A Noite Do Baile



Capítulo 3: A Noite Do Baile

Draco e Gina preferiram ignorar a noite em que haviam se beijado, como se não houvesse acontecido. As brigas também se reduziram. A ruiva conseguia tolerar mais o comportamento rude e irônico do sonserino, apesar de que ele andava meio abatido e tentava disfarçar.
Cada vez que mirava os frios orbes acinzentados podia ver tristeza e solidão. Peguntava-se se não era apenas sua imaginação, mas algo dentro de si lhe dizia que Malfoy realmente possuía aqueles dois sentimentos. Não conseguia mais nutrir ódio por ele. No fundo sabia que Draco era amargurado e sentia pena por que ele afastasse qualquer um que possivelmente tentasse ajudá-lo.
Porém, Gina não teve muito tempo para sentir pena ou condená-lo por ser um Comensal da Morte. Não que ele tivesse dito que era um, mas a ruiva acreditava cegamente que sim.
Logo chegou o momento dos dois livrarem-se da detenção e conseqüentemente das algemas. Haviam aprendido a lição. Depois daquela detenção não brigaram mais. Aliás, nem trocaram nenhuma palavra. Contudo, não se podia dizer o mesmo dos olhares. Mais de uma vez por dia seus olhos se cruzavam e permaneciam fixos, como se os do outro possuíssem ímãs.
Às vezes, Gina pagava-se pensando nos beijos de Draco, mas logo se repreendia e seus pensamentos voavam para o trio ou para seus deveres. Costumava enterrar-se nos estudos para tentar não pensar em Harry e no quanto sentia sua falta.
Assim, os meses foram passando. No final do ano letivo haveria o baile de formatura dos alunos do 7º ano. Ginevra não tinha a mínima vontade de ir, seria muito triste sem Harry, Rony e Hermione (que ainda buscavam as horcruxes e mandavam notícias periodicamente). No entanto, Dino Thomas (ex-namorado dela), tinha insistido para que ela fosse com ele. Gina respondera:
-Dino, acabou entre nós. Eu amo o Harry e ele vai voltar pra mim.
-eu sei, Gina. Vamos juntos apenas como amigos, está bem? Não quero que fique depressiva dentro de um quarto durante uma noite festiva. –ele dissera e ela olhara incerta –Vai ser legal e vai fazer bem pra você. A sua amiga Luna também vai, o Neville convidou.
Por fim, Gina acabara aceitando. Agora em seu quarto, enquanto se arrumava para ir ao baile, perguntava-se se teria sido realmente uma boa idéia aceitar o convite. Estava sozinha e estava atrasada. Não que nenhuma de suas colegas de quarto não tivesse se oferecido para esperá-la. Elas haviam, mas Gina dissera que não queria que elas perdessem a abertura do baile de formatura por sua causa. Elas eram boas pessoas e tinham sido convidadas por setimanistas da Lufa-Lufa e Corvinal. Porém, eram apenas colegas de quarto da ruiva. As únicas garotas que Gina considerava serem suas amigas de verdade eram Luna e Hermione.
A grifinória mirou-se uma última vez no espelho. A imagem refletida mostrava uma garota baixinha de sandálias pretas de salto agulha. O vestido era preto também, justo e pouco acima dos joelhos, as mangas deixavam parte de sues ombros alvos à mostra. Havia destacado os olhos amendoados com um lápis preto e os lábios com gloss transparente. Nos cabelos não tinha feito nada em especial, os fios rubros cascateavam abaixo dos ombros. Usava também uma corrente prateada e delicada com um pingente com a letra G, combinando com os brincos.
Não se sentia animada e a verdade era que enrolara o mais que pudera. Já havia avisado a Dino que se encontrariam lá e por isso sua consciência não pesava. Sabia que no começo dos bailes de formatura os alunos eram chamados um a um para receber o diploma e que cada casa tinha um orador que falaria como representante de sua casa. Não queria ouvir os discursos e não teria ter que ver draco Malfoy pegando o seu diploma. Aliás, ela simplesmente não queria vê-lo de nenhuma forma. Não gostava de encarar os olhos acinzentados, pois não se sentia confortável ao fazer isso.
Por fim decidiu sair do quarto. Seu pensamento estava longe e ela encontrava-se altamente distraída. Por sorte seus pés conheciam o caminho para o Salão Principal, bem o suficiente para guiarem-na para automaticamente. Já chegando perto de seu destino, a weasley ouviu uma voz magicamente amplificada vinda de dentro. Conhecia aquela voz e podia dizer perfeitamente de quem era...
