Questão de escolha



Após vários minutos virando corredores e centenas de lágrimas descendo pelo seu rosto, Hermione finalmente chegou à sala comunal. Jogou sua bolsa no chão e sentou-se em uma poltrona abraçada com os próprios joelhos.

Gina descia a escada irritada – não havia encontrado seu livro de Transfiguração – foi quando viu Hermione sozinha entre lágrimas.

- O que houve Mione?

Hermione levantou sua cabeça e ao ver a dona da voz começou a enxugar suas lágrimas. Gina percebeu que seus olhos estavam terrivelmente vermelhos.

- Não aconteceu nada Gina - disse Hermione querendo dispensar comentários, mas acabou fazendo com que seus olhos se marejassem ainda mais.

- Se não tivesse acontecido nada você estaria assim? – Gina aproximou-se e ajoelhou-se na sua frente – Sou sua amiga e mereço saber o que houve. Anda... Deixa eu te ajudar.

- Só queria que fosse fácil. – lamentou-se dando um suspiro

- Pelo seu estado só poderia ser por Harry.

O som daquele nome fez Hermione se levantar da poltrona e ficar andando de um lado para o outro da sala. Era como se centenas de impulsos elétricos quisessem explodir em seu cérebro.

- Não repita esse nome - disse Hermione ainda andando e fazendo um movimento impaciente com os braços.

- Ele te fez alguma coisa?

- Você nem imagina... - disse Hermione parando de andar, mas dessa vez com a cabeça baixa, reunindo todas as forças para não chorar.

Gina se levantou do chão e ficou de frente pra amiga.

- Conte-me o que aconteceu.

De repente Hermione sentiu um aperto no pescoço e toda história foi narrada entre lágrimas teimosas.


Três semanas depois


As chamas da lareira refletiam em seus olhos, enquanto seus pensamentos estavam em qualquer lugar, menos naquela sala. Só bastou uma semana e já estava espalhado por toda a escola sobre o terrível rompimento da amizade de Harry Potter e Hermione Granger. Malfoy não perdia a oportunidade de fazer piadas maldosas a eles quando os encontravam pelos corredores.

- ai cicatriz? Descobriu que não se deve confiar em sangues ruins? – Harry o pegou pela gola da camiseta

- e alguém deveria confiar em você? – o soltou, ignorando o próximo comentário de Draco, indo embora.

--

- não deveria andar com a falsa da Granger, Weasley.

- não que seja da sua conta não é mesmo?

- só estou querendo te proteger desse tipo - Gina quase avançou para cima dele se Hermione não tivesse a segurado.

- proteja-se de si mesmo Malfoy – disse Hermione, antes de puxar Gina para sair daquele lugar antes que todo seu nervosismo fosse descontado nele.


O tempo parecia passar muito mais rápido, achava que até ele estava provocando a distância, mas não era sua culpa ou era?

Remexeu-se na poltrona ao ver um vulto passar ao seu lado. Rony olhou para ele como se aguardasse ser feito algo, mas para seu desapontamento, Harry apenas mexeu seus lábios.

“Não me importo”

Rony deu de ombros e tornou a fazer sua tarefa. Harry, ao contrário, lançou um olhar furtivo para o seu lado onde ela e Gina conversavam. Por um momento pensou que tinha atraído o seu olhar, se xingou mentalmente por ter sido uma ilusão.

Hermione subiu as escadas do dormitório, enquanto Gina vinha em sua direção. Harry voltou seu olhar para lareira e suspirou.

- Você podia voltar atrás – disse ela se acomodando em uma poltrona próxima à dele.

- Estou longe de querer voltar atrás – respondeu Harry ainda com os olhos na lareira, aquilo certamente estava mais atraente do que iniciar uma conversa com Gina, esta se levantou da poltrona.

- Então por que sua cara mostra o contrário? – ela cruzou os braços e esperou pacientemente por uma resposta.

Harry olhou para Rony confuso que tinha o olhar astuto. Onde estava a certeza de que não tinha feito nada errado? Ou seja, todos tinham, pelo ao que parecia se voltando contra ele. Era muita pressão.

- Seria melhor não falarmos nisso.

- É incrível como você só quer piorar a situação. – disse Gina com simplicidade. Harry mostrou sua irritação.

- Não me acuse Gina – Harry também se levantou da poltrona – Você fala como se fosse o único culpado.

- Uma grande parte é, e você sabe disso. – Gina voltou a se sentar.

