Corujal.



N/A:  Morgana Pontas Potter - Muito obrigada pelo apoio, de verdade. Eu estou com um pouco hesitante sobre isso, mas estou com a meta de continuar a fic. E não se preocupe, ainda irá ter muitos capítulos Jily - alguns somente com eles - Mas obrigada novamente. Beijos! 

Ok, eu sei que esse capítulo ficou curto e meio que sem rumo...Mas eu prometo melhorar nos próximos capítulos. Beijos, e comentem!


O mundo é dividido entre pessoas que gostam de acordar cedo e pessoas que têm que acordar cedo. James sempre pertenceu ao segundo grupo. Nunca sentiu-se particularmente bem disposto pela manhã, e acordar cedo todos os dias era algo que exigia dele um esforço descomunal. Não foram poucas as vezes em que cabulou as primeiras aulas para botar o sono em dia, de fato, fazia isso com um pouco mais de frequência do que se orgulhava. Mas não naquela manhã. Naquela manhã, sem nenhum motivo aparente, o rapaz se levantou antes de todos em seu dormitório e desceu para o café. No Salão Principal havia meia dúzia de alunos pingados e espalhados pelas mesas das quatro casas. Ele se sentou e começou a se servir enquanto passava os olhos para as poucas almas vivas na mesa da Gryffindor e ergueu as sobrancelhas ao ver o rosto conhecido de Marlene McKinnon, lendo a edição daquela manhã de O Profeta Diário.


- Ei, Marlene. Eu não sabia que você era uma pessoa da manhã. - Brincou, dando o seu melhor sorriso para garota, que retribuiu prontamente. - Já terminou de ler? - Apontou para o jornal, ainda sustentando o mesmo sorriso quando a garota assentiu e lhe passou O Profeta Diário. Duvidava que Marlene já tivesse terminado a leitura, mas deu de ombros, pegando o jornal emprestado mesmo assim e passando os olhos rapidamente pela primeira página.


- O que o fez acordar tão cedo?


- Não sei, por mais incrível que pareça eu simplesmente acordei… Marlene riu enquanto saboreava o seu café.


- Sei…E isso não tem haver com alguma ruiva de olhos verdes, não?


- Não sei, você conhece alguma? - brincou James - Ela é bonita?


- Haha, tenho certeza que sim.


James ergueu o olhar do jornal quando ouviu uma certa movimentação ao seu redor e pôde ver o porquê: Lily Evans tinha acabado de pisar no Salão e cumprimentava alguns dos colegas, surpreendentemente bem-humorada. Não que fosse raro vê-la bem-humorada, pelo contrário, mas James tinha certa dificuldade de aceitar que as outras pessoas fossem capazes de sentir bem-humor àquela hora da manhã.


- Bom dia, Evans. - Ele Disse, voltando os olhos para o Profeta. - Virou a noite? - Perguntou assim, como quem não quer nada, sem tirar os olhos do jornal, enquanto levava uma torrada a boca. Lily estava tão concentrada em pegar seu café que mal notou que havia parado bem ao lado de ninguém menos que James Potter, o que a deixou bem surpresa, já que nunca o via acordado naquela hora, mesmo os dois sendo monitores-chefe.


- Bom dia, Potter. – Disse enquanto esticava-se para alcançar um bolinho.


- Perdi o sono, mas eu suponho que a aula do Professor Binns esteja aí pra isso, certo? - Acrescentou, olhando para Marlene com o habitual sorriso maroto se formando em seus lábios.


– Pobre Professor Binns. Ele bem que se empenha para ter uma aula dinâmica. Se quiser que eu te mantenha acordado, é só avisar. – Propôs já podendo imaginar muitas formas de mantê-lo acordado, mesmo que talvez algumas não o agradassem tanto como agradaria a ela, mas apesar disso, nem chegou a nutrir uma esperança para uma resposta positiva. Potter andava mais esperto em relação a ela este ano.


- Depende do como você pretende me manter acordado. Consigo pensar em algumas formas. - Ele respondeu imediatamente, escancarando o sorriso ainda mais e transformando-o em uma risada. - Tá, parei. - Acrescentou, erguendo as mãos em sinal de paz, prevendo uma reação não muito positiva da parte dela. A ruiva ficou séria um minuto para ver qual seria a reação dele quanto aquilo, mas depois não conseguiu controlar o riso. Até parece, pensou em deboche.


– É Potter, é melhor você ficar dormindo mesmo.


- Mas e se eu pegar uma detenção? Quer dizer, como monitor chefe…


– Se você achasse mesmo a matéria interessante, não ficaria dormindo nas aulas. Mas enfim, meio cedo pra gente discutir as maravilhas de História da Magia, não acha?