Adentrou o recinto e logo percebeu que seus ouvidos não a traíram. Havia várias fileiras de cadeiras e as pessoas sentadas olhavam para o palco, para o locutor da vez. A grifinória arrumou um lugar na última fileira. Logo que sentou, assou a olhar também para o palco e não se conformava por não ter imaginado antes quem seria o orador da Sonserina. Por acaso haveria melhor candidato que Draco Malfoy, sendo que ele era Monitor-Chefe e sonserino até o último fio de cabelo? Ele parecia, agora, finalizar o discurso:
-...e é um fato. Tudo o que disse até agora foi para dizer que apesar das rivalidades –a tradicional rixa entre Sonserina e Grifinória que o diga – e da antipatia que eu sei que o resto da escola sente pela casa de que tanto me orgulho, temos algo em comum. Hogwarts não foi somente uma escola em nossos últimos sete anos. Este lugar foi nosso lar. Lar de sonserinos, corvinais, lufas-lufas e...grifinórios. –Gina pôde perceber que ele não parecia muito satisfeito ao mencionar a Casa dos Leões –Daqui para frente nos depararemos com o mundo real e não será fácil. Sabemos que lá fora há uma guerra e querendo ou não teremos de enfrentá-la. Apenas espero que cada um de vocês, independente do lado que escolherem, escolham por si próprios e tenham coragem de enfrentar as conseqüências dessa escolha. Mas enfim... –ele disse e parou de consultar o papel –temos um baile para aproveitar e esse chato aqui vai encerrar esse discurso antes que receba azarações.
Os aplusos foram suntuosos e até gina viu-se aplaudindo o discurso de Malfoy. Ele saiu do palco. A Diretora tomou o lugar dele e após pedir a todos que se levantassem, fez sumir as cadeiras e uma decoração festiva surgiu no local. Gina estava no meio da pista de dança e com vários alunos a sua volta, mas ela só conhecia de vista. Uma música alegre a agitada começou a tocar e a ruiva tratou de sair dali.
Estava sozinha e não sabia o que fazer. Resolveu ir pegar um pouco de ponche. Aproximou-se da mesa onde a bebida se encontrava, mas sequer chegou a pegar uma taça. Vu que Draco malfoy vinha em sua direção e a olhava fixamente. Perguntava-se o que ele queria, sendo que não se falavam desde a detenção. Porém, antes que o loiro chegasse perto o suficiente, ela sentiu alguém tocar seu braço e virou-se:
-Oi, Dino. –cumprimentou-o com um beijo na bochecha –Estava procurando por você. –mentiu, enquanto draco passava direto por si, sem lançar um único olhar.
-Oi, Gina. Está muito bonita hoje. –falou sorrindo.
-Obrigada.
-Você viu o discurso da Grifinória? Apesar do simas ter sido o orador, eu escrevi a maior parte do que ele disse, mas tudo bem, eu nunca fui muito bom em falar ao público.
-Não consegui ver, eu cheguei atrasada. –explicou –desculpa, não deu pra vir antes. –mentiu.
-Tudo bem. –ele disse –quer dançar? –convidou, oferecendo um braço á ela.
Gina pensou em recusar, pois não se encontrava muito inclinada a dança naquele momento. Seus olhos encontraram Draco, às costas de Dino. O loiro segurava uma taça com ponche e havia três garotas que conversavam animadamente com ele. Subitamente sentiu vontade de aceitar o convite do grifinório e foi isso o que fez. Pegou o braço dele e deixou-se conduzir.
Draco viu quando Gina e Dino seguiram para a pista de dança.
“O que é que a Weasley pensa que está fazendo ao dançar com aquele grifinório ridículo? Hoje será o último dia em que a verei. Ainda bem! Eu não suporto aquela pobretona. Tudo nela me irrita. Até mesmo ver o Thomas dançando com ela me irrita...Mas eu preciso sentir aqueles lábios mais uma vez...”
Foi tirado de sues devaneios por uma das garotas, uma morena:
-Draco! Você não ouviu nada do que eu falei, não é mesmo?
-Ah… -murmurou vagamente, mirando os olhos esverdeados da garota –quer dançar?
A morena deu um sorriso radiante e as outras duas garotas debandaram.
-Qual é o seu nome mesmo? –ele perguntou, enquanto ela o puxava pela mão.
-Ashley Sanders, 6º ano da Corvinal. –ela parou de andar e estavam perto de onde Gina e Dino dançavam –Eu adorei o seu discurso, Draco. –comentou e passou os braços em torno do pescoço do loiro.
Malfoy lançou um olhar para a Weasley, que retribuiu.
-DRACO! –ela cobrou e ele olhou para ela –Você está muito distraído. –reclamou –Sobre o que está pensando?
