Capítulo 4



MESES DEPOIS...

O ar era frio, estava tudo muito escuro, as árvores altas faziam com que a luz da lua não chegasse até abaixo delas. Havia neblina, o que dificultava na hora de ver onde pisava.
Virgínia andava ofegante, seus cabelos estavam bagunçados e caiam-lhe sobre a face, que estava corada, alguns fios vermelho grudavam-se em seu rosto por causa do suor. Sua boca pequena estava avermelhada, um pouco arroxeada talvez, seus olhos castanhos estavam arregalados movimentando-se rapidamente prestando bastante atenção.
Ela corria sem saber para onde ir, a terra úmida sujava sua camisola branca e fina. Estava descalça, pisando na terra e às vezes em alguns galhos que lhe machucavam os pés que eram extremamente brancos e que estavam cobertos de terra.
Ouve um barulho. Vira-se rapidamente para a direção se atrapalhando um pouco. Novamente o barulho, pareciam passos, vinha cada vez de um lugar diferente. Sua respiração começava a falar. Foi andando para trás olhando desesperadamente para os lados. O barulho cessara, agora podia-se apenas ouvir o barulho das folhas das árvores e sua respiração que estava alta. Dá um suspiro de alívio e quando se vira dá de cara com dos olhos vermelhos e sombrios. Virgínia grita!
Seus cabelos estavam
Ela abre os olhos, e olha desesperada para os lados. Estava em casa, ainda bem. Senta-se na cama e tira as cobertas grossas que a cobriam. A roupa estava grudada em seu corpo que estava suado, assim como seus cabelos. Dirige-se até a janela e a abre, estava amanhecendo, o céu mudava lentamente de cor de azul escuro para um azul claro. Respira profundamente o ar puro da manhã e se encaminha ao banheiro.
Enche a banheira de água quente. Vai até o armário e pega um vestido simples azul claro. Volta ao banheiro. A água estava quente e gostosa, fazia com que sentisse vontade de ficar ali para sempre.

Um barulho de porta se abrindo é ouvido. Virgínia levanta levando um susto e se cobre com a toalha saindo da banheira e indo em direção ao quarto. Quando chega lá havia uma mulher baixinha, com os cabelos ruivos que estava mexendo no armário.

- Mãe!? – Virgínia exclama vendo a mãe mexendo em seu guarda-roupa. – O que faz aqui?
- Oras! – A mulher diz pegando um vestido amarelo cheio de enfeites. – Estou pegando uma roupa para você!
- Mas eu já escolhi a minha roupa! – Virgínia pega o vestido simples azul que havia pegado antes. – Vou usar este!
- Ah minha filha... – A mão diz balançando a cabeça negativamente. – Este não! Você tem que estar bonita! O Harry chegou ontem... Hoje ele vai estar no colégio!
- Eu não quero me arrumar para o Harry... – Diz se sentando na cama fazendo uma careta ao dizer o nome do pretendente.
- Ele é um bom rapaz! – Disse a mãe procurando uma fivela da cor do vestido que ela escolhera para a filha. – Um bom partido... E gosta de você!
- Gosta nada... – Diz baixinho se virando para o outro lado. – Se gostasse não sairia se agarrando com a tal Hermione...
- O que disse? – Perguntou a mãe que estava entretida demais escolhendo os acessórios da filha que não ouvira o que ela disse.
- Nada... Só disse que não quero usar o vestido amarelo... Ele incomoda... Fica coçando... – Diz disfarçando.
- Mm... Então... O preto? – Pergunta a mãe largando a presilha amarela que acabara de achar.
Virgínia se vira de volta para a mãe.

- Que preto? – Pergunta se levantando.
- Ah... Não te mostrei? – Perguntou a mãe pegando uma caixa rosa claro do armário da filha e abrindo. – Comprei ontem...
Virgínia pega o vestido da caixa boquiaberta.

- É lindo... – diz colocando o vestido na frente do corpo e se olhando no espelho. – é meu mesmo?
- É sim... Não sabia que ia gostar tanto... Achei que era muito simples...
- É perfeito... – Virgínia colocou o vestido para ver como ficava em seu corpo.

