Expresso - Parte 2



Scorpius Malfoy



Scorp estava tendo um péssimo dia. Sozinho, isolado numa cabine feia.

A coisa que o menino mais desejava era ter amigos como Harry Potter. Estranho, não? O filho de Draco Malfoy desejar ter um amigo como o menino-que-sobreviveu. E ainda ter a cara de Draco Malfoy! Loiro, alto... Não que Scorpius não gostasse do pai, muito pelo contrário, ele amava Draco mais que todos naquele momento,ainda mais com a abrupta morte da mãe, Astória. E o pai também o amava. Porém,  ele ainda precisava de amigos, e não era muito próximo de seu irmão mais velho, Libra.

- Olá, menino triste. Deseja comprar alguma coisa? - disse a senhora dos doces, interrompendo os pensamentos do menino. Ele ficou incomodado por sua tristeza estar tão óbvia, mas escolheu ser gentil.

- Sim, senhora. O que me sugere? - ele perguntou, apenas para mantê-la ali por mais tempo. Contato humano era sempre bom, ainda mais com pessoas boas.

- Oh... sapos de chocolate? As crianças parecem apreciar isso. Digo isso em nome dos meus 50 anos de trabalho, viu, menino. - contou a moça.

Scorpius se surpreendeu, pois a mulher parecia ter 60 anos, mas provavelmente tinha 70 ou 75 anos.

- Bem, se a senhora sugere. Espere, vou pegar meus galeões. - ele pegou 10 galões do bolso, entregou a senhora e pegou os sapos. - Pode ficar com o troco, não é importante. - ele disse.

Na verdade, só queria dar uma renda extra a senhora, porque galeões sempre eram importantes, segundo seu pai. Os Malfoy não eram pobres, porém dinheiro nunca era demais. De qualquer forma, a senhora sorriu de forma doce.

- É um gentil rapaz, sim, sim, é. Os mais sozinhos são os mais bondosos. Espero que não seja corrompido pela popularidade. - ela falou, antes de sair.

Scorp ficou intrigado. Como danado ele ficaria corrompido pela popularidade, se nem era Porém seria popular? Não, não um Malfoy. Quer dizer, seu irmão mais velho tinha vários amigos em Hogwarts, todos formidáveis sonserinos, livres de preconceito. Porém, Libra tinha um bom senso de humor, uma beleza "irresistível" e um charme natural, o que fazia com que fosse popular em Hogwarts, e as pessoas ignorassem o sobrenome Malfoy. Porém, Scorpio não era nada daquilo, e apenas filhos de neo comensais da morte tentariam se aproximar dele, na melhor das hipóteses.

- Ah, não faça isso! Minha... língua... mmm.... - disse uma voz desconhecida. Malfoy, num estranho momento de coragem, saiu de sua cabine e procurou o som. 3 cabines depois da dele. Quando entrou, viu um garoto com a língua de um tamanho definitivamente anormal, enquanto outro desferiu um soco no garoto mais alto do lugar. Porém, de nada adiantou, pois o autor do feitiço "da língua" como Scorpio chamava, já estava jogando uma azaração de "perna presa " para o loiro.

Em pânico, Scorp pensou no que iria fazer. Se os valentões o vissem , poderiam enfeitiçá-lo também. Mas, se o Malfoy fugisse, iria ficar com peso na consciência.

- Aah... um outro primeiranista, Joes! - o menino feio riu. Scorp congelou.

Antes que alguém pudesse fazer alguma coisa, Malfoy mandou as duas azarações que sabia: Uma, aquela que literalmente girava a cabeça da vítima. E outra, que fazia a pessoa dançar "A loura do tchan!". Jogou nos dois meninos.

- O que é isso?! - gritaram os valentões, enfurecidos.

Scorp correu para o corredor e clamou por algum monitor. Rapidamente, uma figura ruiva e sardenta chegou, com o uniforme da grifinória e broche de monitor.

- O que é? Sou Molly Weasley, monitora da grifinória! - ela falou, apressadamente.

- Hã... pois, be-bem... - ele travou. O filho de Draco definitivamente não estava esperando por uma Weasley. Ela parecia impaciente.

- Diga, diga! Ouvi você gritando por monitores! - Molly falou, batendo o pé direito no chão, nervosa.

