O comensal e o filho



Capitulo 4 – O comensal e o filho

Draco se achava defronte ao lorde das trevas, ele estava lhe encarando, possivelmente a analisá-lo, Draco já tinha lhe prestado o juramento de fidelidade, mas o lorde das trevas parecia ter esquecido que precisava dar seguimento à cerimônia, de repente pareceu sair do transe e falou, sua voz parecia sair das profundezas da terra tal era sua rouquidão.

Por que demorou tanto para querer virar comensal, Draco? – perguntou o lorde das trevas.

Meu pai precisava de alguém para coordenar seus negócios que estivesse com o nome limpo diante do ministério – mentiu Draco, como seu pai lhe tinha mandado – só agora tive liberdade para participar da guerra, como quis desde o inicio.

Ah, então foi isso – disse o lorde das trevas, porem não acreditando em nada do que ouvia, sentia que Draco não estava ali por que queria, seria mais seguro acompanhar o jovem bem de perto no futuro – compreendo, então vamos dar seguimento à cerimônia.

Voldemort ergueu a varinha, murmurou o feitiço, e a tatuagem da caveira, brilhou negra em seu braço durante algum tempo, ate que seu brilho ficou mais fraco, e Draco pode analisá-la melhor, mas não durante muito tempo, logo o lorde das trevas o tirou de seus pensamento.

Você vai participar do bando de seu pai, e deve seguir as ordens dele como se fossem as minhas próprias – disse o lorde das trevas – espero ouvir falar muito bem de seu desempenho no futuro.

Draco assentiu, e se retirou da sala junto com seu pai. Lucio Malfoy resplandecia de orgulho, sempre desejara que seu filho se tornasse um comensal da morte, a única coisa que lamentava, era que isso tivesse acontecido forçadamente. Veio a sua mente a imagem da garota Weasley, sentiu um assomo de ódio, como aquela desclassificada conseguira chamar a atenção de seu filho e conquistá-lo a ponto dele desistir de ser comensal? Se não fosse necessário, para que pudesse controlar Draco, que ela permanecesse viva, já teria dado um fim à vida miserável dela há muito tempo.

Quando vai se encontrar com a garota, para contar-lhe as boas novas? – perguntou Lucio.

Próxima semana – disse Draco amarrando a cara – lembre-se de sua promessa, eu irei vê-la sem que ninguém me vigie.

Não se preocupe – disse Lucio – não tenho intenção nenhuma de ver você beijando-a novamente, e também não será nada conveniente, que algum dos meus homens o veja com ela.

Gina estava preocupada, ontem estava conversando como uma amiga, quando ela reclamou de estar sentindo cólicas menstruais, foi ai que Gina se lembrou que não tinha menstruação desde a primeira semana de dezembro, e já estavam na ultima semana de janeiro, tentara afastar de sua mente a possibilidade de estar grávida, mas não conseguia, veria Draco amanha a noite, ele tinha lhe enviado uma mensagem marcando o encontro, e teria que falar para Draco sobre a possibilidade de ter engravidado.

Gina tentava se convencer de que se estivesse grávida isso não seria um problema, mas a verdade era que tinha plena consciência de que isso era a pior coisa que poderia lhe acontecer, não por Draco. Gina tinha certeza que Draco ia assumi-la, sua preocupação era por seus pais e irmãos e todo mundo mágico em si, o que todos diriam ao saber que estava grávida de um Malfoy?

Quando finalmente chegou a hora do encontro, Gina estava tão ansiosa que quase não confiava em si mesma para andar, se esforçou e foi caminhando em direção a floresta em meio da escuridão da noite, quando chegou à orla, Draco saiu e foi levando-a floresta adentro segurando sua mão com mais força do que precisava, Gina achou isso estranho, mas nada disse.

Já estavam a uma boa distancia do castelo, quando finalmente eles pararam de andar. Draco se virou para Gina e a abraçou com uma força enorme, Gina quase reclamou por causa da dor, mas achou melhor não dizer nada, estava achando Draco estranho demais. Depois que parou de abraçá-la, começou a beijá-la de um jeito que Gina receou que fosse ser engolida.

Draco o que há com você? – perguntou Gina, Draco não falou nada, ficou apenas a olhá-la com uma grande dor, resolveu então contar logo da gravidez – Draco eu preciso lhe contar uma coisa.

