COMO EU FUI BEIJADO POR ADAM K



SEGUNDO CAPÍTULO
COMO EU FUI BEIJADO POR ADAM KINNER
"Eu me aproximei bem dele, bem devagar,
mas não cheguei a encostar nos lábios dele.
Fora ele que se aproximou de
mim e fora ele quem me beijara"

Era um sábado agitado pois acordara com o barulho da sala comunal. A masmorra onde ficava nossa sala estava quentinha e acolhedora, parcialmente decorada de verde. Quando dei conta do tempo, já eram mais de dez horas, como o café já havia sido retirado, fui estudar Defesa contra as Artes das Trevas, mas havia uma euforia tão grande na sala que eu resolvi fazer isto na biblioteca.

Terminando de estudar, notei que era hora do almoço. Guardei minhas coisas na sala comunal e fui ao Salão Principal. Por sorte, vi um garoto da Lufa-lufa rabiscando algo em um livro.

Repreendi ele.

- Esse livro é da Biblioteca?

- Sim.

- Então isso é menos 5 pontos para a lufa-lufa.

Dei um sorriso maldoso e li a mente do garoto. Ele me xingava de muitos nomes horríveis. Dei outro sorriso e tirei-lhe mais 5 pontos por pensar mal de um monitor.

Eu sem dúvidas sabia ler a mente de todos os alunos da escola e ás vezes até de um ou outro professor. Também era mestre em Ocluência o que me garantia a certeza de que nenhum professor sabia dos meus planos para o futuro.

Durante o almoço fiquei observando a mesa da Grifinória, mas não vi Adam nenhuma vez, o que me deixou entristecido. Comi rápido. Mas quando me dei conta que não se passara nem vinte minutos, repeti o prato. Eu não poderia deixar transparecer o quanto estava ancioso.

Finalmente, literalmente, finalmente, fui para trás da escola procurar Adam. No caminho pensei no que dizer quando visse ele. O que falar, o que fazer. Parei em frente a uma armadura metálica que reluzia o meu próprio reflexo distorcido e ajeitei o meu próprio cabelo. Que coisa estúpida de se fazer! Saí da escola e fui ao mesmo local do dia anterior.

Certamente, ele estava lá, desenhando distraidamente sua árvore. Ele avistou-me e deu um imenso sorriso. O sorriso dele fora tão sincero que eu uma felicidade invadiu todo o meu corpo.

- Você demorou.

- Desculpe. - disse educadamente para compensar a grosseiria do dia anterior.

Resolvi não usar minha malícia com ele, ser eu mesmo. Tentar hipnotizá-lo sem mentiras ou sem poderes. Eu iria ser eu mesmo, afim de ganhar fazê-lo ganhar o mesmo sentimento que fazia-me sorrir abestalhadamente.

- Quero te dar esse desenho.

Era o desenho da árvore que ele mal havia acabado.

- Ainda falta alguns detalhes, estou quase terminando.

Ele voltou a distrair-se com a árvore, terminando o desenho, coisa que não tardou.

Notei o quanto afilado era seu nariz. O quanto ele tinha mania de morder os lábio esquando desenhava. Notei que era canhoto. E que pegava levemente no lápis. Notei o quanto azul era seu olho. E quanto era alva a sua pele. Notei o quanto... Eu gostava dele.

Ele terminou o desenho e dedicou-lhe á mim.

- Obrigado - agradeci.

- E então, disse ele - o que você gosta de fazer?

Contei-lhe não muito, não queria assustá-lo com as minhas idéias para o futuro. Foi uma especie de jogo onde ele perguntava, eu respondia e depois vice-versa.

- Signo? - perguntou ele.

- Capricórnio. Ascendente em Áries.

- Áries. Ascendente em Capricórnio.

Rimos da coinciência.

- Cor favorita? - perguntei.

- Amarelo.

- Verde.

- Time de Quadribol - ele perguntou.

- Não gosto de esportes, eu disse.

Ele riu, - Eu também não.

E então rimos juntos.

- Matéria favorita? - perguntei

- Defesa Contra ás Artes das Trevas.

Estremeci... E se ele fosse contra Artes das Trevas? Omiti minha verdadeira resposta, e para ele disse:

- Feitiços.

