Parte IV



N/A: Er... Alguns meses depois... Cá estou eu, Lisa Black, com dois capítulos pequenos para vocês, se compararmos com os de outras fics minhas... / se desvia das pedras e azarações / Desculpem-me pela demora (ou por mais essa demora)... Ou pela dupla demora, já que são dois capítulos / se esconde atrás da cadeira/. Eu acabei postando Oceano no outro site que eu posto fics e não na floreios, mas agora estou aqui para me redimir... Desculpem-me mesmo.
Bom, eu fiquei pensando com meus óculos e cheguei à conclusão de que os capítulos de Oceano tendenciam a ser pequenos porque retratam momentos breves. Bem, vocês talvez não compartilhem da mesma opinião que a minha, mas eu gosto deles assim (ou talvez eu esteja feliz com minha minúscula capacidade de ser sucinta, para variar um pouco), acho que expresso o essencial nas cenas (a que espera ardorosamente que vocês também pensem o mesmo). Mas, bem, não vamos levar isso como uma verdade absoluta.XD. Quem sabe não apareça um maior, na próxima? XD.
Bom, HP 7 em inglês já foi lançado, e a previsão para o lançamento nacional do livro traduzido é para amanhã (apesar de já ter comprado hoje, na Saraiva daqui de Salvador – Lisa feliz e saltitante, pulando com HP 7 em mãos). Eu já uma das traduções da net, então, posso dizer que já li o livro. Mas se alguém que acompanha Oceano não chegou a ler e tem medo de topar com algum spoiler por aqui, não se preocupe. Como a fic foi planejada antes do livro, eu vou seguir o meu esquema antigo sem fazer nenhuma modificação para encaixar os fatos com Deatlhy Hallows (ou Relíquias da Morte, como preferirem).
Agora, vamos aos comentários.

Lili Negrão (Liz) - XD. Fico feliz que você esteja gostando da fic! Espero que goste desses capítulos também!

Amy Cross – Você lê as notas finais? XD. Hehehehehehe. Espero que não se irrite, temos dois pequenos também... / se esconde / XD.

Nia Black - Oi! XD. Er... Desculpe a demora.

Marina Granger - O aperto no peito diminuiu? Que bom, porque acho que ele vai tornar a apertar de novo... / Lisa sai correndo / Huahahahaha. Bem, você vai entender o que eu quis dizer, no próximo capítulo.

Etiene Moreira - Hehehehehe. Eu presumi que quem conhecesse o Reiki ia logo reconhecer isso. XD. Eu não sei praticamente nada, na prática, e só um pouco da teoria, porque minha mãe é Reikiana. XD. Ah, não me mate! Eu sou muito jovem para morrer! XD. Desculpe a demora / corada-mor/ E fico muito feliz que Elucidações é tua fic preferida. (^.^) ( espero que ainda a seja). Agora, quanto a romances entre Harry e Ginny... / se esconde / Não vai ter. Pelo menos, não agora...risos.

Juliana Cequinel Carrizo - Desculpe a demora! Aqui está o capítulo.
Beijos para todos aqueles que lêem e/ou comentam a fic. Fiquem agora com os capítulos. XD.