- Vamos fazer um trato? - Propôs o maroto, um sorriso de antegozo tomando forma em seu rosto sonolento. - Você não me deixa dormir que daí eu não te deixo dormir. Eu nem sei mais o que o Professor Binns tem dado nas aulas, isso é meio preocupante. - E apesar de suas palavras, não soava nem um pouco preocupado. Mas como sempre, estava disposto a prolongar aquela conversa tanto quanto conseguisse. Apesar do sono. Ou do mau humor, talvez tenham coisas que nunca mudem, no final das contas, e o efeito de Lily Evans em James Potter parecia ser uma dessas coisas.


– Acho que você vai ter menos trabalho que eu quanto a isso, mas é um trato. – Lily até se oferecia para lhe emprestar suas anotações, mas tinha a impressão de que ele não daria uma olhada em nada, então apenas concordou com o trato. Voltou sua atenção novamente para o jornal onde uma noticia no canto da página a fez parar por um minuto.


- De nada hein? - James apontou para o jornal, com um sorriso zombeteiro nos lábios. Não tinha terminado de ler, mas deixou que a garota o folheasse e não reclamou. Em vez disso voltou a sua atenção para o seu café, tomando mais um gole enquanto se servia de um pouco de omelete.


- Ah, você não tinha terminado? – Lily franziu o cenho enquanto puxava o jornal para perto do garoto novamente. Ela balançou a cabeça negativamente, fazendo de sua boca um linha fina, mas contendo agora algum humor.


– Fica quieto, Potter. – Ela disse enquanto levava a mão para desfazer a continência que o garoto fazia, depois passou-as pelo rosto respirando fundo enquanto tentava formular uma resposta para a pergunta do mesmo.


- Bem, acho que já temos que ir para a aula - Começou Marlene, se levantado. - Mas eu ainda preciso passar no dormitório, então até mais tarde.


- Até! - responderam os outros dois. Quando a loira deixou os dois sozinhos, Lily continuou a ler o profeta como se nada tivesse acontecido - apesar de não estar muito confortável pelo fato de estar ao lado de James, e sozinha - porém o garoto ficava olhando para ela atentamente.


- O que é?

- Hum? Ah, nada. Não quer que eu a acompanhe para a aula?

- Não, obrigada.


- Aí - continuou James, colocando a mão em cima de seu peito, fingindo dor - Sou uma companhia tão ruim assim?


- É sim.


- Sua compaixão realmente me comove, Evans. A ruiva olhou para o moreno pelo canto do olho mas não falou mais nada, e só esperou até ele se retirar e ir até sua aula.


***


      Durante o dia o Corujal era um dos lugares menos movimentados em todo o castelo e justamente por essa razão era a alternativa ideal para quem buscasse sossego enquanto cada um dos outros cômodos de Hogwarts parecia abarrotado de gente. Mas ao contrário de boa parte dos alunos Mulciber nunca entendeu o apelo pelo lugal. Foi com isso em mente que ele deixou as masmorras naquele dia nublado e seguiu em direção à torre. As vozes que compunham as conversas calorosas dos colegas o perseguiram ao longo de quase todo o percurso até que finalmente alcançou o local, e seguiu pela entrada. Suspirou, com certo alívio diante da repentina quietude conforme as vozes ficavam cada vez mais distantes e abafadas até, por fim, tornarem-se inaudíveis. O silêncio era como uma dádiva, excepcionalmente bem-vinda naquele momento. 


