Pacto



2 de Agosto, arredores de Londres...

- Rabicho!
- S-sim? – respondeu um homem extremamente gorducho.
- Quero falar com o Lorde. – disse um homem de cabelos loiros platinados.
- Sinto muito, Malfoy. Ele está acupado...
- Não para mim... Tenho notícias interessantes... – e com isso, passou por Rabicho ignorando seus grunhidos de protesto. Foi caminhando por um corredor escuro até chegar a uma porta de madeira maciça. Bateu três vezes e esperou.
- Entre... – sibilou uma voz arrastada. Draco obedeceu. – Ah... Malfoy... Deve ser muito corajoso para vir me ver depois de tudo o que fez... Ou talvez... Muito burro...
- Quem sabe... Muito astuto? – retrucou relutante.
- Isso depende... Como estão as coisas no fronte?
- Os Weasleys não estavam em casa, só a caçula... Ela fugiu de casa e está rebelada... A família veio a mim, pedindo que eu a encontrasse. Como isto soa? – agora ele permitiu um sorriso.
- Bem, bem... Parece que você realmente é capacitado... Se provou digno do acordo que fizemos... – quando Draco quisera se tornar Comensal, seu pai estava em Azkaban. Então, o rapaz resolvera fazer um pacto com o Lorde. Ele seria seu mais fiel escravo, se lhe fosse permitido que não fosse marcado com a Marca Negra. Isso havia se provado muito útil, quando dois anos depois, fora chamado a julgamento sob o efeito de uma boa dose de Veritasserum.
- Obrigado, meu Mestre.
- Agora vá... Encontre a pequena Weasley... Então a traga para mim...

* * *



2 de Agosto, Nottingham...

Sentada numa pedra, perdida em pensamentos uma garota ruiva se passava despercebida. Pensava nas últimas 48 horas... Tanta coisa se passara com ela! Figira de casa, traíra a confiança de seus pais, duelara com quatro Comensais da Morte, havia deixado um Malfoy fugir, em gratidão por sua liberdade e viajara pela Inglaterra, ocasionalmente aparatando. Conseguira... Era livre... Mas isso parecia tão... Insuficiente...
Não fora para viajar que saiu de casa... Foi para lutar. Mas como iria lutar, se era caçada pelos Comensais – que a queriam morta – e por seus pais – que queriam trancafiá-la? Não havia tal solução... O que mais queria agora lhe era negado, novamente, por seus pais. A esse ponto, todos os Aurores de Londres estaríam procurando por ela. E todos os Comensais também...

* * *


Meia hora depois, Nottingham...

- Ernie! Manda duas Cervejas Amanteigadas e um Whisky de Fogo! – gritou uma atendente do pub.
- Harry, não devia beber tanto... – dizia uma mulher de cabelos castanhos avolumados sentando-se ao lado de um homem moreno. – Muito menos misturar bebidas!
- Deixe-me Hermione! Mais um dia se foi, nessa busca inútil por Voldemort! – respondeu Harry Potter – o moreno – exasperado.
- Bem... Pelo menos eliminamos Nottingham, aqui ele não está!
- E isso é bom? De que me serve eliminar Nottingham hoje, se amanhã ele pode vir para cá? – agora este já estava em pé.
- Acalme-se Harry! Gritar comigo não vai lhe servir em nada! – disse Hermione sem encara-lo. Ele andava estressado ultimamente... Seus ataques de desespero se tornaram mais freqüentes. – Vamos para casa... Já fazem dois dias que não falamos com Ron, é bom marcarmos um encontro...
- Certo... Vamos então... – com isso ele pagou as bebidas (mesmo sem que tivesse ao menos chegado) e se levantou.
Estava saindo do pub quando esbarrou com alguém e os dois caíram do chão. Levantou-se claramente irritado, com os cabelos bagunçados e os óculos tortos.
- Por que não olha por onde...? Céus!