Era um vestido preto, simples. O corpete era justo e a saia solta, o que fazia com que a cada passo ela balançasse, as mangas eram curtas e soltas. Era um pouco decotado mas nada muito grande. Era feito de um tecido leve e fresco.

- Ficou muito bom... – Disse a mãe despertando Virgínia de seus pensamentos. – agora vamos! Já estamos atrasadas! – Diz entregando um par de sapatos para Virgínia e saindo do quarto.
Virgínia pega os sapatos e os coloca. Vira para o espelho olhando para seu reflexo, era bonita, não tanto quanto algumas garotas mas era bonita. Uma beleza exótica, os cabelos vermelhos flamejantes caiam com uma cascata por seus ombros, contrastando com a pele branca que parecia porcelana respingada de ouro por causa das pequenas sardas. Seu corpo era bonito, era pequena mas tudo certinho.
Com uma batida na porta ela desperta de seus pensamentos. Rapidamente abre a porta.
- Que demora! – reclama um rapaz alto de cabelos negros e olhos verdes. – Ande logo! Não quero me atrasar!
- Oras! Tenha calma!- Reclama saindo do quaro sem nem olhar direito para o rapaz. – Você não vai se atrasar por minha causa. Pode ir então, não precisa me acompanhar, sr.Harry Potter!- Diz frisando o nome.

Ele para um instante pensativo, logo vai com passos largos e rápidos em direção a porta e pega o casaco.
- Encontro-te lá! – Diz quase saindo, mas volta rapidamente e para na frente dela.
Abaixa-se para beija-la mas para antes e a beija no topo da cabeça. A olha e dá um sorriso.
- Troque o vestido! Preto de deixa pálida demais, prefiro você com mais cor. – Diz antes de sair batendo a porta
Virgínia olha com certa raiva para o local que o rapaz estava a poucos segundos, se aproxima da janela e o vê colocando o chapéu e indo de encontro com uma garota. Ela tinha cabelos castanhos escuro e cacheados, a pele bronzeada pelo sol, vestia um vestido azul que a deixava mais bonita, mostrando as formas do seu corpo. A garota deu um sorriso e deu um abraço em Harry, logo os dois saíram caminhando de braços dados.
- Claro... Queria que eu fosse como a Hermione... – Diz baixinho olhando o casal. – Se prefere ela por que não diz logo?
- Anda menina! – Disse um de seus irmãos abrindo a porta e a despertando de seus pensamentos.
- Já vou, já vou! – Diz saindo atrás dele.