- Haviam 2 garotos perturbando primeiranista nessa cabine. Eu os enfeiticei,  mas eles já estão se recuperando. - ele falou tão rápido quanto um tiro, mas ela compreendeu.

A Weasley foi a cabine, junto de Scorpius. Todos ainda estavam azarados.

- Ah... Joe Garry e Josh Steven, os dois estarão detentos no primeiro dia de aula! Suas casas, respectivamente, Sonserina e Corvinal, ganharam -10 pontos. Parabéns! - falou a monitora, com os braços cruzados.

Logo, ela desfez todas as azarações, pois eram bem infantis e facilmente resolvíveis.

- Ah… levantem-se, Lorcan e Lysander! Estão muito mal…? - perguntou a filha de Percy, preocupada.

Scorpio prendeu a respiração. Ele acabou de ajudar Weasleys com a ajuda de uma Weasley? Ele esperava que não, pois seu pai não iria gostar muito.

- AH, estamos bem, monitora. Costelas horríveis, mas bem. - respondeu um dos garotos, com uma careta de dor.

Só foi aí que Malfoy percebeu que os meninos eram irmãos gêmeos. Não existiam gêmeos Weasleys  na geração que não lutou na guerra, pensou o irmão de Libra, aliviado.

- Ei, garoto, quem é você? Te vi azarando aqueles valentões, os tais Garry e Steven. Bem corajoso da sua parte. Me chamo Lysander Scamander-Lovegood. - o menino estendeu a mão para o Malfoy, que ficou surpreso.

O menino ficou surpreso. Sempre imaginou os famosos garotos Scamander como pirados ou loucos, graças às lindas colunas de Rita Skeeter, sua principal opositora. Naquele momento, fez uma nota mental para nunca mais acreditar em qualquer ladainha que Rita escrevesse.

- Ah... obrigada. Eu me chamo Scorpio Malfoy. - ele apertou a mão do loiro, e foi a vez dele de ficar surpreso.

- Wow! Não imaginava que Malfoys poderiam ser tão legais, Lysander. - expressou Lorcan, olhando para Scorpio com admiração.

- As pessoas não costumam pensar nada de bom da nossa família, mesmo. - soltou o filho de Astória, sem pensar duas vezes. Um colunista novo chamado Xavier Harolds tinha como passatempo favorito denegrir famílias. Em especial, os Malfoy, pois sempre eram um prato cheio para a fofoca.

- Desculpa, cara. Fui preconceituoso... para compensar e agradecer seu heroísmo, senta conosco pelo resto da viagem? - disse Lorcan, surpreendendo o Malfoy.



Ele realmente não esperava por pessoas assim na escola de magia. Talvez fosse mais sortudo do que pensava. Talvez o charme de Libra finalmente estivesse se mostrando em Scorp. De qualquer forma, ele sentou feliz ao lado dos irmãos.

35 minutos depois, eles colocaram o uniforme, pois já estavam quase chegando.

 



Dominique Weasley



 



Ah, a vida era bela. Dommy estava realmente feliz, por dois motivos ótimos: 1. Havia recebido uma caixa de bombons e um buquê de flores vermelhas, ambos presentes de Alex Davies, seu atual namorado. 2. Seu irmão mais novo, Louis, finalmente estava em Hogwarts.

Iria ter um encontro com Alex em Hogsmeade. Quando encontrasse o irmão em Hogwarts, iria apresentá-lo a todos os sonserinos e grifinórios populares, os possíveis colegas de casa do pequeno filho de Fleur.

Naquele momento, ela estava em uma cabine, junto de seus amigos sonserinos: Jack Zabini, Adria Rosier, Nancy MacMillan, Libra Malfoy e, claro, Alex Davies. Todos eram sangue-puro, com exceção de Nancy e Alex, ambos mestiços por causa da mãe.

O namorado estava deitado em seu colo, como o bebê mimado que era.  Dominique acariciava a cabeça dele. Estava deixando os longos cabelos ruivos amarrados em um coque alto e elegante.

- Ai, ai... de volta a Hogwarts. Ver novamente todos esses professores idiotas, novamente esses grifinórios imbecis... - pensou Jack Zabini, acariciando o ombro de Adria, sua namorada.