-Sobre você. –ele mentiu para que ela não o chateasse mais.
Porém, não pôde prever o que veio a seguir. Ao ouvir a resposta dele, Ashley beijou-o. Draco estava surpreso. Correspondeu ao beijo, mas logo quebrou-º
A ruiva presenciara a cena e fizera uma careta.
-O que foi, Gina? Você parece brava. –Dino comentou.
-Eu, brava? De jeito nenhum. Por que estaria? –falou descontraidamente –Você vai sentir falta daqui, não vai?
O grifinório abriu a boca para responder, porém, a ruiva não prestava mais atenção, perdeu-se em seus pensamentos.
“É lógico que não estou brava! Apenas me irrita o fato do Malfoy ser tão galinha. Ele não presta! Beija qualquer uma, realmente ridículo. O que ele irá fazer daqui pra frente? Ora, mas isso é óbvio! O idiota vai se juntar a seus amiguinhos das trevas. Por Merlin, que vantagem pode haver em ser um Comensal da Morte? Queria que ele confirmasse ser um Comensal e o porquê de escolher esse caminho. Não sei a razão, apenas queria saber.”
-GINA! –Dino exclamou.
-O quê? –ela perguntou, já desperta de sues pensamentos.
-Eu estava te perguntando se já escolheu o que vai fazer depois que acabar Hogwarts, mas você não me respondeu. Parecia estar longe.
-Hum, eu ainda não decidi. Supondo que a guerra não tenha acabado, eu gostaria de ajudar. –respondeu e ele fez silêncio –Eu cansei, quero sentar um pouco. Tudo bem?
-Claro. –respondeu e puseram-se a andar até uma mesa.
Tinham acabado de sentar, quando Neville e Luna chegaram:
-Oi, Gina. Oi, Dino. –os dois disseram.
-Oi. –eles responderam.
-Será que vocês dois não podem pegar bebidas pra gente? Pode ser cerveja amanteigada. –Luna pediu e eles atenderam.
Luna sentou-se e Gina falou:
-Sobre o que você quer falar? Sei que não mandou que eles fossem lá só pelas bebidas.
-Isso é verdade, Gina. Você não me parece muito feliz por estar aqui.
-Eu sinto falta do Harry. Imagino que seria muito diferente se ele estivesse aqui comigo.
-Eu também sinto falta. O Harry é legal. –silêncio –Mas e o Malfoy?
Gina bufou:
-Hunf! O que é que tem o Malfoy? –perguntou claramente incomodada.
-Não finja que não sabe. Hum, ele tá olhando pra cá agora. –Luna comentou e Gina constatou ser verdade –ele tá afim, Gina.
-Mas eu não! Luna, por Merlin! O Malfoy é um Comensal da Morte.
-Você não tem certeza disso, Gina.
-Eu tenho sim! –ela teimou.
-Por acaso você viu a Marca Negra no braço dele?
-Não, mas...
-Mas nada, Gina. –a loira interrompeu –Você disse que ele beijava bem.
A ruiva corou:
-E me arrependo profundamente de ter dito. Pára com isso, Luna. Eu tenho o Harry.
-Gina, vocês terminaram.
A grifinória abriu a boca para responder, mas desistiu ao ver que Dino e Neville voltavam. Gina tomou rapidamente sua cerveja amanteigada e levantou-se:
-Vou a o banheiro. –anunciou e foi em direção as portas do Salão Principal.
Não estava com vontade de ir ao banheiro, apenas enrolaria lá. No entanto, antes que pudesse chegar no local, sentiu que alguém puxava seu braço:
-Olá, Weasley. –draco cumprimentou.
-O que você quer, Malfoy?
-Nossa, como você está direta...
Ela o interrompeu:
-E você está enrolando. Gostaria que também fosse direto. –falou, impaciente;
“Foi você quem pediu.” O loiro pensou e juntou seus lábios.
Gina automaticamente abraçou-o pelo pescoço, enquanto ele a imprensava contra a parede. Os dois não podiam imaginar que sentiam tanta falta de se beijarem. Porém, logo a ruiva empurrou-o:
-Malfoy, você ficou louco?!? –perguntou com uma mescla de irritação e indignação.
O sonserino ignorou a pergunta dela:
-Pense bem, Weasley. Essa é a última vez que nos veremos. Você não quer?
-Não aqui, qualquer um poderia nos ver. –respondeu antes que pudesse pensar no que estava dizendo.
-Vamos lá pra fora então, perto do lago.
Gina concordou e os dois deixaram o castelo o mais rápida e silenciosamente que puderam.
