Mama helps



O caso envolvia trouxas. Pode ser que seu pai soubesse de algo. E também, se houvera um processo, Percy devia conhecê-lo. Se bem que não era bem seguro contar com Percy: segredo ministerial para ele era sagrado.


Mas do pai com certeza conseguiria alguma coisa. Já aproveitava para jantar na casa dos pais, quando fosse visitá-los de noite. Há dias não comia direito e estava com fome.


A mãe recebeu-o com um sorriso surpreso:


— Ron! Mas que milagre, entre! – o garoto o fez.


— Posso jantar aqui, mamãe? – perguntou, pendurando a capa.


— Claro, mas será que Hermione não vai se aborrecer...?


— Ela não irá – respondeu Ron, com olhar sombrio. – Papai já chegou?


— Sim, está na sala. Ron, querido, por que essa bar...


Mas Ron já não ouvia, fora procurar o pai. Arthur Weasley ergueu os olhos da revista que lia quando Ron sentou-se em frente a ele.


— Filho! – exclamou. – Que prazer... Aconteceu alguma coisa? – questionou, notando o ar grave de Ron. Ele não respondeu.


— Pai, o que sabe sobre o caso Zabini?


O Sr Weasley rebuscou na memória.


— Zabini? Se não me engano um rapaz enfeitiçou uma bola e ela quebrou duas costelas de um pequeno trouxa. Uma covardia nojenta – o Sr Weasley estava vermelho de indignação – e também complicada de resolver. Tivemos de mobilizar muitos obliviadores, isolar o local com feitiços para poder curar o menino e remover os vestígios, e chamar até alguém do departamento de esportes para pegar a bola. Me admiro que não tenham convocado aurores. Soubemos que era Blás Zabini o agressor por causa das descrições que as crianças fizeram antes de ser obliviadas. Mas a ele não aconteceu nada, recebeu uma advertência e uma multa, ao que parece, e o caso morreu aí – o pai de Ron ajeitou os óculos. – Mas no Profeta Diário, você sabe como eles são, noticiaram o caso lá do jeito deles e os Zabini os processaram. Desde então só se ouve falar desse caso. Hoje de manhã mudaram bruscamente o assunto... imagino que tenham sido censurados. Provavelmente perderam o processo, o que não é de se estranhar, porque os Zabini são ricos e tradicionais. Percy com certeza conhece os detalhes do processo – disse o Sr Weasley.


— Hum... mas ele não diria nada – descartou Ron, que ouvira o pai com ar atento. Não achava que os detalhes do processo o ajudariam a encontrar Hermione.


— Por que esse interesse repentino pelo caso, Ron? – perguntou Arthur, quebrando um curto silêncio. Ron hesitou, antes de responder.


— Bom, o Profeta têm enfatizado tanto isso que eu fiquei interessado em descobrir uma verdade neutra... – arranjou uma desculpa.


— Sim, realmente. Hermione escreveu uma série de reportagens interessantes sobre a família Zabini e seu envolvimento com Artes das Trevas – Ron, ao ouvir isso, ficou com as orelhas em pé. – Achou um ou dois antepassados antitrouxa para o rapaz, mas eu acho que deve ser um pouco de exagero por parte dela, talvez o Profeta a obrigue a isso...


O rapaz esperou ansiosamente que o pai acrescentasse mais alguma coisa, mas este, presumindo que ele devia conhecer de cor e salteado as reportagens da própria esposa, não falou mais nada. Ron não ousou perguntar mais, porque não queria alardear sua situação. Ficaram em silêncio até que a Sra Weasley veio chamá-los para o jantar.


Durante a refeição, a mãe de Ron bombardeou-o com perguntas sobre sua vida doméstica. O rapaz desviou habilmente de dar respostas esclarecedoras, mas estava nervoso.


— E a Hermione, como está? – perguntou a mulher, no fim da refeição.


— Não sei como está a Hermione pois faz quase um mês que não a vejo – despejou Ron. A Sra Weasley ergueu as sobrancelhas; Ron continuou, encarando a mãe, enquanto o Sr Weasley se ausentava discretamente: – Brigamos e ela foi para a casa dos pais.


A mulher parecia indignada.


— Mas como ela pôde te abandonar...?


— Eu lhe dei motivos – disse Ron, levemente corado.


— Ron, você estava com outra mulher? – perguntou a mãe, alarmada e pronta a lhe dar uma surra se a resposta fosse afirmativa. Ron ofendeu-se.


— Nem em sonho, mas o que é isso?! Deus me livre – ele suspirou. – Não, foi outra coisa, mãe. Não quero falar sobre isso, mas ela foi justa.


— Eu percebi que sua aparência está um tanto descuidada – comentou a mãe de Ron, penalizada, aproximando-se dele e abraçando seus ombros. O garoto pôs os cotovelos sobre a mesa e afundou o rosto nas mãos.


— Eu sinto tanto a falta dela, mãe – confessou, com voz estrangulada. – Hoje fui procurá-la, e a mãe dela disse que ela saiu ontem com a mala... a mala está no Profeta, mas Hermione não está em lugar nenhum... Estou preocupado... Ela investigava antitrouxas, ao que parece...


— Nós vamos encontrá-la, querido... – consolou a Sra Weasley. – Todos ajudaremos, se for preciso. Ainda vamos rir disso.


— Espero que sim, mamãe – Ron, recuperando-se, levantou-se. – Mas não conte nada ao George – pediu. – Ele diria à Ammy, e ela já está furiosa comigo... me mataria.


— Certo – ela acompanhou-o até o portão. – Tchau. Volte logo. E não se preocupe, meu filho – Ron beijou o rosto dela e desaparatou. Ela voltou para dentro da Toca.


 

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