Quarto Capítulo



N/A: Gente, gostei tanto do flashback do capítulo anterior que decidi colocar aqui também, descrevendo um dos meus lugares favoritos de toda Hogwarts. Espero que gostem!


Quarto Capítulo


 


Seis anos antes


Início do sétimo ano:


— Scorpius, já estou ficando irritada. A onde está me levando? Por acaso você não vai me jogar no lago, não é? — perguntou a garota que tinha uma venda nos olhos.


— E quando você não está irritada, Rose? Pode deixar que não vou te jogar no lago. Ainda. — ele riu enquanto guiava a garota pelos jardins do grande castelo.


Depois de mais alguns minutos de caminhada, os dois finalmente pararam de andar. Era um final de tarde de outono e o céu já se escurecia, enquanto as rajadas de vento frio já começavam, despertando calafrios em quem se encontrava fora do castelo. O que era o caso dos dois.


— Pode tirar a venda agora. — ele disse dando um leve sorriso.


Puxando de vagar o pano que cobria seus olhos, Rose foi observando o local. Encontravam-se na Ponte Coberta, que passava á cima do lago. A luz do pôr do sol batia nas águas escuras, formando vários reflexos, conseguiam ouvir o barulho quase imperceptível do vento soprando e, se olhassem para o céu, poderiam admirar as corujas terminando mais algumas entregas e voando até o Corujal. Era um perfeito momento para ler, mas pela primeira vez, ela preferiu estar ali. E com ele, a pessoa que ela nunca imaginou viver momentos como esse. Porém sempre desejou, sem ter consciência disso.


— Uau Scorpius... É lindo! — ela disse sem fôlego, olhando para ele e para a paisagem — não sabia que você era tão romântico.


— Digamos que você aguça meu romantismo, ok? Só não espalhe isso por aí. — ele respondeu enquanto a abraçava por trás.


Passaram algum tempo ali, abraçados e admirando a paisagem, tentando resistir ao vento que ficava cada vez mais frio, à medida que anoitecia.


— Scorpius. — chamou a garota com um tom de voz baixo.


— Sim?


— Sei que isso é bem clichê, mas me responde uma coisa.


— Se eu souber, é claro que respondo.


Ela olhou nos olhos dele, antes de perguntar: — Vamos ficar juntos pra sempre, não é?


— Não vou mais te largar, cenoura. Nunca mais.


O sol já havia se posto, o vento estava gelado e o lago ficava com um aspecto cada vez mais sombrio e escuro sem os reflexos para iluminá-lo. Mas mesmo assim, era possível ver o casal no meio da Ponte Coberta, aproveitando a noite fria e tranquila.