* * *


Andava calmamente até um pequeno pub de aparência rústica. Estava distraída, desprevenida. Pensava mais uma vez nele. Até chegou a vê-lo sair do exato lugar a onde entraria, mas estava acostumada com as peças que sua imaginação pregava. Continuou andando cabisbaixa, sem se preocupar em se desviar se sua miragem.
Então ela não soube explicar como, estava caída no chão. Fora um ataque dos Comensais, tinha certeza! Mas então, por que havia alguém gritando com ela? Foi quando notou que a voz em particular, vinha de um homem de cabelos negros em pé diante dela. Tirou uma mecha ruiva que caía teimosamente na frente de seus olhos e colocou atrás de uma orelha.
- Céus! – e ali estava ele... Harry Potter... Droga, pensou ela aborrecida. Havia sido encontrada! E só haviam se passado dois dias...
- Ginny Weasley? – perguntou uma mulher atrás deste, que logo reconheceu como Hermione Granger. Ela parecia, estranhamente surpresa em vê-la. – Que está fazendo aqui?
- Você sabe, er... Férias...
- No meio da Guerra? – perguntou Potter.
- É! Dona de casa não é uma função muito importante para o Ministério, tenho certeza de que eles não sentiram minha falta! – retrucou. Não era de sua conta o que ela fazia ou deixava de fazer... – Se me dão licença, tenho que ir... Esqueci uma coisa no hotel. – mentiu.
- Mas— Ginny, espere!
- Adeus! – disse correndo. Não sabia para onde ir, então apanhou a varinha e aparatou no primeiro lugar que lhe veio em mente. Nunca estivera lá, mas lera muito sobre o mesmo em livros que seu pai trazia para casa.
- Esqueça Harry... Ela já foi... – disse Hermione colocando a mão em seu ombro.
- Isto não importa. Ela não deveria estar aqui... – disse apanhando a varinha.
- E por quê? – resmungou imitando o gesto.
- Você não reparou no arco que ela estava carregando? – e assim, aparataram.


Pacata Vila de Ockham, arredores de Londres...