Dominique não discordou. Apesar dos Weasleys amarem a Grifinória mais que o Hugo, filho de Hermione, gostava de videogames, Dommy não gostava tanto daquela casa. Respeitava, mas mantinha uma distância segura, na sua opinião, grifinórios eram impulsivos e burros, apesar dela apreciar a coragem e a ousadia de seus membros.

- Não seja tão duro, Jack. Estamos encontrando nossos amigos! E os professores nem são tão ruins. Como o Slughorn, por exemplo, é ótimo. E quanto aos grifinórios... rezemos para que tenham mais cérebro. - disse Nancy, e Adria concordou.

- Relaxa, Jack. Elas tem razão. A Grifinória ainda não é uma desgraça completa. - Dominique sorriu de lado ao falar isso. - Ah, tenho que procurar meu irmão Louis. Um lufano me disse que viu um menino parecidíssimo comigo há 3 vagões daqui. Deve ser ele. - completou a Weasley, tirando Davies do seu colo e o colocando no banco, pois este já estava dormindo.

- Ok, Dommy. Espero que ele venha para a nossa casa. - disse Libra Malfoy, com solidariedade. Ele sabia das chances que um Weasley tinha de cair na Sonserina.

A menina agradeceu e saiu. Eles eram amigos há tempos, e agora estavam no quinto ano.

Assobiando para lá e pra cá,  Ela foi olhando em cada cabine, procurando seu irmãozinho querido.

- Ah, você jura? Não acredito nisso! Dominique já havia me contado, mas não com tantos detalhes. Pobre James Potter. - a ruiva ouviu seu irmão falar.

Uhm, então ele já estava conversando com um dos primos? E sobre James Potter? Dommy fez uma careta. Bem, com sorte a pessoa seria um dos primos que Dominique dava-se bem, como Lucy ou Rose. A menina andou até a cabine, com os saltos fazendo "clep, clep".

Quando entrou, qual não foi sua surpresa? Seu irmão estava muito bem-vestido, para o orgulho dela, mas estava conversando com um ipê-amarelo (tipo de árvore com folhas amarelas) que a Weasley definitivamente não gostava.

- Alice? O que você está fazendo aqui,  menina? - Ela interrompeu a conversa dos dois rudemente.

Ambos olharam para Dommy. Louis, confuso, e Alice, assustada.

- Nós nos encontramos no meio do caminho e resolvemos sentar juntos, irmã. Qual é o problema? - perguntou Louis, confuso.

- Sim. Qual é o problema? Eu e seu irmão estamos apenas conversando. - completou Alice, timidamente.

A ruiva não podia acreditar naquilo. Alice Longbottom era a menina mais sem graça e desleixada que conhecia.

Dominique respirou fundo.

- O.k, Louis. Você... quer ser amigo dessa menina? - ela perguntou, num tom tão lufano quanto podia. Pôs o máximo de paciência na frase. Afinal, queria saber a opinião do irmão.

- Não vejo porque não. Ela é gentil. - Louis deu de ombros.

Alice balançou os ombros, e Dominique percebeu que ela esteve prendendo respiração. "No lugar dela eu teria dado um tapa em mim, mas bem... ela é a Longbottom mais nova." pensou Dommy.

- Obrigada, Louis. Oi, Dominique. - cumprimentou Alice, dando bandeira branca para todos.

- Oi, garota. Vou me sentar aqui. - a Weasley se sentou no meio dos dois, o que fez Alice bufar.

Bem, ela que bufasse. Louis havia chegado em casa quando Dominique não estava, e eles só se falaram por pouco tempo na estação. Ela precisava falar com o irmão.

- Então, maninho, como foi a viagem? - ela começou.

- Bem. Gostei muito do navio Lyudmilla, é muito confortável. Encontrei alguns trouxas ingleses na viagem, eles me mostraram todo o guarda-roupa e música trouxa. -contou Louis, sorrindo.

- Ah, então eles te deram essas dicas de roupa? - perguntou Alice, curiosa.

O loiro assentiu.

- Uma garota chamado Thalya me mostrou essas roupas. Ela tinha terminado com o ex-parceiro recentemente, então foi fácil dar em cima dela para conseguir essas roupas trouxas. - O menino riu.

Dominique abriu um grande sorriso. Primeiro, porque seu irmão era um baita esperto, e segundo, porque aquelas histórias seriam as portas de entrada para a sua popularidade, a coisa mais importante dm Hogwarts. Libra Malfoy que o diga.

