George Karryet



Enquanto desciam a colina, Kevin passava perto de muitas flores. Para ele, as flores sempre representavam alegria, mas aquele momento não era dos mais alegres. Já amanhecia, e a luz tocava um enorme campo de flores, um pouco mais longe dali. 

- Tantas flores... E ainda está longe da primavera! - comentou Buddy.

- Não acredito! As jujubas acabaram! - suspirou Perg, entregando o pacote vazio para Buddy.

- Minha nossa, Nathan! Mas o que é isso? - disse Buddy, olhando para a ferida que Nathan tinha no rosto.

- Foi um Grepel modificiado que fez isso... Mas nem está doendo tanto. - disse Nathan. 

- Assim que entrarmos em Hogwarts, eu irei levá-lo a enfermaria... - Buddy apontou para Perg. - E você levará Kevin para a sala do diretor George.

- Mas aquele homem negou dar jujubas para mim, no mês passado! - reclamou Perg. 

- Ele negou porque não tinha jujubas, Perg! Não o desrespeite! - ordenou Buddy. 

Perg grunhiu, e murmurou algo como " Diretorzinho careta!". 

Para entrarem em Hogwarts, eles tiveram que subir um enorme lances de escadas, e ninguém se atreveu a dizer uma palavra, pois faltava fôlego. Kevin estivera bem quieto naturalmente, pois estava planejando cada palavra que diria a Nathan depois da conversa com o diretor George. 

Kevin se surpreendeu quando entrou em Hogwarts. Viu escadas que se moviam, as figuras nos quadros se moviam, sem falar que ele podia ter jurado ver um fantasma. Mas algo o decepcionou: a escola estava vazia. Ele imaginava diversos alunos andando pelos corredores, rindo, conversando, fazendo maluquices e professores e monitores ordenando a todos que parem com idiotices. 

Fazia tempo que não entrava em uma escola, e por isso, ficou surpreso com a escola vazia. Ele lembrava de seu primeiro dia na escola. Ele havia vestido o uniforme que detestou logo que viu, mas se sentia bem por todos usarem aquele mesmo uniforme esquisito. Sua mochila era cheia de livros, e seu estojo havia sido feito pela sua própria mãe. Ela havia remendado e costurado cada parte dele. Sim, ele havia melhores amigos: um deles se chamava Andrew Seth, ele era gordo e baixinho, sempre tirava notas baixas e não largava um livro de piadas, que sempre contava e era o único a rir ( pois eram sempre as mesmas piadas ). O outro melhor amigo se chamava Matt, ele era o mais alto da turma, tinha um cabelo que chegava até o ombro, era dentuço e tinha uma mânia incontrolável de estalar os dedos quando estava nervoso. No último dia de Kevin na antiga escola, ele e seus amigos fizeram uma guerra de comida com a sala toda. Kevin riu muito naquele dia, exceto quando uma azeitona havia ficado presa no nariz de Andrew ( na hora não tinha a menor graça, mas eles riram muito depois que a azeitona foi retirada ). E Kevin não teve coragem de dizer para seus amigos que não voltaria para a escola, ele achou melhor que seus amigos descobrissem sozinhos. 

Kevin suspirou.

- Buddy, por que aqui tá tão vazio? - perguntou.

- Os alunos chegam dia primeiro. Hoje ainda é dia trinta... - respondeu Buddy. - Bem, vou levar Nathan até a enfermeira Pam e você e Perg vão para a sala do diretor George.

Chegando na porta da sala do diretor George, Perg disse:

- Eu não vou entrar... Lá dentro não tem jujubas! Tchau, Kevin!

- Tchau, Perg. - Kevin riu.

Com todo o cuidado, Kevin abriu a porta, e entrou na sala. A sala era cheia de quadros, livros e tinha um cheiro de roupa limpa e chocolate. Uma mistura de cheiros bem diferentes. Havia um homem olhando para a janela, sentado em uma poltrona. 

- Olá. - disse Kevin, se aproximando. - sou Kevin Frake.

O homem ollhou para Kevin e o fitou, como se estivesse surpreso dele estar ali.

- Kevin. Kevin Frake... Te imaginava mais alto. - ele franziu a testa. - Sou o diretor de Hogwarts, George Karryet. - ele era alto, com uma pequena barba, usava um óculos redondo que parecia estar quebrado, e seu rosto era terrivelmente pálido. 

