Morte



Capítulo 17: Morte



Tiago enfiou o pedaço de pão na boca.

- Alguém aqui tem a assinatura do Profeta Diário? - perguntou ele - Faz tempo que eu não leio jornal...

- Eu tenho - disse Frank, passando o jornal - Tome.

- Ah, obrigado.

Tiago se aconchegou na cadeira e desdobrou o jornal. Ia pegando sua xícara de café quando alguém a derrubou no chão. Era Sirius, que se sentara do seu lado.

- Me desculpe - pediu ele - Foi sem querer.

- Não, tudo bem - disse Tiago - Você só queimou a minha perna.

O garoto lançou um feitiço rapidamente e tirou as manchas e o café das vestes.

- Bem, hoje você está realmente sarcástico - comentou Sirius, cortando um pão ao meio - O que houve?

- Amélia - murmurou Tiago, sem tirar os olhos do jornal - Vai acabar comigo.

- Ah, ela já acabou comigo - contou Sirius - Aliás, nem sabia que vocês estavam namorando.

- Não estamos - corrigiu Tiago - Ela quer acabar o que há entre eu e a Lílian.

- Bom, então não há problema! - exclamou Sirius, sorrindo - Vocês não tem nada!

Tiago o ignorou.

- Eu pensei que você estivesse triste por ter terminado com a Amélia.

- Ah, estava - disse Sirius - Mas ela não era tudo isso...

- Eu pensava que fosse.

- Não, não é - falou Sirius, piscando para uma garota da Corvinal - A Fernanda Hartlor é bem mais bonita e cheia de vida...

Tiago riu.

- Cheia de vida? - disse ele, virando o jornal para a página inicial - Como assi... MEU DEUS!!!

- O que houve? - perguntou Sirius, assustado.

- Regulus... - murmurou Tiago, passando o jornal para Sirius.

O garoto abriu-o e leu a notícia:

- Regulus Jonh Lupin, funcionário do ministério assassinado??? - exclamou ele - Meu Deus... Como vamos contar isso para ele?

- Ele é mestiço - disse Tiago - Os pais são trouxas. O irmão foi assassinado por comensais da morte. Parece que ele estava investigando Voldemort...
Sirius lia o resto da matéria, com a boca abrindo cada vez mais, sem emitir sons.

- Como vamos contar isso para ele? - perguntou Sirius, abalado.

- Contar o que? - perguntou Lupin, que havia chegado.

Tiago e Sirius trocaram olhares. Sirius passou o jornal para o amigo. Lupin ia lendo a matéria. Enfim, ele terminou.

- É, realmente o galeão está valorizado nessa semana... - comentou ele, após terminar de ler.

Tiago caiu para trás.

- É a matéria de cima! - exclamou ele, se levantando.

- Ah, sim... - disse ele, começando a ler.

Sirius e Tiago trocaram mais olhares, tristes.

- Meu irmão... - dizia ele, após terminar de ler - Eu não acredito... eu... eu...
E desatou a chorar. Tiago e Sirius apresentaram os seus pesâmes.

- Ele era muito jovem! - exclamava Lupin, chorando - Eu... tenho... que ir... para casa...!

E saiu correndo do salão, antes que Tiago ou Sirius pudessem detê-lo. Dumbledore se adiantou, quando eles tentavam sair do Salão.

- Acho melhor deixá-lo sozinho - disse ele, sério - Ele precisa passar por suas dificuldades sozinho.

- O irmão dele morreu! - exclamou Tiago.

Era bem verdade que nem mesmo Sirius e Tiago haviam conhecido Regulus, mas sabiam que era um grande bruxo, que trabalhava na seção dos aurores do ministério. Ele e Lupin eram muito unidos.

- O irmão dele morreu - repetiu Dumbledore - Ele tem direito de sofrer sozinho. Vocês não podem fazer nada para ajudá-lo.

- Ele é o nosso amigo! - defendeu-se Sirius - Nós podemos ajudá-lo sim!

- Eu ordeno que fiquem aqui - falou Dumbledore, sério - Remo voltará para sua casa, onde ficará com sua família. Mesmo sendo os melhores amigos dele, Lupin ficará melhor sozinho.

Sirius e Tiago voltaram para a mesa, com os corações apertados.

- Não acredito que ele tenha morrido - murmurava Sirius, inconformado.

- Você nem conheceu ele - lembrou Tiago.

- Mas Lupin dizia que ele era gente boa - explicou Sirius - Falava muito dele. Nunca pude conhecê-lo...

- Nem eu...



Noite, no salão comunal. Tiago, Sirius e Pedro sentados no canto do salão. Nenhum deles ousava falar qualquer coisa. Até que Frank Longbottom se aproximou.

- Onde está o Lupin?

Os três trocaram olhares.

- Foi para casa - informou Tiago - O irmão dele morreu.

- O quê? - exclamou Frank - O Regulus?

- É - confirmou Sirius.

- Olha, eu não quero falar sobre isso, tá? - disse Tiago - É muito difícil para o Lupin...

- Mas como vocês souberam? - perguntou Frank, ignorando-o.

Sirius suspirou.

- Pelo jornal.

- O meu jornal?

- Sim.

- E como foi...?

- Já chega! - explodiu Tiago, se levantando da poltrona - Eu vou dar uma volta lá fora.

Os três observaram Tiago sair pelo buraco do retrato. Tiago desceu os sete andares correndo e pensando. Não podia imaginar que alguém, tão próximo assim dele poderia morrer. Era claro que ele não se sentia triste, uma vez que não o conhecia, mas alguma coisa doía em seu peito.

- Eu nunca soube nada sobre a morte - murmurou Tiago, chegando a uma conclusão - Talvez seja sempre um choque quando alguém próximo de nós, mesmo que não conheçamos, possa morrer...

Tiago parou de correr, ofegante. Já estava fora do castelo, no meio dos jardins. Havia um vulto na sua frente.

- O que pensa que está fazendo aqui a essa hora da noite? - perguntou uma voz, autoritária.

Tiago reconheceu-a na hora. Era Lílian. O que a garota estaria fazendo no meio dos jardins da propriedade, ás nove horas da noite, um horário proibido até mesmo para os alunos do sétimo ano?



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