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Parte IV

Por mais que Gina dissesse para si mesma que o ato de dormir era uma necessidade fisiológica, ela passava a maior parte do tempo da noite a revirar-se na cama a lutar para que o sono logo a dominasse, para que ela fosse abençoada por um breve momento sem pensamentos e sonhos.
A ruiva não gostava de permanecer acordada e dormir, tão pouco. Durante todo o dia era atormentada pelos seus pensamentos, e os pesadelos cada vez mais constantes visitavam-na à noite. E, à medida que o tempo corria, cada vez mais dentro de si lhe vinha a certeza de que talvez Harry jamais voltaria. E, quanto mais a dor decorrente desse fato aumentava, ela se esforçava mais e mais para procurar se manter forte e seguir em frente.
Quanto tempo havia se passado desde a profética noite...
Foram poucas as testemunhas que presenciaram a queda do Lorde das Trevas, mas em quantidade suficiente para que se pudesse estabelecer a localização exata que Harry e Voldemort travaram a última batalha. Godric’s Hollow.
Uma senhora velha e corcunda insistiu em dizer que, em meio ao intenso facho de luz verde que viu antes que uma densa carga mágica pairasse pelo local, avistou um vulto arrastando-se pelo chão em direção à floresta.
Era uma pista imprecisa, todos sabiam, mas eram tudo o que tinham até o momento.
As buscas eram um pouco dificultadas pela chuva torrencial que caía na região desde então, como se estivesse disposta a purificar a terra do local. O denso nevoeiro tomava conta das ruínas da casa e se estendiam até o bosque nunca cessava, o que fazia os mais temerosos acreditarem que aquele lugar estava amaldiçoado. O que atrapalhava ainda mais, visto que muitos debandavam antes mesmo de explorarem o terreno.
Havia, precisamente, dez dias desde que se soubera que Harry Potter havia derrotado Lorde Voldemort. E a notícias sobre o paradeiro do mais novo herói do mundo bruxo eram praticamente nulas.
Largada na cama do quarto de hóspedes da casa do irmão, a ruiva via o teto irradiar-se timidamente com a luz pálida de mais um amanhecer. Aquela cena se repetia numa constância absurda que, de vez em quando, ela se pegava pensando se não estava presa numa disfunção temporal e estava a viver o mesmo dia, todos os dias. Se assim fosse, desejava ardentemente que pudesse voltar no tempo, pois assim reviveria aquela noite em seu quarto para sempre.
Um breve ruído de algo caindo em algum outro cômodo da casa fez a ruiva saber que ela não era a única a estar acordada àquele horário. Mais por estar sem vontade de nada fazer do que a contragosto, forçou-se a levantar-se da cama e seguir em direção a origem do barulho.
Com movimentos graciosos, vestiu o penhoar no corpo, prendeu o cabelo e abriu a porta. O barulho que se repetiu fora mais intenso e o leve praguejar que sucedera a ele fez um breve sorriso povoar a face pálida e cansada da ruiva. E, quando algo se quebrou na cozinha, Gina resolveu apertar o passo para impedir que o irmão fizesse um estrago maior nela.
-Rony? – ela o chamou, baixinho, tão logo adentrara o recinto.
O ruivo, inicialmente, pareceu não ter ouvido, pois estava muito ocupado com o ato de tentar achar alguma coisa dentro do armário que havia debaixo da pia da cozinha. Gina olhou com certo pesar para xícara quebrada que jazia sobre ela e para os pratos e a tigela de algum eletrodoméstico trouxa que ela não se recordava o nome largados em cima da mesa situada no centro do recinto, antes de tentar novamente chamar a atenção do ruivo..
-Rony, o que você está fazendo? – ela questionou num tom mais alteado e teve como resposta um sobressalto do irmão, fazendo com que ele batesse a cabeça no teto do armário e voltasse para ela, massageando o local atingido. Gina sorriu de leve antes de prosseguir. – Você resolveu acabar com a cozinha, foi? Onde está a Mione?
Ela percebeu que ele pareceu um pouco aliviado por ter alguém com mais jeito para preparar um café da manhã do que ele antes de lançar um olhar meio emburrado para ela devido ao susto. Logo, ele se levantava e fechava calmamente a porta do armário que estava a espiar a fim de encará-la com mais precisão.
-A Hermione demorou para dormir hoje. – ele falou num suspiro. – Eu não consegui dormir muito bem e, cansado de ficar deitado na cama sem fazer nada, resolvi preparar algo para comer. – a essa altura, as orelhas dele ficaram ligeiramente vermelhas; sinal de que estava envergonhado. – Acordei você, Gina?
Ela negou com um meneio de cabeça e sorriu, aproximando-se do irmão e beijando-lhe de leve a face.
-Eu já estava acordada a um tempo, Rony. Vamos, sente-se que eu preparo algo para você. – ela disse ao que Rony prontamente obedeceu. – Espero que a Hermione agradeça depois por eu ter salvo a cozinha dela. – gracejou timidamente.