- Sinceramente preferia que Hermione nunca tivesse se apaixonado por mim. – Harry se jogou de volta na poltrona. Rony tossiu. Gina apenas franziu as sobrancelhas

- Então acha que é realmente um erro Hermione amar você? - perguntou Gina elevando um pouco a voz.

- Se ela me ama o problema não é meu - Harry brincava com uma linha descosturada da poltrona, aquilo particularmente estava mais divertido do que falar sobre aquele assunto – e não seria um erro, seria mais uma tolice dela.

Gina não suportou a abstinência de Harry. Não havia mais paciência, não para ela. Estava mesmo prestes a explodir, graças à teimosia dele. Harry só aguardava a resposta quieto ainda brincando com a linha. Alguém precisava dar uma lição nele, pensou Gina cada vez mais indignada.

- Tolice é ver você dizendo isso, não é assim Harry, não mesmo. – Gina apontou o dedo para ele - Está sendo pontecialmente patético.

Instantaneamente Harry parou de mexer na sua atração preferida e voltou sua atenção para Gina com a testa franzida.

-Eu? Patético? - perguntou Harry, surpreendido, com um dedo no peito – Você não sabe as milhões de vezes que penso antes de dizer algo para ela, principalmente se for uma acusação?

- O que você está querendo dizer? Que todas as suas palavras foram com fundamento? - perguntou Gina com a voz alterada

- Será que vocês podem brigar baixo? – perguntou Rony também com a voz alterada

- Vai dormir Rony – Harry respondeu irritado

- Cala a boca Ronald e chispa daqui – disse Gina antes que Rony respondesse a Harry

Rony fuzilou a irmã com o olhar, recolheu todo o material e subiu as escadas do dormitório resmungando. Gina se voltou para Harry quando viu o irmão sumir.

- Continuando...

- O que eu quero dizer Gina, é que não falo as coisas para ela sem antes ter certeza.

- E ainda assim acha que está certo do que esta dizendo?

- Não sou idiota, se é isso que quer saber.

- Deixe-me esclarecer uma coisa Harry... – Gina sentou-se mais na ponta da poltrona, tentando reunir toda a paciência que possuía - Amor não se aceita não se deseja, ele surge. Só Merlin sabe o quanto essa pessoa sofre quando é recusada e além do mais, acusada.

- Descobriu isso sozinha? – perguntou Harry sarcástico – Ou foi por que você teve a mesma experiência? – Harry sorriu maroto, Gina fez uma careta

- Não me lembre disso. – Gina fez uma careta, lembrou-se do que sentia por Malfoy, mas tudo que conseguia era trocar ofensas com ele – Estou querendo te informar que se você possui olhos e alguma sensibilidade vai reparar isso na Hermione.

- Gina, sou o cara mais sensível da escola e se você não percebe uso óculos para enxergar – zombou, Harry desfez o sorriso – e também não tem jeito, ela não me deixa ficar a menos de três metros dela.

- Depois de vocês terem praticamente destruído a amizade não vai haver mais nenhuma aproximação se nenhum dos dois der o braço a torcer.

- Apenas se arrepender não vai fazer diferença.

- Seria uma grande evolução. Além do mais, o que você tem a perder dando esse passo?

Harry olhou para Gina confuso, como se quisesse mais informações. Ela remexeu-se na poltrona. Por breves momentos ficaram em silêncio observando dois alunos dos segundo ano brigarem.

- E se só por um momento estivesse arrependido, o que você diria pra eu fazer?

Ela olhou impressionada para ele e por fim acabou abrindo um sorriso.

- Diria para você ir atrás dela e falar isso a ela. – Harry riu

- Seria bombardeado com livros. Conheço ela, só isso não basta. Se quiser mesmo o perdão da Hermione, preciso fazer algo que a impressione...

Gina colocou um dedo no queixo e voltou a olhar as crianças que agora estavam brigando às tapas. Harry percebeu que era um sinal de pensamento, não fez questão de atrapalhar. Voltou seu olhar para os meninos também.

- Ei! Vocês dois, parem com isso. - Harry levantou-se e os separou – Subam já para seus dormitórios antes que eu mesmo bata em vocês. – os meninos olharam assustados para ele. Recolheram os materiais e saíram correndo em direção as escadas do dormitório. Harry começou a rir.



