Quem levou as crianças?

Quem levou as crianças?



Emily levou um susto quando ouviu a campainha da porta àquela hora. Ela desceu as escadas correndo e espiou pela janela para ver quem era. Com um aperto no coração, ela abriu a porta.

_ Lune?! O que foi? Alguma novidade? Vão soltar a Charlotte?

_ Não, Emily. Temos mais problemas.

O tom que Lune falara fez a nuca de Emily gelar e ela esperou, prendendo a respiração, que a agente continuasse.

_ O Expresso de Hogwarts foi atacado. _ disse Lune de uma vez.

_ Atacado?! Por quem?! Como?! Os meus filhos? Eles estão bem?! E os meus sobrinhos?!

_ Todos sumiram.

O chão desapareceu debaixo dos pés de Emily e ela não conseguiu dizer mais nada.

_ Nós vamos encontra-los, Emily! Agora estamos mais perto do que nunca de descobrirmos a verdade.

_ Como assim?

_ Não percebe? Nossa principal suspeita não poderia ter feito isso.A Charlotte perdeu a noção dos dias e está isolada, não tinha como ter planejado ou mandado alguém atacar o trem.

_ É... é mesmo. _ murmurou Emily ainda chocada.

_ E eu descobri um meio de fazer Voldemort nos ajudar através de um relatório do St. Mungus. Preciso que vocês venham comigo.

_ Nós? _ perguntou Emily.

E Lune apontou para a escada onde Selene, de pijama, prestava atenção em cada palavra que elas diziam, abraçada ao seu dragãozinho.

_ Agora. _ acrescentou Lune.


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Apesar de já ser muito tarde, o Lord das Trevas não parecia nem um pouco incomodado com a visita de Selene. Os dois conversavam animadamente sobre os rabiscos que faziam.

_ Tem certeza que ele pode nos dizer alguma coisa que ajude? _ Emily tentou sussurrar o mais baixo possível, mas não foi o suficiente.

_ O que quere? _ perguntou ele virando para elas e estreitando os olhos.

As duas se entreolharam e Emily se encostou um pouco mais na parede perto da porta, onde permaneciam de pé apenas observando.

_ Precisamos da sua ajuda. _ disse Lune sem pestanejar.

Ele deu uma risada um tanto asmática e exagerada, demonstrando total escárnio para com elas:

_ Minha ajuda? Ajudar quem acabou comigo?

_ Ok, Charlotte precisa da sua ajuda. _ Continuou Lune determinada a não desistir fácil.

_ Ela é uma ingrata traidora! _ ele sibilou.

_ Só precisamos de uma informação. Alguém está reconstituindo seus passos até o poder.

_ Bom, _ ele sorriu desdenhosamente _ Como existem crianças querendo ser como Harry Potter, também devem existir crianças querendo ser Lord Voldemort. _ e ele não conseguiu esconder o seu orgulho ao afirmar isso.

_ Pois bem, descartamos a possibilidade de ser a Charlotte essa noite.

_ A Charlotte? _ ele deu uma gargalhada muito diferente da primeira _ Ela não tem mais coragem para fazer isso! Não, não mesmo... não é alguém conhecido.

_ Alguma idéia de quem seja? _ arriscou perguntar Emily.

_ Não. _ ele a olhou friamente _ Confiei apenas em uma pessoa e você foi a responsável por estragar tudo... a minha amiga Emily. _ resmungou ele com amargura _ Anos de trabalhos arruinados por que aquela traidorazinha arranjou uma amiga. _ ele respirou zangado e voltou para os seus desenhos.

Emily sentiu que havia estragado tudo, ele não falaria mais nada agora.

_ Fizeram minha mãe ficar doente _ disse Selene que até agora parecia concentrada no que fazia _ E levaram a Meggy e Gareth hoje.

Voldemort continuou como se não tivesse ouvido, mas depois de um tempo ele falou:

_ Ela é igual a mãe.

E não disse mais nada.


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Em seguida, Lune levou Emily e Selene para o Ministério, e logo na chegada foram recebidas por Fred. Lê parecia derrotado, assim como Emily, quando recebeu a notícia do ataque do trem.

_ Nós temos... _ mas ele foi impedido de completar a informação por Selene, que arremeçou-se em seus joelhos _ Selene? O que faz aqui? _ ele a pegou no colo _ Emily, as crianças, elas foram...

_ Eu sei, Fred. Por isso estou aqui.

_ Temos os professores que estavam no trem. Estão prestando depoimentos no departamento dos aurors. Seu chefe está lá e exige a sua presença.