“Eu não acredito no que estou prestes a fazer! Eu vou ficar com o Malfoy...Eu devo mesmo estar louca.”
“Por que eu quero beijar uma Weasley? É uma atitudde insana, mas preciso fazer isso.”
Gina ainda escutava a música do baile quando Draco encostou-a contra o tronco de uma árvore à beira do lago. Olhou nos olhos dele, que à luz da lua pareciam prateados, e sues lábios fizeram a pergunta:
-Por quê?
Porque eu quero e porque você quer. -ele respondeu e colou suas bocas mais uma vez.
Gina entreabriu os lábios e sentiu a língua dele –quente, macia e hábil –adentrar sua boca. Ele comandava e a Weasley correspondia. Seus braços enlaçaram o pescoço dele e suas mãos embrenhavam-se nos fios loiros próximos à nuca.
Sentia-se mole nos braços do sonserino e a sensação era altamente confortável. Seria tudo isso carência? Não sabia responder ao certo, mas preferia imaginar que sim.
Quando Draco quebrou o beijo, Gina sentiu-se altamente envergonhada.
“Eu não posso continuar. Eu tenho que acabar com isso.” Decidiu-se.
-Malfoy, eu tenho que ir.
-Por quê? Já se arrependeu? –ele questionou, sarcástico.
Ela levantou o rosto par encará-lo:
-Meus amigos estão esperando eu voltar. –falou meio incerta.
-E eu acho que eles vão ter que esperar mais. –Draco respondeu, seguro e girou, encostando as costas contra o tronco da árvore e abrindo um pouco as pernas.
Puxou a ruiva contra si, enlaçando-a pela cintura. Ela percebeu que Draco tinha um meio sorriso. A pele ficava mais pálida à luz da lua e os olhos prateados emanavam um brilho encantador. Nunca tinha achado-o tão lindo e atraente. Naquele momento suas defesas caíram e foi incapaz de sair dali. Fechou os olhos e esperou que ele juntasse suas bocas, o que não demorou a acontecer.
Draco não deixava que Gina pensasse. Ela a beijava intensamente e a abraçava com força. Uma de suas mãos abandonou a cintura dela e subiu o vestido preto, acariciando a perna dela. Ao perceber o que Draco estava fazendo, Gina tirou a mão boba dele de lá e apertou-a contra a sua.
-Desculpe. –ele murmurou –Eu quero te pedir uma coisa, Weasley. –acrescentou.
-O quê? –perguntou, receando que ele pedisse o que ela estava pensando...
-É que eu quero dançar com você essa música que está tocando agora.
Ela surpreendeu-se:
-Por quê?
-Porque eu nunca mais vou poder fazer isso e porque não podemos dançar juntos na frente da escola inteira.
-Tá, eu quero dançar com você. –ela respondeu, sorrindo ligeiramente.
Começaram a dançar lentamente. Gina tinha a cabeça tombada sobre o ombro dele e seu cérebro fervilhava de perguntas. Havia muita coisa que queria perguntar a ele, mas não tinha coragem de fazer isso. Tinha receio de dizer algo que acabasse com a magia do momento. Aquilo tudo parecia simplesmente irreal. Quando em sã consciência imaginaria dançar à luz da lua com Draco Malfoy? Aliás, mesmo sem a lua, sua imaginação não ousaria tão tresloucado pensamento. Se o tempo parasse naquele instante, de certo que não reclamaria. Tudo parecia perfeito e tamanha perfeição a assustava.
As estrelas nunca foram tão reluzentes.
O céu nunca fora tão profundo.
A brisa noturna nunca fora tão agradável.
O lago nunca fora tão calmo.
Os jardins nunca foram tão belos...
Pronto! Acabou-se o sonho cor-de-rosa. Ao pensar nos jardins, lembrou-se de como eles estavam na noite da morte de Dumbledore e nessa mesma noite vira Draco fugir com Snape e outros Comensais. Tivera a certeza de que Malfoy era um deles. E agora dançava com ele ao ar livre como se não houvesse nada com que se preocupar. Não podia!
Soltou-se imediatamente do loiro:
-Eu não posso! Me deixa ir, por favor.
Ele olhou com surpresa para ela:
-Por que não pode? –perguntou e então seus olhos estreitaram-se –Ainda pensa no Potter, é isso, Weasley? Espera por ele?
Podia captar o rancor em cada sílaba do que ele perguntara.
-Não é essa a questão. –desconversou.
Draco soltou a cintura da ruiva:
-Qual pe a questão, Weasley? –perguntou, direto.
-Você é um Comensal da Morte. –respondeu automaticamente, antes que pudesse se conter.