- Que foi Harry? - perguntou Gina saindo de seus pensamentos

- Só uma lembrança – Gina o olhava com uma sobrancelha erguida – você não vai querer saber – voltou-se a sentar e ela pareceu voltar com seus planos. Outro silêncio se iniciou.

Harry se mexia na poltrona a cada cinco minutos. O tédio estava o matando. Olhou para todos os lados e seus olhos se encontraram com um livro. Sorriu. Ler não seria uma má idéia até que Gina saísse de seus pensamentos.
Se manteram assim por vários minutos, antes mesmo de Harry ouvir um suspiro ao seu lado.

- Qual o problema Gina?

- Você só tem duas escolhas Harry.

- Só duas? - se espantou ele

- Não há outro jeito se você não falar o que realmente sente por essa separação

- Já disse...

- A outra seria você deixar do mesmo jeito e esquecer a sua amizade com ela

- Tenho outra escolha? – Gina fez negativo com a cabeça. Harry soltou um muxoxo e abaixou os olhos.

- Bem, não precisa fazer nada se não quiser.

- Você ajudou muito Gina – disse Harry, ergueu os olhos e abriu um sorriso triste que foi retribuído por Gina - Preciso de cinco dias

- Têm que ser rápido, você não pretende esperar para a as aulas acabarem não é mesmo? – precipitou-se Gina

- Quatro dias e não se fala mais nisso

- Combinado. - Gina sorriu – Que bom que dessa vez você tenha deixado a teimosia de lado.

- Não deixei, é que descobri que a minha vida ainda depende da dela e... - Harry coçou a cabeça um pouco envergonhado – sei que... Excedi-me um pouco.

Nesse momento o sorriso dela foi retribuído. Harry sabia que seria difícil obter uma reconciliação, mas suas esperanças eram maiores e uma amizade de tanto tempo não merecia acabar por acusações que não eram verdadeiras e uma decisão teria que ser tomada quanto ao sentimento de Hermione.

********************


Azkaban, um lugar frio, assombroso, tanto quanto os seres que o habitavam para atingir o objetivo de lhe sugar a felicidade, lhe trazer a dor, o sofrimento, como podiam dar-lhe o beijo fatal, assim, sugando-lhe a alma, restando apenas um corpo vazio, sem funções. Muitos bruxos opinariam pela morte do que ter uma vida sem mais sentir ao que todos tinham de direito: a felicidade

A prisão não passava de um lugar com pouca iluminação, seu cheiro era insuportável, era mofado, úmido. As cadeiras eram de ferro enferrujado, era podre, mal conservado, mas os prisioneiros não tinham atrevimento para fugir. Era um milagre terem resistido após a guerra.

Um homem encolhido em um canto da sala vestia trajes rasgados, imundas, vergonhoso para quem sempre pertenceu a alta sociedade dos bruxos, mas quando não se tem mais consciência do mundo em que vive isso não importava.

Há meses esperava que alguém o fosse retirar daquele lugar insuportável, mais alguns meses e ficaria louco completamente, isso se os restos do dementadores não lhe sugassem a alma antes.

Puxou os joelhos mais próximos ao corpo. Gritos abafados e finos eram ouvidos por toda extensão do corredor. Uma onda bateu na parte externa da prisão e o prisioneiro daquela cela conseguiu ouvi-la.

Sons rápidos de passos começaram a ser emitidos. Ele levantou sua cabeça e algo encapuzado aproximou, seu corpo começou a tremer involuntariamente, pensava ser um dementador, mas ao ver aquele corpo tirar a toca, logo percebeu, estava a salvo.

- Boa noite Senhor. – disse Lucius. Apesar de seus 52 anos, não havia mudado em nada desde 20 anos atrás. - Diffindo

A porta da cela se abriu. Kahn Buffon se levantou do chão, extremamente orgulhoso de seu velho amigo.

- Por que demorou tanto?

- O Lord não o queria por perto, agora que está morto não há nada que impeça de você sair daqui.

A risada fria de Kahn se espalhou por toda cela

- O grande Lord das Trevas está morto?

- Harry Potter o assassinou no começo desse ano. Todos os Comensais que sobreviveram, que fossem fieis, fizessem vingança digna caso morresse, como foi o caso, precisamos de sua ajuda. Foi pedido dele.

A face de Buffon se tornou sinistra...

- Não vou seguir um pedido de alguém que quase provocou minha morte – cruzou os braços – e se quer saber foi uma grande ato desse garoto matar Voldemort.

