O SINAL NOS CÉUS



CAPÍTULO 3



 



O SINALNOS CÉUS



 



 



 



 



 



A expectativa pelo início da partida só aumentava, conforme o tempo ia passando. Já que o camarote dos nossos amigos e o dos Malfoy ficavam lado a lado, Janine e Draco deram um jeito para que ficassem no limite entre os dois, assim poderiam ficar juntos sem chamar a atenção. Se bem que Lucius e Narcisa não pareciam se importar com a proximidade dos jovens, ao contrário do que todos supunham.



 



_Não vai demorar muito. _ disse Arthur _ Vejam, os mascotes dos times já vêm chegando. Olhem, os da Irlanda já vão se apresentar.



 



Com efeito, vários pontos verdes e dourados riscaram o céu noturno, entrecruzando-se e convergindo para uma área acima do centro do estádio. Ajustando o foco dos omnióculos que haviam adquirido, todos viram que os pontos eram, na verdade, pequenos homens ruivos que voavam, sentados em caldeirões de ouro, tendo cachimbos brancos em suas bocas e, nos seus chapéus verdes, um trevo de três folhas (Shamrock), símbolo da Trindade, com o caule enfiado na faixa. Na mão direita outro trevo, este de quatro folhas, mundialmente conhecido como amuleto de boa sorte por ser mais raro.



 



_Leprechauns! _ exclamou Janine _ Eu já havia visto um quando criança, em São Borja. Uma família de irlandeses morava lá e eu vi um meio de relance, no jardim da casa deles. O sobrenome da família era O’Riordan, acho que eram parentes distantes da vocalista dos Cranberries, Dolores.



 



Os Leprechauns terminaram de convergir e formaram a figura de um gigantesco duende brilhante, que começou a dançar uma Single Jig e, ao completar um passo, bateu os calcanhares e uma chuva de moedas de ouro começou a cair sobre a plateia.



 



_Ouro de Leprechaun. _ disse Draco, na divisa entre os camarotes.



_As moedas são lindas, mas eu sei que é ouro para festas e brincadeiras, desaparece depois de alguns dias. _ disse Janine _ Diferente de ouro conjurado, que pode ser presenteado e só desaparece se for negociado.



 



Sob os aplausos da plateia, o Leprechaun gigante se desfez igual a fogos de artifício e os pequenos duendes foram ocupar seus lugares junto ao banco de reservas da Irlanda.



 



_O que será que os búlgaros prepararam? Na certa deve ser um espetáculo à altura dessa introdução da Irlanda.



_Com certeza. _ disse Arthur _ E as mascotes da Seleção da Bulgária já vêm vindo... Blimey! Garotas, nos deem uns tapas se começarmos a agir feito uns idiotas, digo, mais do que o de costume.



Por quê? _ perguntou Hermione _ Ah, já estou vendo a razão. Veelas.



 



Um grupo de lindíssimas mulheres de cabelos loiro-platinados (ainda mais claros do que os dos Malfoy) deu entrada no campo, executando uma sedutora coreografia. Inconscientemente, sem exceção, os homens começaram a agir de forma estranha, aproximando-se da amurada dos camarotes. As mulheres, vendo que eles realmente seriam capazes de saltar para chamar a atenção das Veelas, trataram de agarrá-los e trazê-los de volta sem muita cerimônia, à base de generosos tapas e beliscões. Logo em seguida, o grupo encerrou a coreografia e tomou seu lugar junto aos reservas da Bulgária, sob os aplausos de todos e os olhares feios das mulheres, sem exceção alguma. O próprio Ministro Fudge tinha uma das orelhas vermelha e dolorida, por causa dos puxões que levara de sua esposa.



 



_Que papelão, hein? _ Narcisa ralhava com Lucius _ Obrigada por segurar Draco, Srta. Sandoval. Eu não estava conseguindo dar conta dos dois.