Ele desviou o olhar e afundou a cabeça nos braços após apoiá-los no tronco da árvore. Gina mordeu o lábio inferior, tinha se arrependido de ter falado tão aberta,ente o que pensava. O que ele faria?
-Você tem noção de como me sinto ao ouvir as pessoas dizendo isso de mim? –ouviu a voz dele, soando cansada e chateada –Machuca. É horrível ouvir você me rejeitando por causa disso. Eu estou pagando pelos erros que o meu pai cometeu.
Após ouvi-lo desabafar o que parecia estar entalado na garganta há tempos, Gina passou carinhosamente as mãos pelos cabelos dele. Malfoy virou-se de frente para a weasley. S ruiva novamente não tinha vontade de sair dali, sentia que ele precisava dela. Encaram-se por alguns instantes e então, inesperadamente, Draco abraçou-a como se sua vida dependesse disso. Diante da surpresam levou alguns segundos para que ela o abraçasse de volta.
“Eu acho que julguei errado o Malfoy todo esse tempo. Ele deve ter tido um bom motivo para ter fugido com os Comensais naquela noite. Talvez eles o obrigaram. Sabe-se lá se não o torturaram. Talvez o Harry esteja enganado. O pai dele é um Comensal e todos acham que ele é igual. Talvez ele seja apenas mais uma vítima dessa guerra...Ou será que ele está se fazendo de coitadinho para me enganar?” ela não sabia exatamente o que pensar.
Malfoy soltou-a e sentou-se no gramado. Weasley sentou-se ao lado dele e os dois observaram as águas turvas e calmas do lago. Ficaram algum tempo em silêncio, até que Gina quebrou-o:
-Malfoy, você está agindo como se não houvesse esperança alguma. O que pe que você vai fazer daqui pra frente?
-Não te interessa. Por que é que você não cuida da sua vida?
-eu devia mesmo. –respondeu, frustrada –Mas não, eu fico aqui, me preocupando com você, seu ingrato.
-eu não estou interessado na sua preocupação. Mas você não entende isso, Weasley, mesmo que seja vítreo como uma veritasserum. Você e o Potter são o casal perfeito, não é mesmo? Ele sempre quer dar uma de herói e você de santa. Eu não preciso da sua santa preocupação ou da sua santa pena.
-Chega. –ela concluiu –Adeus, Malfoy. –finalizou, levantando-se.
Draco porém, não a deixou ir. Puxou-a fortemente pela mão. Por não esperar o gesto, a weasley caiu no colo do Malfoy. Sem perder tempo, ele beijou-ª Gina não pensou, apenas correspondeu. Sabia que aquele beijo seria o último. Podia sentir. Ele a beijava de uma forma diferente agora. Era brutal e intenso, mas havia algum carinho na maneira em que suas mãos acariciavam os ombros dela. Os lábios desceram para o pescoço alvo, distribuindo beijos de diferentes intensidades.
-Eu preciso ir. –a voz de Gina saiu rouca e ela não parecia querer realmente soltá-lo.
-Fica comigo. –sussurrou no ouvido dela e tapou a boca da ruiva com a sua.
Malfoy não queria ouvir uma negativa da grifinória. Não queria que ela fosse embora, pois seria forçado a encarar a realidade. Isso ele não queria. A realidade é dura demais, ele necessitava adiar o máximo possível.
Gina percebeu que Draco não queria deixá-la ir. Mas ela precisava. Sentia que a cada segundo que o beijava menos se sentia capaz de acabar com aquilo. Então resolveu parar ou acabaria ficando com ele ali mesmo até o amanhecer. Empurrou-o para longe de si e disse o mais decidida que pôde:
-Agora é definitivo. Adeus, Malfoy. –levantou-se do colo dele e saiu sem olhar pra trás, com medo de fraquejar em sua decisão.
-Adeus, Weasley. –respondeu, observando-a se afastar.
A Weasley voltou para o Salão Principal. Neville, Luna e Dino ainda estavam na mesma mesa e pareciam preocupados:
-Gina! Onde você esteve? –Neville perguntou –Você demorou.
-É que quando eu saí do banheiro eu não me senti bem. Então resolvi tomar um pouco de ar nos jardins. –respondeu.
-E agora? Está se sentindo melhor? –Dino perguntou.
-Sim, mas estou com sede.
-Eu vou pegar algo pra você beber. –Dino anunciou e saiu dali.
-Hum...Você não quer ir com ele, Nev? –Luna perguntou e deu um selinho nele.
O grifinório deu de ombros e seguiu o outro.
-Você e o Neville estão...?
-Sim. –Luna respondeu antes que Gina terminasse a frase –Mas pelo visto você também estava com alguém.