- O que? Você roubou a mulher depois de seduzi-la?! - perguntou Alice, assustada.

Bem, com certeza a loira não aprovava aquele tipo de comportamento, mas bem... era normal para os filhos de Gui.

- Ou, calma lá. Eu só usei meu charme veela para conquistar a amizade dela, e depois a própria menina me presenteou com as roupas. Thalya tem 13 anos, eu tenho 12... consegui usar um pouco do charme, mesmo sendo bem inexperiente com ele. - explicou Louis, ofendido.

- Muito esperto, irmãozinho. Não ligue para ela. - aconselhou Dominique, sorrindo.

O breve desentendimento entre Alice e Louis já havia passado.

- Ah, Louis... para que casa você acha que vai? - perguntou Alice, tentando puxar assunto.

- Bem... eu não sei. Eu posso ir para a Grifinória ou Sonserina. - ele deu de ombros. - Me identifico com as qualidades dessas casas.  - ele terminou.

Dominique sorriu. Era bom saber que suas preferências eram as mesmas que as do irmão.

- Entendi... - sussurrou Alice.

As meninas continuaram interrogando Louis sobre sua viagem, mesmo após 30 minutos.

- Oh! As horas. Temos que pôr o uniforme! - disse Alice. Os outros concordaram, e vestiram-se rápido.

 



Molly Weasley



A grifinória estava bem irritada. Como uma boa filha de Percy e Audrey, Molly era organizada, inteligente e lógica, porém se aborrecia rápido, e aquilo era péssimo para uma monitora. A menina estava na cabine dos monitores, esperando Adria Rosier, a monitora sonserina que iria fazer a ronda com ela naquele dia, pois os monitores homens grifinórios e sonserinos estavam, estranhamente, doentes.  

- Olá, Weasley. - Adria entrou.

A adolescente era negra, e tinha cabelos castanhos cheios. Seus olhos indígenas eram de um mel muito intenso.

- Que demora, Rosier. Eu já estava pensando que também ficara doente. - Molly suspirou.

- Humph. Eu estava trocando de roupa. - explicou a olhos-de-mel.

- Mas você não está  com o uniforme. - afirmou a Weasley, insinuando que a outra estava mentindo.

Adria se sentiu bem ofendida. Cruzou os braços e sorriu de lado, como sempre fazia quando estava com raiva. Usava a técnica da ironia para expressar sentimentos ruins.

- Eu pus outra roupa para fazer a ronda. Uma que impõe mais respeito. - Se defendeu a cacheada. - De qualquer forma, vamos logo. Quero terminar isso o mais depressa possível. - terminou ela.

As duas garotas saíram da cabine.

Antes daquela nova "caminhada", Molly já havia feito uma ronda com o monitor da corvinal, porém, como era muito cedo, encontraram poucas brigas. As colegas fizeram o "passeio" silenciosamente, pois, apesar de pouco se gostarem, respeitavam uma a outra. De qualquer forma, encontraram confusão cá e lá.

- Rosier... me responda, quem tem

ensinou a ter tanta calma? Em todos os casos de hoje você estava com uma calma inabalável. - perguntou Molly, timidamente.

Era verdade: Em todas as confusões, mesmo as mais loucas, a sonserina conseguira manter o equilíbrio. A Weasley não entendia como, pois ela mesmo tivera que respirar fundo diversas vezes para não sair arrastando os fedelhos bagunceiros pelo cabelo.

- Eu aprendi com minha família. Em casa, as pessoas costumam ser silenciosas e agradáveis. Não gostamos de vozes altas, barulho ou confusão. Quando encaramos pessoas assim, simplesmente mantemos nosso equilíbrio, buscando passá-la para as pessoas ao nosso redor. Esse costume vem de nosso antepassado, o Conde de Claves, Phillip Claude. Apesar dos Rosie terem um passado horrível, pois muitos de nós compactuou com Voldemort, nós também temos pessoas decentes em nossa família. - explicou Adria, andando como uma lady.

Molly ficou impressionada. Os Rosier eram exatamente o oposto dos Weasley. Agora estava explicado o motivo de Adria sempre se comportar como uma nobre: Descendia de um conde.

- Nossa... isso... sua família realmente tem uma grande história. Nunca tinha ouvido falar do Conde Phillip, sequer sobre o equilíbrio natural dos Rosier. - afirmou Molly, chocada.