Descia lentamente as escadas, hoje eles saiam mais cedo e não precisava voltar correndo para casa. Sem prestar atenção ao seu redor ia na direção do portão.
- Por que está assim? – Perguntou uma voz conhecida.
Virgínia levantou a cabeça e deu um sorriso ao ver quem era.
- Assim como sr.Tom? – Pergunta pondo as mãos na cintura e batendo o pé em sinal de impaciência, mas apenas para implicar.
- Mm.. – Ele sorri olhando para cima como se estivesse pensando. – Ombros caídos, olhos baixos, cabeça baixa, os cabelos presos de qualquer maneira...- ele diz andando ao redor dela fazendo-a dar a volta ao redor de si mesma.
Larga os ombros e então balança a cabeça negativamente.
- Tens razão... Não estou muito bem... – Diz olhando para Harry que estava rindo com os amigos e Hermione ao seu lado segurando seu braço.
- O que ele fez dessa vez? – Perguntou Tom se aproximando da garota e pondo a mão em seu ombro.
- Não foi só dessa vez... Ele sempre me larga, não liga para mim... Mas ele continua como um “pretendente”. Cansei, ele só vem falar comigo quando briga com a Hermione ou quando quer que eu peça pro meu irmão alguma coisa. Não quero ser o “resto”, não quero ser usada como algo para consolo... Eu não agüento mais ele! É tão... Tão chato! Seus assuntos são sempre os mesmos! Dinheiro, dinheiro, dinheiro... Ele só pensa nisso e em jogos! – Neste ponto ela já estava andando e falando aos berros.
- Hei... – Tom diz espantado pelo desabafo.- Se acalme... Não se sinta assim... – Diz olhando-a nos olhos e sorrindo.
Ela o olha com olhos tristes e respira fundo. Dá um sorriso fraco e passa a mão nos cabelos do garoto.
- Obrigada. – Diz passando a mão no rosto dele.- Não sei como consegue fazer isso... Só você mesmo...
- Fazer isso o que? – pergunta erguendo uma sobrancelha.
- Acalmar-me...
- Ah... Isso é um dom! Só eu sei! – ri.
Ela ri também.
- Não fique triste por causa dele, ok? – Ele pergunta aproximando seu rosto do dela e olhando-a nos olhos.
- Não vou ficar. – Sorri. – Você é um grande amigo! – Diz sorrindo e o abraça.
- Que bom que sou um grande... Amigo... – Diz sorrindo sem vontade e a abraçando também. Completa baixinho só para si.- Pena ser só amigo...
- O que disse? – Pergunta a garota sorrindo ainda.
- Nada! Estava apenas pensando alto! – Apressa-se logo a falar.
- Se diz... – Ela dá de ombros e volta a caminhar puxando o garoto junto.
- Onde...Onde vamos? – pergunta se deixando levar com ela.
- Vamos dar um volta... – diz risonha.
- Volta, volta... Você sabe que se seus pais te verem comigo eles vão reclamar, além deles tem seus irmãos. Se eles me verem junto de você além de você se meter numa encrenca eu não saio vivo... – Ele diz parando de andar e fazendo-a vira-se para ele.
- Eu não me preocupo com o que meus pais pensam e se meus irmãos tentarem alguma coisa eles vão ver só, eu sei muito mais coisas deles do que eles de mim. – Termina de falar com um sorriso malicioso e recomeça a andar.
- Você realmente não toma jeito... – Ele diz seguindo-a e rindo.
- Apenas... – faz cara de pensativa. – Não faz meu estilo ser certinha sabe?
- Sei, sei...- ri.
Os dois andaram por um tempo, sempre sendo ela a guia.
- Aonde vamos, hein? – Ele pergunta parando de andar. – estamos rodando a tanto tempo e nada de chegarmos...
- Calma... já estamos chegando... – Ela diz continuando a andar.
Estavam quase fora da pequena cidade, já não havia tantas casas, no Maximo uma pequena estalagem. A frente via-se um campo grande coberto de girassóis, ao lado esquerdo um pequeno bosque e ao direito a continuação da estrada.
- Vamos! – Ela disse adentrando no bosque.
- Vamos?! Vamos onde?! – Ele pergunta olhando-a sem se mexer.
- É por aqui! – ela diz voltando e o puxando para dentro do bosque.
As árvores eram grandes, com troncos grossos e velhos, repletas de flores. Exalavam os mais diversos cheiros e eram das mais variadas cores. Após alguns metros chegaram a uma clareira. No meio, havia um grande chorão, suas folhas caindo quase encostando ao chão.
- É aqui... – Ela disse sorrindo e indo em direção a árvore.
- É... – Ele fala surpreso pela beleza do local. As árvores em volta da clareira faziam contraste com o solitário chorão ao meio.
Virgínia se aproximou e sentou-se a sombra.
- Venha, sente-se aqui! – Disse chamando Tom.
- Eu nunca ia saber que esse lugar existia se você não me trouxesse aqui... – Ele diz ainda admirando o local e se sentando ao lado da garota.
- Eu descobri por acaso... Quando era pequena, um dia me perdi. Sem querer parei aqui e desde então venho sempre...
- Então é para cá que você vem quando some de casa não é? – Pergunta ele rindo.
- Er... Bem... – Começa a falar tentando inventar uma desculpa. – Como sabes que sumo de vez em quando se nunca te contei?
- Ah... Bom... Eu... – Agora os papeis estavam invertidos. – Eu vi seus irmãos te procurando várias vezes... – ele diz tentando convence-la.
Ela olha desconfia, mas logo sorri.
- Não tem problema! E sim. É para cá que venho.
- Ah... Bom... É um belo lugar... – Diz mudando de assunto.
- Já dissestes isso... – Diz ela cantarolando.
- Estou sem assunto... O que queres que eu fale?
- Mm... – Faz cara de pensativa. – Que sou a pessoa mais linda do mundo e que você me gosta e...
- Ora garotinha, não acha que está exagerando? – pergunta risonho interrompendo a fala dela.
- Exagerando, eu? Como diz uma coisa dessas!? – Diz fingindo-se, exageradamente, ofendida.
- Sim, exagerando... – Ele diz vagarosamente em tom baixo se aproximando mais a fazendo ir para trás mas encontrando o tronco da árvore. – Está exagerando demais...
Ela estava sentada colada na árvore com o garoto em sua frente colado nela.
- Você exagera demais em sua modesta. – Ele diz rindo com o rosto próximo do dela. – Você não é a pessoa mais linda do mundo. É a pessoa mais linda do universo. Eu não gosto de você. Eu te amo...
Ela deu um sorrisinho tímido e corou um pouco. Umedeceu os lábios, estavam secos. O silêncio se prolongava, olhavam um nos olhos do outro. Lentamente foram acabando com o espaço entre eles.
No início um beijo leve, apenas um toque de lábios. Logo, um mais aprofundado. Virgínia colocou uma de suas mãos no pescoço do rapaz, enquanto ele colocava as mãos na cintura dela. Sem perceber foram se entregando, antes estavam sentados agora já quase deitados.
- Tom... Por favor... Pare... – Pediu a menina assim que sentiu as mãos frias do rapaz, que estavam abrindo seu vestido, encostar-se a suas costas.
- Me, me desculpe... – Ele falou de cabeça baixa se afastando. – Eu não pretendia...
- Não precisa se desculpar... – Ela disse, já com o vestido fechado.- Você não fez sozinho... – Sorriu e acariciou o rosto dele.
- Então você... Não está chateada comigo? – ele pergunta esperançoso levantando a cabeça.
Ela riu um pouco.
- Claro que não. – Disse balançando a cabeça negativamente e sorrindo. – Eu também quis... – disse baixinho ao ouvido dele.
Ele dá um largo sorriso e a abraça.
- Acho melhor irmos... – Ele disse olhando para o céu que já estava ficando mais escuro.
- Minha nossa! – Ela levanta espantada. – Passamos tanto tempo aqui! E nem percebi!
- Então, - disse Tom se levantando. – Vamos andando senhorita. – diz estendendo a mão para ela.
- Claro meu jovem cavalheiro... – Disse aceitando a mão dele e se levantando. – Então, senhor, para onde pretendes ir? – Pergunta sorrindo.
- Bem senhoria... – Finge estar pensando. – Pretendo primeiramente levar-te em casa... Já depois... – Estende o braço para ela e, assim que ela aceita, começam a caminhar. – Talvez irei a algum bordel.
- Mas que horror! – Diz fingindo-se assuntada e ofendida. – Isso não é algo que um cavalheiro educado como o senhor faz. Deves ir para casa e descansar!
- Calma senhorita, calma. Eu estava apenas especulando uma alternativa. Eu irei para casa...
- Sei... – Diz olhando desconfiada para ele.
- Vamos logo Virgínia! – Diz Tom parando com a brincadeira e puxando a garota, pelo pulso, rapidamente para fora do bosque.
- Calma... Tom! – Diz parando e soltando seu braço da mão dele assim que saíram do bosque. – Não corra.
- Oras! Ande logo! – disse e pegou novamente no pulso da menina segurando mais forte e puxando-a quase correndo.
- Tom... Tom! – Ela puxava o pulso mas não conseguia soltar-se dele e tinha que acompanha-lo.