Malfoy, furioso, atirou uma caixa no chão, próximo aos pés de Buffon.

- Ele também lembrou que seria difícil te convencer caso morresse. – Kahn olhava desconfiado para caixa – Seria melhor que desse uma olhada


Kahn abaixou-se e pegou a pequena caixa, olhou interrogativo e logo depois de confiscar, seus olhos se arregalaram. Lucius Malfoy sorriu satisfeito.

- Vamos sair daqui, isso aqui está me dando nojo

- E quanto aos dementadores ?– perguntou Kahn confuso fechando a caixa

- Não faça perguntas... – Lucius o puxou pela manga – não agora.

- Se quer minha ajuda terá que responder a muitas delas

- Você terá todas as respostas, mas não agora – Malfoy - assim que saíram da prisão - tirou algo das vestes, uma chave de portal. - Toque

Buffon sentiu um puxão e questão de segundos não estava mais na prisão. Estava livre novamente.

********************

Hermione jogou seu material em uma ponta da cama e logo se jogou nela. Estava cansada, quebrada, era sorte que as provas tinham terminado sua cabeça não suportava mais nada, não nos últimos vinte e cinco dias.

Era uma surpresa não ter ido atrás de Harry depois de tanta infelicidade por ficar longe dele. Geralmente ela sempre ia pedir desculpas, sempre era ela quem dava o pé a torcer, sempre. Mas dessa vez não. Dessa vez ele teria que vir pedir desculpas, dessa vez... Ele teria que ver que errou. Mas já havia passado quase um mês, um mês... E às vezes ela achava que fazia anos e parecia que ele nem se importava. É só parecia...

Afundou a cabeça no travesseiro, absorta em seus pensamentos, fazendo milhares de perguntas, tentando de alguma maneira encontrar uma resposta cabível para explicar o porquê de tanta teimosia da parte dele.

Um barulho da porta se abrindo a fez se sentar na cama e depois bufar, só para disfarçar o real susto que tomou.

- Ah, é você?

- Sabia que ia ficar feliz em me ver. – disse com um sorriso tímido e irônico ao mesmo tempo.

- Não fiquei – ele ergueu uma sombrancelha, convencido de que estava certo - Não seja convencido, isso cansa.

-Você podia parar de achar que tudo que faço é ser convencido?! – Hermione virou os olhos

- Seja direto, por favor. - disse ela impaciente. Harry sorriu e se aproximou dela.

- Falar pra você me encontrar hoje na estátua da bruxa de um olho só - Hermione o olhou intrigada com as sobrancelhas erguidas.

-E por que eu faria isso? – perguntou teimando

- Me dê uma chance, vai ser divertido. Anda, confie em mim. – ele tinha que ter todo aquele jeito meigo de pedir as coisas, Hermione suspirou. - Eu imploro de joelhos, o que acha? – e foi o que fez juntando as duas mãos. Ela franziu a testa, estava chocada.

- Francamente Harry. – disse Hermione o puxando para ficar de pé – Não precisava ter feito isso

- Você me obrigou. – ajeitou a calça – E então?

- Preciso de um tempo para pensar... – Harry olhou irritado para ela

- Não vai querer que beije seus pés também, não é?

- Não seria uma má idéia – ele cruzou os braços e crispou os lábios. Hermione riu – Que horas? - perguntou depois da crise de risos. Harry já estava quase a abraçando, mas ela o impediu colocando uma mão no peito dele – Estamos brigados ainda, lembra? - e antes que seu corpo tivesse alguma reação em tocar nele, ela retirou.

- Tinha que lembrar disso logo agora?– disse Harry desanimado – Me encontre lá à 1:30

- Você só pode estar louco. – disse Hermione com o tom de censura.

- Só desde que nasci. – Harry sorriu maroto e se aproximou da porta. Hermione apenas revirou os olhos

- Afinal pra que você quer me levar em Hogsmeade? Ainda mais nesse horário? Eu sou monitora-chefe, tenho que dar o exemplo e...

- Surpresa – ele piscou. Hermione estreitou os olhos numa visível ameaça, mas na realidade estava se corroendo de curiosidade. – Por favor, esteja lá. – e se retirou

Uma onda quente começou a subir pelo corpo de Hermione, até chegar a seu cérebro e assimilar o que havia acabado de acontecer. Uma fraqueza nos joelhos a fez cair deitada na cama. Sorria, finalmente tinha surgido o primeiro sinal de reconciliação. E era dele.