_Sem problemas, Sra. Malfoy. _ disse Janine _ E eles não têm culpa, é quase impossível para um homem resistir a uma Veela. Além de sua dança ser bastante sedutora, eu li que elas produzem feromônios que atraem sexualmente os homens, quando elas resolvem liberá-los. No decorrer da História, essa foi uma habilidade bastante utilizada por elas, com várias finalidades. Sedução, espionagem, etc.



_Acho que merecemos as broncas, pelo mico que pagamos. Espero que nos desculpem. _ disse Harry, firmemente seguro por Gina e ainda vermelho de vergonha.



 



Entre risadas, todos procuraram se acomodar e aguardaram o início da partida. Certa hora, Carlinhos comentou com seu pai:



 



_Estou estranhando não ver Bertha Jorkins correndo atrás do Sr. Crouch. Desde que eu me entendo por gente, ela sempre foi secretária dele, em todos os departamentos do Ministério nos quais ele trabalhou.



_Tem razão, filho. A gente nota a ausência dela. Você sabe de alguma coisa, Percy?



_Pelo que eu sei, ela estava tirando umas férias. Parece que ela foi visitar uma prima, mas já deveria estar de volta. Se não me engano, ela vive em uma cidade da Albânia chamada “Radomire”, não muito distante do Monte Korab.



 



Ao ouvir aquilo, Harry teve um arrepio. A área do Monte Korab, na fronteira entre a Albânia e a Macedônia fora o último destino conhecido de Lord Voldemort.



 



_Considerando que Bertha Jorkins sempre foi bastante avoada, ela pode eté mesmo ter feito uma curva errada, tomado a Ferrovia Trans-Siberiana e ido parar em Vladivostok. _ disse Tiago _ Bem, acho que a partida já vai começar.



 



Com efeito, Ludo Bagman assumiu o parlatório e aplicou um Feitiço Sonorus, antes de dizer a escalação das duas Seleções.



 



_Senhoras e senhores, boa noite! As Seleções entram em campo, prontas para nos proporcionar um magnífico espetáculo. Primeiro, adentram o estádio os integrantes da Seleção da Irlanda. “CONNOLY! RYAN! TROY! MULLET! MORAN! QUIGLEY! E O APANHADOR, AIDAN LYNCH!!!



 



Sete relâmpagos verdes, todos eles montados em vassouras Firebolt, realizaram um voo circular, sendo efusivamente aplaudidos, até que ocuparam suas posições. Em seguida, Bagman apresentou a Seleção da Bulgária.



 



_Em campo, a Seleção da Bulgária, composta por... “DIMITROV! IVANOVA! ZOGRAF! LEVSKI! VULCHANOV! VOLKOV! E O APANHADOR, VIKTOR KRUM!!!



 



Foi a vez de sete coriscos vermelhos realizarem sua volta de apresentação, também aplaudidos por toda a assistência, pois seu talento era internacionalmente reconhecido. Aquela partida  seria memorável.



 



Após um rápido discurso de Fudge (rápido porque todos estavam ansiosos para ver as seleções em ação), o pomo de ouro foi liberado pelo Árbitro egípcio Mostafa e os balaços subiram. A goles foi lançada para o alto e logo firmemente segura por Mullet.



 



Ainda que Harry e Algie já tivessem assistido a partidas profissionais de Quadribol, aquela superava tudo o que já haviam visto. Os jogadores movimentavam-se como se, praticamente, fossem um só. Executavam as manobras e jogadas de forma impecável. “Manobra de Ploy”, “Formação de Hawkshead”, “Woolongong Shimmy”, além de várias outras. Enquanto isso, os gols eram marcados um atrás do outro, por ambas as equipes. Tiago olhava para seus filhos, divertido com a admiração deles pelo desempenho das duas Seleções.



 



_Gostariam de conversar com Lynch, depois do jogo? Assim que terminar, poderemos ir ao vestiário.