Já estavam quase chegando a casa dela, as crianças que estiveram no parque voltavam para casa, algumas lojas começavam a fechar, alguns bares abriam...
- Pare com isso! – Ela reclama parando bruscamente e puxando o braço. – Me solte! Está me machucando...
Ele solta o braço dela, estava vermelho e com as marcas dos dedos dele.
- Me... Me desculpe...- Diz abaixando a cabeça.
- Tudo bem... – passava a mão ao redor do pulso onde estava doendo.
- Eu apenas não quero que corra perigo... – ele disse olhando para ela.
- Que perigo eu poderia correr nisto aqui? – pergunta olhando em volta. – Cidade pequena, poucos habitantes, ninguém novo... Nenhum perigo...
- Ok... – suspira desistindo. – Você tem razão... Estou preocupado demais...
- Não fique assim... – Disse sorrindo e se aproximando dele e colocando os braços ao redor do pescoço do rapaz. – Se acalme...
- Mm... – Dá um sorrisinho e passa os braços ao redor da cintura dela fazendo-a se aproximar mais.- Mas eu não me acalmo tão facilmente...
- E o que eu faço para você ficar calmo, hein? – Pergunta rindo.
- Mm... – finge pensar. – Talvez... Quem sabe... Mm... Um beijinho, hein? – pergunta se inclinando um pouco para beija-la.
- Aqui não Tom! – Diz se afastando e olhando em volta. – Depois... Mais perto da minha casa... Lá dá...
- Ok, ok... – diz recomeçando a andar.
Após algum tempo chegaram a casa dela.
- Venha... – Ela o puxou para um canto mais afastado e na sombra.
Ele ergueu uma sobrancelha mas a seguiu. Quando chegaram lá ele a olhou com cara de quem pergunta “e agora...?”, ela então fica na ponta dos pés e o beija. Ele perplexo fica uns instantes sem entender – Boa noite...
Ela sorri e sai caminhando para a casa cantarolando alguma musica. Tom fica com um sorriso bobo, coloca as mãos nos bolsos, suspira e sai de lá com os pensamentos em uma certa ruiva. O que os dois não sabiam é que havia alguém a mais lá. E que dois olhos verdes e cheios de raiva acompanhavam os dois.
Virgínia entrou em casa, agora nem se lembrava do sonho que tivera. Mas era melhor começar a se lembrar...