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Harry aguardava debaixo de sua capa ao lado da bruxa de um olho só. Estava encostado na parede com os braços cruzados e a cabeça baixa. Madame Nora já tinha passado ali umas cinco vezes e por mais que procurasse nunca conseguia acha-lo, por mais que ele não quisesse, não deixava de rir, toda vez que a gata dava meia volta indignada., Pirraça havia dado o “ar de sua graça” desmontando todas as armaduras, e logo atrás claro, vinha Filch furioso com ele como sempre. E Harry, estava muito bem protegido sob sua capa, observando tudo.


Desencostou-se da parede e ficou andando de um lado para o outro, nervoso, achando que ela não viria mais, afinal já estava meia hora atrasada. Tirou sua capa e fez cócegas na estátua, fazendo com que a passagem abrisse.

- Onde pensa que vai sem mim? - perguntou uma voz próxima, parecia indignada.

Harry virou-se e deu de cara com Hermione. Ela percebeu pela cara dele o tanto que estava zangado.

- Esperar você a noite toda que não ia. – realmente pelo tom da voz, Hermione comprovou que o humor dele não era de se discutir – Explique o motivo do atraso.

- Isso não te importa.

- Fiquei esperando meia hora, claro que me importa

- Parvati ficou me segurando – Hermione bufou – queria saber onde estava indo.

- Você não contou, certo? - ela fez sinal positivo

- Claro que não! – disse em um tom impaciente - Disse que tinha que fazer uma ronda

– Ótimo, – Harry deu espaço para Hermione entrar na passagem – tomara que seu atraso não atrapalhe o que tenho para te mostrar.

- E o que seria isso? - perguntou Hermione desconfiada enquanto Harry fechava a passagem.

- Eu não disse que era surpresa?

- Disse, mas custa dizer logo o que é?

- Você me deixaria muito feliz se deixasse um pouco da sua curiosidade de lado e me deixasse te conduzir, só está noite. - Hermione levantou uma sobrancelha, desconfiada.

- Tudo bem, mas espero que essa surpresa seja mesmo boa.

- Vai gostar tanto quanto eu vi pela primeira vez. – ele retribuiu o sorriso e começou a puxar pela mão. Como havia prometido, estava deixando ser conduzida.

Um bom trecho do caminho se mantiveram calados. A mão de Hermione estava suada, Harry tinha percebido, talvez fosse pelo nervosismo, não fez questão de perguntar o motivo. Se bem que no fundo sabia a resposta.

Em um certo ponto teve que soltá-la. Levantou o assoalho da Dedosdemel. O lugar estava completamente escuro.

- Isso é loucura – resmungou Hermione

- Você trouxe sua varinha? - perguntou Harry

- Lógico, nunca se sabe o que você vai aprontar. – ele fez uma careta – Eu subo primeiro.

Hermione o empurrou para o lado e subiu recusando a ajuda dele.

- E o potter sempre se ferrando nas mãos poderosa da Granger. – disse Harry logo depois de subir

- Calado. – Harry fechou a cara – Lumus

Todo o aposento foi iluminado. Milhares de doces estavam guardados nas prateleiras e várias caixas estavam pelo caminho. Hermione começou a empurrá-las para o lado.

- Assim você vai demorar dois anos. – Harry a pegou de volta pela mão e começou a chutar todas elas.

- Desse jeito vão perceber que alguém esteve aqui

- Não se preocupe, o único problema é o trabalho de eles terem que arrumar tudo de volta. – comentou ele sorrindo.

- É cruel isso, sabia?

-ah que nada, só vão perder alguns segundos arrumando – Hermione o olhou repreendendo.

- Eu ainda não sei por que diabos eu estou aqui.

- Porque você quer voltar com nossa amizade – disse Harry, orgulhosamente. Ela suspirou cansada, não adiantava discutir. Harry deixou um sorriso em seu rosto, praticamente deixando Hermione nervosa. - Alorromora – A porta de Dedosdemel se abriu e eles saíram silenciosamente.


- Vai demorar muito? - perguntou Hermione em um sussurro

- Só quero chegar próximo à Casa dos Gritos – respondeu Harry a abraçando pela cintura, Hermione parou de andar

- Agradeceria se me deixasse andar sozinha – ela cruzou os braços e continuou olhando para frente esperando que retirasse, para sua irritação, Harry a apertou mais contra si.