Eu também tenho que lhe contar uma coisa – disse Draco, se esforçando muito para falar.

O que? – perguntou Gina preocupada, se esquecendo momentaneamente da gravidez, à expressão de preocupação que tomava contata do rosto de Draco chamava toda a sua atenção.

Gina eu... Eu fiz uma coisa que... – Draco não conseguiu continuar, ficou a olhá-la tentando conseguir forças.

Draco, o que foi? – perguntou Gina, agora angustiada.

Eu... Eu agora sou um comensal – disse Draco, desviando o olhar.

O que? – perguntou Gina, não acreditando no que ouvia – Do que você esta falando, Draco? Por que esta dizendo isso?

Porque... É a verdade, Gina – Draco se esforçou para continuar – Eu me tornei um comensal.

Eu não acredito – disse Gina, se afastando dele – por que esta mentindo para mim, Draco? Por que esta fazendo esse tipo de brincadeira?

Eu não estou brincando – disse Draco, não conseguia mais olhar para ela – eu não queria, mas agora sou um comensal.

Você não que mais ficar comigo? – perguntou Gina – É por isso que esta mentindo?

Draco olhou para ela, uma aflição no olhar, teria que mostrar a marca para Gina, senão ela não acreditaria. Levantou a manga da blusa e mostrou a carne que antes era pura, e que agora estava maculada pela marca maldita. Gina prendeu o olhar na marca, ate que não conseguiu mais olhar, ate que suas pernas não conseguiam mais segurar o peso de seu corpo e o peso do que seus olhos viam, Cambaleou para trás, sua sorte era que estavam perto de uma arvore, se segurou nela, foi caindo devagar no chão, caiu de joelhos. Suas mãos apertaram a terra no chão, tentando conseguir forças, mas de repente o nojo e o desprezo pelo que havia visto a atingiu, ela não conseguiu mais controlar, acabou vomitando.

Draco correu para ajudá-la, segurou-a enquanto seu corpo se convulsionava, mas quando Gina parou de vomitar não pode suportar o toque dele, se afastou, e arrastou-se para longe dele e do vômito, se sentou e colocou a cabeça entre os joelhos, fitou o chão sem realmente enxergá-lo, Draco foi ate ela, se agachou ao seu lado e colocou uma mão em suas costa.

Não encoste suas mãos em mim – disse Gina, por entre os dentes – eu não preciso de sua podridão.

Desculpe – disse Draco, sentindo uma faca trespassar seu coração –, tome um lenço para limpar a boca.

Gina apanhou o lenço, e se limpou do vomito, mas estava indiferente ao que fazia, estava agindo mecanicamente, sua mente havia sido desligada, tal a dor que sentia.

Você esta bem? – perguntou Draco depois de um tempo.

A voz dele a tirou de seu estado, ela levantou a cabeça e o olhou, em seus olhos Draco não viu outra coisa senão ódio. Levantou-se diante disso, nunca esperara que Gina o olhasse assim, aqueles olhos nunca lhe pareceram capazes de expressar um sentimento tão ruim, sempre pensara em Gina como um ser que só era capaz de dar sentimentos bons, nunca de odiar, mas o ódio que via agora, lhe parecia ser maior que qualquer sentimento antes expressos.

Vá embora – disse Gina, desviando o olhar.

Não posso deixá-la aqui – disse Draco – não é seguro.

Deve ser mais seguro que estar na campainha de um comensal da morte – disse Gina –, vá embora logo, quero ficar só.

Draco hesitou, mas acabou indo. Não havia nada que pudesse fazer por ela. Gina agora o odiava, o melhor que podia fazer era nunca mais vê-la.

Gina esperou ate não ouvir mais os passos de Draco, então foi arriando aos pouquinhos, ate deitar no chão da floresta proibida, se encolheu em posição fetal, fechou os olhos, sentiu que sagrava, não num só ponto, mais por todo o corpo, estava saindo sangue de seus poros, ela ia sangrar ate a morte e ninguém saberia onde ela estava, ficariam procurando-a e nunca achariam seu corpo, ficaria para sempre na floresta proibida, sorriu, um sorriso sem vida diante desses pensamentos. Abriu os olhos, olhou seu braço, viu que não sangrava, era só sua mente que estava pifando, fechou os olhos novamente e acabou dormindo, sua mente não agüentou mais o terrível peso de estar acordada.