-Eu não sou tão ruim assim... – ele resmungou, nitidamente ofendido. Gina prendeu o riso, consertando a xícara quebrada num aceno de varinha.
-Oh, não, só estava querendo acabar com tudo o que tocava e via pela frente. – ela avaliou, voltando-se para a mesa. – Diga-me, o que você queria com isso? – questionou, mostrando a tigela da batedeira para o irmão. – E o que você, necessariamente, estava procurando no armário debaixo da cozinha?
-Bom, talvez eu não seja tão bom quanto eu acho que sou. – ele confessou num meio sorriso, encolhendo os ombros. Gina apenas arqueou uma sobrancelha e voltou a organizar as coisas, sob o olhar atento e aliviado do irmão.
Em poucos minutos depois, um apetitoso sanduíche era devorado sem pressa por Rony ao passo que os dedos da irmã passeavam gentilmente pelos seus cabelos escarlate. Gina estava ligeiramente debruçada no encosto da cadeira em que o irmão estava e involuntariamente sorriu quando notou que estava deixando os cabelos do rapaz tão desalinhados quanto o de Harry. Harry, sempre o Harry.
-Você não vai comer nada? – Rony indagou, sorvendo um generoso gole do seu suco de abóbora. A ruiva, automaticamente, parou com o leve carinho e suspirou.
-Eu não estou com fome. – ela respondeu, cansada, notando que o irmão parara desviara a atenção do seu sanduíche e se voltara para ela com um ar que lhe pareceu tentar aparentar algum divertimento.
-Você precisa se alimentar, Gina; se quando formos visitar a mamãe e ela, ao te ver tão magra, sequer pensar que eu não estou cuidando da caçula dela devidamente, eu não quero nem pensar o que ela pode fazer comigo. – Gina sorriu de leve e Rony arqueou uma sobrancelha antes de prosseguir. – Não ria; você devia era demonstrar um pouco mais de amor ao seu irmão mais velho. – ela respirou fundo, sentindo a vontade de chorar começando a sufocá-la mais uma vez. Podia ver toda a tristeza no olhar do seu irmão e o admirava intrinsecamente pela sua determinação em tentar se manter forte, para ela e para Hermione.
-Obrigada, Rony. – ela falou num tom rouco, tornando a beijar a face do irmão e tomando um lugar ao seu lado.
-Pelo quê? – inquiriu, desconfiado. – Eu não fiz absolutamente nada. – completou, desviando o olhar dela e tornando a voltar sua atenção para o seu prato. Gina lançou um olhar condescendente aos sanduíches que ainda jaziam no prato e tomou um para si, ignorando o embrulhar incômodo do seu estômago.
-Não sabia que essa tática podia ser tão persuasiva. – ele comentou depois de alguns instantes em que comeram em silêncio. Gina meneou a cabeça e sorriu.
-Não é; mas, infelizmente, você me pegou num dia em que eu estou, particularmente, de bom-humor, então, eu faço isso por você. – ela tentou gracejar, mas notou que sua voz saíra um pouco estranha. Pigarreou longamente e suspirou, antes de encarar o irmão de forma significativa. – Eu queria estar lá agora, Rony; eu queria... – ela bufou de raiva.
-O Ministério isolou a área; muitos integrantes da Ordem se voluntariaram nas buscas, mas a resolução do Ministro tornou isso praticamente impossível. – o ruivo resmungou, meio enfastiado. – Ele não tirou o nariz do seu escritório durante a guerra e agora quer dar uma de “Faremos tudo para encontrar Harry Potter”. Patético. Seria mais viável ele enviar pessoas que não se borrassem de medo só porque uma folha se mexeu perto deles. – ele grunhiu numa careta. – Quim nos informou que alguns trouxas acabaram por assistir a batalha e eles tiveram que lançar feitiços de memória em algumas pessoas do vilarejo, mas isso não diminui a existência de curiosos ao redor da propiedade dos Potter, ou, aparentemente, o local em que ela antes se encontrava, para ver se conseguem ter alguma notícia sobre a investigação. Não ajuda o fato de alguns engraçadinhos ficarem dando pistas falsas do paradeiro de Harry só para se aparecer. – ele lançou um olhar significativo para a irmã e alcançou uma de suas mãos, segurando-a firmemente. – Vamos encontrá-lo, Gina. Eu prometo.
Gina sorriu para Rony e respirou fundo, sentindo os olhos arderem novamente. Logo, firmou o aperto na mão do irmão e desviou o olhar dele por alguns instantes, mirando distraidamente os armários claros do recinto.
-Você não foi escalado pelo Ministério?
-Não. – o ruivo murmurou, com amargura. – Saí de campo e voltei a ficar trancado naquele cubículo. Isso é, realmente, maravilhoso. – acrescentou ironicamente. – Talvez ele pense que se encontrarmos o Harry, ele vai fugir de mim.
Gina não sorriu, apenas mirou o irmão, séria.
-E se não encontrarmos? – falou, rouca. – E se sim, não for da maneira com a qual gostaríamos que ele estivesse? – Rony inspirou fundo e Gina notou que sua feição nublou-se um pouco.
-Nós sempre nos apegamos ao mínimo de esperança possível, Gina. Não é agora que vamos mudar nossos conceitos. – ela assentiu vagamente e suspirou.
-Eu só queria que essa espera acabasse logo, Rony. Ela é pior do que termos certeza de alguma coisa.