-eu estou desarrumada? –perguntou, preocupada.
-A sua boca está mais vermelha que o normal e levemente inchada.
-E seu eu resolvi fazer um feitiço para enrubescer e avolumar os lábios?
-Eu não acreditaria. Hum, penteie os seus cabelos com os dedos, eles estão um tanto “e o vento levou”.
-Mas Luna, como eu disse, eu estava tomando ar lá fora, o vento desarrumou o meu cabelo. –tentou enrolar a corvinal.
-e qual é o nome do vento?
A ruiva suspirou. Apesar da aparência etérea, Luna podia ser bem perspicaz quando queria. A corvinal era a aluno preferida de Trelawney e Gina perguntava-se se a amiga não teria realmente o dom de adivinhar as coisas, ou pelo menos parte delas.
-Ai, já vi que você não vai me deixar em paz. –reclamou.
-Claro que não. Quero saber porque você é tão contraditória, Gina.
-Eu? Contraditória? –perguntou, confusa.
-Você disse que não estava a fim do Malfoy, mas aí você dá uma desculpa e vai ficar com ele. Onde isso não é contraditório?
-Luna! –exclamou indignada –Como você ousa…? –perguntou e viu a loira revirar os olhos –Tá bom, você está meio certa. Não foi uma desculpa, eu realmente ia no banheiro. Mas aí o Malfoy me encontrou no meio do caminho... –corou um pouco –Mas como é que você sabe que eu fiquei com ele?
-Foi apenas uma questão de juntar um mais um. Primeiro você saiu. Aí ele saiu em seguida. Então nenhum dos dois voltava. E você chega aí meio desarrumada. Aliás, por que ele não voltou até agora?
-Não sei. –respondeu vagamente.
-Anda logo, gina. Você tem que me contar como foi, daqui a pouco os garotos vao estar de volta.
-Ah, foi normal. –deu de ombros.
-Normal? Conta outra! Desde quando é normal você ficar com o Malfoy? Lembro que brigavam o tempo todo e se odiavam profundamente. O que aconteceu quando vocês se encontraram?
-Ele me disse oi. Então eu perguntei o que ele queria. Aí ele disse que eu estava sendo direta. Eu disse que eu gostaria que ele também fosse.
-E? –perguntou a loira, na expectativa –ele te beijou?
-Sim.
-O que você achou? O que você fez?
-Eu beijei um pouco o Malfoy, mas depois o empurrei e perguntei se ele tinha ficado louco. Aí ele disse que essa era a última vez que nos veríamos e perguntou se eu não queria...hum, ficar com ele, sabe?
-Você disse que sim?
-Eu disse que não no meio do corredor, porque qualquer um poderia nos ver. Então ele me levou lá pra fora. A gente ficou perto do lago.
-Como ele foi? Ansioso? Intenso? Romântico?
-Ah, você sabe o que eu penso dos beijos do Malfoy, Luna. Mas dessa vez foi diferente. Foi uma despedida. Ele não queria me deixar ir e...
-O quê? –perguntou, pendurada em cada palavra da ruiva.
-A gente dançou no meio dos jardins. Eu não falei pra ele, mas achei muito fofo. E quando ele me abraçou, foi muito estranho. Ao mesmo tempo em que me sentia protegida, eu fiquei preocupada e senti que estava consolando ele. Eu não sei o que ele vai fazer da vida dele. O Malfoy parece não ligar se vai viver ou morrer, ele parece ter perdido as esperanças.
-Nossa, que triste.
-E quando eu quis ajudá-lo, ele foi rude comigo. Eu me irritei e logo depois fui embora. Eu fiz a minha parte, não posso fazer nada se ele não me deixou ajudar.
-e se ele morrer? –Luna quis saber.
Gina focou os curiosos olhos da amiga e respondeu:
-Bem, ele terá alguém que se lembrará dele não apenas pelas coisas ruins.
-Só isso o que tem a dizer? Não vai sentir falta dele?
-Luna, nós, digo eu e o Malfoy, não temos vínculo nenhum.
-Não diga que não passaram de beijos sem importância. Você pode parecer desinibida, mas sabemos que não fica por ficar.
Gina exasperou-se:
-E o que você quer que eu diga, Luna Lovegood? Que estou apaixonada por ele? Saiba que isso não é verdade. Eu amo o Harry!
Quando os garotos voltaram, Gina tinha os braços cruzados e os dentes cerrados. Luna por sua vez, tinha um olhar perdido, mas sua expressão mostrava descontentamento:
-Hey, o que aconteceu por aqui? –Dino quis saber.
-Nada. –a ruiva respondeu, tomando um gole de cerveja amanteigada e levantando-se em seguida –Boa noite. –saiu sem qualquer explicação.