Kevin fez uma espécie de reverência, e disse:

- É um prazer conhecê-lo, senhor.

- O prazer é meu. - disse o diretor. - Você sabe por que está aqui?

- Bem... Sei que corro perigo. Grepels modificados tentaram me levar... Eles sabiam meu nome.

- Sinto muito dizer que é algo muito maior que isso, Kevin. Uma razão... Bem mais forte. - as últimas palavras que o diretor dissera não agradaram Kevin. - Você já conhecia o mundo dos bruxos, Kevin? 

-Não, na verdade... Não conheço nada... Só sei o que são os trouxas...

- O mundo bruxo sempre foi... Escondido dos trouxas. Eles não sabem de nossa existência... Alguns devem ter palpites, mas nenhum tem certeza. Sempre há bruxos ruins, que pretendem sempre tirar vantagem de tudo... Existem tantas criaturas mágicas... Você ainda tem tanto o que descobrir... As aulas começarão em dois dias! Terá colegas, amigos...  

- Como vou ter essa vida... Se algo grande está vindo? Você mesmo disse. 

Então o diretor olhou para Kevin com pena. 

- Kevin... Para o pior não acontecer, precisamos lutar. O mal sempre virá, e sempre teremos que estar preparados. Você ainda vai estudar aqui. Mas isso acontecerá depois da grande batalha. 

- Grande batalha...? - Kevin ficou confuso. O que seria essa grande batalha? Por que estaria acontecendo? Ele era a razão para tudo isso?

- Eu falei demais... Falei demais... Kevin, onde está o seu irmão? É ele que deve te contar tudo. - bradou o diretor.

- Ele sabe de muitas coisas que não sei, não é? Ele sempre me escondeu tudo isso... Mas por que ele sabe de tudo isso? E por que ele escondeu segredos de mim durante tanto tempo?

- Ele irá te dizer tudo, Kevin! É ele que tem que te contar uma boa parte de sua história! Depois... Depois eu te contarei o resto, o resto que nem ele sabe.

- Todo esse suspense que estão fazendo está me consumindo! Eu odeio saber tão pouco de um assunto que me interessa! - e quando Kevin percebeu, ele estava gritando e chorando em plena sala do diretor.

Ele limpou as próprias lágrimas, suspirou e enfim disse, com a voz trêmula:  

- ... Me desculpe, diretor George... Eu... Não sei o que está acontecendo comigo...

- Ora, meu caro... Se descontrolar por causa de assuntos assim... É algo natural nas pessoas. Não precisa se culpar, de forma alguma. Agora, você tem uma conversa com seu irmão.

- Está bem... Você pode me levar até a enfermaria? É lá onde Nathan está.

- Claro, Kevin...

E os dois saíram da sala, cruzaram um corredor, subiram dois lances de escadas, e cruzaram outro corredor, até chegarem na enfermaria.

Estava cheio de camas vazias na enfermaria, e em uma das últimas, Nathan estava deitado, Buddy e Perg estavam ao lado da cama, e uma senhora passava um paninho na ferida dele.

- Enfermeira Pam - bradou o diretor George. - muito obrigado por estar cuidando de Nathan, mas acho que ele já está melhorando. 

- Eu... Já não sinto mais nenhuma dor. - disse Nathan.

- Certo. - disse a enfermeira.

Kevin chegou perto de Nathan, e mumurou:

- Já está chegando a hora de você me dizer tudo o que você me escondeu por todos esses anos.

Nathan franziu a testa, e George disse:

- Enfermeira Pam, Buddy, Perg... É melhor irmos para que os dois tenham uma conversa a sós.

- Ei, diretor George... Por acaso você tem jujubas? - perguntou Perg, cutucando o diretor.

- Quieto, Perg! - disse Buddy, saindo da enfermaria.

E os dois estavam sozinhos na enfermaria. Kevin suspirou, olhou nos olhos de Nathan e disse: 

- Me revele tudo o que escondeu... E não minta como você sempre fez.   
 

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Comentários (1)

  • Dani_Ela

    Posso dizer que adorei a última fala? Kevin ataca o irmão pela primeira vez! Eu acho que ele tem que tomar satisfação mesmo, não pode ser bonzinho e aceitar tudo... Huahuahua, tô orgulhosa aqui! Quando ele vai ser selecionado para uma casa? Espero que vá para a sonserina... :P Esperando o próximo capítulo!Dani. 

    2013-07-07
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