-Eu sei, mas você precisa ser forte. – ele silenciou por alguns instantes. – Agora, será que você pode comer mais um sanduíche? Eu não estou muito disposto a aturar um sermão de mamãe quando formos visitá-la hoje.
Gina sorriu vagamente e meneou a cabeça.
-Eu não vou fazer isso. Você está mais preocupado em salvar sua pele do que com a saúde da sua irmãzinha. – ela o olhou, meio divertida. – Mamãe vai adorar saber disso, e eu não quero perder preciosos minutos de diversão.
-Você já foi mais amorosa comigo, Gina. – ele retorquiu num falso resmungo e depois esboçou um ar sério. – Como você acha que ela está?
-Mamãe é forte, mas ela ainda sente muita falta do papai. – ela falou, baixinho. – Só que ela não quer que saibamos disso, então, ela quer passar para nós uma força que sabemos não ter no momento enquanto a gente finge que não sabemos o quanto ela está sofrendo por tudo isso. – Gina soltou um resmungo de frustração. – Eu queria fazer algo por ela, mas ela não deixa. Ela prefere ficar sozinha naquela casa vazia a ter um de seus filhos como companhia.
-Faz dois meses apenas que tudo aconteceu, mas eu sinto que ainda ser estranho ver toda a família Weasley reunida com o lugar do papai vago. – Rony disse, meio pensativo.
O silêncio reinou entre eles, reconfortante. De certa forma, ambos sentiram que não havia nada a dizer, mas as mãos entrelaçadas representavam um conforto mútuo. Gina deixou uma lágrima cair solitária de seus olhos e voltou o olhar para a janela da cozinha, como se esperasse por algo. Rony permanecia estático, mirando algum ponto da mesa como se a achasse muito interessante.
A atenção de ambos foi atraída pela chegada de uma Hermione ainda sonolenta, que arrastava, distraída, seus pés em direção a cozinha. Havia algo de errado com a blusa que ela vestia e pôde sentir o olhar de um envergonhado Rony sobre si. Gina riu baixinho, lançando um olhar ligeiro à janela novamente antes de se aproximar do irmão, como quem segreda algo.
-Eu sei o que é isso, Rony, não se preocupe. – ela falou. As orelhas do irmão ficaram escarlates. Hermione apenas desabou na cadeira a frente deles, alheia a vermelhidão no rosto de Rony e o pequeno sorriso dos lábios de Gina.
-Bom dia. – ela falou, mecanicamente.
-Bom dia, Mione. – ela falou, ainda sentindo um estranho calor dentro de si. Algo como um bom pressentimento. – Dormiu bem? – inquiriu enfaticamente, sentindo um pouco da antiga Gina voltar dentro de si. Rony pareceu ser o único que entendera a insinuação da irmã, pois seu rosto parecia prestes a explodir de tão vermelho que estava.
-Gina! – Rony exclamou ao mesmo tempo em que Hermione fechara a boca, a meio segundo de dizer um “Não muito bem...”. Mione apenas mirou o namorado, confusa.
-O que houve? – ela questionou, intrigada. Gina alargou o sorriso.
-É só o Rony pensando que eu sou inocente demais para saber o que significa isso. – ela apontou para a blusa que Hermione usava, que era alguns números maiores do que ela. A morena pareceu se dar conta da pequena gafe cometida, pois suas bochechas ficaram rosadas. – Eu vou lá fora. – ela completou, rapidamente. – Acho que eu vi a Edwiges.
Gina se levantou num gesto ágil e não precisou olhar para trás para saber que Mione e Rony trocaram um olhar significativo. Desde que ela contara aos dois que a coruja aparecera para ela na manhã do dia trinta e um de outubro e que julgou tê-la visto novamente rondando a casa deles a dois dias atrás, que eles a tratavam com uma atenção excessiva, que ela sabia ser preocupação.
A ruiva meneou a cabeça e avançou pela sala, escancarando rapidamente a porta da frente. Com o coração disparado, ela varreu o céu com o olhar a procura de um vestígio branco que lhe indicasse que realmente tinha visto o animal pousar gentilmente no telhado da casa a frente. Não viu nada.
Gina sentiu o peito se comprimir ligeiramente e já ia entrar em casa, desesperançosa, quando ouviu algo cair com um breve ruído atrás de si. Voltou-se novamente em direção a rua e ouviu algo se quebrar aos seus pés. Um pouco confusa, ela deu um passo para trás e observou atentamente o objeto que tinha pisado. Gina sentiu um nó muito espesso alojar-se em sua garganta ao mesmo tempo que uma mistura estranha de alegria e pesar invadia seu ser. Seria capaz de reconhecer aquilo, mesmo de longe.
Abaixou-se lentamente e pegou do chão os óculos de Harry, quebrado e torto pela sua pisada, e crispou as mãos firmemente sobre ele. Sentiu um vento levemente cortante atrás de si e algo puxar lentamente a pequena haste que lhe prendia os cabelos num frouxo coque. Eles caíram como uma cortina flamejante sobre o seu rosto e Gina suspirou. Não sabia o que pensar naquele momento e, enquanto ouvia o pio longínquo que sabia ser da coruja de Harry, ela só tinha uma certeza em sua mente.
Edwiges o tinha encontrado.

