O Poder De Uma Carta



Capítulo 2: O Poder De Uma Carta

A manhã seguinte era Natal. Draco abriu os olhos e teve que esfregá-los ao ver o rosto de Gina a poucos centímetros do seu.
“O quê?!? Eu dormi com a Weasley?” perguntou-se em estado letárgico.
Foi que finalmente lembrou-se da detenção ao ver as algemas. Ficou observando o rosto de Gina. Os lábios rosados da Weasley encontravam-se entreabertos. O semblante era calmo e algumas mechas dos cabelos rubros caiam por seu rosto. Draco podia ver as sardas nas bochechas e nariz dela, pontilhando a pele alva. A respiração era suave e compassada.
“Ora, até parece que nunca viu uma mulher dormindo, Draco.” Uma parte de sua mente repreendeu-o “Aliás, essa daí nem mulher é, é uma criança. Não deve ter feito nada com o Santo Potter, menos ainda com os outros pelo que ouvi falar...Realmente não vejo o porquê dos garotos irem atrás dela. Será tudo isso vontade de tirarem a virgindade dela? Ou será que corre por Hogwarts uma aposta sobre ela que eu desconheço. Bem, é claro que se fosse isso não me contariam, eu estaria em óbvia vantagem. Mas nem que houvesse uma aposta eu tentaria seduzir essa pobretona. Seria degradante demais...”
Sentou-se ao e fazer isso puxou Gina. Tinha esquecido das algemas.
Gina abriu os olhos, vendo um Draco com uma cara de poucos amigos.
“Ótima maneira de acordar.” Pensou irônica.
O cabelo de Draco estava bagunçado. Em parte sentiu-se satisfeita por achar um defeito na aparência dele. Por outro lado, sentiu-se tentada a pentear os cabelos macios dele com seus próprios dedos.
-Que horas são, Malfoy? –perguntou preguiçosamente.
-A mesma de ontem. –ele respondeu e ela fez uma cara que dizia claramente que ele era um idiota, então resolveu falar sério –Já passa das 7h e 30 min.
-Já passa? Você ficou louco?!? –perguntou indignada –è Natal! É muito cedo pra sair da cama. –contestou –eu quero dormir.
-Mas eu não!
Ela bufou e disse desanimada:
-Já vi que esse vai ser o pior Natal da minha vida.
Procurou suas pantufas quentinhas e calçou-as. Viu ao pé da cama uma pilha de presentes. Gina sorriu, encaminhando-se para os pacotes e conseqüentemente arrastando Malfoy consigo. Estendeu a mão para o pacote do topo. Era uma caixa preta, envolvida por um grande e elegante laço de cor prata. Porém, antes que Gina pudesse alcançar a caixa, Draco pegou-a:
-O que pensa que está fazendo? –perguntou a grifinória, enquanto ele erguia a caixa no alto –Devolva o meu presente, Malfoy.
-Não, weasley.
-Malfoy, seu idiota! É meu presente!
-Não é seu, Weasley. É meu. Como você pode ser tão burra?
-Quem mandaria um presente para você?
Gina tentava pegar o pacote, mas estava difícil. Ficou na ponta dos pés e impulsionou-se para frente. Acabou por desequilibrar-se e cair em cima de Draco. Como ele estava meio inclinado para trás e não esperava que a ruiva caísse sobre si, desequilibrou-se também e caiu de costas na cama. A cascata de cabelos rubros caía próximo ao rosto do sonserino:
-A culpa é toda sua, Malfoy. –falou indignada –Se você não tivesse sido tão imbecil.
-O presente é meu, estou dizendo. –e olhou com raiva nos olhos amendoados –A minha mãe sempre manda um embrulho desse.
-Duvido.
-Se você não fosse uma Weasley, não fosse uma grifinória e não fosse uma criança, eu não reclamaria. Mas como você possui todos esses defeitos... –a olhou seriamente –Saia de cima de mim, eu sou homem demais para você.
