O Pior Aniversário



Capítulo 1 – O pior aniversário.


Ayumi Dumbledore acordou naquela bela manhã de 27 de Agosto, sentindo que nada, nada, nada poderia dar errado. O céu estava claro e limpo, uma brisa suave entrava pela janela e os passarinhos faziam uma habitual algazarra do lado de fora. Era uma agradável manhã de férias e, como se não bastasse, era o dia de seu aniversário de treze anos.
Ela levantou de sua cama muito feliz, calçou as pantufas azul-bebê e saltitou até o banheiro. Seus avós provavelmente não tinham levantado ainda, então, ela tomou o cuidado de não fazer barulho; o assoalho de madeira andava pouco confiável ultimamente. Enquanto escovava os dentes, ela encarou o espelho e examinou o próprio reflexo. Seus longos cabelos castanho-escuros caiam em uma desordenada cascata além de seus ombros e os olhos azul-cintilantes faziam contraste com a pele pálida e o resto da aparência oriental da jovem.
Voltou para o quarto e trocou de roupa. Estava ansiosa. Seus avós, o Sr. e a Sra.Shirakawa, costumavam lhe dar presentes generosos em seus aniversários e naquele em especial, eles disseram que ela teria uma grande surpresa. Ela sentou na cama, agitada. Não podia acordar os avós, mas estava curiosa sobre a tal surpresa. Correu os olhos pelo quarto para procurar algo que a ocupasse.
Encontrou distração sobre a escrivaninha encimada por uma luminária roxa. Muitos livros de feitiços em japonês se amontoavam sobre ela, da maneira mais desorganizada possível, junto com pergaminhos contendo tarefas feitas até a metade e cartas dos amigos da escola de bruxaria japonesa Hywasuki. Ayumi levantou-se da cama, pegou uma das cartas e leu:

[*] Ayumi-chan,
Como estão as férias? Espero que esteja tudo bem.
Estou adorando a Grécia. É totalmente diferente do Japão. A língua é muito estranha, mas eles sempre falam com a gente em inglês, que é mais fácil de entender.
Tem se encontrado com a Yatari-chan? Estou com saudades de vocês.
Não vou mandar uma carta muito longa, porque Akai não voltou da ultima entrega pro papai, então, estou mandando essa carta pela coruja do correio nacional. E você sabe como eles cobram caro por cartas longas, não sabe? Um absurdo!
Na próxima, eu mando um relatório completo das férias.
‘Kiss’!
Dokuro-chan.

[*] Carta traduzida diretamente do japonês.

Ayumi sorriu para a carta, enviada por sua melhor amiga, Kiminawa Dokuro (Dokuro Kiminawa), no começo das férias de verão. Pegou, então, outra carta, escrita com uma caligrafia totalmente diferente, um pouco mais caprichosa:

[*] Ayumi-san,
Sua carta da Hywasuki ainda não chegou? Verdade?
Isso é muito estranho! A minha chegou há duas semanas atrás! Vou mandar uma coruja para Dokuro-san e para Yamazaki-san para perguntar se eles já receberam as deles.
Não acho que seja nada grave, talvez a coruja tenha se perdido pelo caminho.
Mantenha contato!
Abraços,
Yatari.

[*] Carta traduzida diretamente do japonês.

