra a minha mãe quando fica brava comigo. Você não precisa me lembrar que sou ruiva, eu tenho espelho, obrigada. E por acaso você chama de Kittie todas as garotas que já beijou?
- Não, só você, Kittie. As outras são passado e se quer saber as chamava pelo nome. Ah, Kittie não me olhe dessa maneira...Fica uma graça irritada.
Gina estava vermelha, com a cara de poucos amigos, um olhar mortífero e fazia um leve bico com os lábios. Tentou controlar-se.
- O que você quer?
- Você, Kittie. –e deu um de seus sorrisos sarcásticos, fazendo a ruiva irritar-se mais ainda e mostrar o dedo do meio –Hum, boa idéia, mas só se for com você. –comentou num tom inocente.
- Aff. Será que você quer apanhar, Malfoy?
- Bate que eu gamo, Kittie. –respondeu zombeteiro.
A ruiva ergueu uma mão para estapeá-lo, mas Draco foi mais rápido segurando as duas mãos dela na altura da cabeça e prensando-a contra a parede:
- Seu estúpido, me solta! Eu te odeio, seu idiota! Metido, egocêntrico...
Draco colou-a com um beijo. A grifinória debateu-se e resistiu o quanto pôde, mas logo teve que se render aos lábios dele e o roçar suave de suas línguas. Assim que a ruiva começou a corresponder, o beijo tornou-se necessitado. Draco soltou os braços de Gina e eles prontamente enlaçaram seu pescoço. Draco segurou-a pelas pernas e levantou-a, segurando uma perna de cada lado de seu corpo. Então o loiro deixou os lábios dela. Gina estava ofegante e sentia a respiração curta e cortada dele em seu pescoço enquanto beijava a região:
- Draco...Por que está fazendo isso comigo?
Ele encarou-a. Aqueles olhos azuis a estavam hipnotizando.
- Porque você me deixa doido, Kittie. –disse simplesmente.
Num impulso, a Weasley alcançou os lábios dele e beijou-o de maneira delicada e provocante, demonstrando que gostara da resposta dele. Talvez ouvir “Kittie” da boca dele não fosse tão ruim afinal.
“No que é que eu estou pensando? Aliás no que é que NÃO estou pensando... Eu não deveria.” Gina pensou, mas não tomou qualquer atitude para parar.
Draco colocou-a de volta no chão e parou o beijo:
- Ainda me odeia, Kittie? –seu rosto era inexpressivo, mas havia um brilho de divertimento no olhar dele.
A Weasley corou, mas forçou–se a encará-lo e responder:
- Sim.
- Ah, mas que pena. Terei que fazer você me odiar mais ainda. –disse como quem comenta o tempo.
Malfoy afastou-se dela e escancarou a porta.
- O quê? –fez Gina
Isso mesmo, Srta. Weasley. –disse retomando a pose de Professor –Não pensa que pode cabular a minha aula e não fazer um trabalho e ainda ficar por isso mesmo. Por isso vou te dar uma detenção. Terá que limpar as masmorras por uma semana sem utilizar magia e eu vou supervisionar. Começa hoje às 8h da noite e não tolero atrasos. Quanto ao trabalho tem até 6ª feira para entregá-lo. –finalizou e Gina ficou estática encarando-o –O que ainda faz aqui? Despacha-te, pois tenho muito o que fazer. –resmungou e ela pegou a mochila para sair.
- Já estou indo, Professor Malfoy. –avisou com profunda ironia em seu tom.
- Às 8h, Weasley. –ouviu a voz dele enquanto saía da sala.
“Por acaso o Malfoy tem dupla personalidade?” perguntou-se com raiva dele.

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