Ela ficou vermelha, pois só então notara sua situação, visto que estivera demasiadamente ocupada discutindo com ele. Saiu de cima do Malfoy num piscar de olhos e sentou-se na cama, sem olhar para ele. Ficou perdida em seus pensamentos.
“Decididamente esse será meu pior Natal. Eu não mereço isso, com certeza eu não mereço. Por que eu tenho que agüentar esse estúpido? Quando essa detenção acabar, eu juro que não vou mais me meter em confusões.” Decidiu-se.
Abaixou-se para pegar o embrulho que estava por cima dos outros. Abriu-o e era o tradicional suéter weasley, o qual ela recebia todo ano. Era rosa e havia um pequeno G bordado em linha vermelha do lado direito, na altura do peito.
Sem perder tempo, vestiu seu suéter por cima da camisa do pijama. Draco começou a rir, mas disfarçou como um acesso de tosse. Porém, a ruiva capitou o real sentido:
-Do que você está rindo, hiena irritante? –perguntou com cara de poucos amigos.
-É que você ficou mais patética ainda com esse trapo rosa.
-E o que tem nessa sua caixa macabra, Comensal da Morte?
Os olhos do malfoy faiscaram perigosamente na direção dela:
-O que é que tem aqui dentro é a arma mortífera que encomendei enquanto você dormia. Graças à ela me verei livre de você em breve.
-Você não pode estar falando sério, pode? –perguntou, meio insegura.
O loiro riu com sarcasmo:
-Tem mesmo a ingenuidade de uma criança. –comentou e a grifinória fez menção de falar, mas ele não permitiu –Eu assusto mesmo você, weasley. Aff...não acredito que pense mesmo que eu sou Comensal da Morte e estou prestes a matá-la com requintes de crueldade.
Ela bufou:
-O que mais quer que eu pense de você? Por todos esses anos você não fez nenhum esforço para que eu tivesse uma boa imagem sua. Muito menos nos últimos tempos.
-Como assim? Pra mim você é louca, Weasley!
-eu não sou louca. Eu sei que você...
-Ah não! –ele cortou-a –Estou farto das suas acusações sem fundamento.
-Pare de negar. –ela disse, tentando manter a calma –Eu sei. Por que você se importa em continuar negando? –quis saber.
Ele abriu com violência a caixa preta que segurava:
-Aqui está, sua demente. –disse com raiva, mostrando o conteúdo da caixa –um doce caseiro, um livro e uma carta. Por acaso há algo que vá te matar? –perguntou, irritado.
Gina ficou sem graça, suas bochechas mostravam isso.
“Será que eu tenho exagerado? Ele não parece ser tão mau assim. Será que ele é mesmo um Comensal da morte?” as dúvidas invadiram a mente da ruiva.
-Desculpe, Malfoy. Eu acho que peguei pesado demais com você;
-Agora você reconhece... –disse, parecendo ressentido.
-Eu já pedi desculpas.
Ele não respondeu e houve um silêncio incômodo entre os dois. Ao perceber que Draco não falaria nada, ela começou a abrir seus presentes. Havia vários doces, mas o que mais lhe chamou a atenção foi um pacote azul. Ela abriu-o rapidamente. Dentro havia uma presilha em forma de flor, um canivete que não estava em perfeitas condições, um livro de bolso e um bilhete. Com ansiedade, abriu o bilhete e leu-o:

Querida Gina,

Não posso dizer onde estamos, mas posso afirmar que estamos relativamente bem. O presente do Rony é a presilha e ele recomenda que você tome cuidado mesmo estando em Hogwarts. O Harry resolveu te dar o canivete que ganhou do sirius há alguns anos (é de grande valor sentimental para ele) e me pediu para lembrá-la que a ama. Esse livro eu carregava comigo e terminei de ler, acho que será bom para que você se distraia.

