A Casa dos Dumbledore

Capítulo 2 – A Casa dos Dumbledore


Eram quase sete horas quando Ayumi desceu para o primeiro andar. Seus avós a esperavam, com as mesmas expressões neutras. Nas mãos do Sr.Shirakawa, estava um bule de chá de porcelana. Yuka esperava pacientemente, com uma pequena trouxinha repousando ao lado de seus pés.
-Estou aqui.-falou a garota, tentando sorrir, mas os rostos de seus avós não permitiram que ela o fizesse.
-Aqui, a chave de portal.-falou o Sr.Shirakawa, entregando o bule à Ayumi.
A garota segurou o objeto e Yuka se apressou em fazer o mesmo.
-Seus avós, Susan e Richard, estarão esperando você.-falou a Sra.Shirakawa, calmamente.
-Adeus, Ayumi.-emendou o avô da garota, tocando o bule com a ponta da varinha.
Ayumi não teve tempo de dizer nada. Uma sensação nauseante de que um gancho a puxava pelo umbigo a dominou e ela sentiu seu corpo rodopiar em um redemoinho violento de cores. Sentiu vontade de vomitar, a cabeça girava, fechou os olhos. Ela sentia Yuka também rodopiar ao seu lado.
Finalmente, aquilo parou e ela sentiu os pés tocarem violentamente o chão. O impacto foi tanto que seus joelhos cederam e ela caiu com tudo em um chão coberto de carpete.
-Ah, a pequena Ayumi!-exclamou uma voz retumbante e divertida.-Uma entrada triunfal, como todos da família.
A japonesa ergueu-se do chão e levantou os olhos. Diante dela, estava um senhor de barba e bigodes brancos, rosto redondo e boca larga. Ele vestia-se impecavelmente com vestes de bruxo carmim e trazia entre os dedos um charuto. Em todo, ele era muito impressionante, mas a atenção de Ayumi se voltou para os olhos do homem. Azul-cintilante, como os de Ayumi e seu pai.
-O senhor é...?-começou ela, forçando seu inglês ao máximo.
-Richard Dumbledore, seu avô!-exclamou ele, ainda parecendo divertido.-Claro que você não se lembra de mim, não é? Nos vimos quando você ainda era muito pequena, antes de...-ele parou e depois sacudiu a mão do charuto, como se espantasse uma mosca, empestando o ar com cheiro de fumaça.-De toda forma, é bom tê-la aqui, Ayumi. Sua avó está...
-Aí está ela!!-um gritinho agudo cortou o ar, antes que Ayumi sentisse alguém abraça-la com força suficiente para quebrar-lhe as costelas.-Como você cresceu! Está tão linda!
Quando a figura finalmente deixou que Ayumi respirasse, ela a encarou. Tratava-se da senhora de aparência mais jovem que a garota já vira. Apesar da idade já estar começando a levar a melhor com as rugas, ela tinha os cabelos muito loiros, presos em um penteado elegante, e vestia-se com roupas muito finas, douradas com rubro. Ela tinha olhos castanho-amendoados e rosto magro.
-Hã....eu...-começou a garota, meio perplexa, sem ter idéia do que dizer.
-Ah, não diga nada, não diga nada.-disse a senhora, sorridente.-Sou Susan, você não deve lembrar, mas, Oh Merlin, como é bom ter minha neta aqui de novo!
Ayumi não soube o que dizer, então, sorriu sem jeito. Estava se sentindo ainda mais tonta do que durante a viagem. Ela se encontrava em um aposento com paredes cobertas de estantes com livros, uma bonita mesa de madeira de lei diante de uma cadeira acolchoada preta, sofás de veludo azul-escuro e luminárias de luz suave e agradável.
-Ora, Susan, você está assustando a menina.-falou o Sr.Dumbledore, sorrindo.-Venha, Ayumi, vou lhe mostrar seu quarto.
-Sim, o quarto.-disse a Sra.Dumbledore, sorrindo.-Eu mesma preparei o seu quarto. Com muito carinho.
-Ah, obrigada, hum...vovó.-falou Ayumi, ainda mais insegura.
-Ah, Yuka!-exclamou o Sr.Dumbledore ao notar a presença da elfa doméstica na cena.-Há quanto tempo não vejo você!
Yuka pareceu assustada com a constatação repentina de sua presença.
-Onde está Kirly? Kirly!-a Sra.Dumbledore chamou.
Quase que imediatamente, um elfo doméstico disparou dentro do aposento, tropeçando em certa parte do tapete e amassando o longo nariz curvado no chão. Rapidamente, ele tornou a se erguer e se postou diante dos dois bruxos.
-Sim, senhor?-falou ele, em um fôlego só.
-Mostre à Yuka onde ficam seus aposentos.-disse o Sr.Dumbledore ao elfo e depois virou-se para Yuka.-Este é Kirly, Yuka. Ele também irá trabalhar na cozinha de Hogwarts este ano.
Kirly abriu um largo sorriso ao olhar para Yuka, apanhou a trouxinha que ela deixara no chão e segurou-a pelo braço.
-Por aqui, Yuka, por aqui! Kirly mostra à Yuka os aposentos dos elfos!-falou ele, animado.
E ele saiu puxando uma quase apavorada Yuka para fora da sala.
-Seu quarto, agora, Ayumi.-disse o Sr.Dumbledore sorrindo e apontou a varinha para as malas da garota.-Locomotor Malas!
Ayumi não teve como dizer mais nada. Apenas seguiu o homem pela casa, um tanto perplexa, com suas malas roxas flutuando ao seu lado. Ela saiu do aposento para entrar em um longo corredor de piso lustroso e paredes muito brancas, iluminado por velas que flutuavam por toda a sua extensão. Finalmente, entraram em uma das portas, a que ficava no final do corredor. Uma espiada no aposento, o queixo de Ayumi caiu.
Era um grande quarto com paredes lilás-claras e carpete fofo e claro. Uma bela cama de baldaquino ao fundo, um grande armário de muitas portas, uma janela com cortinas de seda branca e uma porta para o banheiro.
-O que achou?-perguntou a Sra.Dumbledore, ansiosa, olhando para a neta.
-Maravilhoso!-exclamou ela, sorrindo.-É como um quarto de conto de fadas!
-Que bom que gostou.-falou o Sr.Dumbledore, pousando as malas da garota próximo a cama.-Pode arrumar suas coisas. Mas seja rápida, porque nós a esperamos para jantar lá em baixo.
-Até logo, Ayumi!-disse a Sra.Dumbledore, saindo do quarto com o marido e fechando a porta.
A garota ficou algum tempo olhando envolta, perplexa, antes de correr e se atirar na cama de lençóis macios e alvos. Talvez não fosse ser tão ruim morar na Inglaterra.




