Lembranças






Um véu preto, um duelo de bruxos, um bruxo de cabelos negros e um trejeito de sorriso nos lábios caindo dentro do mesmo. E um grito:



-SIRIUS!!!!!!!! – gritava um garoto empapuçado de suor em sua cama no seu pequeno quarto em Surrey.- Eu não sei mais quanto tempo agüentarei. – Arfou ele e dirigiu-se à janela.




Harry Potter estava novamente na casa de seus tios em Little Whinging. Apesar de estar lá há somente duas semanas, já não agüentava mais ficar longe de seus amigos. Seu quinto ano havia sido muito atribulado, não somente pelos NOM’s o que era de se esperar de um aluno de Hogwarts em seu quinto ano. Mas também pelo perigo iminente que Voldemort começava a demonstrar para todos os bruxos. Também por ter descoberto que sua vizinha com a casa cheia de gatos, era um aborto (um filho de bruxos que não tem poderes mágicos). Por ter descoberto que Percy Weasley era muito mais ambicioso do que aparentava ser. Por ter descoberto uma Profecia que revelava o destino da vida miserável que ele vinha levando até agora. Por ter descoberto que seu pai não era tudo que ele imaginava ser. E também porque seu melhor amigo, a pessoa mais perto de uma família que ele tinha havia morrido, seu padrinho Sirius Black.

Após passar 12 anos preso em Azkaban, a prisão dos bruxos, Sirius conseguiu libertar-se. Mas tinha de viver foragido, pois havia sido condenado por um crime que não cometera: matar James e Lily Potter. Desta vez, Sirius estava perto de se libertar. Lord Voldemort ressurgiu com força total, e até o cego do Fudge havia percebido aquilo. Demoraria pouco pra ele perceber que Pettigrew estava vivo. Mas, quando estava tão perto de conseguir o que tanto almejava, sua prima, Bellatrix Lestrange o assassinou. Ah, se ele pudesse por as mãos nela, ele a mataria do mesmo jeito que ela matara Sirius.

Mas agora não era tempo de pensar nisso. Ele deveria pensar em alguma forma de se proteger, de proteger seus amigos. De proteger aqueles com quem ele se importava.
Apesar de estar sendo muito bem tratado por seus tios nesse verão, Harry queria que tudo voltasse como era antes. Que Sirius não houvesse morrido. Que ele ainda não soubesse da maldita profecia. Que ele ainda achasse estar apaixonado por Cho.


Realmente, naquele ano anterior muitas coisas haviam acontecido.

Então, Harry foi até a cozinha beber um pouco de água para tentar se acalmar um pouco e ver se conseguiria voltar a dormir. Enquanto descia as escadas, ele encontrou seu primo, Dudley, sentado à mesa, com olheiras embaixo dos olhos, com um copo de leite em sua mão. Depois de ter sido atacado por um Dementador, Dudley ficou muito abatido, pensando que não podia sempre vencer tudo e todos. Com isso, deixou de comer compulsivamente, comendo só o necessário. Perdeu muito peso, seus pais haviam inclusive marcado uma cirurgia para tirar o excesso de pele que virou Dudley.

Assim que Harry viu seu primo, pensou em voltar. Não que seu primo estivesse pensando em desafia-lo ou coisa do gênero. Pelo contrário, ele estava definhando. Não tinha forças para isso. Mas Harry não queria conversas no momento e estava certo que seu primo iria perguntar o que ele estava fazendo de pé àquela hora da madrugada.



- Não precisa sair Harry. – disse Dudley levantando a cabeça – Eu não vou incomodá-lo com perguntas.


Harry sentiu-se grato pela ação do primo, mas preferiu não falar nada, só acenou com a cabeça. Olhando novamente para Dudley, Harry pôde ver quão abatido e depressivo ele estava. No começo, achou que era exagero de seus tios. Mas agora pôde que o que eles diziam estar acontecendo com seu “filhinho” era verdade. Vendo Dudley daquele jeito, Harry não pôde deixar de sentir um pouco de pena de seu primo. Apesar disso, não conversou muito com Dudley, preferiu tomar sua água e voltar para cama.


Assim que Harry chegou ao quarto, viu uma coruja batendo insistentemente em sua janela e se perguntou há quanto tempo ela estava lá. Abrindo a janela, Harry deixou a coruja entrar e depositar as três cartas que escrevia encima da cama. Devido ao cansaço no qual ela se encontrava, Harry colocou-a no poleiro vazio de Hedwig. Sua amiga havia saído há três dias, mas não havia retornado, o que deixava Harry cada vez mais triste. Apesar disso, ele dirigiu-se a sua cama e pôs-se a ler as cartas. A primeira era de Arthur Weasley e dizia:



“Harry


Como vai? É essa a pergunta que nós, os membros da Ordem, temos feito uns aos outros. Combinamos que você mandaria notícias a cada três dias. A última notícia sua que recebemos, foi há cinco dias! Espero sua resposta logo. O mais breve possível, ou do contrário, todos nós iremos à sua casa ver se está bem.


Atenciosamente,
Arthur Weasley”




Harry bateu com a mão em sua testa. Havia esquecido completamente de mandar notícias suas para a Ordem. No fim do seu ano letivo, os membros da Ordem haviam ameaçado seus tios. Caso eles não cuidassem bem de Harry, eles seriam notificados e iriam fazer os Dursley pagar. Harry decidiu então que escreveria para eles assim que terminasse de ler as outras cartas. A próxima era de Ginny.



“Harry,


Tudo bem com você? Eu sinceramente espero que sim! Escrevo essa carta em meu nome, mas ela realmente é de todos nós, Weasleys. Estou escrevendo para perguntar se você gostaria de passar suas férias na Toca. Já falamos com Dumbledore, afinal ele vem muito aqui saber como estamos, já que as reuniões se dão aqui e em Grimmauld Place. Caso você queira vir, mande logo sua resposta por Wind. De qualquer forma, passaremos aí às 17 horas. Espero que esteja pronto, caso venha.


Ah, Hermione já está aqui também.


Afetuosamente,
Ginny Weasley.”




Harry havia esperado por esse convite desde que saiu do Expresso. Achava mais possível que fosse para Grimmauld Place, a antiga casa de Sirius. Mas achava que não conseguiria ficar lá por muito tempo. A casa traria muitas lembranças que ele não queria agora. Então pegou a terceira carta. Era de Lupin.



“Harry,


Escrevo essa para saber como você está. Não como um membro da Ordem, mas como um amigo que se preocupa. Desde que você chegou, você não me mandou uma carta sequer. Nem um bilhete. Sei que você ainda está muito transtornado com tudo o que aconteceu. Mas nada foi culpa sua. Espero que você entenda.


Sinceramente,
Remus J. Lupin”




Harry se sentiu mal quando leu a última carta. Realmente, não havia dado notícias a Lupin. A verdade é que ele não queria contato com aquele que esteve muito próximo de Sirius. O último dos Marotos. Harry então respondeu todas as cartas e acordou Wind, que pareceu bem mais disposta depois do descanso.

Então finalmente pôde dormir direito.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.