Beijos, Hermione
P.S.: Tenha um feliz Natal e diga a sua mãe que estou cuidando bem dos meninos.

A ruiva mordeu o lábio inferior ao mirar mais uma vez o bilhete na letra caprichada de Hermione. Pegou o canivete e segurou-o carinhosamente em suas mãos. Lágrimas rolaram silenciosamente por sua face sem que ela mesma percebesse.
-Ei, Weasley. Qual é o problema? –ouviu a voz de Draco perguntar com indiferença.
-O quê? –ela perguntou, encarando-o.
-Você está chorando. –ele respondeu, como se fosse óbvio.
-Eu estou chorando? –perguntou, enquanto limpava as lágrimas.
-Não me diga que não tinha percebido. –ela não respondeu –O que aconteceu?
-Você não está preocupado. Você não liga a mínima se eu estava chorando ou fazendo qualquer outra coisa. –ela afirmou –Então por que eu deveria contar o motivo?
Ele deu de ombros:
-Apenas quero saber se alguém morreu.
Ginevra lançou um olhar mortal:
-Você não tem o mínimo tato.
-então alguém realmente morreu. –comentou, abrindo o pacote do bolo caseiro que sua mãe havia mandado –É assim uma guerra, repleta de perdas.
-Não morreu ninguém, por mais que essa notícia não te deixe satisfeito.
-Tome cuidado, weasley. –Draco avisou.
-O quê? Está me ameaçando?
Ele suspirou:
-Apenas não quero que deixe cair farelos na minha cama. –disse, vendo que ela \briu um pacote de biscoitos caseiros.
-Mas você também está comendo!
-Mas o quarto e a cama são meus. Além do mais, o bolo da minha mãe é gostoso demais para ser deixado num pacote fechado.
-Você quer dizer o bolo que a sua mãe mandou um elfo fazer.
-Não, Weasley. Bolo de cenoura com cobertura de chocolate é a especialidade da minha mãe.
-Duvido. Você quer que eu acredite que alguém tão “não me toque, não me rele” como a sua mãe, sabe cozinhar?
-A minha mãe é muito mais do que você pensa. Se não acredita, experimente.
-Não está envenenado?
-Isso não teve graça. Além do mais, eu já comi o primeiro pedaço. Vai ou não vai comer? É um favor que estou te fazendo e verá como tenho razão, é uma iguaria sem igual.
A ruiva revirou os olhos, cansada:
-Tá bom, eu provo, assim você pára de me encher o saco.
Draco cortou uma fatia:
-Pega.
-O quê? Com a mão?
-e por que não? Eu comi com a mão.
-Nossa, Malfoy, não sabia que os seus modos de fresco permitiam que comesse algo sem talheres.
-Você não me conhece e também não conhece os meus hábitos. Dá pra ser nesse século ou tá difícil?
Ela lançou um último olhar aborrecido e pegou a fatia de bolo. Mordeu um bom pedaço.
-E então? –perguntou, cheio de si.
Ela odiou constatar que Malfoy estava certo. Aquele bolo se aproximava do que sua mãe fazia e todos os que conheciam a Sra. Weasley sabiam de seus dotes culinários.
-E então? –o loiro voltou a perguntar.
-Como você pode saber se foi mesmo a sua mãe quem fez? –questionou.
-Eu já vi ela fazendo desse bolo. Agora vai, quero ouvir você falando que gostou. –disse com um sorriso de superioridade.
A grifinória contraiu os lábios numa linha fina e severa, o que lembrava a Diretora:
-Ok, Malfoy. –disse um tempo depois –Você estava certo. –acrescentou rapidamente, atropelando as palavras.
Malfoy deu um sorriso que demonstrava sua satisfação:
-Isso soou como música aos meus ouvidos. Quero ouvir de novo.
-Não mesmo. Eu não vou repetir. –negou-se, ele fez menção de dizer algo, mas a ruiva foi mais rápida –Eu tenho uma proposta para fazer a você.