Ayumi saiu de seu quarto, hesitante, e espiou o corredor. Dava para ver uma escada ao fim dele. A sala de jantar devia ser no andar térreo. Um pouco insegura, ela caminhou até a escada de mármore e desceu até mais um andar de piso lustroso. Estava em um tipo de hall cumprido, com quatro portas, duas de cada lado. Ela estava no ponto central entre as quatro portas, debatendo consigo mesma em qual deveria entrar quando uma voz gritou:
-Ah, aí está você! Estão esperando por você na sala de jantar!
Alguém vinha descendo as escadas pelas quais Ayumi passara. Tratava-se de uma jovem alta e corpulenta, cujos cabelos cor de chocolate em pó caiam à altura de seus ombros e cujos olhos tinham a conhecida cor azul-cintilante.
-Ayumi, não é?-disse ela, parando perto da garota.
-É.-falou a garota, espantada.-Quem é você?
-Jessica Dumbledore.-apresentou-se ela, sorrindo.-Somos primas.
-Somos?-perguntou Ayumi, surpresa.
-Sim, somos.-disse a garota.-Meu pai era irmão do seu. Ouvi falar muito de você.
-A-ah....-fez a japonesa.
-Mas vamos logo, estou com fome e nossos avós não me deixaram tocar na comida enquanto você não chegasse.
Jessica se correu até a primeira porta da direita e abriu, puxando Ayumi consigo. A garota se viu em um aposento longo, com grandes janelas nas paredes e uma mesa de madeira muito polida.
Na mesa estavam sentados o Sr. e a Sra.Dumbledore, um casal que Ayumi nunca vira e uma menina de aproximadamente oito anos, cujos cabelos também era cor de chocolate em pó.
-Ah, Ayumi, sente-se.-falou o Sr.Dumbledore.-Vejo que já conheceu sua prima Jessica.
-É, achei ela perdida no Hall.-falou Jessica sentando-se em uma cadeira e indicando a outra pra a prima.
Ayumi sentou-se, hesitando.
-Podem trazer.-falou a Sra.Dumbledore e imediatamente, um grupo de elfos domésticos pousou travessas na mesa, com diversas comidas de aparência magnífica.-Sirva-se, Ayumi. Você vai adorar a culinária inglesa. Meus elfos tiveram aulas em uma academia em Londres.
-Desculpe, mas onde estamos exatamente?-perguntou Ayumi, curiosa.
-Ah, a Casa dos Dumbledore não pode ser localizada.-informou o Sr.Dumbledore, pomposamente.-Está enfeitiçada. Não pode ser mapeada.
-Para proteger nossos segredos.-falou o homem corpulento que também estava sentando a mesa. Pelo perfil e pelos olhos azuis, devia ser o pai de Jessica.
-Vai ter tempo para entender tudo isso.-falou o Sr.Dumbledore, ao notar a expressão um tanto aturdida de Ayumi.-Por enquanto ainda é cedo, vamos deixar as coisas irem lentamente.
-A propósito, Ayumi, esses são seus tios Janice e Brian.-falou a Sra.Dumbledore, indicando o casal que Ayumi concluiu serem os pais de Jessica.-E sua prima, Julie.
A garotinha de cabelos espessos, sorriu para Ayumi, após engolir uma grande quantidade de purê de batatas.
-Não coloque tanta comida na boca de uma vez.-brigou Jessica.
Julie fingiu não ter ouvido e abocanhou outra colherada de arroz branco. Jessica balançou a cabeça e virou-se para a prima.
-Vai cursar que ano em Hogwarts?-perguntou ela, animada.
-Terceiro.-respondeu Ayumi, imediatamente.
-Ah, então você vai escolher as matérias adicionais esse ano.-falou Jessica.-Vou fazer o quarto ano, estou na Grifinória.
-Grifinória?-perguntou Ayumi, curiosa.
-É uma das quatro casas.-explicou a outra.-Você é selecionada para uma das casas pelo Chapéu Seletor. É como se fosse a sua turma, entende?
-Ahhh....-fez a japonesinha.
-A melhor casa é a Grifinória. Casa dos corajosos e leais. Na Corvinal só tem CDFs e na Lufa-Lufa só tem idiota. Agora, a pior de todas é a Soncerina.-Jessica tomou um gole de suco de abóbora antes de terminar.-A Soncerina é a casa dos que não prestam. Não tem um bruxo das trevas que não tenha sido da soncerina.