_Você conhece Aidan Lynch, papai? _ perguntou Algie.



_Claro que sim. _ respondeu Tiago _ Antes de entrar para a Academia Europeia de Aurores, cheguei a fazer um teste para os Kenmare Kestrels e passei. Foi lá que eu conheci Lynch e jogamos juntos por algum tempo, até que recebi a resposta da minha inscrição na Academia. Então dei adeus ao Quadribol profissional e disse olá para a carreira de Auror. Vejam! Os Apanhadores estão novamente perseguindo o pomo de ouro!



 



Krum apontou a vassoura para baixo e começou a descer, em alta velocidade, com Lynch nos seus calcanhares e finalmente emparelhando com o búlgaro. De repente, no último instante, Krum mudou a direção do seu voo, seguindo rente ao solo. Lynch não teve a mesma sorte e a cauda de sua vassoura bateu no chão, fazendo com que caísse. A partida foi interrompida, para que os Medi-Bruxos pudessem reanimar Aidan Lynch. Nesse meio tempo, Krum subiu novamente e ficou circulando, no alto.



 



_Ei Harry, foi assim que você capturou o pomo, quando estávamos no primeiro ano, lembra? _ perguntou Draco.



_Não dá para esquecer, ainda mais que eu quase engoli o pomo de ouro, daquela vez.



_ “Mergulho do Diabo”, com “Finta de Wronski”? _ perguntou Janine, que só chegara a Hogwarts no ano anterior e não vira os jogos de quando eles estavam no primeiro e segundo ano.



_Só o mergulho. _ disse Draco _ Eu o acompanhei, mas aconteceu comigo quase o mesmo que com Lynch, só que não cheguei a cair.



_Mesmo assim, eu não esperava esse desempenho de dois garotos de onze anos, alunos do primeiro ano de Hogwarts. _ disse Narcisa _ Mesmo que um deles seja filho de Tiago Potter.



_Eu também fiquei admirado. _ disse Lucius _ Quase cheguei a esquecer que minhas vestes pegaram fogo.



 



Hermione apenas ficou abraçada a Rony, com a expressão mais angelical do mundo.



 



_Krum foi muito inteligente. _ disse Rony _ Com isso ele ganha tempo para localizar o pomo e persegui-lo, quando a partida for reiniciada.



 



Com efeito, Krum e Lynch voltaram a disputar o pomo, após o reinício da partida. As duas Seleções procuravam fazer de tudo para não ultrapassar a linha entre o jogo duro e o jogo desleal, mas uma cotovelada de Zograf na Artilheira Mullett fez com que Mostafa marcasse, de forma bastante justa, um pênalti contra a Bulgária. Até aí, tudo bem normal, mas as Veelas começaram a dançar novamente, sua coreografia distraindo o Árbitro, até que uma bruxa lhe deu um tapa que, sem exagero, ecoou por todo o estádio. Quando ela disse que a coreografia das Veelas para distraí-lo havia sido uma iniciativa do técnico da Bulgária, Mostafa não teve dúvidas e apitou mais um pênalti contra a Bulgária, também expulsando o técnico.



 



_Já vi que a catimba e o “João Sem-Braço” não são exclusividades do Futebol, parece que no Quadribol ela também rola solta. _ disse Janine.



_Acho que o tempo vai fechar. _ disse Sirius _ Os Leprechauns estão formando figuras obscenas no céu e as Veelas não estão gostando nem um pouco.



_Também, quem gostaria? _ perguntou Arthur _ O problema é que as Veelas parecem que vão reagir do jeito delas. Vejam!



 



As loiras e formosas criaturas adquiriram um aspecto ameaçador, começando a se parecer com aves de rapina e a disparar jatos de fogo nos Leprechauns, até que Mostafa determinou à equipe de segurança que retirasse tanto elas quanto eles do campo. Expulsar aquelas criaturas enfurecidas e aqueles duendes irlandeses nervosos deu trabalho mas eles conseguiram, embora tivessem saído algo chamuscados.