 


~~~~


Época Atual


— Ele é seu namorado, não é? — perguntou o homem sentado do lado dela.


— Ele era. Há seis anos. — respondeu Rose com uma voz triste.


— E pela sua voz, você ainda gosta dele. Foi um término difícil?


— Você nem imagina. Três meses em depressão. — ela responde enquanto olha para o homem. Então se sentar perto do gordo da rosquinha não era tão ruim assim.


— Sorte a sua que foram apenas três meses. A minha dura há mais de dois anos.


Ela o olhou profundamente. Como assim, há mais de dois anos?


— Não quero ser intrometida, mas você está em depressão por uma coisa que aconteceu há dois anos?


— Como deve ter acontecido com você, o que me deixou em depressão foi algo terrível e inesquecível. Desde então, minha única vontade é comer. Parece que é só assim que eu sou feliz, sabe?


Ela se sentiu um ser tremendamente cruel e insensível. Antes mesmo de conhecê-lo, o julgava um homem que não ligava para a saúde e que era fanático por rosquinhas que pareciam inacabáveis, além de achar que passar a viagem inteira ao seu lado seria um verdadeiro tormento. Ela se lembrou de algo que sua mãe sempre dizia quando ela era pequena: “Nunca julgue um livro pela capa, querida. O melhor a fazer é sempre folheá-lo primeiro”.


— Não precisa responder se preferir, mas... O quê aconteceu pra você ficar em depressão?


O homem pensou um pouco antes de responder com um sorriso: — Só conto se você me disser o seu porquê de ficar deprimida por três meses.


Por essa ela não esperava, mas achava totalmente justo ele perguntar isso. Ora, se ela estava dando uma de enxerida, por que ele não poderia fazer o mesmo? Decidiu contar a verdade do que tinha acontecido para o seu novo acompanhante que estava se mostrando um verdadeiro psicólogo.


Pela primeira vez na vida, Rose realmente contou toda história, inclusive os míseros detalhes de seu término de namoro. Era verdade que ela não estava conversando com nenhuma amiga de infância ou um parente bem próximo, mas sentia uma grande afinidade com seu ouvinte que deixava apenas o relato fluir de sua boca. Além do mais, Áugust, que ela descobriu ser o nome dele enquanto contava a história, facilitava para ela: não dava palpites ou sermões, apenas assentia com a cabeça e incentivava-a á continuar.


— É, realmente o namoro não acabou muito bem. — ele suspirou. — Mas toda desilusão amorosa têm uma segunda chance, mais cedo ou mais tarde. E a sua está bem ali, acredite. — ele disse enquanto apontava com a cabeça para a poltrona 23-A, onde Scorpius estava sentado.


— Mas não vamos mais falar de mim. Fizemos um trato, e eu cumpri minha parte. Agora é a sua vez de contar sua história.


Ele suspirou antes de começar o relato: — Você não vai gostar dessa história. Eu estava noivo de Margareth, íamos nos casar no mês que vem e os preparativos para a cerimônia estavam a todo vapor. Separamos aquele dia para cuidar apenas das flores do casamento. Margareth era fascinada por elas. Rosas, Orquídeas, Azaleias ou Girassóis. Ela amava todas, mas nunca teve dinheiro o suficiente para abrir uma floricultura, que era um de seus maiores sonhos. Me lembro muito bem que, depois de passarmos boa parte do dia nas floriculturas, saímos com várias flores nas mãos pelas ruas, á caminho de nossa casa. E foi exatamente essa imagem que tive dela: um grande sorriso no rosto doce, e as mãos cheias de vasos de flores. Um caminhão passou na rua enquanto ela olhava para mim, que estava um pouco mais atrás e... — sua voz falhou por um instante — a atropelou. A ambulância chegou um tempo depois, mas já era tarde de mais. Ela já tinha ido.


Rose ficou um tempo calada, tentando “digerir” aquela história. Então era essa a razão por ele ser acima do peso, ele comia para tentar tampar o vazio que sentia de sua noiva. Ela se sentiu tão estúpida por achar que sua história com Scorpius já era um pouco dramática, pois comparada a essa ela era um verdadeiro conto de fadas.


— Espero não a ter deixado mais triste. — Áugust disse com um leve sorriso.


— Não, eu só... Não esperava que fosse essa sua história. Eu sinto muito por ela, Áugust.


— Mas não devia sentir. Apesar de eu ainda estar um pouco triste, eu continuo vivendo normalmente e ainda sou feliz. Você deveria sentir muito é por ele. — ele aponta novamente para a poltrona 23-A — porque a sua história você ainda consegue mudar.


Sim, isso ela tinha que concordar. Mas não conseguia se levantar e simplesmente ir até ele e dizer: “Olhe Scorpius, eu quero dar uma nova chance a nós dois.” Ela era muito orgulhosa pra isso, e mesmo morrendo de raiva dele e principalmente de si mesma, não conseguia vencer o orgulho. Não agora.  


— Se você me der licença, Rose, irei ao banheiro. — Áugust disse enquanto se levantava de sua poltrona, deixando-a sozinha com seus pensamentos.


O que aconteceu á seis anos ainda era bem claro na mente dela, e o fato de ter acontecido tudo tão depressa, só piorou tudo. Se tivessem se “desapaixonado” lentamente, o que acontece com vários adolescentes confusos, seria até um pouco mais fácil. Porém, foi algo mais direto, mais rápido e mais doloroso, como tirar um esparadrapo de uma vez só. A única diferença era que o esparadrapo só dói na hora, mas depois passa. A dor do fim do namoro nunca passou. E vê-lo ali só aumentou esse sofrimento, como se o sentimento que ela guardava por tanto tempo estivesse florescendo novamente.


— Eu não acho sua calça jeans velha e desgastada. E o meu sobretudo cinza é meio antiquado, não acha?


Com um susto, ela o olha bem ali, na sua frente.


 


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N/A: Ok, podem me xingar. Esse capítulo ficou menor do que o anterior, mas eu queria muito parar nessa parte. Já dei algumas leves pistas do que aconteceu com eles, não é? Não quero contar tudo de uma vez só! E tomara que tenham mudado um pouco a opinião sobre o gordo da rosquinha. Não disse que ele era gente boa? Bem, muito obrigada por comentarem! Beijo.


Dani


   


 

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Comentários (4)

  • Ana CR

    Ahhh isso aí Scorpius Hauhauhau

    2013-07-22
  • Lana Silva

    Maléficaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa. Como parar em uma parte dessas ? Gente, o capitulo foi maravilhoso. Amei o August e fiquei malzerrima pela história dele... Quando ele falou de história eu pensei que seria algo como, algum dos dois traiu e então se separaram, mas como Rose, não esperava por essa :( Triste mesmo... Agora se Scorpius foi lá, é porque algo vai acontecer... Ele deve chamá-la de volta.... Ou sei lá o que *-* Só sei que o capitulo foi perfeito! Beijoos! 

    2013-06-26
  • Nina Delacourt Black

    Ok, ok, eu totalmente julguei o livro pela capa! Peço minhas sinceras desculpas ao Áugust, e sinto muito por ele. Realmente coloca as coisas em perspectiva não? Mas enfim, suplico que tenha mais cenas de flashbkacks (também amo eles!) e que o próximo capítulo não demore! Você realmente sabe deixar uma leitora curiosa!

    2013-06-24
  • Luhna

    AI, QUE LINDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! AMEI O FLASHBACK!!!!!!!!!!!!!!!!!! *_* Principalmente a parte: "E quando você não está irritada, Rose?". E sim, o cara realmente é legal... fiquei com dó dele, credo. Deve ser terrível passar pelo que ele passou. :( Quanto ao período de tristeza da Rose, não deve ter sido só três meses. Aposto que foram seis anos. E para o Scorpius aparecer na frente da Rose do nada, aposto que a mulher que se sentou ao lado dele meio que deu a mesma dicaa que o Áugust deu para a Rose. E sim, eu ia reclamar por você não ter dado mais detalhes sobre o término deles, mas você já se antecipou, não é, Dani? Está perdoada. Por enquanto. MHUAHUAHAUHUAHUA

    2013-06-21
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