Fomos partindo de pergunta á pergunta. Ele questionava coisas malucas que eu nem sempre dizia a verdade, desde de o que eu gostava de comer até profissão do futuro. Simplesmente era obrigado a omitir alguns detalhes para não assustá-lo, com a esperança de um dia dizer todos os meus segredos. Até que ele fez uma pergunta muitíssimo interessante. Que deixou -me muitíssimo surpreso.

- O que você fazia aqui ontém á noite?

Fiz silêncio. Mas ele insistiu.

- Eu te vi, não adianta dizer que não veio aqui.

- Vim pensar.

Ele era astuto, calculista. Eu percebi isso. Foi muito inteligente da parte dele fazer esse jogo todo para chegar a essa pergunta. Admirei-o por isso.

- Eu vim ver se você andou pensando em mim, ele disse.

Sem dúvidas aquela resposta me deixou feliz. Eu mesmo quebrei o encanto do silêncio e disse:

- Continuando o jogo. O que você quer fazer agora?

Resolvi, só uma vez, ler a mente dele: te beijar.

- Te beijar.

Ele não mentiu. Ele não mentiu.

Eu me aproximei bem dele, bem devagar, mas não cheguei a encostar nos lábios dele. Fora ele que se aproximou de mim e fora ele quem me beijara. Fui envolvido nos lábios dele. Um beijo simples e apaixonado. Eu senti isso. Eu senti!

Voltou á posição inicial, apertando os lábios com os dentes como da maneira que desenhava, e deixou-me paralisado, sem saber o que dizer. E ainda por cima disse:

- E você? O que quer fazer agora?

Dei-lhe um beijo. Dessa vez o beijo não foi nada simples, mas nem por isso isso deixou de ser apaixonado. Fora um daqueles de lingua que constuma-se sonhar quando se é criança. Aquele fora o primeiro beijo da minha vida.

Passamos atarde conversando e de vez em quando trocando beijos. Mostrei á ele o T&A que havia escrito na noite anterior. E foi então que percebi que havia um coração em volta das inicias, um coração que eu não havia feito. Ele sorriu confirmando o que eu pensava.

Estava quase entardecendo quando ele disse que tinha que ir.

- Não queria que você fosse. - eu disse, passe a noite comigo. Aqui.

- Não posso. Tenho tarefas á fazer.

- Por favor.

- Eu volto amanhã. Pela manhã se você quiser.

Meio entristecido aceitei a proposta dele. Vi ele se distanciando. Fiquei sozinho. Sentado de costas para o castelo. Observando a singela árvore na colina. Somente quando o sol se foi que eu voltei á me ligar nas coisas que eu também tinha que fazer.

Era sábado, e todo sábado á noite havia uma reunião com o vice-diretor, Dumbledore e os monitores. Não queria chegar atrasado mais uma vez num encontro com o diretor, por isso me apressei. Por sorte, cheguei antes dele.

Passada a reunião fui jantar e finalmente dormir. Dormir cedo para acordar cedo. E vê-lo mais uma vez. Meu... namorado?

Acordei durante a noite ainda com aquele encanto nos olhos. Queria mostrar a ele o quanto estava feliz por estar com ele. Sinceramente, descartei os livros de Arte das Trevas para pensar nele. Talvez o mundo não tivesse que ser mudado, não precisava de mais um revolucionário. Foi a primeira vez na minha vida que pensei em desistir de tudo.

Foi então que, pela janela, ví o pássaro amarelo mais uma vez. E pensei pouco antes de fazer o que fiz. Apontei minha varinha á ele e paralisei-o. Com um simples feitiço de levitação, fiz com que ele caísse devagar até o chão. Aquele seria meu presente ao Adam. Ele iria adorar poder desenhá-lo.

Saí da escola por uma passagem secreta e fui procurar o pássaro. Encontrei-o paralisado, triste. Conjurei uma gaiola e coloquei-o dentro. Só então devolvi os movimentos á ele. Deixei-o alí, para quando Adam chegasse pela manhã visse que eu visitara o nosso lugar durante a noite.

Fui dormir... Sonhei com Adam adulto, como Auror. Pretendo-me em Azkaban. Acordei desesperado e suado, prometendo a mim mesmo que pela manhã contaria os meus segredos a Adam. Só depois que me acalmei, voltei a dormir.

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