Abriu os olhos lentamente, sentiu-os arder tamanha era a claridade da floresta, demorou um pouco ate que se lembrou como tinha ido para lá, e também do que tinha acontecido ontem à noite, lagrimas vieram aos seus olhos, ela se apressou a enxugá-las, não derramaria mais lagrima alguma por causa dele, se levantou lentamente e olhou para o relógio, já eram dez horas, as aulas da manha já tinham praticamente acabado, foi para o castelo lentamente.

Quando chegou a torre da grifinória, grande foi a sua vontade de se enfiar debaixo das cobertas de sua cama e dormir, mas resistiu, precisava de um banho, pegou umas roupas e foi para o banheiro das monitoras, chegando lá tirou a roupa mecanicamente, deitou-se na banheira e só então ligou as torneiras, deixou a água quente envolver seu corpo, querendo se dissolver naquela água querendo deixar de existir, não pensava mais em Draco, estava pensando naquele bebê, o que faria com o bebê. Como ia criar o bebê? Como ia olhar para os seus pais, e contar para eles que estava grávida de um comensal da morte?

Abriu os olhos, não queria mais pensar em nada, não queria mais se preocupar, não queria estar grávida, o peso da gravidez caiu sobre ela, à imensidade do que teria que passar, a atingiu sem misericórdia. Sua cabeça começou a girar, abriu os olhos, resolveu que não ia se deixar afundar, em sua mente surgiu uma imagem, Draco sorrindo, Gina sacudiu a cabeça na esperança de que ele saísse de seus pensamentos, mas não conseguia se livrar da imagem. O que será que aconteceria com Draco? Gina sabia o que teria de passar, seu próprio futuro não era difícil de imaginar, mas o futuro de Draco lhe parecia completamente confuso. Pelo que ele passaria com a opção que havia feito. Que rumo sua vida tomaria?

Gina bateu com força o pulso na água, soltando uma imprecação, estava pensando nele novamente, ficou furiosa consigo mesma, como podia ainda se preocupar com ele, tinha mais é que torcer para que algum auror o fizesse em pedacinhos. Precisava arranjar algo para se distrair, precisava parar de pensar nele.

Já havia passado três meses desde que Draco se tornara um comensal. Lucio Malfoy não poderia estar mais satisfeito com o desempenho de seu filho, no começo achara que Draco não seria um bom comensal, achava que a menina Weasley havia tornado seu filho um frouxo, mas estava completamente enganado. Draco só estava sendo ‘bonzinho’ para agradar a menina, ele tinha mais fibra e mais coragem que a maioria de seus homens, e havia se tornado o comensal de maior destaque em seu bando. O lorde das trevas, vivia mandando mensagens elogiando o desempenho dele, e Lucio não poderia estar mais satisfeito, já estava quase esquecendo o pequeno incidente com a menina Weasley.

Lucio lembrou orgulhoso da primeira vez que colocara Draco aprova, estavam numa missão, quando foram surpreendidos por aurores. Draco dominou mais aurores que a maioria dos comensais e quando Lucio pediu que ele os torturasse para descobrir como haviam sabido da missão deles, Draco não hesitou durante um segundo sequer, fez com que os aurores falassem do que sabiam e do que não sabiam.Quando Draco terminou com eles, os aurores não eram nem mais a sombra dos que um dia tinham sido. Lucio ficou tão pasmo que quis confirmar se seus olhos não o enganavam e mandou Draco matá-los, Draco o fez sem titubear, a partir daí Draco só lhe trouxe orgulhos.

Gina não sabia nada de Draco desde a ultima vez que o vira. Depois de muito se machucar pensando nisso, achara um refugio onde seus pensamentos não a alcançavam, o estudo, por mais engraçado que possa parecer, (já que Gina odiava estudar) conseguiu proteger sua mente das lembranças de Draco nos estudos, na verdade estava estudando tanto, que passara a ser a melhor aluna de Hogwarts, conseqüentemente estava se afastando cada vez mais das pessoas, agora só o que fazia era estudar, até o quadribol ela havia largado, sua vida agora se resumia às aulas e as idas a biblioteca.