- Sim. A mídia sempre mostra o lado ruim das famílias que compactuaram com Voldemort no passado. Nunca o que são hoje, ou o que foram ante ontem. - Adria acenou com com cabeça.

Depois da breve conversa, ela continuaram andando, em busca de bagunceiros.

- Veja, Weasley. Parece estar havendo uma confusão naquele vagão. - observou Adria.

Quando entraram na cabine, se assustaram:  Havia um primeiranista pendurado no alto, com unhas do tamanho de uma varinha. Outro parecia um gato, engatinhando no chão e miando Também estava se lambendo.

As pessoas sãs estavam rindo e caçoando dos outros. Eram James Potter, Fred Weasley II, Maxwell e Oliver Wood e, para o eterno aborrecimento de Molly, Lucy Weasley.

- Ah, não, monitoras... - reclamou Oliver.

A Weasley ruiva se irritou. Sabia que o Wood só estava fazendo gracinhas com ela, como fez mais cedo, na primeira ronda da ruiva.

- Sim, engraçadinho. Monitoras. Agora, é bom todos vocês terem uma ótima explicação para esses... acontecimentos. Principalmente você, Lucy Molly Weasley. - afirmou a monitora grifinória, ameaçadora.

Lucy fez cara de tédio ao ser chamada pelo nome completo.

- Ah... esses meninos... estavam machucando pessoas menores, irmã! Não é justo que culpe a nós! - defendeu-se Lucy.

- Aprecio esse tipo de comportamento. Defender pessoas menores. - contou Adria.

Molly ficou quase que imediatamente irritada. Como ela ousava falar isso?! Era uma monitora também, afinal. E descendia de um nobre.

- Obrigada, você seria namorável se não fosse uma sonserina. Sem ofensas, Lucy.  - disse Fred, insensatamente.

- Pff... nem se eu fosse grifinória teria coragem o bastante para te beijar. - retrucou Adria, friamente - Porém, continuando meu discurso interrompido: Apesar das atitudes de vocês serem dignas e honradas, não estão de acordo com o regulamento escolar.  Por tanto...  - ela parou de falar, sacando a varinha.

- O que? Vai libertá-los? Rosie! - reclamaram os marotos, em uníssono.

- Sinto muito, rapazes. Quem manda em mim é o regulamento. - respondeu Adria, ao libertar os primeiranistas. Eles saíram correndo.

Molly ficou irritada. Porque ela não era capaz de fazer aqueles discursos?

- Vocês todos perderam 5 pontos para suas respectivas casas. - disse Molly, ríspida. - E James, o mais velho e mandante do grupo, ficará detento por 1 dia.

- O que? Isso é tão injusto, Molly! - reclamou o Potter. Fred riu.

- Aff... melhor que o grupo todo, então. Mas pegou pesado hein,  maninha! - opinou Lucy, mexendo no cabelo castanho.

- Concordo - disseram Oliver e Max, juntos. Molly bufou.

- Veja, já é hora. Temos que nos trocar. Vamos para a cabine de monitores, Weasley. - ordenou Adria Rosie, gentil.

Todos se trocaram em suas cabines, aguardaram a esperada chegada.



Frank Longbottom



Frank ficou muito, muito surpreso quando descobriu que seria monitor. Sempre foi um aluno exemplar, mas ele jamais pensou na possibilidade de ser um dos melhores alunos da Grifinória. Seus pais? Fizeram uma comemoração no bar da família, convidando Deus e o mundo.

Até sua irmã, Alice, ficou animada com a perspectiva de ser a irmã do monitor. Seus outros parentes o parabenizaram e abraçaram, como se ele, subitamente, tivesse virado um homem de família responsável e trabalhador.

Infelizmente, Frank não estava tão animado assim. Primeiro, ficou feliz, muito animado… Mas depois… depois de ver todas as expectativas que a família estava depositando nele, quis sumir. O moreno não reagia bem a pressão, e por mais que seus familiares não estivessem tentando pressioná-lo, era exatamente o que estavam fazendo.

Ele pensou em roubar o Gringotes, comprar passagens para a Austrália e forjar a própria morte em um navio bruxo, para então fugir para o outro país. Acredite ou não, o menino considerou essas hipóteses a sério, mas é claro  que a moral e a sanidade falaram mais alto.