Os quatro (Fred não conseguiu soltar Selene do seu pescoço) seguiram para onde estavam reunidas as testemunhas. Mas no mesmo instante em que saíram do elevador um grupo de WIBs os barraram.

_ Fred Weasley _ disse o primeiro deles _ O senhor está detido pela Força WIB até segunda ordem. Por favor nos acompanhe sem reagir.

_ Eu... o quê? _ Fred perguntou apertando mais a filha.

_ Por favor, nos acompanhe. _ repetiu o agente.

_ Sob que acusação? _ perguntou Lune sem entender o que se passava.

_ Ele foi a única pessoa que não era aluno ou professor de Hogwarts que embarcou no Expresso hoje. E ele também foi reconhecido por alguns professores.

_ Não pode ser! _ disse Emily _ O Fred estava comigo na estação! Ele deixou as crianças lá e voltou para o Ministério! E, Por Merlin! Por que ele seqüestraria os próprios filhos?!

_ É isso que queremos descobrir, senhora. _ disse o agente friamente _ Pegue a criança por favor.

_ Não! _ disse a menina.

_ Selene, por favor, fique com a tia Emily, o papai só vai conversar e já volta, ok?

_ Não! Vão levar embora! Igual a mamãe! Levaram a Meggy e o Gareth também! Até o Gregory e o Malthus levaram! Não vou deixar te levarem, pai!

Com um aceno rápido de varinha, o agente fez os braçinhos de Selene se soltarem do pai e a fez levitar até que Emily a pegasse. E vendo que não tinha outra maneira de conseguir o que queria, ela começou a chorar:

_ Não! Não é o meu pai! Eu sei que não é! Ele é mau! Não é o meu pai!

Mas os agentes não prestavam a menor atenção no que a menina falava entre os soluços. Eles materializaram uma algema nos pulsos de Fred e o levaram, sem dizer mais nada.

_ Lune. _ Emily chamou com a voz fraca a agente que permanecia imóvel, processando o que seus companheiros acabaram de fazer _ Não tem como ser...

_ Tia Emily! _ Selene, fungando, pegou o rosto da tia fazendo com que ela a olhasse diretamente _ Não é meu pai! Parece ele, mas não é! Ele olha mau para gente!

E pela segunda vez Emily sentiu que o chão faltava,mas só que agora era com se tudo desaparecesse em um flash de luz. E o que Selene falava ganhou um sentido totalmente novo.

_ Lune! Não é o Fred! É o Jorge!

_ O irmão dele?

_ Irmão gêmeo dele! Ele está trabalhando aqui no Departamento dos Mistérios!

Lune ficou em silêncio, pensando no que Emily falara e buscando encaixar essa nova informação em suas investigações.

_ Temos que falar com o Chefe WIB! _ exclamou ela por fim.


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Enquanto Lune Tentava transmitir a nova denúncia para o Chefe WIB, Emily e Selene tiveram que ficar aguardando na sala em que funcionava mais ou menos como uma recepção provisórias para os WIBs, e que naquele momento abrigava as testemunhas do ataque ao Expresso de Hogwarts. Assim, Emily conseguiu algumas informações mais detalhadas sobre o que tinha acontecido.

Aparentemente, alguém acionou os freios de emergência para parar o trem e em seguida desligou as luzes. O tumulto foi geral e ninguém entendia o que estava acontecendo. Os professores que também usavam o Expresso para as suas férias de natal tentavam conter os alunos que passavam e repassavam informações falsas do que ou o quem estavam atacando. Se bem que ninguém atacou realmente. Quando tudo conseguiu ser normalizado, eles passaram pelas cabines para ver se estavam todos bem e foi quando deram pela falta de quatro alunos. Não havia nenhum vestígio que pudesse indicar o como e o porque eles haviam desaparecido. Depois de um tempo alguns começaram a lembrar de terem visto um grupo passar apressado pelas outras cabines, e na frente, os conduzindo, ia um homem. A menina foi parada por uma professora que a advertiu para que ficassem todos em seus lugares, mas ela falou que não tinha problema, que aquele era o seu pai.

Depois de terem certeza de que conseguira toda a informação possível, Emily voltou a sentar do lado de Selene, que mantinha o olhar fixo em seus joelhos e apertava o seu dragão em um forte abraço.

_ Não se preocupe, Selene. _ disse ela para tentar animar a menina _ Fui tudo um engano e já vão trazer seu pai de volta.

_ Minha mãe também ia voltar... _ resmungou ela.

