Querido?



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Capítulo 3 – Pedra no Dedo?

Acordei na manhã seguinte incomodada pela luz do Sol que entrava pela janela do quarto. Um maravilhoso cheiro de café pairava no ar.

-Bom dia. – ouvi Nick dizendo de algum lugar do quarto.

-Bom dia. – resmungo, cobrindo os olhos com acoberta devido a claridade.

-Quer café?

-Por favor.

Ouço os passos de Nick saindo do quarto e logo depois o barulho das xícaras na cozinha. Sento-me preguiçosamente na cama, me rendendo a luz que incomodava meus olhos. Nick entra no quarto e fico abobada com o que vejo. Ele está lindo, vestindo um roupão branco e com os cabelos bagunçados e eu me estico pra lhe dar um beijo.

-Oi. – diz ele se sentando na beira da cama – Cuidado para não derramar. – termina ele me entregando a xícara de café.

E de repente o dia de ontem passa como um filme em minha cabeça. Nós saímos para jantar e aquela viagem medonha de avião e ele foi até o aeroporto e disse...
Nós vamos morar juntos!

- O dia de ontem foi horrível pra você. Aposto que está cansada... – disse Nick começando uma conversa.

-Um pouco. Então... – diga incerta e tomo um gole do meu café – nós vamos morar juntos?

-Se você ainda quiser.

Meu Merlin! Estou me sentindo uma adulta! Vou morar com meu namorado!

-Vou ter que contar pra Andrew... – diz Nick apontando pra parede que dá no quarto do seu colega de apartamento.

-E eu pra Lissy e pra Jemina.

-E vamos ter que arrumar um lugar. E você vai ter que prometer manter tudo em seu devido lugar. – diz ele sorrindo.

-Eu? Até parece! – você que tem milhões de figurinhas de sapo de chocolate! – digo fingindo indignação.

-Mas isso é diferente!

-Diferente como? – pergunto colocando uma mão na cintura, o que faz ele rir.

-Eu preciso ir. Desculpe, não vou poder ver os seus pais. – diz ele se levantando da cama.

Como se ele já não fosse o namorado perfeito, ainda gosta dos meus pais.

-Não faz mal.

-Quase esqueci de te dizer. – diz ele enquanto pega uma blusa no guarda roupa – Adivinha pra que eu comprei bilhetes?

-Hum... – digo empolgada e estou preste a dizer “Paris!” quando...

-O festival de jazz! – Nick ri de orelha a orelha – O Trio Sonnide! É o último show deles esse ano!

Fico sem palavras.

-Uau! – consigo dizer – O... Trio Sonnide, eu lembro deles.

Eles tocam clarinetas. Sem parar para tomar ar, por duas horas.

-Sabia que você ia adorar! – Nick pega no meu braço afetuosamente.

-Ah, gostei!

Nick termina de trocar de roupa e vai ao banheiro escovar os dentes e pentear o cabelo. Pega a pasta que estava em cima de uma poltrona e vem até a cama e me beija.

-Gina? – hesita ele.

-Sim?

Ele se senta na cama e me olha sério com aqueles olhos azuis.

-Eu queria dizer uma coisa – começa ele meio inseguro – É só uma idéia, talvez você não goste. Quer dizer, você quem decide.

Ai meu Merlin. Ele vai falar que tem alguma tara. Alguma fantasia sexual...

-Eu estava pensando que...talvez...a gente poderia...

-Sim?
-começar a se chamar de “querido” e “querida”. – desabafa ele.

-Como? – perguntou meio passada.

-É só que a gente agora vai morar junto e isso é um tremendo compromisso. E eu notei recentemente que a gente não usa nenhuma palavra pra se referir ao outro.

-Não?

-Não.

-Ah. – tomo um gole de café e penso, ele está certo.

-Então, o que você acha?

-Lógico. Você está certo. – concordo rapidamente – Querido.

-Obrigada, querida – diz ele sorrindo e eu sorriu de volta ignorando os minúsculos protestos na minha mente.

Isto não está certo. Eu não me sinto querida. Querida é uma mulher casada, com um colar de pérolas e três filhos, no mínimo.

-Agora eu tenho que ir, querida. – diz ele se levantando e me dando um beijo na testa – Te vejo mais tarde!

-Tudo bem, querido.

Viu? É fácil!