O vento estava frio e levantava algumas folhas caiadas quando passava. Já era noite e estava tudo silencioso na rua. Era uma rua longa, velha, com poucas casas, nos limites da pequena cidade.
O jovem Tom se aproximou de uma grande casa, antiga, ornamentada por estátuas e gárgulas no telhado. Foi entrando distraído pelo jardim, passando pelo grande portão de ferro já meio enferrujado. Caminhava sonhadoramente não se importando com as plantas mortas ao redor, nem a árvore velha e retorcida, sem alguma folha. Roseiras secas, sem mais nenhuma flor, a vida naquele local já não existia mais. Uma fonte de onde antigamente jorrava água agora estava coberta de plantas, a estatueta de um anjo, a asa quebrada, sujo, trepadeiras enroladas no corpo.
Tom abriu a porta e entrou, estava tudo escuro, as cortinas fechadas mesmo de noite. Como se fosse comum ele entrou sem nem ao menos acender uma luz, caminhava as escuras sem se preocupar, sabia o caminho. Atravessou corredores, subiu escadas, passou por portas... Até que chegou em uma, madeira maciça, grossa, antiga. Entrou, era um quarto, a cama em um canto de madeira escura e lençóis verdes, um armário também escuro a esquerda, ao pé da cama uma escrivaninha, e, a frente, uma janela. Grande, com cortinas pesadas e escuras, como tudo na casa, podia-se ver o brilho da lua por uma fresta entre as cortinas.
Tom se aproximou da janela e fechou a cortina completamente, retirou os sapatos largando-os em um canto qualquer, retirou a blusa e se jogou na cama. Estava cansado, se cobriu, fechou os olhos e rapidamente adormeceu.