 



_Que transformação, hein? _ comentou Narcisa.



_Andei lendo alguns estudos, que estão chegando à conclusão de que as Veelas têm um parentesco não tão distante com as Harpias da Grécia. _ disse Gina, admirada com a confusão _ E depois disso eu acho que eles não estão errados.



_Concordo, Srta. Weasley. _ disse Lucius _ Também li esses estudos e, de acordo com eles, há algumas diferenças, tipo as Veelas serem compatíveis com humanos, inclusive podendo gerar descendência híbrida.



 



A Seleção da Irlanda começou a abrir uma nítida vantagem no placar, parecendo que logo iria atingir uma diferença que mesmo a captura do pomo por Krum não seria capaz de reverter. Aquilo não passou despercebido ao talentoso Apanhador búlgaro, que buscou empenhar-se o máximo possível em sua tarefa. Só que aquilo que ele temia já estava acontecendo, as Seleções com seus jogadores cansados permaneciam estagnadas na diferença, que era de exatos cento e cinquenta pontos a favor dos jogadores de verde. Viktor Krum precisaria que os Artilheiros marcassem mais um gol e então capturaria o pomo de ouro, que já havia avistado.



Aidan Lynch, embora ainda meio estonteado, também havia visto o pomo e partiu em sua direção. Krum não teve outra alternativa senão fazer o mesmo, mais tranquilo ao ver que Ivanova havia marcado um gol. Então, impulsionando sua Орел на Балканите (“Orel na Balkanite”, “Águia dos Bálcãs”), procurou aproveitar a vantagem de espaço, para compensar a maior velocidade da Firebolt de Lynch.



Mas Mullet acabara de, nesse meio tempo, marcar um gol para a Irlanda. Aquilo preocupou Krum, pois mesmo que capturasse o pomo de ouro, o máximo que iria obter seria o empate. Em finais de Mundial, um empate obrigaria a uma prorrogação que se encerraria após uma hora, caso o pomo não fosse novamente capturado. Persistindo ainda o empate, o resultado seria decidido em disputa de pênaltis, semelhante ao Futebol trouxa. O problema era que os jogadores já estavam bastante cansados e aquilo começava a se refletir no desempenho e mesmo no comportamento, tornando cada vez mais tênue a linha que separava o jogo duro (porém dentro das regras) do jogo bruto e desleal.



Assim sendo, Viktor Krum sequer se importou que Moran tivesse marcado mais um gol e acelerou a vassoura, ultrapassando Aidan Lynch quando este estava prestes a capturar o pomo e, então, fechando a mão em torno da esfera alada e encerrando o jogo. A Irlanda, portanto, vencera a partida pela apertadíssima vantagem de... dez pontos.



Com o pomo de ouro seguro em sua mão direita, Krum direcionou a vassoura para baixo e desceu, aterrissando suavemente no meio do campo. Os outros jogadoresda Seleção da Bulgária fizeram o mesmo e, ao pousarem, foram abraçados e cumprimentados pelos irlandeses, que souberam reconhecer o nível do jogo dos adversários.



 



_Krum é mesmo incrível! _ exclamou Rony _ Mesmo sabendo que perderiam, ele capturou o pomo e poupou todos os jogadores do desgaste de uma prorrogação e uma eventual disputa de pênaltis.



_Jogador correto e muito leal. _ disse Mason.



_Não é para menos que é um dos maiores e mais jovens talentos da atualidade no Quadribol. _ disse Sirius.



_A Irlanda vai receber a Taça do Mundial e a Bulgária a de Vice-Campeões. Vejam, Fudge está entregando a taça para Lynch. _ disse Tiago _ Vamos lá, se formos agora, chegaremos ao vestiário e poderemos falar com ele.