Gina tinha criado uma grande barreira entre ela e as pessoas, não deixava ninguém se aproximar mais dela, mas eis que Draco a alcançou, mesmo que não sabendo, ele não só a alcançou, como a fez sangrar mais uma vez, as campanhas de Lucio chegaram ate os alunos, em Hogwarts, e o desempenho de Draco e sua grande participação nessas campanhas conseqüentemente também chegaram aos ouvidos de Gina, não só chegaram como a atropelaram, os alunos pareciam ter se lembrado de seu namoro com o garoto no passado, e a paravam nos corredores para perguntar se ela ainda o namorava, se tinha mais informações sobre Draco. Então Gina percebeu que sua barreira, que ela pensava ser intransponível, era frágil demais para protegê-la de Draco e da vida que ele levava.

As pessoas de Hogwarts não foram às únicas que quiseram saber sobre o seu relacionamento com Draco, seu pai lhe havia enviado uma carta perguntando se ainda namorava ele, Gina respondeu-lhe dizendo que não estava mais namorando, e que não sabia de Draco fazia três meses, pediu-lhe que não mandasse mais cartas se fosse para falar sobre ele. Sabia que seu pai ficaria magoado com sua grosseria, mas queria cortar logo o assunto, caso mais alguém da família quisesse lhe mandar cartas dizendo que ”foi melhor assim”.

A gravidez por outro lado quase não a afetava, ela às vezes ate esquecia que estava grávida, sua barriga não crescia, ela não sentia enjôos, nem vontades estranhas, com se contava que as grávidas sentiam. Só a ausência da menstruação, era que lhe confirmava a gravidez. O fato de sua barriga não ter crescido nada ate agora, era um fato extremamente benéfico, se assim continuasse, ninguém no mundo bruxo a não ser a sua família precisaria saber que tinha um filho de Draco, fato que ela torcia que pudesse esconder. Sua família ate agora não sabia de sua gravidez e Gina decidira não lhes contar nada, pelo menos ate que o ano escolar acabasse e ela voltasse para casa.

Draco se virou na cama e fitou a mulher que dormia ao seu lado, ela era linda, uma das mais belas comensais, e se havia esforçado bastante para conquistá-lo. Usara todo seu poder de sedução nele, ate que Draco não pode mais resistir à vontade de seu corpo. Agora olhando a mulher, pensava que ela não tinha sido diferente de nenhuma das outras com que dormira depois que tivera de se afastar de Gina, todas eram incrivelmente bonitas, com corpos magníficos, e estavam bastante ansiosas para agradá-lo, mas nenhuma era a que ele queria de verdade. Levantou-se da cama rapidamente diante desse pensamento, soltou uma imprecação, a mulher ao seu lado se mexeu, mas não acordou. Draco começou a andar pelo quarto de um lado para o outro como se não agüentasse aquele lugar, e estivesse louco para se libertar.

Draco saiu do quarto e foi para fora da casa em que estavam abrigados, quando o ar frio da noite o atingiu, sentiu que a sensação de estar preso havia passado um pouco. Fechou os olhos para apreciar melhor a sensação do vento, sua mente foi tomada por lembranças dele com Gina, abriu os olhos rapidamente, era muito doloroso se lembrar de como era feliz junto a ela, mas isso sempre acontecia, sempre que se deitava com outra mulher, não podia deixar de compará-la com Gina, de ver como todas eram inferiores a ela, se perguntou pela milionésima vez, desde a ultima vez que se viram, como ela devia estar? Já fazia quase seis meses que haviam se separado e não conseguia parar de imaginar como ela estava, ficava doente com a possibilidade de que Gina estivesse saindo com outro, mas que direito tinha ele de reclamar, quando não tinha mais nada com ela.

Draco se sentia revoltado com a colocação que estava tendo na guerra, não apoiava as idéias de Voldemort, não queria ver o mundo bruxo dividido. Sabia agora, que o ódio aos chamados “sangues ruins“ não tinha razão de ser, essa era só uma desculpa para a guerra, só uma desculpa para Voldemort tomar o poder. E uma grande desculpa para jovens tolos, como ele fora um dia, poderem inflar ainda mais seus egos. Queria poder abandonar tudo aquilo, queria poder acabar com aquela situação, estava cada vez mais achando que estava do lado errado nesta guerra. No começo não se importava de matar nem de torturar as pessoas, mas agora sentia cada vez mais desprezo por si mesmo, sempre que podia evitava matar alguém, e pedia a outros comensais para que se encarregassem das torturas. Sentia cada vez mais nojo de todos eles, de suas ambições, seus atos e de seus motivos para levarem essa guerra adiante.

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