Tom, Tom... Dizia uma voz fria e assustadora. Não me tema... Sabe que não pode fugir de mim... Não pode fugir... Tom corria para longe da voz, estava em um local escuro, desconhecido... ME DEIXE EM PAZ! Ele gritava em vão. Andava, corria, mas sempre voltava para a mesma sala: escura, fria, com ar parado, repleto de morte e podridão. Figuras apareciam e desapareciam, ora perto ora longe, grandes ou pequenas, mas escuras, simples sombras assustadoras que sugavam sua felicidade e vida. Gritos inexistentes e cismavam em ficar em sua cabeça, choros soluçantes das vítimas da morte, rostos assustados passavam em sua mente como um filme. Tom cada vez ficava mais fraco, agora estava caído no chão gélido, sentia que já não agüentaria mais.

Acordou suado, o coração acelerado dentro do peito, os cabelos negros grudados em sua testa e nuca. Tom se sentou na cama passando a mão pela cabeça jogando os cabelos para trás, estava pálido, com os olhos assustados. “Havia sete anos que não tinha pesadelos, porque tivera agora? Ele só tinha pesadelos quando... Não, ele não poderia ter voltado!”
Tom se levantou pisando descalço no chão de madeira, o quarto estava escuro e atordoado com o sonho quase caiu tropeçando nos próprios sapatos, pensou ter ouvido uma risada baixa mas logo concluiu que devia ser imaginação dele. Ia em direção a janela e ia abrir a cortina quando uma mão fria e branca segurou seu braço com uma força surpreendente para alguém tão magro quando o dono da mão. Tom engoliu em seco, ele sabia quem era o dono da mão, sabia muito bem...
- Não vai querer matar seu “papai” vai? – Perguntou uma voz fria. – Não acho que vai ser melhor para você se fizer isso... – Disse olhando para Tom com aqueles olhos malignos e estranhamente avermelhados.
- Eu... – Começou Tom com a voz fraca se virando para o homem, que na verdade parecia muito jovem, no máximo trinta anos. – Eu achei que você não ia voltar...
Ele deu uma risada fria e falsa.
- Realmente achou que eu não iria voltar? – Deu um sorriso cínico. – És um tolo! Não me serve para nada! Nem sei por que ainda não me livrei de você! – Cuspiu as palavras como se Tom fosse um inseto nojento. – Pelo menos serve para uma coisa...
Disse e puxou Tom para mais perto. Virou a cabeça do rapaz segurando o queixo, pressionando as unhas compridas no rosto dele.
- Ah... Posso até sentir o cheiro... – Disse o homem passando a mão no pescoço de Tom, sentindo a pulsação forte e acelerada. – Pelo menos para me alimentar você serve...
E, assim que acabou de falar perfurou com os caninos, a veia do rapaz. Tom fechou com força a mão por causa da dor, quando a pessoa está hipnotizada quase não sente, mas assim... Brusca e repentinamente... A dor era mais forte. E ele sabia... Sabia que Tom sentiria mais dor assim... Nunca perdia a chance de fazer Tom sentir mais dor.
Foi ficando mais fraco pela perda de sangue, as suas pernas foram fraquejando, e ele foi caindo lentamente, os olhos quase se fechando.
A porta se abriu e entrou uma mulher, apressada e assustada com a cena.
- Largue ele! Já está bom, pegou demais!- Disse e afastou o vampiro de longe dele.
Tom apenas viu imagens borradas do vampiro coma boca meio suja de sangue gritando com a mulher que devia ter uns cinqüenta anos e que, aparentemente, não tinha medo dele. E então as vozes foram sumindo e tudo ficou escuro e ele caiu no chão.




Uuuuhhh...
Demorei demais pra postar... *chorando pela perda dos leitores*
Mas ta ai...
Me mudei... Essa foi uma das causas da demora [blaaah] mas agora eu vo escrever mais... Fico sozinha em casa de tarde sem ter o que fazer e sem net... ai eu vo, sento no pc, escuto musica e escrevo...
Perfeito xD
bom... beijos e agradeço por estarem lendo =)
quero comentarioooossss!!! xD

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