-Já querendo me fazer propostas, Weasley? Como estamos progredindo rapidamente, não? E eu que pensava que você era uma mera ruivinha inocente. Sabia que não resistiria por muito tempo. Qual é a sua proposta indecente? Eu prometo pensar no assunto.
Custara um grande esforço para Ginevra ouvir o sonserino até o final. Respirou fundo e seu punhos ainda se encontravam cerrados quando disse:
-Você fala besteiras demais, Malfoy. Essa proposta não tem nada de indecente. Hoje é Natal...Eu apenas pensei que deveríamos parar com as infantilidades e nos darmos bem, nem que seja apenas por hoje. O que acha?
Malfoy franziu o cenho, considerando o que ela havia acabado de sugerir. Por fim respondeu:
-Ok, Weasley. Que seja.
-Você quer, Malfoy?- Gina estendeu o pacote de biscoitos.
Ele olhou desconfiado por um instante e em seguida pegou alguns:
-Obrigado. –agradeceu –Quer mais bolo?
Gina fez que sim. Draco conjurou uma jarra e dois copos para dividirem suco de abóbora. Após terminarem a refeição e irem ao banheiro, Gina perguntou:
-O que vamos fazer?
-Estudar. Pelo menos eu vou.
-Estudar no dia de Natal?
-E daí? Não vejo nada demais. Apenas quero terminar as minhas tarefas o mais rápido possível.
-Assim você está parecendo a Mione...
Ele a cortou no mesmo instante:
-Não ouse me comparar àquela...
Também foi cortado:
-Malfoy! –ela o censurou.
-então não faça comparações idiotas.
Gina respirou fundo:
-Ok, ok. Vamos estudar onde?
-Na biblioteca, é claro.
Sem uma palavra cada um pegou suas coisas. Àquela hora havia poucas pessoas pelos corredores. Mesmo assim essa sensação os incomodava imensamente.
Colocaram suas mochilas sobre uma mesa mais afastada. Sentaram-se lado a lado (a corrente não permitia a distância que desejavam). Pegaram o necessário e começaram com o trabalho duro.
A ruiva ficou satisfeita em contatar que Malfoy não estava provocando-a com comentários maldosos.
“Bem, na verdade ele não está fazendo nenhum comentário. Está mudo como uma pedra. Não pensei que esse aguado estúpido levava a sério os estudos.” Pensou e então se forçou a se concentrar em seus próprios livros e pergaminhos.
Ao final do dia ela encontrava-se mentalmente exausta. Tinham parado de estudar apenas para almoçar e jantar.
“Pelo menos terminei todas as minhas tarefas.” Pensou com um certo alívio.
No entanto, Draco não podia dizer o mesmo. O ano dos NIEM’s era o mais difícil de todos. O loiro não havia feito nem a metade, mas não estava reclamando. Não podia deixar de reparar que ele estava se esforçando.
“Mas para quê?” perguntava-se internamente com curiosidade “Será que Voldemort exige que seus Comensais obtenham altos NIEM’s?”
Essas foram as últimas coisas que passaram pela mente dela antes que se rendesse ao crescente peso de suas pálpebras.
Durante dias que se seguiram os dois brigaram bastante, mas eram brigas menos graves do que antes. Raramente acontecia de tomarem choque. Não que isso fosse um enorme progresso, já que na maioria do tempo, Draco encontrava-se enterrado em livros, especialmente os de poções.
Porque Gina estava algemada com Draco e era obrigada a ficar na presença dele o tempo todo, poucas eram as pessoas da Grifinória que se aproximavam para falar com ela. As garotas também não se aproximavam mais tanto de draco pela presença da weasley, com a exceção de Parkinson. Certa vez, Gina perguntara a draco o que havia entre ele e Pansy. Malfoy respondera que não era nada de importante e que às vezes ficavam juntos. Gina perguntara-se então se a sonserina sabia que não tinha a mínima importância na vida dele e se chorava pelos cantos como Candy Smith.
