Você quer uma chance?



Harry, Rony e Hermione andavam pelos corredores desertos de Hogwarts. As aulas tinham sido suspensas e somente aqueles que mantiam fidelidade à escola permaneceram,
transformando-a em um quartel avançado da ordem da Fênix. Os três amigos eram, provavelmente, os mais jovens, soldados, sim, era isso que eram agora; recrutados
nessa guerra contra o Mal.

-Ah, isso está ficando cada dia pior! - começou Hermione, quebrando o silêncio - Todo dia alguém morre e cada vez a morte é mais violenta! - os olhos da
garota estavam vermelhos e inchados, de puro cansaço.

Rony passou o braço pela cintura dela, apertando-a contra seu peito. "Vai ficar tudo bem, não se preocupe... Eu te amo." Harry não quis atrapalhar os dois,
eles precisavam um do outro, mais do que ele precisava dos dois. E, talvez, o destino de um homem marcado seja a solidão. Caminhou até o fim do corredor.
Terminava em uma sacada sem portas, então a luz pálida daquela manhã de setembro enchia o ambiente como em uma igreja barroca. Pensou no que teria acontecido
se as coisas tivessem sido diferentes: se seus pais estivessem vivos, se Voldemort nunca tivesse nascido, o que faria se tivesse uma chance de mudar tudo.

Alguma coisa bateu na sala à esquerda do corredor. Instintivamente, Harry virou-se, procurando Rony e Hermione com os olhos, mas os dois estavam no outro
extremo do corredor, muito ocupados com os lábios colados... Desviando o olhar, Harry voltou-se para a sala. "Fantasmas não derrubam coisas..." A varinha
em punho, abriu a porta da sala bem de vagar. Estava escura, em comparação com o corredor. Entrou. Clique. Alguém trancou a porta. Antes que pudesse usar
algum feitiço puxaram sua varinha. Uma voz suave, de garota jovem, sussurrou em seu ouvido:

-Agora, Potter, sente-se e ouça. Se ficar quieto, não faremos nada...

Sem outra escolha, Harry sentou na carteira mais próxima, tentando ver no escuro os dois vultos à sua frente. A garota falou de novo, mas não para Harry:

-Mantorrás, meu querido primo, acenda as luzes, sim?

O outro vulto, com um feitiço, acendeu as velas do candelabro mais próximo. Piscando os olhos sob a claridade, Harry viu dois jovens: uma garota sardenta
de cabelos rebeldes, cor de cobre, olhos cinzentos e pele muito, muito branca e, ao lado dela, um rapaz alto, moreno, de um certo ar lusitano. Ambos dois
usavam vestes negras, e Harry não pode deixar de reparar no decote da garota. Perguntou, a voz com um certo tom de desespero:

-Quem são vocês? Comensais? Espiões?

Os dois sorriram, com um ar irônico. A moça respondeu:

-Sou Ana Cornélia Black. E esse é Mantorrás Black, meu primo. Nós... - Harry cortou-a:

-Black?! Como?! Todos os Black estão mortos! Sirius...

Dessa vez, foi Harry o cortado. Mantorrás disse, então:

-Todos mortos, nessa realidade... Existem outras possibilidades, sabe? Outros mundos, perdidos no espaço/tempo...

-Quê? - Harry estava acostumado a coisas estranhas, mas existem limites para esquisitices. - Vocês são loucos? - Olhou com um certo desespero de um para
o outro.

A tal Ana Cornélia falou, em tom de quem explica para uma criança pequena:

-Você é tão arrogante de acreditar que o seu mundo, só por ser regido por leis físicas, é o único? Você não sabe, mas o tempo é maleável, como uma mola,
cheio de reentrâncias, cada uma delas um universo. E você quis uma chance, não quis? De saber como seria, se fosse diferente, não é?

-Foi só um pensamento...- sussurrou Harry com a voz sumida - E quem são vocês?

Os dois responderam, em uníssono:

-Somos os Viajantes do Tempo!

O rapaz continuou:

-Os Guardiões do Paralelo! Essa é a nossa missão, nos dada a muito tempo, quando estávamos na escola...

-"Estávamos"? Não parecem mais velhos que eu!

A garota riu, não ironica, mas revelando uma certa amargura:

-O Tempo não passa normalmente para quem caminha por ele. Mas, Potter, quer conhecer o seu mundo, se ele fosse diferente? Se Aquele-que-não-se-Deve-Nomear
jamais nascesse? Se o casal Potter estivesse vivo? Talvez, a chance de mudar o passado?

Um tremor percorreu o corpo de Harry, hesitou, por fim, resolveu aceitar, embora sua razão (que tinha a voz da Mione) latejasse em sua mente dizendo: "Seu
burro, tolo, e se for uma armadilha? Se você morrer pode por tudo a perder. Burro. Tolo."

-Eu aceito. - E levantou-se.

Os Black abriram um círculo no meio da sala, onde Harry foi posto, sem qualquer explicação. Sua cabeça rodando. "Tudo diferente. Uma chance de mudar tudo.
Mas...Como?" Olhou os dois jovens. A garota havia sentado sobre uma mesa, as belas pernas à mostra. O primo dela observava o próprio relógio de pulso,
mechendo na chave dos ponteiros. Mandou olhares significativos para a prima, como se um lesse a mente do outro. Então soltou a pequena chave.

Harry viu tudo girar, virar borrões, a sala, os primos Black, a luz das velas. tudo. Um campo, uma cidade, pessoas, Hogwarts. Velocidade estonteante. então
tudo parou, o garoto perdeu os sentidos e não viu mais nada.

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