De volta à Ordem



- Harry, que bom te ver de volta!!

Sra. Weasley abraçou Harry com força. Ele já estava acostumado demais para reclamar do tratamento. Claro, sentia uma pontinha de aborrecimento por ser tratado como um garotinho. Mas pelo menos a Sra. Weasley se importava com ele.

- Onde estão Rony e os outros?

- Lá em cima, no quarto das garotas... suba lá, querido...

Harry circulou com certa tristeza pelos corredores da casa. No ano anterior, via apenas paredes sombrias. Agora tudo estava limpo, a chão estava encerado e as paredes pintadas. Mas o dono da casa não podia ver o resultado do trabalho duro dos Membros da Ordem. Sirius, padrinho de Harry e dono daquela casa, morrera alguns meses antes.

Evitando pensar na falta do padrinho, Harry correu até o quarto de Hermione. Encontrou lá, além da amiga, todos os irmãos Weasley: Gui, Carlinhos, Percy, Fred e Jorge, Rony e Gina. Todos fizeram um coro para dizer "oi Harry". Ele cumprimentou a todos e foi ao encontro de Rony.

- Então, como está? Os trouxas não te encheram muito, não é?

- Não, continuaram me mantendo fechado no quarto.

- Como você conseguiu vir pra cá, então? - perguntou Hermione de baixo de uma cama.

- Aquele mesmo grupo do ano passado... pregaram outra mentira

nos meus tios.

- Como esses trouxas são burros! - comentou Gui.

- Mas o que está havendo aqui, afinal?

O quarto parecia ter sido arrasado por um furacão. As camas estavam amontoadas num canto. O armário estava aberto e muitas roupas estavam no chão. Hermione e Gina estavam completamente descabeladas.

- Temos que arrumar espaço pra outra pessoa - explicou Fred.

- Tentamos ajudar, mas elas não confiam na gente. Estão tentando abrir espaço pra outro beliche faz horas - continuou Jorge.

- Outra pessoa? Quem?

Houve um silêncio tímido, em que todos se entreolharam. Por fim, Rony falou:

- Você não vai acreditar.

- Quem?

- A sobrinha do Snape.

- COMO É??

- Eu disse que você não ia acreditar - comentou Rony, olhando para o rosto espantado de Harry.

- Nós também não acreditamos quando escutamos - disse Gina.

- Eu sempre achei que Snape fosse um sapo que virou gente - comentou Fred - mas aparentemente ele tem família...

Harry se lembrou de quando leu a mente do prof. Snape e o viu chorando ao assistir uma briga dos pais. Então ele tinha irmãos?

- Não sabemos como essa garota é - comentou Carlinhos - mas se tiver o mesmo gênio do tio... as meninas vão estar encrencadas...

- Por que não mudamos de assunto, hein? - disse Hermione.

- E falamos do quê?

- Do aniversário do Harry, por exemplo...

Seria a primeira festa de aniversário que Harry teria na vida. Foi difícil convencer Dumbledore, mas o diretor cedeu depois que Lupin citou a morte de Sirius.

- É mesmo! Você precisa ver o presente do Carlinhos! - disse Rony, empolgado.

- Você não pode estragar a surpresa, Rony! A festa é só amanhã! - protestou Percy.

- Não enche, Percy - resmungou Carlinhos - se ele quiser que eu dê hoje, eu dou... certo?

Percy saiu, ofendido. Nem cinco minutos depois, voltou correndo.

- Snape... acabou... de... chegar... a garota... está... com ele!!

- Ver... da... de?? – disse Jorge, imitando o jeito do irmão.

- Como ela é? – perguntou Gina – parece com ele?

- Não sei, não vi direito.


- Pois é, na Índia os trouxas são super tolerantes com magia, muitos até procuram curandeiros quando têm alguma doença...

- Verdade? Fascinante, Trillian, realmente... ah, finalmente chegaram... Trillian, estes são seus companheiros... os ruivos são meus filhos, aquela é Hermione Granger, e o de óculos é...

- Harry Potter, só pode ser – disse a menina, estendendo a mão para Harry – muito prazer, Harry. Meu nome é Trillian.

Todos ficaram um tanto quanto surpresos. Como a sobrinha do homem mais mal-humorado de Hogwarts podia ser tão simpática?

- Por que vocês não conversam um pouco enquanto eu arrumo a mesa? – propôs a Sra. Weasley.

- Não precisa de nenhuma ajuda? – perguntou Hermione.

- Eu ajudo – disse Tonks, entrando na cozinha – falando nisso, a velha Black está aos berros no corredor, eu tropecei de novo na perna de trasgo...

- Pelo amor de Deus, Tonks – reclamou o sr Weasley – você precisa ver melhor onde anda!

- Vamos levar suas malas para cima, Trillian? – convidou Fred.

Todos ajudaram a levar a bagagem para o quarto. Quando chegaram, as garotas ficaram muito sem graça por causa da bagunça toda.

- Não se incomodem, meu quarto era mil vezes pior... será que eu posso ajudar a arrumar tudo depois? Até onde eu sei, maiores de dezessete já podem usar magia aqui na Grã-Bretanha...

- Claro! – responderam Gina e Hermione em coro.