Ginevra lia romances enquanto Draco estudava, só assim conseguia se distrair e não sofrer pensando em Harry.
Assim, foram se passando os dias. Porém, algo diferente aconteceu no primeiro dia do ano.
Foi quando a ruiva saiu do banho vestida com uma camisola e viu Draco sentado na cama com o uniforme da Sonserina. Achou estranho já que ele havia tomado banho antes dela e estavam de férias. Era para já estar vestido para dormir.
Gina guardou suas roupas e toalha, foi andando em direção à cama:
-Malfoy, por que você não está de pijamas? –perguntou, mas o loiro não parecia ter ouvido –Malfoy! Eu estou falando com você!
Ainda assim ele não respondeu. Gina ficou com raiva, ele só podia estar tirando uma com a cara dela! Não?
Percebeu que colocava apressadamente algo dentro do bolso e olhavam fixamente para as chamas da lareira:
-MALFOY! –ela exclamou e chacoalhou-o por um dos ombros.
Draco não fez nada, apenas deixou-se ser chacoalhado. Decididamente aquilo era estranho. Ele não podia estar normal ou já teria se enfurecido e gritado barbaridades.
-Draco, você está bem?
Ela estava chamando-o pelo primeiro nome (pela primeira vez!) e nem assim ele deixou de parecer um zumbi hipnotizado pelas chamas.
A ruiva respirou fundo.
“Ok. Situações drásticas pedem medidas drásticas.” Pensou, tomando coragem.
Sentou-se no colo de Draco, de frente para ele:
-Draco, o que é que você tem?!?
Nada parecia importar para o loiro e isso estava preocupando a weasley. O que teria acontecido para transformar Draco malfoy em um ser apático, praticamente um morto-vivo? Queria muito descobrir o motivo, mas primeiro precisava descobrir um modo de tirá-lo daquele estado. Ele nem parecia saber que ela estava em seu colo.
“Isso parece mais grave do que pensei. Ah, não! Eu não queria ter que recorrer a isso, eu juro que não, mas...” e decidiu tomar uma medida extrema.
A ruiva foi se aproximando seu rosto do de Malfoy. Quando os lábios fizeram contato, ela fechou os olhos. Esperou que ele fizesse algo como a empurrar e dizer que estava enojado, mas nada aconteceu.
“Caramba!” praguejou “Eu é que vou ficar enojada...” pensou e começou a forçar sua língua pela boca dele.
Draco entreabriu os lábios. Gina estremeceu ao sentir a textura lisa e macia da língua dele. Sentiu que ele começava a corresponder o beijo e ia se afastar, mas não pôde. Ele enlaçou-a pela cintura fortemente.
Ginevra sentia-se zonza. O mundo parecia estar girando ao seu redor, apesar de continuar com os olhos fechados. Que raios de beijo era aquele?!? Nunca fora beijada de maneira tão intensa e desesperada. Perguntava-se o porquê dele estar fazendo isso.
Com algum esforço descolou suas bocas. Olharam-se e não ousaram se mexer. Ela ficou da cor dos cabelos ao perceber que suas mãos estavam na camisa de Draco que já estava semi-aberta. Também percebeu que uma das mãos de Draco estava sobre uma de suas coxas. Soltou a camisa dele. Draco então soltou Gina e ela levantou-se:
-Olha, me desculpe. Não quero que pense mal de mim. Eu te chamei inúmeras vezes, mas não funcionou. Então resolvi apelar para a prova de choque, por isso te beijei.
-Ah.. –murmurou, mirando o chão.
-O que aconteceu para te deixar naquele estado?
-Como você se importasse, Weasley... –disse de maneira rude.
-Eu me importo! Você estava muito estranho. Eu quero te ajudar, por isso quero saber o que aconteceu. – disse sinceramente.