Saiu do salão Principal e evitou olhar para as portas que davam acesso aos jardins. Passou pela Mulher Gorda, ignorando a vontade dela saber sobre sua volta solitária.
Lavou o rosto e vestiu o pijama, guardando o vestido de qualquer jeito e empurrando as sandálias para debaixo da cama. Virou para ficar de lado na cama e apoiou a cabeça no travesseiro. Ao fechar os olhos, sentiu-se exausta.
“Uma boa noite de sono vai me fazer bem.” Pensou antes de cair nos braços de Morfeu.
Na manhã seguinte acordou um tanto atrasada, sendo preciso sacrificar o café-da-manhã para conseguir arrumar o malão. Porém, por mais que procurasse, não conseguiu achar sua corrente com o pingente em “G”.
Saiu correndo do dormitório e encontrou Colin quase passando pelo retrato da Mulher Gorda:
-Colin! Me espera!
O grifinório virou-se:
-Não sabia que ainda estava por aqui. –comentou e a ruiva alcançou-o –O que achou do baile?
-Bom. –respondeu com neutralidade –E você?
-Sem-sal. Não teve nenhum acontecimento digno de uma grande fofoca.
“Ah, se você soubesse o que eu fiz ontem à noite, não estaria dizendo isso...” ela pensou, mas balançou a cabeça concordando com ele.
Antes de entrar no Expresso de Hogwarts procurou por Luna e não a achou. Entrou com Colin, mas logo ele avistou sua ficante e despediu-se da Weasley. Gina deu de ombros e resolveu procurar uma cabine no final do trem. A última estava vazia e sem perder tempo adentrou-a. Com alguma mágica guardou seu malão no alto. Recostou-se contra um dos bancos e fechou os olhos. Quando o trem começou a andar, ela abriu os olhos. Viu, num relance, Draco Malfoy sentado á sua frente e encarando-a. Fechou os olhos novamente, certa de que a falta de sono estava causando alucinações.
-Vai mesmo me ignorar, weasley? –ouviu a voz arrastada do sonserino, soando levemente irritada.
Teve que voltar a abrir os olhos:
-Pensei estar imaginando coisas. O que te traria aqui?
-Mais de um motivo. –murmurou.
-Hum, bom saber que você não está apenas interessado nos meus beijos.
-E quem disse que eu quero te beijar, weasley? –perguntou maldosamente.
-Pelo menos era o que parecia ontem à noite quando eu queria ir embora e você não deixava. –devolveu na mesma moeda.
-Se você realmente quisesse ter ido embora, poderia ter ido antes. Você também queria, não venha jogar a culpa em cima de mim.
-E se eu disser que foi apenas um passatempo?
-Eu diria que é uma pena e que diminui os motivos por eu estar aqui.
-Como assim? –inquiriu.
-Mudaria a visão que tenho de você. Mudaria de a única pessoa que me suporta e parece se preocupar comigo para a Weasley desprezível e falsa que me iludiu.
-eu não te iludi, Malfoy. –ela defendeu-se.
-Fez eu pensar que podia conversar com você. É melhor que eu vá embora. –e fez menção de levantar.
-Não, Malfoy. Você não vai sair daqui com uma idéia errada sobre mim.
O loiro permaneceu sentado:
-E por acaso você se importa? Quem acreditaria em mim se tentasse macular a sua imagem de santa? Para você e quase todo mundo eu sou um Comensal da Morte que não merece piedade.
-Cale a boca, Draco Malfoy! Eu não disse que foi apenas um passatempo e eu realmente me importo com você. Sinto que você não é tão ruim quanto dizem por aí.
-Você quer me ajudar? Realmente? –perguntou com seriedade.
-Claro. –respondeu, “Desde que você não me peça para fazer algo que prejudique alguém.” Completou em pensamento.
-Então me escute. Você perguntou o que eu iria fazer. Eu vou arrumar um lugar pra ficar, ainda não sei onde, mas eu vou. A minha mãe está desaparecida há meses e o meu pai está preso em Azkaban.
Gina fingiu espanto:
-Nossa, a sua mãe...Você não sabe nada dela? –ela perguntou e ele fez que não sabia –E você não tem pra onde ir?
-Ainda não, mas isso é o de menos. Eu tenho que me manter a salvo da ira de Lorde Voldemort, pelo menos por um tempo.
-Você acha que a sua mãe sumiu por quê? Ela sabia demias?
-não. Ela nunca foi Comensal. Aposto a minha Mão da Glória que foi em represália.... –disse mais para si mesmo, mas a ruiva ouviu.
-Em represália do quê?