Ayumi fitou a carta de sua outra amiga, Minasaki Yatari (Yatari Minasaki) por algum tempo. Faltavam apenas alguns dias para o inicio do ano letivo e a carta contendo a lista de material para o terceiro ano de Ayumi não havia chegado. Ela expressara essa preocupação aos avós, mas estes não quiseram falar sobre o assunto. Tinham o cuidado de não citar Hywasuki em suas conversas com a neta. A garota não estava nada confortável com o fato de não ter notícias da escola durante toda as férias de verão. Alguma coisa não estava certa.
“Não agüento mais ficar aqui”, ela concluiu, sentindo cada vez mais adrenalina correr, involuntariamente, por seu corpo. Ayumi saiu do quarto e desceu as escadas para o primeiro andar (No Japão, o térreo é o primeiro andar). Entrando na cozinha, ela encontrou uma figurinha pequena, de grandes olhos azul-elétrico e orelhas de morcego. Assim que avistou Ayumi, ela falou rapidamente, em japonês:
-Senhorita Ayumi já está acordada?-disse Yuka, a velha elfa doméstica da casa.
-Sim, estou ansiosa pelo meu presente de aniversário.-disse a garota, também em japonês, sorrindo.
-O Mestre e a Madame ainda não acordaram, mas Yuka já está preparando o café da manhã.-falou a elfa, fazendo uma reverência.-A senhorita Ayumi deseja comer algo agora?
-Não, Yuka, eu vou esperar na sala.-falou ela, caminhando para fora da cozinha.-O vovô e a vovó não devem demorar.
Ayumi caminhou até a sala e parou diante dela. Não havia muito no aposento, além de uma TV, a porta de vidro para a varanda e uma bancada ao lado da mesa de refeições. O olhar de Ayumi pousou em um objeto sobre a bancada. Um porta-retratos de borda dourada, contendo uma foto em movimento. Mesmo já tento examinado-a diversas vezes, a foto ainda trazia lágrimas aos olhos azuis da japonesa. Pois nela, acenavam sorridentes, seus pais no dia de seu casamento.
A mãe da menina, Yasuki Dumbledore, tinha longos cabelos escuros, rosto pálido e fino e belos olhos cor-de-caramelo. Estava radiante, no vestido alvo e deslumbrante, com um cumprido véu sobre a cabeça. O pai, Charles Dumbledore, tinha um rosto magro, olhos azul-cintilantes que dizia ser herança de família e cabelos castanho-avermelhados. Estava muito elegante no terno negro e seus lábios finos se abriam em um largo sorriso.
Ayumi nunca conhecera os pais ou qualquer do lado paterno da família. Sabia apenas que seus pais haviam morrido em um acidente envolvendo Bruxos das Trevas revoltados após a queda final do Lord das Trevas, na segunda guerra. Tal Lord havia sido derrotado pelo famoso Harry Potter, hoje conhecido mundialmente como chefe da sessão de aurores. A família Dumbledore, família do pai de Ayumi, morava toda na Inglaterra, e por esse motivo a jovem nunca a conhecera. Ela fora criada pelos avós maternos, Yutaro e Kino Shirakawa, em Kyoto, no Japão, onde residia até então.
Pensou em tudo isso encarando os pais acenarem, muito alegres, naquela pequena moldura que parecia uma janela para seu passado desconhecido, mas foi interrompida por um farfalhar de asas e pelo som de uma ave pousando. Ayumi virou-se rapidamente para encontrar uma grande coruja parda empoleirada sobre a TV, com uma carta no bico. Ela apanhou a carta, curiosa, e reconheceu o símbolo da escola Hywasuki no selo que a fechava. Satisfeita, pensando que finalmente chegara sua lista da material, ela rasgou o lacre, sem nem mesmo ler o destinatário e conferiu o conteúdo:

[*] Caro Sr.Shirakawa,
Envio essa carta para informar que a transferência de sua neta, Ayumi Dumbledore, foi efetuada com sucesso. Os documentos e informações escolares da aluna foram transferidos para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts no dia 25 de Agosto e chegaram ao seu destino na madrugada passada.
Atenciosamente,
Minagari Shidori
Vice-Diretora.

[*] Carta traduzida diretamente do japonês.

