direito de saber



A semana passou se arrastando. Harry passava a maior parte do tempo absorto em seus pensamentos ou se martirizando por causa de Rony. Nem ele nem Hermione trocaram uma única palavra se quer depois da briga e Harry achou melhor não se meter. Os dois amigos ficavam muito juntos, mais do que Harry com Hermione, pois a garota parecia realmente dedicada àquela poção. Todo dia, depois das aulas acabarem, a garota ia para a sala ao lado do banheiro das meninas e ficava horas e horas trabalhando na porção. Harry ficava cada vez mais curioso, mas não ousou perguntar novamente o que era.

Em uma noite muito fria, Harry e Rony saíram para treinar no campo de quadribol, apenas o dois. Eles já estavam voando em suas vassouras e sentiam o vento frio que cortavam suas peles. Estavam rindo e se divertindo, os dois sabiam que não teriam mais tanto tempo juntos, queriam aproveitar o máximo que podiam.
-Harry! Mais rápido, quero ver se você consegue me acompanhar!
Os dois apostaram uma corridinha pelo céu de Hogwarts antes de terminarem o treino. Já no chão, Harry olhou para o amigo que guardava as bolas dentro de uma caixinha de maneira. Os dois estavam muito vermelhos e arfando.
-Rony?
-Oi?
-Você não vai contar a ela?
Rony se virou muito serio para Harry. Fazia exatamente uma semana que os dois não tocavam no assunto da carta, muito menos de Hermione. Rony apenas abaixou o rosto e continuou guardando as bolas dentro de caixa, pois elas estavam muito difíceis de se prender.
-Rony! Não vamos fingir que está tudo bem aqui, porque não está!
Harry gritava em plenos pulmões, pois o vento agora era tão forte que o som do garoto parecia ser levado antes que atingisse os ouvidos de Rony.
-Ela nunca vai perdoá-lo se não dizer a ela!
Rony deu um sorrisinho e disse:
-Talvez seja melhor assim.
-O quê? Você está louco? Hermione o odiaria por isso!
-Ela já me odeia Harry! Ela disse isso na minha cara!
-Você sabe que não é verdade! Ela disse aquilo porque estava magoada..Hermione vai sofrer muito com tudo isso..
-Por isso mesmo. É melhor ela ficar com raiva de mim, assim não sofrera.
“Como é que é?” Pensou Harry. “Rony ama tanto Hermione assim para fazê-la ficar com raiva dele ao invés de fazê-la sofrer com a noticia?”. Harry foi sentindo uma raiva subir dentro dele. Aproximou-se de Rony rapidamente e segurou-o pela gola da roupa.
-Você tem que dizer para ela.
-Eu já disse que é melhor..
-Não! Você tem que dizer que a ama!
O quê? Rony teve certeza que o amigo estava ficando doido. Como ele poderia se declarar depois da amiga mostrar que não existia nada entre eles. Ele afastou Harry de perto de si e falou:
-Não seja tolo! Próxima semana tudo terminara, não quero brigar com meu melhor amigo agora.
O assunto foi encerrado ali. Na volta para o castelo eles iam absortos em seus pensamentos, sem dar uma única palavra. Quando cruzaram o quadro da mulher gorda que dava para a sala comunal da Grifinória eles avistaram Neville, Gina e Hermione sentados em frente a lareira.
-Ei vocês, estavam treinando uma hora dessas? Está tarde e congelando lá fora. Disse Neville.
Os dois garotos foram se aproximando deles, Rony e Hermione deram um olhar de esguelha um para o outro, mas depois fingiram que não tinham feito isso.
-Vocês estão suados e machucados! Disse Gina.
-Harry! O que foi isso no seu braço? Perguntou Hermione.
-Nada Mione, deve ter sido o balaço que me atingiu, não foi nada.
-Como não foi nada? Deixe-me ver isso!
Hermione segurou o braço do amigo e examinou cuidadosamente. Rony deu uma olhadinha e enquanto via a cena não deixou de sentir uma pontinha de ciúmes, mesmo que não quisesse. Passou os dedos discretamente pelo seu cotovelo que também estava machucado e desejou meio que inconsciente que Hermione também se preocupasse com ele. A garota fez um pequeno feitiço no lugar onde o braço de Harry estava machucado e disse que ia ficar tudo bem agora. De fato, depois de dois minutos o braço do menino deixou de estar roxo para voltar a sua cor natural.
-Obrigado Hermione, está bem melhor agora.
-Bem, vou dormir. Disse Rony se levantando bruscamente.
Mas alguma coisa segurou sua veste “Mas o quê..”. Quando olhou para baixo viu que Hermione estava segurando sua capa. Ele ficou um tempo parado, sem acreditar no que a amiga fazia. Ela parecia um pouco arrependida por ter feito isso, pois estava com a cabeça baixa sem dizer nada. Mas depois de um tempinho em transe, a garota pareceu voltar à realidade.
-Você também está machucado.
Ele sentiu uma pontada no estomago. “Ela notou”. Hermione torcia para que ele fizesse alguma coisa porque aquela posição já estava ficando constrangedora. Neville, Gina e Harry também torciam para que o amigo fizesse alguma coisa, pois sabiam que os dois tinham passado a semana sem se falar e talvez fosse uma boa chance de fazerem as pazes. Como se lesse o pensamento de todos, Rony apenas voltou e sentou-se no lugar onde estava. Hermione sentiu um alivio entrar no seu corpo e contaminar seu coração, pois por um momento pensou que o ruivo subiria as escadas do dormitório sem dizer nada.