_ Mas agora os dois vão voltar! Já sabemos quem está fazendo essas coisas ruins. E vamos achar seus irmãos e seus primos também você via ver.

Emily sentiu mais uma vez seu coração apertar quando disse isso e não conseguiu falar mais nada. Onde estariam Gregory e Malthus agora?

_ Emily! _ Lune saiu da sala do Chefe WIB, e parecia furiosa.

_ Então? _ Emily levantou-se em um pulo.

_ Ele diz que não temos provas e estamos sendo incoerentes!

_ Como assim incoerentes? _ várias cabeças viraram na direção delas e Emily procurou falar o suficientemente baixo para que só Lune ouvisse _ Eu vi ele aqui, no Ministério! Ele pediu para que eu não falasse para ninguém! Ele foi um dos motivos para eu ter me... ter me separado de Draco! É só mandar alguém ir chamá-lo no departamento dos Mistérios, ele é um inominável!

_ Não, Emily. _ Lune cruzou os braços e continuou, olhando em volta com uma expressão ameaçadora para os curiosos que apuravam os ouvidos para conseguir captar alguma coisa _ Ele não trabalha aqui no Ministério e não temos registros dele aqui nos últimos meses. Atualmente Jorge Weasley está na Bulgária e o Chefe WIB pessoalmente o chamou à lareira, e ele respondeu ao chamado! Ele está na Bulgária, Emily!

_ Não pode ser! Eu almocei com ele, nós conversamos sobre como estava a família dele!

Agora todos da sala estavam abertamente prestando atenção nas duas. Lune, mais furiosa ainda, puxou Emily até um canto afastado, onde ninguém poderia ouvir mais do que sussurros.

_ Tem certeza de que era realmente o Jorge?

_ Está querendo perguntar se não era o Fred? Claro que não! Lune, nós convivemos juntos todos esses anos! Acha que logo eu não seria capaz de perceber que ele era uma pessoa que eu conhecia há anos?!

Lune suspirou cansada e admitiu:

_ Fred esteve todo o tempo conosco desde que começamos as investigações... Há possibilidades de estarem usando poção Polissuco. Mas quem faria isso?

_ O que vamos fazer? _ perguntou Emily lançando um olhar para Selene que conversava com uma das professoras que havia prestado depoimento.

_ É duro admitir isso, mas precisamos de uma ajuda que eu recusei desde o começo.

_ Que ajuda?

_ Precisamos da Charlotte.

_ Mas ela está dopada! Não vai nem nos reconhecer.

_ Ela não está mais. Os curandeiros se recusaram a continuar dando as dosagens exigidas pelo departamento WIB.

_ Recusaram?

_ Não sei dos detalhes, mas o fato é que ela está normal e tentando desesperadamente fugir. Temos que tira-la de lá!

_ E como exatamente vamos fazer isso?

_ Tenho uma autorização oficial que permite a minha entrada para uma eventual interrogação a qualquer hora.

_ Mas é uma autorização para entrar e não sair.

_ As nossas investigações oficiais não nos levaram além do que tínhamos quando detemos a Charlotte e, se ninguém quer se arriscar a fazer algo sem autorização, eu me arrisco! Já fiz coisas bem piores do que desafiar meus superiores! Vamos para o hospital!

_ Mas, e a Selene? _ Emily perguntou olhando para a menina que estava mostrando o seu dragão para uma moça com mechas rosas no cabelo.

_ Podemos deixá-la aqui.

_ Aqui? Sozinha? _ espantou-se Emily.

_ Sim. Emily, aqui é o departamento WIB, está cheio de WIBs. E, além do mais, ela é comportada. Se nós pedirmos ela vai ficar sentadinha ali até voltarmos, o que não vão demorar muito se usarmos as lareiras do hall.

Emily pensou e acabou concordando;

_ Certo. Vou falar com ela.

Ela seguiu até onde Selene estava sentada e se abaixou-se para ficar do tamanho dela:

_ Selene, nós vamos precisar ir falar com a sua mãe agora. Você ficaria aqui quietinha até a tia Emily voltar?

A menina balançou em sinal afirmativo o rostinho sardento e perguntou baixinho:

_ Vão trazer a minha mãe?

_ Eu... vamos tentar querida. Mas você tem que me prometer que não vai sair dessa cadeira, ok?

_ Nem para beber água?

_ Beber água pode, mas volte rapidinho.

_ Ok... e ir no banheiro rapidinho também?

_ Também. _ Emily riu.