-Provavelmente vou ficar na Lufa-Lufa.-falou Ayumi, olhando para o próprio prato.
-Não vai não. Aposto como fica na Grifinória. Toda a família Dumbledore tem sido da Grifinória por séculos, não é, vovô?
-Ah, sim, sim.-falou o Sr.Dumbledore.-A maioria dos Dumbledores dês de Rodolph V tem ido para a Grifinória.
-Não que vá ser ruim se você ir para outra casa.-a Sra.Dumbledore acrescentou, olhando feio para o marido.-Não há problema nenhum com as outras casas, querida.
-Bem, claro que não há, mas...-o Sr.Dumbledore começou, mas parou depressa.
Depois que terminaram de jantar, veio a sobremesa, que era um suntuoso pudim com calda de chocolate. A comida da Inglaterra era decididamente muito diferente da comida do Japão. Ao fim da refeição, o Sr. Dumbledore se levantou e falou para a neta mais nova:
-Ayumi, gostaria que você viesse comigo...
A japonesa levantou-se imediatamente, nervosa. Ela seguiu o avô para fora da sala de jantar, até a sala em que ela “caíra” quando chegara na casa. Comparada aos outros aposentos que Ayumi vira, aquele escritório parecia pequeno.
-Sente-se.-falou ele, indicando o sofá azul.
A garota sentou-se, nervosa, e seu avô sentou-se defronte a ela.
-Sei que parece estranho você estar aqui, tão de repente...-falou ele, encarando a neta com seus olhos idênticos aos dela.-Mas há uma razão para tudo isso, Ayumi, uma razão que eu ainda não posso contar à você...
A garota continuou calada, meio boba.
-Mas há uma coisa que eu quero entregar a você...-disse o Sr.Dumbledore se levantando do sofá.
Ele caminhou até a mesa da madeira de lei, abriu a gaveta, retirou algo e voltou para perto da neta. Estendeu então objeto para a garota, que segurou, meio perplexa. Tratava-se de uma caixa de madeira de lei, cuidadosamente talhada em todos os detalhes. Seu nome “Ayumi” estava escrito na tampa, em letras cheias de floreios. A garota tentou abri-la, mas não conseguiu. Havia uma fechadura de ouro, mas nenhuma chave visível.
-Nunca conseguimos abrir esta caixa.-falou o Sr.Dumbledore, notando que a neta tentava, inutilmente, abrir.-Foi deixada para você por seus pais, mas nunca tivemos oportunidade de entrega-la.
Ayumi permaneceu fitando a caixa e lutou contra as lágrimas que começaram a queimar seus olhos.
-Não esqueça, Ayumi. Nem sempre as coisas são o que parecem.-murmurou o Sr.Dumbledore.
A garota balançou afirmativamente a cabeça para sinalizar que entendera.
-Pode ir agora.-falou ele, baixinho.
Ela se levantou e rumou para a porta, mas não pode deixar de notar um grande quadro na parede do escritório. Nele, havia um homem de longas barbas brancas adormecido, debruçado sobre uma mesa.
-É Merlin?-perguntou a garota, como sempre, curiosa.
-Não, este é meu pai, Alvo Dumbledore.-falou o Sr.Dumbledore, também olhando para o quadro.-Foi o maior diretor que Hogwarts já teve.
Com a menção de seu nome, Alvo Dumbledore acordou sobressaltado e sorriu para os dois bruxos que o observavam.
-Olá!-disse ele, com um sorriso.
Ayumi percebeu que seus olhos eram os mesmos olhos azul-cintilante que a maioria dos Dumbledore tinham. Era incrível como se tratava exatamente dos mesmos olhos.
-Não é hora de você estar na cama?-perguntou Alvo Dumbledore, amavelmente.
Ayumi fez que sim com a cabeça, despediu-se de seu tio e deixou o aposento.


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Uma certa demora pra postar, né?
Fiquei meio desanimada, por alguns probleminhas aqui, mas isso passa.
Espero que tenha ficado bom e espero comentários, por favor!
Agredeço à mione_shi pelo...apoio.
Beijos!

.A Autora.

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