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Gina sentia que Hermione e Rony a encaravam como se não acreditassem que estavam tinham mesmo aquele objeto na mesa entre eles. Ela havia acabado de contar para os dois o ocorrido e apenas esperava pacientemente a reação deles.
-Ela... Ela puxou mesmo seu prendedor de cabelo? – Rony questionou, estupefato. Gina apenas assentiu num suspiro. – O que ela quer com isso, afinal? – inquiriu com o cenho franzido.
-Eu, sinceramente, não sei, Rony. – a ruiva falou rapidamente. – O que importa é que a Edwiges, aparentemente, sabe onde o Harry está. – ela respirou fundo antes de prosseguir. – Talvez ele esteja vivo, ferido e necessitando da nossa ajuda, ou até mesmo... – ela sentiu que não tinha coragem de terminar a frase. – São os óculos dele, tenho certeza.
-Nós também temos certeza, Gina. – Rony murmurou, parecendo ofendido. – O caso é que isso não foi de muita ajuda. Continuamos sem saber onde o Harry está.
-Mas sabemos onde tudo terminou. – Hermione murmurou rapidamente, falando pela primeira vez naquela conversa. – E é de lá que devemos partir. – ela lançou um olhar para os outros, pensativa. – Se a Edwiges pegou algo da Gina, então, podemos dizer que ela espera que você vá buscar.
-Coruja inteligente essa. – Rony comentou num meio sorriso. – Já a minha, a única coisa de útil que sabe fazer é piar e voar excitadamente ao nosso redor.
-Ela é útil em entregar cartas também. – acrescentou Gina, num meio sorriso. Rony resmungou algo ininteligível e as duas trocaram um breve olhar, mas nada disseram. Conheciam perfeitamente o comportamento de Rony no que diz respeito a seus animais de estimação.
Gina tornou a olhar os óculos quebrados de Harry e suspirou. Logo depois, observou Rony e Hermione com uma feição significativa.
-Vamos ter que realizar mais uma batida hoje à noite para procurarmos Edwiges em surdina. É a única opção que temos.