       Enfiou as mãos nos bolsos e diminuiu o ritmo da caminhada quase instintivamente pouco antes de ver o que procurava. Em sua mente por essa vez, invadida por um turbilhão de pensamentos que o rapaz buscava inutilmente colocar em ordem, questões que tanto o perturbaram nos últimos dias. Não esperava encontrar ninguém no local, então fora pego de surpresa ao adentrá-la e ver que mais alguém parecia ter tido a mesma ideia que ele.
— O que está fazendo aqui? — Mulciber perguntou quase acidamente, sem nenhuma razão em especial para ter agido daquele modo. A pessoa que habitava o mesmo local que ele era a sua “parceira” Victoria, e provavelmente a última pessoa que gostaria de encontrar agora. 
– Eu estou… - A garota começou um pouco assustada pela presença repentina no sonserino. - ….Pensando. 
– Aqui?
– Existe outro lugar?! - perguntou irritada. Se ele não queria a companhia dela, ele que saísse. Ela havia chegado ali primeiro. – Se já não aguenta estar convivendo com a minha presença quase que diariamente, imagino que esteja desgostado de estar aqui comigo. 
Ao ouvir isso, Mulciber abaixou um pouco a cabeça e soltou um riso fino. 
– De fato. - mentiu. 
Victoria se virou para ele - agora com muita raiva - ela estava determinada a dizer umas poucas verdades para ele. Não entendia como algumas pessoas conseguiam aguenta-lo, e mesmo com medo de sofrer com as consequências, ela teria que dizer tudo que estava em sua mente. 
– Qual o seu problema? - disse ela com frieza - Primeiro, você me trata com total frieza e desgosto, algo que eu não me surpreendi vindo de alguém como você. E depois você vem e fala na minha cara que despreza as minhas amigas, e que se tivesse uma oportunidade não pensaria duas vezes em azarar Sirius ou James. Também não duvido que se você tivesse uma oportunidade, me azararia junto dos seus ‘amigos’ da sonserina. Já que todos vocês me julgam traidora de sangue, não é assim que me chamam? 
Mulciber ouvia tudo atentamente, mesmo sem olhar nos olhos da garota ou tentar demonstrar calma, podia ver aos poucos a mudança em seu humor. Como o aperto de seu maxilar, ou o cerrar de suas mãos - agora transformando-os em punhos -. 
– Não diga mais nada - Ele replicou, agora olhando para ela e se aproximando. Chegando a uma distância de quase um palmo. 
Victoria não queria fechar os olhos, pois temia que ele iria fazer alguma coisa - não necessariamente algo de ruim, pois uma pequena parte dela ainda acredita que ele podia deixá-la ilesa - Ela não ficou com medo, por mais estranho que pareça, e se atreveu a ficar lhe encarando de volta esperando o seu próximo movimento. Apesar de ele não estar fazendo nada. Nada. Nem mesmo um movimento, ele apenas ficou parado em seu lugar com a mesma expressão de antes, e encarando ela. 
– Eu… - Ele hesitou, respirou mais uma vez, e voltou a falar. – Eu não faria-
        Antes de poder terminar sua frase. Em certo ponto, da meia conversa com Victoria no corujal, Mulciber notou a companhia indesejada e alterou o curso da conversa propositalmente, ficando em silêncio por um instante. Um breve e discreto olhar de soslaio fez com que visse quem era sua perseguidora: a monitora-chefe, Lily Evans - também amiga da sua outra companhia no local, Victoria. Aquilo seria interessante, especialmente levando em conta a linhagem de sangue da garota, e a amizade que ela tinha com a companheira. Mulciber vinha esperando a chance de um confronto com aquela ela já há algum tempo. Infelizmente os tempos não eram dos mais propícios. Olhou para a grifinória que a pouco tempo estava conversando, caminhou até o fim do corredor extenso e mal iluminado, até se deparar com uma parede que o impedia de continuar - assim como o planejado e só então girou os calcanhares, esperando encontrar a ruiva em seu encalço. Olhou para Victoria novamente por cima do ombro, e a mesma respondeu com um olhar confuso. 
- Algum problema, Evans? 
       Lily estranhou quando ouviu alguém a chamá-la de repente, e ao adentrar melhor no local, conseguiu notar duas pessoas, e agora ela estava certa de que apenas um dos dois sairia de lá em condições de contar a história. 
– Se esquivando assim, alguém pode pensar que você está escondendo algo, Mulciber. – Respondeu tranquilamente como se não estivesse insinuando nada. Apenas olhando para a amiga, e para ele quase ao mesmo tempo, tentando notar o que estava acontecendo entre os dois.                    Apesar da pouca luz, era muito fácil de notar o ar doentio que o garoto exalava e como resposta a isso, Lily posicionou sua varinha próxima ao braço por debaixo da manga de sua blusa.Para todos os efeitos, uma saída rápida seria a coisa mais sensata a se fazer. E apesar de todo aquele clima ameaçador que estavam mantendo ali, Lily não sentiu nenhuma vontade de recuar ou chamar por ajuda - apesar de estar na presença da amiga, ainda não entendia como ela podia estar tão calma. 