-Você não pode me ajudar, Weasley! NINGUÉM PODE! Eu não preciso da sua pena! Entendeu, garota?!?
-Ora, seu Comensal da Morte ingrato!
Draco levantou-se com raiva em cada traço do rosto. Gina foi andando de costas, a fúria dele a amedrontava. Ele parecia estar fora de si.
-Não me chame de Comensal da Morte! VOCÊ NÃO SABE DE NADA!!!
-SEI SIM! –ela teimou, esquecendo a prudência –Por que continua fingindo?
-Cale a boca, weasley. –disse perigosamente, fingindo calma.
-Não calo não. Eu sei que você é um deles. Apenas quero saber o que o levou...
-CALE A BOCA! –ele insistiu, mandando a fingida calma ir pastar.
-Você não entende...? –foi a última coisa que ela disse antes do ocorrido.
O loiro cobriu a distância que restava em duas passadas largas. Foi capaz de observar o pavor nos olhos dela quando a prensou contra a parede com o próprio corpo. Gina fechou os olhos e esperou pelo pior.
“Aposto que ele vai me matar! Nunca o vi com os olhos tão transtornados.”
Draco planejava apenas fazê-la ficar com medo e por isso calada. Porém, ao vê-la tão indefesa e de olhos cerrados não conseguiu pensar. Antes que percebesse, tinha fechado os próprios olhos e seus lábios foram ao encontro dos dela. Gina tentou o empurrar ao perceber o que ele estava fazendo. Quando sentiu a resistência da ruiva sabia que era tarde demais para voltar atrás, já que ela falaria mais ainda. Draco não queria ouví-la. Não queria ouvir ninguém. Será que era tão difícil de compreender? Queria apenas esquecer aquelas palavras vazias que havia lido. Era o que pretendia enquanto aprofundava o beijo.
Gina simplesmente parou de resistir. Passou os braços em volta do pescoço do sonserino.
“Oh, Merlin! O que estou fazendo?!? Eu não posso beijar um Comensal da Morte! Eu estou traindo o Harry...?” era cada vez mais difícil pensar.
Draoc já nem se importava se era uma odiosa Weasley quem ele beijava com tanta ânsia. A mente dele precisava de uma distração para esquecer o choque que tivera. Não mais pensava, seu corpo agia por si mesmo.
As mãos do malfoy passeavam por diversas partes do corpo da weasley e descobriu que estivera enganado, ela não possuíam mais o copo de uma criança.
Quando os lábios de Draco foram para o pescoço da ruiva, ela suspirou. Abriu os olhos e pareceu tomar ciência da situação. Suas mãos estavam em contato com a pele da barriga dele exposta pela camisa aberta.
“E uqe barriga! Será que ele tem um corpo assim só do quadribol?” perguntou-se, mas logo se repreendeu por estar pensando aquelas coisas dele. Afinal, ele era um Malfoy e era um Comensal da Morte.
-Malfoy, pára. É sério, pára. –ela disse, empurrando-o para longe de si.
Ao olhar dentro dos olhos acinzentados, ficou extremamente corada. Pôde enxergar neles solidão e desamparo, mas isso fora apenas por um momento:
-Por que você fez isso?
-Para que você calasse a boca. –respondeu simplesmente.
-Mas algo está errado por aqui. Eu quero saber. Quero entender...
Draco apenas roçou seus lábios nos de Gina, em seguida sussurrando no ouvido dela:
-estou avisando, Weasley. Se você não calar a sua maldita boca, eu vou ser obrigado a te calar novamente e presumirei que você gostou de me beijar. Entendeu, garota?
-Você só pode estar maluco! Eu não gostei... –ela protestou, mas foi interrompida quando o loiro juntou suas bocas.
-Me solta! – o empurrou com força –eu vou gritar, malfoy.
-E eu vou te calar, weasley. –ele respondeu desafiador –Então por que você não em faz um favor e cala a boca por si mesma?