 



Desceram e chegaram ao vestiário. Os jogadores já haviam tomado banho e estavam prontos para a entrevista ao “Profeta Diário” e depois para a comemoração da vitória.



 



_Tiago Potter! _ exclamou Lynch _ O Quadribol profissional perdeu um talento, mas a Grã-Bretanha saiu no lucro, com o nosso James Bond bruxo.



_Você exagera, Aidan. _ disse Tiago _ A verdade é que ninguém faz nada sozinho. Trouxe alguém que quer conhecer você.



_Nem precisa dizer quem é ele, pois os genes não mentem. Só pode ser seu filho, Harry. _ disse Lynch, cumprimentando Harry _ Ouvi dizer que herdou os talentos do pai e garantiu o título para a Grifinória, no último ano. Vejo um novo talento despontando após a formatura.



_A não ser que ele queira ser Auror, como o pai. _ disse Sirius.



_Sirius Black, grande Batedor. _ disse Quigley, abraçando Sirius e prestando atenção em Soraya _ Sua filha? Eu só vi as fotos dela quando era pouco mais do que um bebê.



_De onde você o conhece, papai? _ perguntou Soraya.



_Quigley e os pais de Ayesha tinham amigos em comum e acabamos nos conhecendo, depois que nos casamos.



_E ainda bem que sua mãe se casou com Sirius Black, garota. Homem direito, de bem. Muito melhor do que o tal com quem ela iria se casar, antes. Todos sabem o que ele fez em Nova York, no ano passado.



 



Logo mais, os jogadores foram para a entrevista e os nossos amigos retornaram ao acampamento. Na barraca magicamente ampliada, uma pequena festa estava rolando, com cerveja amanteigada, música e dança, obviamente irlandesa. Com a orientação dos Weasley, Janine logo estava adaptada aos passos da Jig e dançava uma Set com desenvoltura, ao lado dos amigos e de Draco (era o meio para que pudessem ficar próximos, sem despertar as suspeitas dos Malfoy, ainda que eles não tivessem reclamado durante o jogo). Enquanto se divertiam, comentavam sobre a excelente partida.



 



_Ambas as Seleções estavam excelentes, mas o talento deViktor Krum é algo de indiscutível. _ disse Rony.



_Sem contar o espírito esportivo. _ disse Algie _ Terminar a partida daquela forma, mesmo sabendo que perderiam, para poupar os jogadores do desgaste de uma prorrogação e disputa de pênaltis.



_Ele valoriza mais uma partida bem jogada do que uma vitória obtida a qualquer preço. _ disse Draco, de mãos dadas com Janine.



_E os irlandeses estão bastante animados. _ disse Janine _ Parece que estão até soltando fogos de artifício.



_Não são os irlandeses, Janine. _ disse Mason, preocupado, após olhar pela abertura e retornar ao interior da barraca _ Arthur, “Pontas”, “Almofadinhas”, vamos tirar as crianças daqui. Gui, acompanhe-os até a floresta.



_O que está havendo, “Quatro-Mãos”? _ perguntou Tiago.



_Vamos sair e vocês verão por si. _ disse Mason.



 



Saíram da barraca e viram uma cena dantesca. Dezenas de figuras encapuzadas e mascaradas circulavam pelo acampamento, disparando Feitiços de Chama e bolas de fogo na direção das barracas, além de Feitiços Estuporantes, paralisantes e de levitação nas pessoas, enquanto as chamas e nuvens de fumaça elevavam-se em direção ao céu.



 



_Death Eaters! _ exclamou Soraya _ Mas o que estão fazendo?



_Mostrando que ainda não perderam a esperança do retorno de Lord Voldemort, decerto._ disse Draco. Na confusão, ninguém havia reparado que o loiro dissera o nome do Lorde das Trevas sem medo nem hesitação.



_E seus pais, Draco, onde estarão? _ perguntou Arthur _ Espero que não tenham se juntado àqueles arruaceiros.