Ela afirmou mais uma vez com a cabeça e Emily lhe deu um beijo na testa antes de sair junto com Lune em direção ao elevador.


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Os curandeiros não esconderam as suas insatisfações com a prisioneira que eram obrigados a manter pelo ministério. Além das tentativas de fuga, Charlotte tinha azarado a maioria dos que haviam tentado sugerir que ela esperasse pacientemente até que o Ministério tomasse alguma decisão e que já era muito eles terem parado de lhe dar as poções. E não foi de bom humor que ela recebeu Lune e Emily:

_ Se pensam que vão me convencer a não fugir daqui, estão redondamente enganadas!

_ Charlotte, calma. _ pediu Emily, falando baixo por precaução, depois que Lune fechou a porta _ Vamos tirar você daqui!

Charlotte abriu a boca para rebater com uma resposta ofensiva, mas parou a meio caminho:

_ ... vão?

_ Escuta. _ disse Lune _ Alguém levou os seus filhos e os da Emily.

_ Levou? Como assim?

_ Do expresso de Hogwarts, foram seqüestrados. Testemunhas acusaram o seu marido e ele foi preso.

_ Preso? O Fred? Como assim? O que está acontecendo lá fora?! Onde está a Selene?!

_ Ela está segura no Ministério. _ disse Emily rápido para acalmar a amiga.

_ Mas porque Fred faria isso? _ perguntou Charlotte perplexa.

_ Não foi ele. _ disse Emily _ Foi o Jorge!

_ O Jorge? Por Merlin! Vocês deveriam estar aqui dentro! Expliquem direito.

_ As testemunhas reconheceram o Fred, mas ele esteve esses tempo todo trabalhando no Ministério junto com os WIBs. Sabemos disso, mas devemos mantê-lo retido até...

_ Encontrarem a pessoa certa. _ Charlotte interrompeu Lune _ Foi o que disseram quando me prenderam aqui, não foi?

_ Emily, _ continuou Lune fingindo que não tinha escutado _ disse que falou com Jorge. Mas ele está na Bulgária.

_ Eu o vi! _ defendeu-se Emily _ Ele me pediu par anão contar nada para ninguém. Estava trabalhando no Ministério, ajeitando a sua vida e no momento certo ele iria procurar a família.

_ Ele estava trabalhando no Ministério? _ perguntou Charlotte _ Como que Fred nunca ficou sabendo disso?

_ Ele era um Inominável.

_ Ele não pode ser um Inominável. _ afirmou Charlotte _ Ele tentou uma vez, há anos, mas foi recusado. Não é qualquer um que pode entrar no departamento dos Mistérios. O bruxo precisa estar envolvido com algo que... que... que é misterioso para o departamento de Mistérios, entendeu? Eu sabia os segredos de Voldemort, ele só queria entrar lá.

_ Aí está o nosso problema, Charlotte. Se não foi seu marido, nem o irmão dele, quem era aquele no trem?

_ Ah, sim eu vou saber! _ respondeu ela furiosa _ Estou trancada aqui sendo informada diariamente sobre tudo o que acontece além hospital!

Lune respirou fundo e continuou sem pestanejar:

_ Sua filha disse que estava tudo bem, que ele era o pai dela.

_ Maldição Imperius. _ sugeriu Charlotte.

_ Uma pessoa sozinha não conseguiria manter quatro maldições, mesmo sendo em crianças. _ disse Lune. _ Desconfiamos de Poção Polissuco, mas só desconfianças não levam a nada.

_ Sério? _ perguntou Charlotte ironicamente. _ Foi por isso que resolveu vir aqui me libertar?

_ Não será bem uma libertação. _ informou Emily _ Vamos ajuda-la a fugir.

_ A porta está aberta e os feitiços foram removidos por que sabem que não há necessidades deles enquanto eu estiver aqui.

Charlotte revirou os olhos e Lune deu um meio sorriso, continuando:

_ Você deve nos estuporar, sair do hospital e sumir. Vá para um lugar onde ninguém a ache facilmente e comece a investigar. Tente nos avisar quais serão seus próximos passos. Enquanto isso, estaremos buscando apoio e tentando resolver as coisas legalmente. Tome.

Lune tirou das vestes a varinha de Charlotte que ela retirara das seção de confiscados do departamento Auror.

_ Sei, eu ficou com o trabalho sujo. _ riu-se Charlotte _ Desde os tempos de escola eu não recebo uma tarefa assim.

_ Vou contar até três, ok? Um, dois...

_ ESTUPEFAÇA!

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