- Me seguindo assim alguém pode pensar que está interessada demais em mim, Evans. - E mesmo que a frase por si só pudesse soar como um flerte, a voz do sonserino exalava desprezo. Ele nem ao menos parecia preocupado em que a ruiva parecia estar em sua posição de defesa, apesar de não estar com a varinha nas mãos. Talvez ela deveria estar se confiando demais na amiga dela, que estava nesse instante detrás dele. 
         Foi então que os três ouviram mais passos vindo do corredor. Segundos depois, um grifinório - conhecido pelos seus cabelos bagunçados, óculos, e sorrisos marotos apareceu em meio da conversa - Mulciber fora o primeiro a notá-lo, sua expressão facial mudando rapidamente de escárnio para surpresa e então outra vez para sua impassibilidade aparente. 
- Eu começaria a questionar seriamente o gosto dela se esse fosse o caso. - James disse, segurando a varinha firmemente junto a seu corpo enquanto encarava o outro rapaz. Seu tom podia ser descontraído - ou ao menos essa havia sido sua intenção - mas tudo em sua expressão facial evidenciava sua preocupação. - Pelo jeito Evans não é a única perseguidora por aqui. O que você está fazendo aqui com Victoria, de qualquer modo? - Perguntou, agora olhando para a outra grifinória tentando buscar alguma explicação. Mulciber parecia estranhamente à vontade naquela situação, o que apenas fazia com que a raiva iminente de James aumentasse. E ele cerrou os punhos em resposta. 
- Patético, Potter. Tudo isso pra ficar uma sangue-ruim que nem mesmo te querv - Ele continuou seu monólogo, dando alguns passos a frente, na direção dos dois grifanos, deixando Victoria para trás. Mesmo sabendo que chamando a amiga dela de sangue-ruim iria afeta-la de algum modo. Isso não importava agora. E quase que por reflexo James se adiantou em alguns passos também, se colocando entre Lily e Mulciber ainda que houvesse um quê de protesto na expressão da ruiva.
        Parada na frente de Mulciber, Lily pode notar quão ameaçador as feições traquilas dele eram, algo que para quem não o conhecia poderia até ser tentador e aterrorizante ao mesmo tempo. Foi impossível não se colocar no lugar da amiga e imaginar as coisas horríveis que ela poderia estar conversando com ele. No 
No instante em que James e Lily abriram a boca para respondê-lo, uma voz muito familiar soou por cima da sua, fazendo com que ela virasse o rosto na direção da amiga que até agora estava silenciada. 
- James - alertou Victoria - Eu e Mulciber estávamos apenas discutindo algo do nosso trabalho de Herbologia… 
Demorou um pouco para que ela desviasse os olhos do garoto, precisava manter sua atenção em Mulciber, se ele tinha intenção de fazer algo, agora não tinha mais e isso ficou claro assim que sua postura passou a ser apenas de provocações típicas.
          Lily assistiu a tudo aquilo em silêncio, enquanto James soltava um suspiro longo tentando manter a calma. A sensação de aflição e ansiedade que tomavam conta de si agora haviam se transformado em segurança e confiança. 
Os quatro ficaram se olhando por um bom tempo, esperando alguém se pronunciar. Apesar disso não ter acontecido, Victoria foi a primeira a tomar um passo a frente e sair do local de cabeça abaixada, sem dizer nada. Mulciber vendo o que a garota fez, também seguiu os seus comandos e fez do mesmo jeito - apesar de que quando saia, deu uma última olhada nos dois grifinos que agora estavam sozinhos. 
James notou que Lily parecia um pouco mais calma com sua atitude e não pôde culpá-la. Ele permaneceu fitando-a por alguns segundos, esperando ler qualquer reação nos já velhos conhecidos olhos verdes da garota além de mera impaciência, reação essa que não tardou, quando a ruiva se encaminhou até a saída do corujal. Um pequeno sorriso veio ao rosto do rapaz enquanto a monitora-chefe tomava a iniciativa de deixar o lugar, e ele ficou para trás por alguns instantes antes de finalmente voltar a si e seguir em seu encalço. 
          Avançou um pouco para alcançá-la e quando o fez decidira quebrar o silêncio que se instalou por mais alguns segundos: 
- O que você estava fazendo? - Finalmente perguntou, rendendo-se à curiosidade, embora dado o momento, soubesse que soaria repentino e que precisaria ser mais claro que aquilo. -…O que deu em você? O que diabos você pensa que estava fazendo? - Acrescentou, e dessa vez seu tom era de censura e não apenas de mera curiosidade. Os olhos estavam fixos no semblante de Lily novamente, 
– Bom, eu fui ao Corujal e quando cheguei lá encontrei Mulciber e Victoria, como se estivessem conversando, mas… – A ruiva parou um instante como se estivesse tentando entender alguma coisa – Era como se eles estivessem conversando em segredo, entende? Quando Mulciber percebeu minha presença ele se afastou dela e foi direto falar comigo – Enfatizou a ultima palavra sem dar muito alarde. 
- Sei…, mas o que você que acha que eles estavam fazendo?


 

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