A grifinória bufou e foi em direção à cama, levando (contra sua vontade) Draco consigo. As algemas não deixavam escolha alguma. Estava com nojo de si mesma por ter tido uns amassos com o Malfoy. Como pôde ter correspondido? Como, Merlin? Ela se martirizava.
“Nunca! NUNCA MAIS! Não deixarei me levar pelo momento.” Pensou mais decidida que nunca.
Ajeitou-se na cama, cobrindo-se:
-Olha aqui, malfoy. Se você pensa que...
Mais uma vez ele calou-a com um beijo. Porém, logo depois, aconteceram duas coisas ao mesmo tempo: levaram um choque e Gina empurrou-o com toda força de que dispunha.
Draco assistiu a ruiva, com uma expressão furiosa, virar-se de costas para ele:
-Eu te avisei, Weasley. –sentiu necessidade de explicar.
Weasley nada respondeu. Tinha medo que ele a beijasse mais uma vez. Sim, tinha medo. Medo de não se controlar e corresponder novamente. Estava intrigada com o fato de apenas na última vez terem levado um choque. Teria ficado seriamente irritada apenas nessa última vez? Se sim, isso significava que...
“Não! Eu não gostei das outras. Isso é impossível! Completamente insano.” Mas foi essa incerteza que a fez perder o sono.
Gina virava de lado periodicamente, procurando uma posição confortável para dormir, mas nenhuma delas parecia servir. E o pior de tudo eram os pensamentos que vagavam por sua mente, todos envolvendo o loiro adormecido ao seu lado.
Ao ter certeza de que Draco dormia, Gina enfiou co cuidado uma mão no bolso esquerdo dele, onde o vira, mais cedo, guardar um papel. Papel esse que a ruiva desconfiava ser a razão do comportamento estranho do malfoy e conseqüentemente a insônia causada nela por aqueles beijos...
“Hey! Eu não estou com insônia porque aquele idiota me beijou!” uma parte de seu cérebro gritou “Mesmo? Então, por que será que cada dez pensamentos que você tem, onze tem relação com Draco Malfoy?” a outra parte exigiu saber.
Conseguiu pega ro papel e desdobrou-o. Era uma carta, quase um bilhete. Apanhou sua vainha e sussurrou um lumus o mais longe que a corrente das algemas permitiu. Sabia que não era uma bela atitude o que estava prestes a fazer.
“Isso é coisa de sonserinos. Talvez eu esteja andando demais com o Malfoy. Alíás, sim, eu estou.” Pensou e finalmente começou a ler.

Caro Draco,
Receio informar-lhe que sua mãe está desaparecida. Não há sinais de luta, mas você sabe que isso pode ser coisa do Lord. Eu realmente não sei do paradeiro da Narcisa. Não sei nem se está viva ou morta. Apenas não alimente esperanças e não faça nada impensado. Finja que nada aconteceu. Estamos no meio de uma guerra e você sabe da situação...
Quando souber de algo, irei informar. Quero que queime essa e qualquer outra carta que eu enviar.

S.S.

Ao terminar de ler, os pensamentos da ruiva fervilhavam. Sabia quem era o remetente. Não esqueceria aquela odiosa caligrafia de Snape tão cedo.
“Mais uma prova de que Malfoy é Comensal ou não estaria se correspondendo com outro da mesma laia. Eu não entendi essa de ser coisa do Lord a Narcisa estar sumida e também não entendi o uso da palavra situação... é muito vago. Era um código? Bem, mas agora já sei porque o Malfoy estava em choque. Afinal, é a mãe dele. Aposto que ela é a responsável por ele ser tão mimado.” Pensou enquanto dobrava e colocava a carta novamente no bolso do loiro.
Aquelas palavras rabiscadas com pressas poderiam ter respondido o porquê do comportamento de Draco, mas haviam criado na cabeça de Ginevra inúmeras novas dúvidas.

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