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Harry notou uma leve movimentação no cômodo acima do qual se encontrava, mas não abriu os olhos. Permaneceu inerte, de bruços, apenas escutando os passos suaves de Hagnes sobre o assoalho puído do rústico casebre.
Seu corpo todo queimava e, apesar de estar coberto com grossos lençois, arrepios febris assolavam todo o seu corpo de quando em quando. Sua cabeça estourava, mas ele sentia que a dor em sua cicatriz na testa estava se estabilizando, e as feridas não mais ardiam. Era uma recuperação morosa, mas ligeiramente eficaz.
O som se aproximava cada vez mais e pelo tênue rangido que chegou-lhe até os ouvidos, Harry notou que suas suspeitas estavam corretas e que a jovem estava descendo as escadas que dava acesso ao porão e vindo ao seu encontro. Com mais determinação do que nunca, permaneceu de olhos fechados, fingindo que dormia.
Os passos finalmente cessaram. Um cheiro característico de sopa invadiu-lhe as narinas, fazendo seu estômago começar a reagir a ele de forma satisfatória. Isso, entretanto, não contribuiu para melhorar o mau-humor que o dominara desde que acordara ali, a dois dias atrás.
-Abra os olhos, Harry. Eu sei que você está acordado. – ele ouviu a voz gentil de Hagnes dizer depois de um tempo e manteve-se impassível. O estômago protestou com mais ênfase, mas ele ignorou-o. – Eu trouxe sopa. – ela disse no mesmo tom de antes.
-Eu percebi. – Harry falou num resmungo, abrindo os olhos lentamente e piscando várias vezes. Não que isso fosse útil, realmente. Ele estava com o rosto virado para o lado contrário ao que Hagnes estava, além de ter um travesseiro a escondê-lo. Mas, mesmo assim, ele julgava que, de alguma forma, Hagnes sabia que ele os mantinha aberto agora. – Eu não quero comer.
-Oh, sim, mas eu também sei que você está com fome. – ela falou num ar de gracejo. – Seu estômago ainda não tem a capacidade de mentir. – Hagnes riu um pouco. – A sopa não vai esperar você se decidir entre ele e sua impertinência, então, se você quiser tomá-la ainda quente, é melhor se apressar.
Harry deu-se por vencido num bufo de raiva. Instintivamente, tateou o criado-mudo a procura do seus óculos e soltou um breve resmungo, ainda mais irritado. Num gesto rápido, retirou o travesseiro do rosto e se sentou cuidadosamente na cama. Os lençóis escorregaram pelo seu tronco e os pêlos do seu braço se arrepiaram quando um vento que ele considerou gélido passou por ele.
-Antes que você pergunte, ela os levou para longe.
-Edwiges? – Harry inquiriu, batendo o queixo ligeiramente e esfregando as mãos nos braços, numa tentativa de aplacar o frio que estava sentindo.
-Sim. – ela respondeu, serena. – A sopa vai fazer você se sentir melhor. – Hagnes disse enquanto se sentava ao lado de Harry, colocando uma bandeja entre eles. – Cubra-se, até mesmo o ar parado parece ser gelado o bastante para você nessas condições.
-E como eu tomo a sopa? – Harry questionou, contudo fez o que ela havia dito. – De canudinho?
-Não, eu vou dá-la a você. – Hagnes murmurou num tom firme. Harry esboçou uma carranca e soltou um muxoxo, meio orgulhoso.
-Não me trate como se fosse uma criança. Eu sei me virar sozinho.
-Eu não estou dizendo que você não saiba se virar sozinho, Harry. Mas você não pode negar que precisa de auxílio no momento.
-Não preciso. – grunhiu de leve, se encolhendo mais nas cobertas. Ele entreouviu um suspiro cansado de Hagnes em resposta.
-Harry, você... – ela parou de falar abruptamente quando ouviu um farfalhar de asas. O som também atraiu a atenção de Harry.
-Onde estão meus óculos, Edwiges? – ele inquiriu imediatamente. A coruja apenas pousou delicadamente em um dos seus ombros; Harry sentiu as unhas dela cravarem-se gentilmente na sua carne e virou o rosto para ela, esboçando uma feição incisiva. – Edwiges, os óculos. – repetiu, sisudo.
A coruja apenas piou e beliscou uma das suas orelhas com um carinho maior do que o normal. Harry apenas arqueou uma sobrancelha para ela.
-Ela não está mais com os óculos. – comentou Hagnes serenamente. – Ela deve ter levado para alguém, ou escondido em algum lugar.
A coruja piou em resposta, como quem assentia, antes de tornar a alçar vôo e sair por onde viera. A lufada de vento proporcionada pelas suas asas fez com um cheiro, aparentemente familiar, impregnasse as narinas de Harry por um breve instante. Seu estômago revirou de forma incômoda que Harry sabia perfeitamente que não era fome. Respirou fundo.
Ela tinha ido visitar Gina.
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N/A: Preparem as capas e as varinhas, está aberta a temporada de "caça" a Edwiges/ risos / E, se vocês virem um ponto branco no céu, protejam suas cabeças! XD. Sim, eu amo a Edwiges! Eu vou roubá-la do Harry e ficar com ela para mim. / Lisa com olhar de "Ela não é linda?"/
Bom, mas deixando de lado o meu lado de amante-mor de corujas... / hum, ficou meio estranha essa frase...rs. / Espero que não tenham achado meio louca a participação da Edwiges - Lisa pensando num apelido para ela...y.y. -, e espero, obviamente, que tenham gostado do capítulo.

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