_Em outros tempos nós até teríamos sido obrigados a fazê-lo, Arthur. Mas agora, só nos interessa colocar as crianças em  segurança. _ ouviu-se a voz de Lucius e em seguida ele apareceu, acompanhado de Narcisa.



_Gui vai acompanhar as crianças. _ disse Tiago _ Nós vamos ver o que poderemos fazer.



 



As crianças seguiram em direção à floresta, lideradas por Gui. Os adultos foram tentar deter os bruxos das Trevas. No meio do caminho, encontraram um grupo de jovens, que pareciam desorientados.



 



_Quelqu'un a-t-il vu Madame Maxime? Nous nous sommes perdus dedans et n'avons pas pu le trouver (Alguém viu madame Maxime? Nós nos perdemos dela e não conseguimos encontrá-la). _ disse uma das garotas, uma bela loira de cabelos platinados.



_Êtes-vous de Beauxbatons? Je m'appelle Gui Weasley. Je peux vous emmener dans un endroit plus sûr (Vocês são de Beauxbatons? Eu me chamo Gui Weasley. Posso conduzi-los a um lugar mais seguro). _ disse Gui, em um Francês fluente.



_Merci Je m'appelle Fleur, Fleur Delacour. Nous sommes venus avec un entourage de Beauxbatons et nous nous sommes séparés de tout ce tumulte (Obrigada. Eu me chamo Fleur, Fleur Delacour. Viemos com uma comitiva de Beauxbatons e nos separamos com todo esse tumulto).



_Alors allons-y. Viens avec moi dans la forêt (Então vamos. Venham comigo para a floresta).



_Não sabia que o seu Francês era tão fluente. _ disse Rony.



_O trabalho no Gringotes nos leva a vários países, mano. E temos que nos comunicar bem.



 



No meio da multidão amedrontada, Harry sentiu que alguém enfiara a mão no seu bolso, após trombar com ele. Com toda aquela confusão, o bruxinho não conseguiu identificar o Ki da pessoa e, ao colocar a mão no bolso da jaqueta...



 



_Gente, alguém roubou minha varinha. _ disse ele _ E eu não consegui identificar o Ki de quem era, só senti que era do mal.



_Essa não! _ exclamou Hermione _ E com esse tumulto, será difícil encontrá-la, só mesmo com algum dos Localizadores do Ministério.



Mas agora o melhor será irmos para a floresta, depois você solicita um Localizador. _ disse Soraya.



 



Preocupado com a perda de sua varinha, mas principalmente com as circunstâncias nas quais havia acontecido, Harry não percebeu que os outros haviam avançado e que ele estava sozinho. Mas não por muito tempo, pois uma multidão que fugia do confronto que ocorria entre as Forças de Segurança do Ministério e os bruxos voluntários que combatiam contra os Death Eaters praticamente atropelou o bruxinho. Aquilo fez com que ele batesse a cabeça em um galho baixo, perdendo os sentidos.



Algum tempo se passou até que Harry despertasse. Olhando à sua volta, o cenário era de total desolação depois da batalha. Os escombros do acampamento fumegavam e um que outro ocasional gemido era ouvido em alguns pontos. Meio estonteado, ajustou os óculos no rosto, enquanto ouvia passos que se aproximavam. Então um vulto apareceu, carregando um volume nos braços e depositando-o no chão. Logo em seguida, levantou-se e sacou uma varinha, apontando-a para o alto.



 



_MORSMORDRE!!! _ ele bradou, em seguida agachando-se e logo depois levantando-se, com um riso insano. Então, desaparatou.



 



Praticamente em segundos, três coisas aconteceram. A primeira foi que Harry olhou para o alto e viu uma sinistra figura nos céus, um crânio com uma serpente saindo da boca, algo que Harry Potter jamais vira ao vivo, mas sabia o que era: uma MARCA NEGRA, o símbolo dos seguidores de Voldemort. A segunda foi que os amigos o encontraram. Já a terceira, foi de assustar. Graças ao treinamento Ninja, perceberam o Ki dos bruxos, logo que eles aparataram, o que lhes permitiu que se jogassem ao solo, escapando por pouco de serem atingidos pelos feitiços disparados.