- Do que tem medo Hermione? – perguntou desafiando-a.

- Por que fazer uma pergunta se você já sabe a resposta? – Hermione o encarou. Harry deu de ombros

- Não sei, talvez para te irritar. – ela revirou os olhos novamente.

- Me recuso a responder. – Harry riu

- De qualquer jeito isso só é uma proteção extra a você.

- Sei me cuidar muito bem. Obrigada. – recomeçaram a andar, ela à contra gosto.

- Poderia ser mordida por um lobisomem, principalmente nesse horário.

- Estou mais preocupada com você do que com eles. - Harry a olhou de lado, com uma sobrancelha erguida. Hermione se mostrava fria, apesar de ter um sorriso na face.

- Tomara que você seja devorada sua mal agradecida – ele retirou sua mão da cintura dela e começou a andar em sua frente. Hermione engoliu a risada - e ande mais rápido não quero perder o fenômeno – confusa, continuou o seguindo sem mais comentários.

Por mais que as varinhas estivessem “acessas”, estava um pouco escuro e Hermione tropeçava às vezes, enquanto Harry meramente olhava de esquio pra ver se ela estava bem. Quando ela mais uma vez tropeçou em uma pedra, parou e disse indignada:

-Olha, vamos chegar nessa surpresa esse ano? – Hermione cruzou os braços – Você só pode estar brincando comigo

-Não é brincadeira – disse ele parando também – e já chegamos Srta. Irritada.

-É? E onde está? – Harry suspirou cansado

-Tente olhar para o céu – ela o olhou interrogativa e levantou sua cabeça em direção ao céu. Era perfeito, sem descrição do que achava sobre o que via.

-É... maravilhoso Harry –lágrimas enchiam seus olhos – Não acontece uma coisa dessas na Inglaterra há muito tempo.

-Exatamente, fui três dias em seguida na biblioteca pra procurar sobre isso e descobri que acontece a cada 120 anos. Só não sabia se você gostava – Hermione retornou a olhá-lo com as mesmas lágrimas nos olhos.

-O que você acha?

-Que você ficou emocionada e morrendo de vontade de me abraçar - Hermione riu, uma lágrima escorreu.

-Você não tem jeito e nunca vai parar de ser convencido

- Posso encarar como um elogio? – recebeu um tapa no braço, Harry riu – eu ainda quero meu abraço

-Você não acha que precisa me dizer mais alguma coisa antes? – ele coçou a cabeça

- Não precisava ter tocado nisso, sabe que não sou muito bom nessas coisas de pedir desculpas, você sabe disso, mas... Sei que o que eu fiz não é um bom caminho. Na verdade nem era minha intenção... Não sei o que dizer. A única coisa que eu posso mencionar é que foi extremamente torturante ficar longe de você nesses últimos dias. – acabou por abaixar a cabeça – sou terrível nisso - Hermione a ergueu

-Vendo você arrependido pra mim já basta – murmurou Hermione – poderia te pedir um favor?

- Farei o que quiser – ela sorriu tímida

- Primeiro prometa-me que vai cumprir

- Desde que seja fácil de ser cumprida, eu prometo.

- Depende do seu ponto de vista – Hermione ruborizou

- O que é Srta. Granger? – ela deu um passo à frente, aproximando-se dele. Hermione permaneceu em silêncio com os olhos baixos, criando coragem. Harry tinha suas sobrancelhas franzida, preocupado. Abriu sua boca para pronunciar algumas palavras, mas foi surpreendido quando a viu levantar os olhos terrivelmente brilhantes, expressando desejo, causando perda de memória no que ia dizer.

- Beije-me – sussurrou Hermione. Suas palavras chegaram ao cérebro de Harry com uma explosão (ou mesmo como um choque). Por breves minutos ficaram paralisados sem conseguir desviar o olhar.

“I wanna be with you
Eu quero estar com você
If only for a night
Ao menos por uma noite
To be the one whose in your arms
Ser a única que estará em seus braços
Who holds you tight
Para segurar você bem forte
I wanna be with you
Eu quero estar com você
There's nothing more to say
Não há nada mais a dizer
There's nothing else I want more than to feel this way
Não há nada mais, eu quero mais do que me sentir deste jeito.
I wanna be with you
Eu quero estar com você” (Mandy Moore – I wanna be with you)


Algo em Harry o fez despertar de seu ‘transe’.