- Ouch! – disseram duas pessoas ao mesmo tempo. Ginny conseguira... Aparatara numa ruela de um vilarejo trouxa onde nunca estivera. Mas houve um pequeno problema; aparatara em cima de alguém.
- Desculpe. – disse sinceramente se levantando. Olhou para a pessoa que estiveram em baixo dela. – Malfoy?
- Weasley! – ele estava surpreso... Muito surpreso... Colocou-se em pé num pulo. – Que diabos está fazendo aqui?
- O que você está fazendo aqui? – retrucou ela.
- Sua mãe não lhe ensinou que é falta de educação responder a uma pergunta com outra? – perguntou ele com um sorriso cínico nos lábios.
- E não seria exatamente isso que você acaba de fazer? – Ginny estava começando a ficar vermelha.
- Está tentando me irritar, Weasley?
- Você está?
- Chega! – protestou ele exasperado – Estamos nos comportando como crianças!
- E não é isso que você é?
- Weasley...!
- Certo, certo... Já entendi... – suspirou. Como explicar a Draco Malfoy que estava lá porque fugira de Harry Potter? – Comece você...
- Há! Claro... – comentou ele rolando os olhos.
- Ok... Começo eu então... Estou aqui porque estava fugindo de Hermione Granger e Harry Potter... E você?
- Potter, é? – sorriu – Eu estava te procurando, mocinha!
- Como é que é?
- Mamão e papai Weasley apareceram na minha sala rastejando e implorando que eu, Chefe dos Aurores, viesse procura-la... Só não pensei que a encontraria tão rápido. – disse mais para si mesmo do que para ela.
Ginny estava sem palavras... Como ousaram? Achavam que era algum bebê, por acaso? Esperava que Ron armasse alguma confusão com alguns Aurores para vir me procurar... Mas não esperava que eles fossem apelar tanto... Esperava até metade da Ordem procurando-a, mas isso! Isso já era de mais...
- Que se passa, Weasley, perdeu a fala? – havia se esquecido que o loiro ainda estava ali.
- Não... Perdi a vontade de falar. – respondeu sinceramente.
A isso ele nada respondeu. Draco era esperto. Já havia maquinado seu plano mentalmente. Não a levaria para o Mestre tão cedo. A “esconderia” de ambos os lados da Guerra. Fingiria lealdade a ela, por esta ter salvo sua vida. Mas um Malfoy não é leal a ninguém, apenas a si mesmo. E ele, não era exceção.
- Weasley? – chamou.
- Sim? – atendeu ela um tanto aérea.
- Sabe que salvou minha vida na sua... – será que ele podia considerar aquilo uma casa? - Casa, anteontem...
- E...? – claramente ele não soara demasiado convincente.
- Gostaria de sumir? – perguntou ele casual.
- O quê?
- Sumir por um tempo... Se esconder de sua família, do Lorde... De Potter. – Draco sabia que havia chegado no pondo onde queria; Potter-Perfeito, oh sim... Era exatamente onde precisara chegar.
- Claro, se fosse possível... – Ginny estranhara a pergunta tanto quanto estranhara a sinceridade de sua resposta. Estava cansada de mais para discutir sobre algo tão irrelevante.
- E se eu disser que é? – com isso ela riu. – Ri de que?
- De você! Acredita mesmo que eu encontraria um lugar onde ninguém me procurasse? – chacoalhou a cabeça negativamente.
- Já pensou na Mansão Malfoy? – o riso cessou instantaneamente.
- Como?
- Você me ouviu... É uma oportunidade única, Weasley... – ele começou a se aproximar dela – Quem iria imaginar que você estaria lá? Ninguém da Ordem ou do Ministério eu suponho... Nenhum Comensal da Morte...
- Por que? – interrompeu ela.
- Porque lhe devo minha vida e porque somos ambos neutros nessa Guerra estúpida. – concluiu Draco triunfante. Como ela era idiota. Acreditava cegamente em tudo que ele dizia! Era de se esperar que alguém que passou os últimos dois anos sem sair de casa não conhecesse a malícia da mentira.
- Neutros? – ele estava perto. Seus olhos acinzentados grudados aos seus. Não havia nada lá. Raiva, medo, alegria, paz, nostalgia, tristeza... Nunca vira olhos assim... Poderia passar uma vida inteira olhando-os e ainda assim, não entender o que espressavam.
- Sim, neutros. – ele retomou a fala, arrancando-a de seu devaneio – Você, porque é procurada pelos dois lados e eu, porque me aliei a ambos. – O que me diz?
- Ir viver com você, na sua Mansão?
- Parece positivamente impossível, eu sei. Mas tenha em mente que a Mansão é grande, nem perceberei sua presença... – disse ele calmo. Estava se divertindo imensamente com a confusão dentro da pequena em sua gente. – Sabe, eu não tenho todo o tempo do mundo...
- Ah, sim... – para onde iria? Não havia mais escolha, se ela negasse, ele a pegaria e a entregaria para seus pais ou para o Lorde das Trevas – Aceito sua proposta, Malfoy.
- Certo! – disse ele se afastando – Então creio que não há mais tempo a perder. – continuou tirando sua varinha do bolso – Eu realmente não gostaria de fazer isso, mas... – e assim passou o braço pelos ombros dela – Pronta?
- Pra quê? – mas antes que a resposta viesse, ela já estava sentindo a costumeira sensação de estar aparatando e, em poucos segundos já não estava mais lá. Encontrava-se diante dos portões de uma majestosa Mansão.
- Aqui... – Draco não perdeu tempo em se afastar dela. Entre e fale com um Elfo Doméstico chamado Many. Ele lhe dirá o que fazer...
- E você...?
- Ora, você realmente acha que eu tenho tempo para sentar em casa e tricotar? – e sem mais uma única palavra, aparatou.




N/A: Oi gente! Que coisa linda, vocês comentaram! =] Finalmente o capítulo 2! Acho que ficou um pouco mais curto que o outro, mas é que eu quis dar mais ênfase na conversa do Draco com a Ginny do que no decorrer da história. É isso gente, até a próxima atualização!
Beijos,
Tex Turner Black

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