 



_ESTUPEFAÇA!!! _ bradaram os bruxos e logo em seguida, Arthur gritou.



_Parem! São as crianças! Mas que diabos aconteceu, Harry?



_Sr. Weasley! _ exclamou Harry _ Alguém conjurou aquela Marca Negra e desaparatou, pouco antes de vocês chegarem.



_Merlin! _ disse Crouch _ Os Death Eaters já praticaram atentados e criaram confusão anteriormente. Mas nunca se atreveram a projetar a Marca Negra no céu. Isso eles só faziam quando Você-Sabe-Quem estava em atividade.



_Vivo, você quer dizer. _ disse Fudge.



_Ora, Cornelius, você é dos pouquíssimos que acreditam que Lord Voldemort está morto e não apenas desaparecido. _ disse Tiago, divertindo-se ao ver boa parte dos bruxos ainda tremendo à menção do nome do bandido.



_Quem foi que conjurou aquilo?! _ Amos Diggory acabara de chegar com Cedric e apontou para a hedionda figura, olhando para as crianças _ Qual de vocês fez isso?!



_Cai na real, Amos. _ disse Sirius _ Acha que nossos filhos fariam isso?



_Primeiramente, seria necessário muito poder. _ disse Mason.



_E todos nós, independente da idade, somos inimigos das Trevas. Esse argumento não se sustenta, Sr. Diggory. _ disse Hermione.



_E quanto aos Malfoy? Onde estão seus pais? _ perguntou Crouch, olhando para Draco _ Sabemos bem do passado deles...



 



Naquele exato momento, Lucius e Narcisa chegaram ao local, com as vestes meio chamuscadas, sujos de lama e fuligem, com vários arranhões e escoriações, Narcisa com um filete de sangue escorrendo de um canto da boca.



 



_Estamos aqui, Amos. E não estávamos com eles, bem pelo contrário.



_Posso garantir isso. _ disse Tiago _ combatemos lado a lado, durante todo o tempo.



_Na verdade, Sr. Diggory, foi uma pessoa totalmente desconhecida, que estava carregando algo. Colocou no chão o que quer que fosse, conjurou a Marca Negra e desaparatou. _ disse Harry.



_E onde foi? _ perguntou Fudge _ Leve-nos até lá;



_Foi logo ali, Ministro. _ disse Harry, conduzindo o grupo até onde vira o estranho lançar o feitiço.



 



Ao chegarem, Harry descobriu o que, ou melhor, quem era o volume que o estranho carregava.



 



_Mas é a sua elfo doméstico, Bart. _ disse Arthur.



_O quê? Winky? Mas como isso é possível? _ Crouch estava espantado.



_Parece estuporada, Bart. _ disse Lucius.



_E está segurando uma varinha. _ disse Narcisa.



_Ei, é a minha varinha._ disse Harry.



_Mas o que estaria fazendo nas mãos de Winky? _ perguntou Rony.



_Isto é muito estranho. _ disse Diggory _ Vou reanimá-la. “ENERVATE!



 



A pequena criatura despertou, ainda meio estonteada.



 



_Mestre Crouch? Onde Winky está? Por que Winky tem uma varinha nas mãos?



_Isso é o que eu quero saber, Winky. _ disse Amos _ Você sabe quem sou eu?



_Winky conhece o senhor, Sr. Amos Diggory. O senhor é o chefe do Departamento de Regulamentação de Criaturas Mágicas.



_E por que você está portando uma varinha, Winky? Além disso não ser permitido para elfos, vocês não precisam delas para executar magia.



_Winky não se lembra, Sr. Diggory. Winky só se recorda de um baque, de desmaiar e de acordar aqui, agora.