- Por que ela pode ajudar vocês e a gente não? – reclamou Jorge.

- Vai ver é porque vocês dois são tarados – disse Gui.

- É, e ela é uma completa desconhecida!

- Fred, isso não é jeito de falar com a moça!

- Bom, mas é verdade, né? Vocês nem me conhecem direito. Eu sou Trillian, sou sobrinha de um professor de vocês, o Snape...

- Disso a gente sabe – retrucou Rony.

- Como? A sua mãe falou que não tinha contado pra vocês!

- Nós imaginamos – disse Jorge – Percy viu você chegar com o Snape. Namorada dele é que você não ia ser, não é mesmo?

- É, verdade... bom, eu não sei o nome dos ruivinhos... será que alguém pode me dizer?

- Eu sou o chefe, me chamo Gui – disse ele, estendendo a mão – esse é o segundo na linha, o nome dele é Carlinhos...

- O lendário apanhador da Grifinória, muito prazer...

- Depois vem o subsecretário do imbecil, digo, ministro, Percy... estes são Fred e Jorge...

- Proprietários da Gemialidades Weasley, Beco Diagonal, número 93...

- Este é o quarto monitor da família, Rony...

- Não me orgulho disso, ok?

- E essa é a nossa princesinha, Regina...

- Me chame de Gina.

Trillian apertou a mão de cada um. Depois todos começaram a ajudar na instalação do beliche. Quando tentavam evitar que o objeto bloqueasse a porta, Tonks chegou.

- Caramba, deixem que eu termino esse serviço! Quem te ensinou a fazer feitiços, garota?

- Ninguém... fiz uma parte da escola em casa, com meu pai, mas coisas mais avançadas não aprendi...

- Você não vai jantar com a gente, Tonks?

- Eu? Não, obrigada... comer com aquele chato do Snape na mesa me deixaria... ops, desculpe...

- Não se incomode, é só uma questão de convivência. Se conversasse mais com ele ia ver que ele é legal.

Harry e Rony se entreolharam, e disfarçaram risadinhas. Como se alguém quisesse conviver com Snape. Na porta da cozinha, sr Weasley esperava por eles, tenso.

- Olhem, Dumbledore está aí, convenceu Snape a jantar conosco...

- Não tem problema, Tonks já avisou, papai – disse Gina.

- Nós já agüentamos um ano comendo no mesmo salão com a Umbridge, não foi? – perguntou Hermione – podemos encarar qualquer coisa.

Snape não conversava com ninguém, e quando Trillian lhe perguntava alguma coisa, ele apenas balançava a cabeça. Já os outros conversavam animados; além de Dumbledore, estavam jantando na Ordem Mundungo Fletcher e Olho-Tonto Moody. Harry comia com vontade.

- O que houve naquela casa, os trouxas não alimentaram você? – rosnou Moody.

- Alimentaram, sr. Moody, mas é que meu primo segue uma dieta idiota e nunca como nada gostoso...

- E depois, a comida da sra. Weasley é deliciosa – disse Trillian – tínhamos uma cozinheira na Índia, mas ela só sabia cozinhar com curry, eu mal sentia o gosto...

- Não quer torta de carne, Trillian? – ofereceu Gina – você nem chegou perto, e eles vão acabar com ela daqui a pouco...

- Obrigada, Gina, mas eu não como carne de boi... força do hábito, ninguém come, lá na Índia...

- Você com certeza conhece muito sobre as técnicas de magia de lá... – disse Hermione.

- Nem tanto – respondeu Trillian – eu não estudei em nenhuma escola por lá, meu pai me ensinou tudo o que ele sabia...

- Então você nunca foi à escola?

- Não, na verdade não... mas dei sorte, vou ser colega de classe de vocês...

- Peraí – disse Carlinhos – mas você não tem dezessete anos? Deveria estar no último ano...

- Pois é – disse ela, olhando para o tio – mas o tio Severo disse que para fazer os NIEMs eu tenho que estar bem preparada, especialmente em Feitiços, vocês me viram lá em cima...

- Seu irmão foi para Hogwarts, Snape? – perguntou Lupin.

- Aham – rosnou ele.

- Engraçado, não me lembro dele...

- Isso porque meu querido irmão e eu não nos dávamos muito bem – disse Snape, rabugento – além disso, quando eu me formei ele ainda estava no terceiro ano. Depois, nossa irmã nos deu o desgosto de casar com um trouxa. Meu pai foi para a Índia, onde a família tinha uma propriedade, e levou Aidan com ele.

- Foi lá que papai conheceu Rani, minha mãe – continuo Trillian – ela era bruxa também...

- Então por que você veio estudar aqui, e não ficou na Índia? – perguntou Rony.

- É que eu não tenho mais família lá...

- Como assim?

- A mãe dela morreu no parto, Weasley, e o pai dela morreu num acidente de trem mês passado. O avô dela, meu pai, morreu quando ela tinha dez anos. Como nossa irmã foi deserdada, eu fiquei com a custódia dela.

Houve um silêncio retumbante depois disso. Snape pegou o casaco, resmungou um “comporte-se” para a sobrinha e foi embora. Todos ficaram levemente constrangidos e Rony ficou vermelho até as orelhas.

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