-Queriam que eu fizesse algo. Me ameaçaram para que fizesse, mas eu não consegui.
-eu sei do que você está falando.
-Sabe? –perugntou surpreso.
-queriam que você matasse Dumbledore. Você desarmou-o, mas não conseguiu matá-lo, Snape o fez.
-Como pode saber de tudo isso?!?
-Na noite em que tudo aconteceu o Harry estava na Torre de Astronomia paralisado sob uma capa de invisibilidade. Ele viu e ouviu tudo.
-O Potter viu? –perguntou abismado e sentindo-se envergonhado por falhar na frente do garoto-que-sobreviveu –Ele te contou?
Os olhos da ruiva tornaram-se tristes:
-Não. Eu ouvi com orelhas extensíveis enquanto ele contava para o Rony e a Mione. O Harry sempre me deixa fora de tudo. Eu quero ajudar e ele não deixa, foge de mim.
-hum… -ele murmurou, não sabendo o que dizer.
-Olha, tem um sótão na minha casa. O vampiro não mora mais lá e eu acho que poderia dar um jeito de te esconder lá. A minha casa é bem protegida. Isso é, se você não se incomodar com acomodações humildes... –finalizou, corando ao lembrar de como ele costumava esfregar em sua cara o quanto era pobre.
-Obrigado, mas não precisa se incomodar. Eu apenas queria a sua ajuda como ouvinte e isso você já fez. Obrigado por me ouvir, weasley.
Ele acariciou o rosto dela ternamente e foi aproximando seus lábios dos dela. Porém, antes que pudessem dar um beijo, Luna entrou:
-GINA! Até que enfim que eu... ops... Desculpa. –murmurou etereamente, mas sem parecer constrangida, enquanto eles pulavam para trás como se fossem imãs de mesmo pólo –É sério, gente, não se incomodem. Podem voltar ao que faziam, eu não me importo, posso esperar.
Draco olhou com raiva para a corvinal:
-O Di-Lua, você é tapada ou só finge que é? Putz, aquele chapéu seletor devia estar fora de si quando te mandou para a Corvinal. Deveria juntar-se aos perdedores da Lufa-Lufa.
-Malfoy! Não fala assim com ela. –Gina o repreendeu –a lUna é minha amiga.
-deixa, Gina. Ele é apenas um garotinho mimado que não sabe aceitar desculpas.
-Eu vou embora. –Draco anunciou.
-não precisa, deixa que eu vou. –Luna ofereceu.
-Obrigado, Lovegood, mas não é necessário. Até. –e saiu da cabine.
Gina jogou-se contra o encosto do banco, fechando os olhos. Sentiu o material do banco afundar um pouco ao seu lado e presumiu que Luna havia sentado ali. Não estava brava com a amiga. Talvez seria mais difícil a despedida se tivessem se beijado.
-Gina, desculpa. É sério, eu não sabia que ele estava aqui...
-Pára, Luna! –a ruía exclamou abrindo os olhos e encarou a corvinal –não precisa se desculpar, você me fez um favor.
-Um favor?!? Eu te impedi de beijar um dos garotos mais lindos da escola e você ainda quer agradecer?
-Luna, você é a fim do Malfoy?
-Mas é claro que não,Gina! Eu apenas não sou cega. Ele é lindo, apesar de ser um babaca mimado.
-Não fala assim dele. –disse automaticamente.
-Eu ouvi direito? Gina, você defendeu o malfoy? Sabemos que ele é gostoso, mas Gina, ele não serve pra você.
A ruiva bufou:
-Tô sabendo disso. É só que ele é mais do que as pessoas possam pensar.
-Do que você está falando? Não era você que dizia que ele era um Comensal da Morte?
-Eu não disse que ele não é, apenas não tenho mais tanta certeza sobre isso. Quero dizer, ele pode ser babaca e mimado, mas ele não é assim o tempo todo.
-Mas e o Harry? Você não ama o Harry?
-Sim, eu amo. Mas nós terminamos.
-E o Malfoy?
-É… -suspirou –Tá, eu me sinto atraída por ele. Mas eu não devo me envolver om ele.
-Você gostou de ficar com o Malfoy, não foi?
-Ah, Luna… Você sabe que sim.
-Eu não sou contra você ficar com ele. Apenas não quero que saia machucada.
-Obrigada, Luna, mas isso não vai acontecer. Daqui pra frente eu não verei amis o malfoy. Vai ficar tudo bem.
-Tem certeza, gina?
-Sim, vai ser melhor assim. É assim que deve e vai ser. –falou decidida.

N/A: Plz, comentem. Nem q seja p dizer q tá uma bosta.

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