_Faz ideia de quem é o dono dessa varinha? Ela pertence a Harry Potter e ele acabou de dizer que alguém a havia tirado do bolso de sua jaqueta.



_Não, não pode ter sido Winky, Sr. Crouch._ disse Harry _ Tanto que ela chegou estuporada nos braços de quem quer que tenha conjurado a Marca Negra. Era um homem, um pouco mais alto que o senhor, magro e com cabelos meio longos. Eu não consegui ver o rosto dele, mas o ladrão da varinha só pode ter sido ele (Harry não podia dizer que havia percebido pelo Ki que o ladrão não era Winky).



_Vamos ver, então, se foi mesmo a sua varinha que ele utilizou para conjurar a Marca Negra. _ disse Amos Diggory, colocando a varinha de Harry frente a frente com a sua própria _ “PRIORI INCANTATEM!



 



A invocação produziu um eco do último feitiço realizado e uma aparente miniatura da Marca Negra surgiu e ficou pairando ali, no meio deles.



 



_É, parece que ele usou mesmo a sua varinha para aquilo, filho. Você não conseguiu mesmo ver o rosto dele? _ perguntou Tiago.



_Não, papai. Estava meio escuro e eu só percebi os detalhes que mencionei.



 



Ali perto, Amos Diggory falava com Winky.



 



_Winky, você compreende que se envolveu em algo muito grave?



_Winky entende, Sr. Diggory. Mas Winky não tem culpa de nada.



_Eu sei, mas como não conseguimos localizar o homem de quem Harry falou, o Wizengamot vai acabar te julgando e condenando. E você sabe qual é a pena para associação com as Trevas. _ disse Amos _ Morte ou prisão perpétua no Presídio de Elfos de Oz ou no Inferno de Gelo da Sibéria.



 



Winky teve um calafrio ao ouvir aquilo. Nenhuma das três alternativas era agradável.



 



_Há outra alternativa, Amos. _ disse Crouch _ Ela pode ser exilada ou então fugir.



_Mas para isso você deveria libertá-la, Bart.



_Não, mestre Crouch, por favor. Winky prefere morrer a ser libertada.



_Não se preocupe, Winky. _ e Crouch sussurrou algo ao ouvido dela, que pareceu ficar mais tranquila _ Entendeu?



_Sim, Winky entendeu, mestre Crouch. _ disse ela, enquanto Bart Crouch tirava a capa, o paletó e o colete, enfim oferecendo a própria camisa a ela. Todos os presentes compreenderam o simbolismo do seu gesto _ Adeus, mestre Crouch. Adeus a todos.



 



Winky desaparatou para um local ignorado e os outros puseram-se a caminho do acampamento.



 



_Obrigado, Amos, por concordar com essa solução. _ disse Crouch.



_Não havia outro meio, Bart. Se ela fosse julgada pelo Wizengamot, teríamos a condenação de uma inocente, qualquer que fosse a sentença.



_E mesmo que eu testemunhasse, o mais provável é que não levassem em consideração o testemunho de um bruxo de catorze anos. _ disse Harry.



_E ainda resta o mistério de quem seria o tal que projetou a Marca Negra. Seria um dos antigos Death Eaters mais jovens ou um novo adepto? Eis um mistério a ser desvendado. _ disse Mason.



_E também o porquê de projetarem a Marca Negra. Eles nunca fizeram isso desde que Voldemort desapareceu. _ disse Sirius _ Temo que isso possa ser o prenúncio de tempos perigosos, novamente.



 



Todos concordaram, pois sabiam o que significava. E Janine percebeu que alguns estavam tremendo e não era só pela brisa da noite.



 



Se era por medo de novos perigos ou por envolvimento, ela não sabia.



 



Mas, depois de tudo o que haviam conversado e da visão que Harry tivera, ela estava certa de que a vida do amigo estaria em risco.


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