Então, o menino fez algo semelhante, porém em menor escala: Fingiu que estava doente na cabine dos monitores, e em seguida fugiu para a primeira cabine que encontrou, que por sorte estava vazia. Bem, não totalmente. Haviam 5 bolsas lá, o que indicava que já estava cheia, porém os donos provavelmente tinham saído para fazer alguma coisa.

- Ah... que azar... - sussurrou Frank, sentando no banco da cabine que nem o pertencia.

O que ele iria fazer? Ele não poderia simplesmente chegar para a diretora Minerva McGonagall e dizer "Desculpe, Minnie. Eu não posso ser monitor. Tenho uma síndrome do pânico que se ativa única e exclusivamente quando me sinto pressionado. E responsabilidades demais geram pressão. Me perdoe. " isso seria ridículo, e ela com certeza pediria mais explicações. E se ele descrevesse tudo o que estava sentindo, ela provavelmente iria confundi-lo com a Murta-que-geme, ou, no mínimo, mandá-lo a um psicólogo.

Ele suspirou. Mesmo que a diretora aceitasse suas explicações,não deixaria de preocupar-se com a saúde psicológica do garoto. E -fato improvável - se ela aceitasse a demissão dele sem mais questões, ainda avisaria a família dele sobre isso. E com certeza Neville e Hannah o bombardiariam de perguntas.

Frank não queria decepcionar os pais, definitivamente não. Ele ainda se lembrava do olhar de orgulho dos pais, principalmente de Neville. Alice o olhando como se ele fosse o Superman. A bisavó, Augusta, se gabando para todas as outras bisavós rabugentas sobre como seu bisneto era inteligente, bonito e corajoso.

Passos e risos interromperam seus pensamentos:

- Ah, ok. Deixa de ser chata! Vamos logo para a nossa cabine. Espero que a Chang-Young já esteja lá. - disse uma voz, ficando cada vez mais próximo da cabine onde estava Frank.

- Ah, não!  Eu acabei de lembrar que ela está em outra cabine. A Young não queria ser perturbada por nós. Vamos até lá. - decretou uma voz risonha.

Rapidamente, a dupla correu para o sentido contrário ao filho de Neville. O menino saiu da cabine e correu para outra, que, para o seu azar, estava com pessoas.

- Ei, Frank! Cuidado com minha bolsa! - avisou Rosa Weasley.

- Porque é que você veio correndo? Parecia um gatinho assustado. - caçoou Alvo, rindo.

Roxanne estava dormindo, ou melhor, roncando. Alvo tinha colocado uma  batata frita debaixo do nariz dela.

Frank estava aliviado por ter chegado numa cabine familiar. Ele era estranhamente bom em mentir para conhecidos.

- Olá, crianças. - cumprimentou ele, apenas para provocar os dois.

O menino sabia muito bem que eles odiavam aquele tipo de tratamento.

- Oi, idoso. Saiu do asilo hoje ou fugiu de lá? - respondeu Alvo, irritadiço.

A relação do Longbottom com os "primos postiços" era de puro amor. Assim como os outros mais velhos, ele gostava de caçoar dos mais novos.

- Estava jogando xadrez com seus amigos velhos? Aposto que babaram tanto que os expulsaram do asilo. - completou Rosa, sorrindo.

Os priminhos continuaram rindo, e Frank não se importou. Estava pouco se lixando para as risadas, desde que ninguém descobrisse seu segredo.

- Ah, senhor, cadê sua bengala? Vai acabar tropeçando. - disse Alvo.

O Potter estava fazendo cara de rapaz gentil, como se estivesse morrendo de pena do velho Longbottom.

- Crianças, vão brincar de bonecas. Amanhã vão aprender a fazer o A. - ordenou Frank, como um professor.

Subitamente, Roxanne abriu os olhos.

- Acordou, priminha? - perguntou Frank, olhando a menina negra. Ela era bem alta para a idade.

- O q... Quem colocou uma batata debaixo do meu nariz enquanto eu dormia? Seja quem for, não vai viver por muito mais tempo. - ameaçou Roxy, ao ver a batata cair no seu colo.

- Não faço ideia. - respondeu Rosa, olhando "disfarçadamente" para Alvo, que olhava para ela do mesmo jeito.

Entre a dúvida, a menina resolveu confiar no mais improvável, apenas porque queria culpar alguém.