Ayumi permaneceu fitando o pergaminho, perplexa. Seu cérebro demorou a captar o que diziam aquelas palavras. Transferência? O que ela queria dizer com aquilo? Ayumi leu e releu a carta para se assegurar de que entendera direito. Não havia duvidas. Seus avós andaram mesmo escondendo algo dela.
-Omedetou, Ayumi-chan.-a garota ouviu a voz de sua avó dizer atrás dela.
Ela virou-se rapidamente, o rosto corado de raiva. Sua avó, uma senhora de cabelos alvos e lisos, tinha um rosto severo. Seu avô, um homem alto e magro, quase sem cabelos no topo da cabeça, tinha uma expressão mais calma e neutra. Ambos sorriam quando entraram na sala, mas os sorrisos desapareceram ao ver a carta com o símbolo de Hywasuki nas mãos da neta.
-Ayumi...tenha calma, podemos explicar.-falou a Sra.Shirakawa, baixinho. Ela estava falando em inglês. E eram muito raras as vezes em que ela o fazia.
A família Shirakawa já morara na Inglaterra. E fora assim que Yasuki, mãe de Ayumi, conhecera Charles.
-O quê significa...?-a garota murmurou, também em inglês, meio sufocada de perguntas e revoltas.-Transferida??
-Sente-se, Ayumi.-o Sr.Shirakawa falou, calmamente.-Yuka, traga o café.
-Sim, Mestre Yutaru, Yuka já vai trazer.-a velha elfa domestica, que estivera espiando a cena curiosa, correu para a cozinha.
Com os lábios crispados, insatisfeita, Ayumi ajoelhou-se diante da mesa de refeições. Seus avós fizeram o mesmo. O Sr.Shirakawa parecia tranqüilo, mas sua esposa não parava de lançar olhares preocupados a neta.
-Então...?-a garota falou, em quase um rosnado.-O que significa essa carta? Eu estou sendo transferida para Hogwarts?
-Sim, nós pedimos sua transferência há três semanas atrás.-falou o Sr.Shirakawa, serenamente, sem se importar com o tom quase púrpura que o rosto na neta ganhara.-E parece que finalmente a transferência foi feita.
-E eu posso saber por que fizeram isso?-perguntou Ayumi, irritada.-Querem que eu me mude pra...pra onde quer que fique essa outra escola??
-Inglaterra, Ayumi, Hogwarts fica na Inglaterra, eu já lhe disse isso!-disse a Sra.Shirakawa, impaciente com o desleixo da jovem.
-E sim, você vai se mudar para a Inglaterra, morar com seus avós paternos.-informou o Sr.Shirakawa.
- O quê??-Ayumi gritou, incrédula.-É alguma brincadeira? É meu aniversário, não primeiro de abril!
-Não é brincadeira Ayumi e não grite.-falou o avô da menina.-Você vai para a Inglaterra e vai cursas seus próximos cinco anos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
A informação foi tão repentina que Ayumi ficou sem palavras. Abriu e fechou a boca várias vezes, antes de gritar novamente:
-O Senhor enlouqueceu? Eu vivi minha vida toda aqui, não posso simplesmente largar tudo o ir pra Inglaterra! Tenho amigos e...eu gosto da minha escola!
-Sei que vai ser difícil pra você, Ayumi, mas é necessário.-falou a Sra.Shirakawa, segurando a mão da garota.-Nós escondemos você tempo demais. Não tem mais como continuar.
-Do que a senhora está falando?-Ayumi franziu o cenho.
-Você vai saber no tempo certo. Obrigada, Yuka.- falou o Sr.Shirakawa, pegando uma xícara de café quente que a elfa domestica colocava sobre a mesinha.
-Isso é loucura!-repetiu Ayumi, ignorando a xícara de café que Yuka pusera diante dela.-Não podem me mandar pra Inglaterra sem ao menos me dizer por quê!
-Não podemos contar a você agora, seria errado.-falou a Sra.Shirakawa após um longo gole em sua xícara.-Mas você vai saber quando estiver preparada.
-Mas....-Ayumi começou, com a voz sufocada.
Coisas muito grosseiras passavam pela cabeça da japonesa, coisas que ela queria berrar aos avós, mas ela não o fez. Simplesmente soltou um bufo enraivecido e rumou, pisando forte, para seu quarto.






[*] Ayumi-chan,
O quê???? Eles não podem fazer isso!! Não podem te mandar pra Inglaterra! É muito longe!! E como você vai viver sem a gente??
Não é possível!!!! Alguém faça eles mudarem de idéia. Devem estar sendo controlados pela maldição Imperius!! Chame o Ministério da Magia, rápido, Ayumi-chan!!!

Dokuro-chan

P.S.: Happy Birthday, Ayumi-chan!!!!

[*] Carta traduzida diretamente do japonês.

Foi a carta que Ayumi recebeu, no final da tarde daquele mesmo dia. Assim que subiu para seu quarto, ela despachou uma coruja para as melhores amigas, contando tudo sobre o ocorrido. A resposta de Dokuro veio duas horas mais tarde, trazida por sua afobada coruja parda, Akai. A outra resposta de Yatari chegou quase na hora do almoço, trazida pela própria coruja dos Shirakawa, que havia entregado a carta:

[*] Ayumi-san,

Deve ter um motivo muito sério para seus avós quererem mandar você para a Inglaterra. Acho que você não deve ficar com raiva e sim tentar entender.
Sentiremos muito a sua falta em Hywasuki. Pensaremos em você todos os dias.
Volte nas férias de verão se puder, ok?
E à propósito: feliz aniversário.

Yatari.

[*] Carta traduzida diretamente do japonês.

