Surpresas



Acordou com sua Tia Petúnia esmurrando a porta ao mesmo tempo em que o despertador tocava.

- Já vou. Já vou! – gritou Harry e sua tia saiu. Harry sentou-se na cama e começou a pensar no sonho que tivera. Ele estava ao centro de uma sala circular. As luzes eram estranhas, eram verdes, onde ele estava? De repente, ele sentiu uma dor horrível em sua cabeça, mais precisamente em sua cicatriz. A dor era tão horrível que ele não agüentou, foi ao chão quase desmaiado. Só teve tempo de ver que alguém se aproximava dele. Ele conseguia somente ver os olhos. Eram azuis. E então ele desmaiava.


Ele resolveu então escrever para Dumbledore contando o seu sonho. Quem sabe poderia ser algo importante. Afinal, suas aulas de Oclumencia não haviam dado muito certo. Tudo por causa da sua curiosidade. Por que ele não se controlou? Teria sido tudo muito mais fácil! Nada daquilo teria acontecido. Sirius não teria morrido...

Ele decidiu parar de pensar naquilo, caso contrário não conseguiria concentrar-se em mais nada...

Na realidade, ele ainda não acreditava que Sirius havia morrido. A todo o momento ele pegava aquele pequeno espelho e fazia mais uma tentativa frustrada de falar com seu padrinho.

Não, ele não queria mais pensar nisso. Queria esquecer tudo o que havia acontecido...

-Anda logo, moleque! – disse tia Petúnia – Só falta você levantar. Não podemos esperar muito, afinal temos que sair.

-Já vou! – disse Harry irritado – Eu já disse que já vou!
Harry saiu do quarto e dirigiu-se ao banheiro a fim de fazer a higiene matinal. Quando desceu finalmente, ele encontrou sua família esperando-o para poderem tomar café.


Isso tudo era muito estranho. Eles eram sua família, mas ele não sentia como se fossem. Durante 14 anos eles o trataram mal, mas agora, por causa de uma ameaça, tratavam-no como um verdadeiro membro da família. E pensar que ele realmente quase teve uma família...

Ele então se sentou à mesa e todos começaram a comer. Quando estavam no meio da refeição, ninguém havia falado nada. Como seus tios iam sair, Harry resolveu falar o que tinha a falar logo de uma vez.

- Tio Valter, hoje os Weasley viram me buscar para me levarem a casa deles. – Harry lançou um olhar ao tio – Algum problema?

- Desde que aqueles anormais não usem a minha lareira, eu não vejo problema algum. – respondeu tio Valter com a boca cheia de bacon

- Ótimo! – disse Harry num tom seco – Eles virão às 17. Vocês acham que já estarão em casa a essa hora?


Valter e Petúnia trocaram olhares antes de responder a Harry. Até que o seu tio Valter resolveu responder.

- Não, nós só voltaremos para o jantar. – e olhando incisivamente pra Harry disse – Espero que, quando voltarmos, a casa esteja do mesmo jeito em que a deixamos.

- Não precisa se preocupar – disse Harry – quem está ficando em casa sozinho sou eu, não o Dudley.

Dudley não disse nada, nem sequer levantou a cabeça para olhar Harry. Harry achou isso realmente muito estranho. O seu antigo primo teria, no mínimo, lançado olhares raivosos em sua direção, mas nem isso Dudley fez. O que estaria acontecendo com ele?


- Acontece, moleque – disse tio Valter – que Dudley vai ficar aqui com você. Ele não está muito disposto para sair. – ao dizer isso tio Valter e tia Petúnia lançaram iguais olhares de pena para seu filho. E dirigindo-se a Harry – Escute aqui moleque, se eu souber que você fez qualquer coisa com o meu filho não vai ser meia dúzia de anormais como você que vão me parar, entendeu?


Harry limitou-se a concordar com a cabeça. Já que Dudley ficaria na casa com ele, ele daria um jeito de conversar com o seu primo.




Depois de algum tempo, os Dursley saíram deixando diversas recomendações. Harry pensou consigo mesmo: Eu acho que nem Hagrid deixaria tantas recomendações pra quem fosse cuidar de Grawp...