Ela sentou-se ao lado do amigo. Sentiu como se aquilo já tivesse acontecido, então se lembrou que cuidou de Rony quando ele foi mordido por Sirius no terceiro ano. Ela tremia um pouquinho quando tocou o braço do amigo para poder ver melhor o ferimento no cotovelo. O toque dela fazia sensações estranhas no amigo. Ele sentia um calor vindo do lugar do contato entre eles subir todo seu corpo e corar suas faces. Ele não teve coragem de olhar para Hermione enquanto ela cuidava dele, e ela agradeceu intimamente por isso, pois já estava nervosa o bastante. Neville, Harry e Gina continuavam a conversar alegremente e Rony olhava-os mas não conseguia de concentrar.
-Pronto! Disse Hermione.
Ela tinha feito o mesmo feitiço que usou em Harry, mas por algum motivo pareceu demorar um pouco mais dessa vez. Rony se virou timidamente para Hermione que já estava muito perto dele e disse em um sussurro:
-Obrigado.
A garota sentiu tremeliques ao ouvir a voz do amigo tão perto dela. Eles se olharam profundamente e carinhosamente. Ela conseguia se ver nos olhos de Rony. “Tão azuis” pensou. De repente ela abriu um sorriso. Rony teve certeza que foi a coisa mais linda que tinha visto em toda a vida. Sentiu o coração disparar. Levantou-se desconcertadamente, disse boa noite a todos e subiu para o dormitório. “Mas o que deu nele?” pensou Hermione. O garoto se jogou na cama e bateu o pulso furiosamente. Não sabia como ia conseguir ficar longe dela. Enquanto ficaram sem se falar tudo parecia mais fácil para ele, mas agora, depois daquele sorriso ele sentiu tudo desabar sobre ele. Queria Hermione tão fortemente que chegava a doer.

Antes de irem deitar, Harry disse que queria falar com Gina em particular.
-Gina..você tem mais noticias?
-Bem..mamãe me disse que vira aqui pessoalmente, acho que todos os membros da ordem também.
-Ela disse quando?
A garota fez uma cara triste.
-Essa semana.
-Essa semana!? Mas já!?
-É! Esse meu irmão é um louco! E quando ele pensa em falar para Hermione? Eu não agüento mais guardar isso dela!
-Eu sei, também não concordo com isso, mas Rony não quer que ela saiba. Não podemos fazer nada.
-Como não podemos fazer nada? Desde quando eu dou ouvidos ao meu irmão? Ora Harry..ela tem o direito de saber!
-Eu sei que tem! Mas não podemos interferir nisso e você me prometeu também que não o faria Gina.
-Hunf! Meu irmão consegue ser um idiota às vezes.
Era verdade, Rony conseguia complicar ainda mais as coisas. Mas Harry sabia o que o amigo queria. Queria poupar Hermione de sofrer, e iria a fazer sentir raiva dele.

A semana já estava no meio e eles sabiam que mais cedo ou mais tarde os membros da ordem se reuniriam ali em Hogwarts juntamente com a família Weasley. Gina ainda achava um absurdo Rony não ter contado nada para Hermione e Harry já estava começando a achar que a irmã caçula do amigo estava certa, talvez eles devessem contar a ela.

Hermione Granger estava procurando um livro na biblioteca quando escutou alguns cochichos vindos das seções de livros mais afastados. “Mas quem poderia fazer um barulho desses em uma biblioteca?” Ela estava achando aquilo um absurdo e como monitora teria que tomar alguma providencia. Mas enquanto ia se aproximando foi reconhecendo a voz: era Lilá! Hermione sentiu um ar triunfante invadir suas narinas “vou dá uma bela advertência naquela garota”. Agora ela ouvia melhor, o nome de Rony estava sendo muito citado pela garota e Hermione sentiu uma pontinha de curiosidade forma-se dentro dela. Escondeu-se atrás da estante de livros para escutar a conversa de Lilá, mesmo sabendo que isso não era nada certo.
-Ainda não acredito que Rony não gosta de mim. Dizia Lilá.
-Não fique assim, ele não merece.
Hermione ficou meio confusa “Rony não gosta de Lilá?” pensou.
-Eu tenho certeza que ele nunca gostou de mim.
-Como você pode ter tanta certeza assim?
-Ora, está na cara não é?
Hermione estava ficando cada vez mais encantada pela conversa, achou tudo aquilo interessante demais.
-Hermione Granger! Disse Lilá com uma voz gélida.
“Eu? O que tem eu?” Pensava Hermione mais confusa ainda tentando não fazer nenhum barulho para não ser descoberta.
-Aquela sabe-tudo! Como Rony pode se interessar em uma garota como ela? Falava Lilá com uma voz irritada.
Hermione sentiu um solavanco dentro dela. Não estava conseguindo acompanhar o raciocínio. “Lilá acha que Rony gosta de mim?” Ela não sabia o que sentir. Depois disso, ela foi andando vagarosamente para a saída da biblioteca. Não possuía nenhuma expressão no rosto. O mundo parecia ter parado para ela. Ela foi andando um pouco mais rápido, já estava praticamente correndo. Um sorriso se estampou no rosto dela e as bochechas estavam avermelhadas. “Rony, onde você está?” pensava a garota enquanto corria a procura do amigo. Ela só queria dar um abraço nele, apenas isso. Depois de ouvir aquilo sentiu um desejo incontrolável de poder senti-lo mais perto. Iria pedir desculpas pela discussão no corujal e o abraçaria.







[O que vocês estão achando? COMENTEM! É tudo que eu peço. O próximo capitulo promete muita coisa! ;X Hermione vai encontrar Rony e... ;X É segredo! Ha..vocês vão saber também o que tinha escrito na primeira carta que ela iria mandar para Viktor Krum]



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