- Não acha que está pedindo de mais Srta. Granger?

-Não posso ter seu amor, mas pelo menos me deixe sentir você e se não se lembra, estou apaixonada – Harry ficou desconcertado. Suas mãos passando várias e várias vezes pelo cabelo rebelde – Não quero te obrigar, não faz sentido fazer isso – ele reparou Hermione afastando-se para não muito longe olhando o céu e com os braços cruzados. A distância o deixou mais nervoso.

Hermione sempre o acalmava independentemente do motivo, sempre o ouvia. Mas naquela circunstância tudo se tornava difícil. Não queria machucar Hermione, mas também não queria dar esperanças de que sentisse o mesmo. Seria iludi-la.

“Antes pensar milhões de vezes do que magoá-la”

Passou as mãos mais uma vez pelo cabelo, estava divido.

Hermione olhou para trás e viu Harry de costas para ela, suspirou cansada. Foi estupidez ao pedir que a beijasse sabendo que poderia ter uma resposta negativa, mas tinha esperanças. Riu de si própria. Ainda era inocente para entender o que sentia, talvez a causa fosse o impulso do seu desejo.

Voltou seu olhar para a aurora boreal, pelo menos aquilo a acalmava e não se arrependia por admirá-lo tanto, fazia a esquecer de quem estava se aproximando.

- Hermione! – chamou Harry, mas ela o ignorou se distanciando.


I can’t fight this feeling anymore
Eu não posso lutar por este sentimento mais
It drives me crazy when I try to
Me deixa louca quando eu tento
So call my name and take my hand
Então chame o meu nome e segure a minha mão
Can you make my wish, your command?
Você pode fazer meu desejo, seu comando?


Ela olhou para sua mão, algo a impedia de continuar andando. Harry segurava sua mão. Hermione não pode evitar seus olhos verdes, implorando para que ele fizesse o que transmitia.


- O que eu mais quero é evitar que você sofra, não quero iludi-la.

- É uma única vez, Harry – Hermione juntou sua outra mão a dele – Nada que vai causar danos sentimentalmente em mim.

- Isso é uma promessa?

- Garanto que seja

- promete que não vai se viciar em mim? – Hermione riu

- Você me surpreende como consegue ser modesto até nesses momentos sérios – Harry sorriu timidamente – mas para você deixar de ser tão orgulhoso, eu não vou me viciar, jamais – ele começou a rir, Hermione só observava sem poder evitar.

- É questão de bom senso Hermione. – disse ao fim do riso.

Harry encostou seu corpo ao de Hermione e colocou as mãos a dela juntas em seu pescoço. Ela sentiu um pouco de seu aroma com olhos fechados antes de ouvir a respiração dele se aproximando, sentiu os lábios de Harry queimar sua testa, sua bochecha, por fim, seus lábios se encostaram e uma lágrima escapou dos olhos de Hermione. Não acreditava no que estava acontecendo.
As pernas de Hermione começaram a tremer, Harry a apertou mais contra si, deixando se sentir segura nos braços dele, logo em seguida, educadamente, pediu permissão de um contato mais afluente. Não houve negações.
Hermione ao tocar sua língua com a dele, sentiu todo seu corpo se arrepiar, sentiu passar pode todo seu corpo correntes, um enorme frio na barriga ao mesmo tempo, não sentia seus pés encostado-se ao solo, era como se flutuasse, não havia descrição, só era bom demais para acreditar que não fosse um sonho, era inacreditável sentir o sabor de Harry, outra lágrima escorreu. Seria sua primeira e contava como se fosse a ultima vez.
Harry por mais que sentisse medo em demonstrar sentimentos naquele beijo, não conseguia, era inevitável/injustiça fazer isso com Hermione, ela tanto que estava se empenhando que demonstrava todo seu sofrimento, tudo o que sentia. Na verdade, o beijo dela estava o toxicando.
E aconteceu somente àquela noite, como Hermione desejou estar com Harry. Uma única vez. Pelo menos hoje. Haveria muitos amanhã ainda.



"So I’ll hold you tonight
Então eu segurarei você esta noite, como eu queria.
Like I would if you were mine
Que você fosse meu
To hold forever more
Para te abraçar para sempre mais
And I’ll saver each touch that I wanted
E eu saborearei cada toque que eu tanto queria sentir
So much to feel before
Antes, sentir antes.
How beautiful it is
Como é bonito
Just to be like this
Apenas estar assim"


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