- Foi você, Frank! Sempre caçoando de nós por sermos mais novos! - acusou a recém-acordada, apontando para o Longbottom.

- Eu? É óbvio que foi o Alvo. Olhe para a cara dele. - ordenou Frank.

O Potter disfarçou, mas não conteve a risada. Roxy jogou sua bolsa nele. Agora foi a vez de Rosa e o primo postiço rirem.

- Parece que alguém se ferrou! - suspirou Frank, rindo da cara de banana de Alvo.

- Ei, não façam tanta baderna! Podemos acabar chamando atenção dos monitores! É isso q... - Rose parou de falar, subitamente.

Alvo e Roxy olharam para Frank, e a ruiva também. Ele paralisou.

- A não ser que eu tenha me enganado... você é monitor, Longbottom. - falou Rosa, pausadamente.

- É mesmo... Eu lembro que comi um hot dog enorme na festa de comemoração.- sussurrou Roxy. Alvo concordou.

Frank ficou nervoso. Agora, começariam as perguntas, e ele desconfiava que teria que inventar uma desculpa melhor que "estou doente" pois eles estavam vendo que o menino estava perfeitamente saudável. E fingir uma tosse como fez na cabine seria estúpido.

- Então... o que você está fazendo aqui,  monitor? - perguntou Rosa, falando a última palavra como se fosse uma acusação.

Frank respirou fundo.

- Ok, criançada. Eu sou o monitor da Grifinória, mas fiquei um pouco doente. Então, não pude fazer a ronda. - explicou ele.

Esperou que os primos entendessem e dessem fim ao assunto, o que, obviamente, não aconteceu.

- Você parece perfeitamente saudável. - acusou novamente Rosa.

- Porque está mentindo para nós, Francesca? Vai me dizer que foi encontrar seu boy?! - Exclamou Alvo, com uma voz muito afeminada.

A pressão que Frank estava sofrendo diminuiu um pouco com o último comentário. Ele se aliviou ao perceber que ao menos o Potter não desconfiava que fosse algo realmente sério. Mas Rosa ainda estava séria, e Roxy estava num meio termo.

-  Aposto que ele quer fugir da "responsabilidade". Fez uma festa incrível só para se divertir, e agora, está morrendo de preguiça de monitorar! - afirmou Roxanne risonha.

Frank não ficou irritado imediatamente, apenas quando Rose concordou. Como elas poderiam pensar aquilo? Era tão humilhante e horrível ouvir isso de pessoas tão queridas. Mas por um lado, elas tinham razão: Não deveriam nem imaginar o conflito dentro de Frank, e aquela parecia a solução mais "óbvia".

- Para a sua informação, Roxanne, eu estava realmente doente. Porém, encontrei... - ele pensou um pouco - Marieta Chang-Young, e ela conseguiu me curar com um feitiço. - ele explicou, agradecido pela criatividade que os céus o deu.

Ainda assim, os colegas ficaram desconfiados. Exceto por Alvo,que não parava de tagarelar sobre um amante chamado Robbie de lindos cabelos louros, que supostamente Frank amava todas as quintas-feiras.

- Mas... como a Young, do segundo ano, pode saber um feitiço tão avançado, que nem mesmo os outros monitores souberam? Sequer os professores? - perguntou Rosa.

Naquele momento, o Longbottom amaldiçoou silenciosamente a esperteza e inteligência da menina. Maldita filha de Granger.

- Bem, querida Rosa, você sabe que a Chang-Young vive procurando por feitiços novos e mais avançados, sempre tentando ser a melhor da turma. Por acaso, hoje ela estava lendo sobre feitiços de cura do sexto ano, e conseguiu fazer um para mim. Não me pergunte como ela teve capacidade, aquela menina é mais inteligente do que eu. E os professores? Eu preferi não incomodá-los, e os outros monitores concordaram. - explicou Frank, com uma naturalidade assustadora.  - E bem, não voltei para monitorar porque é demasiado tarde. - ele terminou.

Roxy e Alvo se deram por satisfeitos, mas Rosa continuou um tanto desconfiada, mesmo calada. Ainda sim, Frank agradeceu aos anjos por conseguir mentir com tanta naturalidade. O que foi estranho, pois anjos odeiam mentiras.

Depois, todos eles vestiram o uniforme, pois em 10 minutos chegariam.



 


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