Ai meu Merlin.

Troco de roupa e aparato na porta do meu apartamento. Abro a porta e vejo Lissy sentada no sofá rodeada por papéis. Ela trabalha demais.

-Em que você está trabalhando? – pergunto colocando minha bolsa na poltrona – Ainda naquela poção?

-Não, é essa reportagem. – diz ela levantando a capa da revista “Bruxa Moderna” – Aqui diz que tem uma maneira de ver se você está dentro dos patrões de beleza. Você tira umas medidas e vê quando tirou.

-Ah, sim E você tirou quanto?

-Estou fazendo as contas. – diz ela franzindo a testa – Ai meu Merlin! Tirei só 33!

-Qual é a nota máxima?

-Cem! E eu tirei 33!

-Isso aí é uma merda, Lissy!

-Eu sei. – diz ela séria – Eu sou feia. Eu sabia a minha inteira...

-Não! – exclamo segurando o riso – Você não é feia. É uma das garotas mais bonitas que eu conheço! Olha pra você! – faço um gesto indicando o espelho do corredor – A revista é uma merda, não você. Em quem você vai acreditar no espelho ou nessa revista idiota?

-Na revista idiota? – diz Lizzy como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Sei que ela está brincando, um pouco. Mas ela está com a auto-estima baixa, desde que o namorado dela a dispensou.

-Isso é a proporção de beleza? – pergunta Jemima, nossa colega de apartamento. Ela está usando uma calça jeans rosa-claro e uma blusa branca. E como sempre estar bronzeada e arrumada. Trabalha em uma galeria de artes, na parte trouxa da cidade, e tem queda por banqueiros ricos com quem sempre sai e cujo salário sempre verifica antes de dizer sim.

Eu me dou bem com ela, na medida do possível. Mas às vezes é irritante o jeito dela sempre começar as frases com “Se você quer uma pedra no dedo...” ou “Se quer um endereço que comece com Mansão...”

-Eu também fiz esse teste. – diz ela pegando sua bolsa caríssima que seu pai havia lhe dado depois de romper com um caro com quem teve três encontros. Como se isso a deixasse de coração partido. O cara tinha um daqueles barcos enormes, então acho que ela ficou de coração partido mesmo.

-Você tirou quanto? – pergunta Lissy.

-89. – responde ela simplesmente. Esborrifa perfume no cabelo e sorri para se mesma no espelho – Então quer dizer que você vai morar com o Nick, Gina?

Meu Merlin!

-Como você sabe?

-É o que anda pelo Beco Diagonal.

-Você vai morar com o Nick? – pergunta Lissy – Porque não me contou?

-Lógico que eu ia contar. O que você acha?

-Horrível. – responde Jemima – Tática horrível.

-Tática? – pergunta Lizzy e eu.

-Tática! – exclama Lissy – Eles estão namorando e não jogando xadrez.
-Namoro é um jogo. – responde Jemima terminando sua maquiagem – Minha mãe sempre disse que precisamos olhar adiante, sem que ser tudo planejado, ou você se ferra.

-Mas eu...

-Ah, alguma de vocês pegou o meu casado marrom emprestado? – pergunta Jemima.

-Não. – respondo.

-Nem sei qual é. – diz Lissy.

-Porque eu tenho braços muitos finos, e não querem que as mangas fiquem frouxas. E eu reparo nisso. Tchau. – diz ela saindo do apartamento.

-Droga. – diz Lissy assim que ela sai – Esqueci o casaco no trabalho. Tudo bem, eu pego na segunda.

Ta bem. De vez em quando nós duas pegamos algumas roupas de Jemima emprestada. Mas ela tem tanta roupa, não sei como ela consegue saber que tem uma peça faltando naquele guarda-roupa lotado. Às vezes eu acho que ela coloca algum feitiço espionatório no quarto dela.

-Então, o que você vai fazer mais tarde? Quer ver um filme? – pergunta Lissy tirando os olhos de uma reportagem sobre vestes a rigor.

-Não posso. Hoje é o almoço de aniversário da minha mãe. – respondo relutante.

-Me esqueci. – diz ela fazendo uma cara simpática – Boa sorte.

Lissy é a única pessoa no mundo que realmente sabe como eu me sinto quando vou à casa dos meus pais. E olha que ela não sabe de tudo.

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