Ayumi encarou os pergaminhos escritos às presas com certa irritação. Por mais afobada que estivesse Dokuro e por mais certa que estivesse Yatari, nenhuma delas oferecera uma solução para o problema de Ayumi.
Como a garota simplesmente deixaria o Japão e iria para uma terra completamente diferente, com costumes diferentes e uma língua diferente? Parecia tão estúpido e inviável que ela questionava se estaria sonhando.
Nesse momento, a porta do quarto da garota se abriu e Yuka, a elfa doméstica, entrou, hesitante.
-A senhorita Ayumi quer comer alguma coisa?-perguntou ela, com a voz fraquinha, parecendo um pouco insegura.
-Não, Yuka, não quero nada.-respondeu a garota, estirada em sua cama.
-Yuka não quer se intrometer nos assuntos da família dela...-começou a velha elfa.-Mas ela não pôde deixar de ouvir a conversa dos Senhores da Yuka com a Senhorita Ayumi.
Ayumi virou o rosto para encarar os olhos azul-elétrico da elfa. Ela torcia o vestidinho azul surrado que usava, nervosamente.
-Yuka só queria dizer uma coisa...-começou a elfa.-Yuka conheceu a Senhorita Yasuki, há muito tempo atrás....
-Minha mãe?-Ayumi sentou-se rapidamente na cama, olhando cheia de expectativa para a elfa. Seus avós nunca falavam muito de seus pais.
-Sim, a mãe da Senhorita Ayumi era uma moça muito bondosa e meiga.-falou Yuka.-Ela gostava de conversar com a Yuka por horas e horas...
Ayumi estava pendurada em cada palavra da elfa doméstica.
-A Senhorita Yasuki gostava muito da Inglaterra e foi muito feliz quando estava morando lá. Yuka sabe, porque Yuka foi também.-garantiu Yuka.-E eu tenho certeza que ela ia gostar muito se a Senhorita Ayumi conhecesse também a Inglaterra.
Ayumi não conseguiu evitar que um sorrisinho se formasse em seus lábios. Uma sensação morna se espalhou pelo seu corpo, enquanto ela imaginava sua mãe satisfeita com ela estar indo para a Inglaterra. Mas a alegria durou pouco e desapareceu completamente quando sua avó entrou no quarto.
-Ayumi, pode começar a fazer suas malas.-disse ela, séria.-Você vai para a Inglaterra com uma chave de portal e é melhor partir o mais rápido que puder.
Ayumi amarrou a cara com a forma de falar da avó.
-Certo, certo.-resmungou ela.
-Yuka vai com você também. Estará trabalhando na cozinha de Hogwarts, se precisar dela.-continuou a Sra.Shirakawa.-Agora aprece-se, estamos esperando você na sala.
Dizendo isso, ela deixou o quarto, ainda sem parecer muito feliz. Ayumi soltou um palavrão e levantou-se da cama. Caminhou de má vontade até o guarda-roupa e o abriu.
-A Senhorita Ayumi não deve se zangar com a Madame...-murmurou Yuka.-Ela só quer o bem da Senhorita...Ela sabe de coisas que ninguém mais sabe...
-Eu sei, Yuka, eu sei.-falou Ayumi, irritada.
-Yuka vai pra cozinha agora, se preparar pra ir pra Inglaterra.-e dizendo isso, a elfa saiu do quarto, deixando a japonesinha sozinha.
Ayumi ficou com cara de insatisfação por um bom tempo. Retirou as roupas do guarda-roupa e jogou-as desorganziadamente na mala lilás. Continuou resmungando irritada sobre a frieza dos avós, até encontrar algo que distraiu sua atenção. Era uma coleção de livrinhos de capa colorida, cujas folhas eram cinzentas como folhas de jornal. As capas eram diferentes, mas todos traziam os mesmos dizeres no topo “Shizune Dreamer”.
Esquecendo completamente o que estava fazendo, Ayumi se sentou no chão e começou a folhear os livrinhos. Tratavam-se, na verdade, de mangás, as revistas em quadrinho japonesas. Aquele era o mangá favorito de Ayumi: Shizune Dreamer, que tinha como personagem principal uma menina de longos cabelos cacheados, chamada Yamane Shizune (Shizune Yamane).
Ayumi parou de folhear na página em que Shizune teve que deixar seu lar em Suzari para ser guardiã na longínqua cidade de Kisitari. Ela continuava exibindo seu costumeiro sorriso e dizia: “Não vejo isso como um abandono da minha terra natal, mas sim como uma oportunidade para novas experiências.”. A jovem encarou a figura por alguns instantes e abriu um sorriso. Shizune tinha razão: Aqui era uma oportunidade para novas experiências. E mais adiante ela dizia à sua melhor amiga Minako: “Meus amigos estarão sempre comigo, em meu coração”.
Era tudo o que Ayumi precisava. Tomada de uma súbita força, ela continuou a fazer suas malas, não esquecendo de colocar a coleção de mangás de Shizune Dreamer em uma mala especial.

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Primeiro capítulo um pouco, porque eu percebi que sem história, não teria comentários.
Mas eu peço àqueles que leram, que por favor comentem e façam uma autora de baixa renda feliz!
A história de Ayumi está um pouco confusa, mas tudo em seu tempo ^^
Thanks pela atenção.
Mila Dumbledore

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