Logo depois que os Dursley saíram, Harry resolveu arrumar suas coisas, afinal, os Weasley passariam por lá às 17:00 horas. Quando terminou de arrumar tudo, ele resolveu conversar com seu primo, Dudley. Bateu na porta do quarto dele, mas não obteve resposta. Resolveu tentar a porta, estava destrancada, ele então entrou. O quarto estava impecavelmente arrumado, a não ser por um papel dobrado em cima da escrivaninha. Nele estava escrito: “Mãe”.



Harry logo ficou curioso para saber o que Dudley diria apara sua mãe por meio de um bilhete e não pelo celular. Logo uma hipótese passou pela sua cabeça. Suicídio. Harry desceu as escadas desabalado. Ele não queria acreditar, mas com toda aquela depressão do seu primo, era uma hipótese bem plausível. Quando ele chegou ao vestíbulo, ele não sabia o que fazer. Se ele quisesse suicidar-se, o que ele faria? Na certa, uma poção ou um feitiço. Mas, se ele fosse trouxa? O que fazer? Ele leu alguns romances policiais, mas eram tantas formas descritas ali, que ele não soube qual delas escolheu para ver se estava acontecendo.

Então ele sentiu um cheiro estranho chegando até ele. O que seria? Vinha da cozinha. A mente dele deu um estalo. Era gás! Dudley iria se matar aspirando gás! Correu desabalado em direção à cozinha. Ao chegar lá, ele viu Dudley abaixado perto do fogão. A cabeça dele estava dentro do forno. Apesar de não saber o que fazer, Harry tirou seu primo de dentro do forno e desligou o gás. Logo em seguida ele abriu as janelas para poder ventilar a cozinha.


O quê mais ele faria? Quando começou a pensar em algo para fazer, viu que a ventilação do pulmão do seu primo estava voltando ao normal. Ele nada poderia fazer, a não ser esperar.






Assim que Dudley recobrou a consciência, a primeira coisa que viu foi seu primo, Harry, sentado em uma cadeira bem na sua frente. Então ele percebeu, não havia morrido. Resolveu procurar quem seria o culpado por isso. Já que não poderiam ser os seus pais, já que não estavam em casa. Finalmente, chegou à conclusão que o responsável por ele continuar vivendo aquela vidinha medíocre, era Harry. Ele, então, tirou forças sabe-se de onde, devido ao estado em que se encontrava, e pulou no pescoço de Harry.

Harry, que obviamente não esperava essa reação do primo debilitado, tombou para trás, junto de sua cadeira e do copo que segurava, com Dudley a sufoca-lo. Afinal, Dudley ainda tinha força, e segurava seu pescoço com ambas as mãos.



- SEU BRUXO IDIOTA! – berrava Dudley enquanto apertava o pescoço de Harry – SEU DESGRAÇADO! COMO VOCÊ ACHA QUE TEM O DIREITO DE ACABAR COM A MINHA FELICIDADE?


Harry, que apesar de estar sendo sufocado não perdia o raciocínio, levantou sua mão que ainda segurava o copo e quebrou-o na cabeça de Dudley. Com essa reação de Harry, Dudley obviamente soltou-o. Afinal, mesmo no calor do momento, não haveria como deixar de sentir um copo sendo quebrado na sua cabeça.



Então, Dudley saiu de cima de Harry e se encolheu perto da parede com sua cabeça entre os joelhos. Assim que se recobrou do susto, Harry resolveu conversar com o primo.


- Dudley? – Harry chamou – Dudley, você está ouvindo? – Dudley levantou a cabeça e fez um sinal afirmativo. Harry engoliu em seco e continuou. Não era uma tarefa fácil para ele, afinal ele nunca havia feito ou falado sobre isso com ninguém.


Os olhos de Dudley estavam vermelhos, mas não havia sinal de lágrimas. Talvez fosse ainda o efeito do gás de dentro do forno. O olhar que Dudley lançou a ele era um misto de raiva e, talvez, algo como um agradecimento. Ele resolveu então perguntar o que queria desde que o viu agachado em frente ao fogão.


- Dudley – perguntou Harry um tanto aflito e receoso – por que você fez isso?

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